domingo, 24 de abril de 2011

TAMA KADEIA KA LAE




DOMINGOS DA SILVA – CJITL – 24 abril 2011

Breaking news, Hafoin loron 11 Abril liu ba Vice Primeiru Ministru, Jose Luis Guterres hamutuk ho Embaxador Timor Leste ba Thailandia, Joao Camara Freitas hetan julgamentu final husi Tribunal Distrital Dili, rezultado final ba julgamentu ne'e sei fo sai iha loron 9 Maiu 2011.

Jose Luis Guterres ho Joa Camara Freitas simu alegasaun husi Ministeriu Publiku konaba kaju abuju de poderes ne'ebe lider nain rua ne'e komete bainhira sei halo servisu hanesan ofisial Ministeriu Negosius Estranjeirus iha governu anterior.

Tuir konfirmasaun husi fontes Ministeriu Publiku ne'ebe lakohi atu publika nia naran katak, desizaun final konaba kaju ne'e sei fo sai iha loron 9 Maiu, iha desizaun ne'e publiku sei hatene katak Jose Luis Guterres ho Joao Camara sei tama kadeia ou lae.

Arguido nain rua ne'e rasik antes ne'e kumpri ho didiak prosesu julgamentu ne'ebe hala'o tiha ona iha loron 11 Abril liu ba iha Tribunal Distrital Dili, Mandarin.

Fos ho Marka MTCI Hotu, Gil Alves Kria Modelu Foun




COSTA GOMES – CJITL - 24 abril 2011

Ermera Flash, Fos governu ne'ebe antes ne'e ho marka MTCI oras ne'e, Ministeriu Torismu Komersiu no Industria, ne'ebe lidera husi Gil da Costa Alves troka tiha ona ba modelu foun ho marka emblema RDTL.

Urbano Moreira funsionariu ida husi Governu nian ne'ebe tula fos governu nian ba distritu Ermera, Terca feira semana kotuk hateten katak fos ne'ebe uluk ho marka MTCI ne'e hotu ona tanba ne'e agora fos ho marka foun fali ho simbolu RDTL mak sirkula fali ona.

Ami distribui ona fos ne'e ba distritu ha'at hanesan Same, Ainaro, Suai no Ermera, kada distritu ida ami iha deit loron tolu atu bele fa'an fos iha distritu ida – idak hafoin ne'e ami sei muda ba distritu seluk” Moreira hateten.

Kada distritu ida hetan toneladas 50 no ami fa'an ba sub distritu hotu – hotu, maibe fatin ne'ebe dalan ladiak ami sei la tama to'o povu nia let” nia konfirma.

Tuir Moreira katak fos ne'e sira fa'an ba povu direitamente husi kareta leten, no kada saka iha kilograma 25 no fa'an ho folin $15 dolar.

Tuir observasaun CJITL online iha Ermera hatudu katak prosesu fa'an fos ne'e hala;o tutuir dalan no iha deit kareta leten.

Komunidade ne'ebe hakarak hola fos bele hola direitamente ba funsionariu sira ne'ebe tula fos.

Iha mos akompanhamentu husi Polisia Nasional Timor Lorosa'e – PNTL distritu Ermera nian.

Portugal: “PEDEM-ME PARA FAZER OUTRO 25 DE ABRIL” - Otelo




DIÁRIO DE NOTÍCIAS
Otelo Saraiva de Carvalho, o estratega do 25 de Abril de 1974, é hoje outro homem, a quem o julgamento da história não perdoou até agora os seus desvios de extrema-esquerda em nome da democracia directa, mas de quem o povo da rua não se esquece.

Pede-lhe até para fazer outro golpe militar, que endireite o País: "Todos os dias, quando ando na rua, pedem-me para fazer outro 25 de Abril. São os taxistas, são os populares."

Considera, todos estes anos depois, que os portugueses pouco mudaram desde a madrugada em que liderou o derrube de um regime com 48 anos: "O povo está sempre à espera que alguém faça alguma coisa". E continua pouco preocupado em ser politicamente correcto, explica: "O povo está sempre nas encolhas, e dizem: 'É preciso que vocês façam, que nós apoiamos."

Ainda há dias, devido a declarações a propósito do seu novo livro, "O Dia Inicial", Otelo voltou a agitar as águas ao referir que não valia a pena ter-se feito o 25 de Abril para agora os portugueses se confrontarem com o estado de profunda crise em que Portugal está. Palavras que fizeram vir Vasco Lourenço, o seu camarada de revolução, explicar a verdadeira razão de ser do 25 de Abril, mas que não evitam a sensação que paira no ar sobre os desvios no caminhos que Abril abriu há 37 anos.


OS EQUÍVOCOS DO SR. EDUARDO DOS SANTOS




LAURINDO NETO – ANGOLA 24 HORAS

Que não haja dúvidas quanto à existência de corrupção e pobreza em qualquer geografia humana. Nisso ele está certo.
Está certo também quanto ao facto de os colonialistas portugueses terem deixado pobres na sua província de Angola.
As verdades podem desagradar-nos mas o presidente ditador também está certo quanto às debilidades da oposição.
Para ser franco, ele está certo em tudo o que disse até nos equívocos próprios de quem já perdeu a noção de tempo, dever e responsabilidade.
Há pobres em toda a sociologia humana mas há também os julgamentos e as conclusões quanto aos factores da pobreza.
Sobre a opressão em quaisquer das suas formas, estamos conversados, não haja diferenças entre opressores brancos ou pretos.
Quanto aos colonialistas, tinham Angola como a Jóia do Império e foi essa mesma Angola que suportou o desenvolvimento esboçado pelo império colonial de triste memória.

A menos que o Sr. Eduardo dos Santos - patrão do regime opressor - pense Angola como pensou António de Oliveira Salazar - não são poucos os que o julgam assim -, qualquer semelhança a estabelecer entre o passado colonial e a realidade neo-opressiva colocam-no entre as mais sérias frustrações do continente africano.
Concordando com o facto de haver corrupção em toda a parte, ali onde se manifeste, têm sido os magistrados judiciais desses países a julgarem os factos e os seus autores ou mentores. A um Chefe-de-Estado que mantém ditatorialmente um regime presidencialista, já lá vão cerca de quatro décadas, fica feio, feio demais, alegar semelhanças universais como base da abolia governamental sobre a matéria. Haja decoro, pois que o regime angolano é extremamente corrupto e nunca mudou de treinador.
Salazar projectou e construiu cidades em todo o império colonial. Em termos académicos, não se compare Eduardo dos Santos às realizações de Salazar em cinco continentes: seu pai ficaria ofendido!
Salazar impôs o S à mocidade portuguesa mas V. Exa. ultrajou um povo inteiro tornando o Bilhete de Identidade um incómodo nacional. Salazar ficou pequenino!
Os subjugados por Salazar eram cerca de sessenta milhões de seres humanos espalhados em cinco continentes devidamente registados e V. Exa. ainda não foi capaz de efectuar um senso populacional aos cerca de nove milhões de angolanos que se transformam em doze milhões para efeitos de fraude eleitoral.
A oposição tem medo das eleições? É muito provável - desculpem-me os que defendem outro raciocínio - porque a exterminação da oposição é a marca indelével da ditadura e do comunismo. No caso de V. Exa. já tem direito a patente registada.
O governo não distribui alimentos, educação, saúde, água e energia eléctrica, lazer e integração social à cerca de cinco milhões de angolanos mas a oposição, ou melhor, os inimigos internos, têm que reunir requisitos eleitorais em toda a extensão do território nacional com os documentos que V. Exa. não foi capaz de emitir.
Sabe Exa? O senhor não é somente o suporte da corrupção mas também a garantia da desonestidade em geral, tais são as consequências das suas exigências eleitorais. Tornou-se-me mais evidente esta associação mental quando, em 2010, V. Exa. em comunicado público, divulgou que em 2011 promulgará um pacote eleitoral para 2012! Para adulto e responsável político essa foi demais!
Atípicas, cinto de segurança, violência semi-pública, seguros, armas de fogo e toda uma sorte de manipulações tendentes a esconder e a atrasar o que deveria ser um preceito constitucional: Os prazos e as formas de participação e legitimação do poder político! Acredita mesmo que somos todos ingénuos e que não detectamos a fraude? É violência com base na força, presidente. Creio que até o Dan Mozena deu conta disso!
Não gosto que alguém no meu país sinta a sua imagem injustamente molestada. Pior ainda se atingir a sua família, ainda que seja o quotidiano dos indefesos como deveria saber. Nessa matéria, o ex-Secretário de Estado norte-americano, Sr. Chester Crocker pode ter contribuído com peso ao denunciar que o presidente de Angola percebia três por cento por cada tonelada de material de guerra!
Foram muitas toneladas durante muitos anos Sr. presidente!
Por outro lado Sr. presidente são poucas as famílias angolanas que vêem os seus parentes investirem no estrangeiro sem nunca terem trabalho e sem idade justificável. Essas denúncias podem contribuir para o abalo da honestidade de qualquer queixoso.
Para quê mais palavras?
Ban Ki-moon e Hilary Clinton puseram de lado o esconde-esconde diplomático para usar de franqueza e rudeza: O que aconteceu ao Liderado do Sr. Kadafi e ao Sobado do Sr. Laurent Gbagbo é um aviso a todos os ditadores.
Há quem ainda não acredite, abalada como está a seriedade mundial. No entanto, um pouco por toda a África, há expressões populares de júbilo ante as salvas de Tomahawks anunciando a libertação e o fim das novas opressões.
Acerca disso e dos equívocos do Sr. Eduardo dos Santos não tenho dúvidas.

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 01




MARTINHO JÚNIOR

OS 4 COMBOIOS CHINESES MERECEDORES DE “GUINESS BOOK”

No curto espaço de dois anos os chineses tiveram 4 “records” de tecnologias ferroviárias de ponta, merecedoras de “Guiness Book”:

1) Inauguraram na China o comboio que alcançou a mais elevada altitude comparativa do Mundo, aquele que faz a ligação a Lhasa, a capital do Tibete!

2) Inauguraram na China o comboio de alta velocidade sem rodas, que se desloca sobre uma almofada magnética, sem atrito e em ambientes urbanos de grande concentração!

3) Inauguraram ainda na China o alta velocidade com incorporação de tecnologias Francesas, Alemãs e Japonesas, entre Pequim e Xangai!

4) Inauguraram finalmente em Angola (e tinha que ser em Angola), o comboio aquático do Capalanga (“Capalanga Water Railways”), com a contribuição da fiscalidade à angolana!... num projecto em que em muitos troços “só meteu água”

Nota:
Em Angola ainda não prestaram contas e supõe-se que não vão prestar, pelo que dos 4 supõe-se que é o mais caro, por que já se pagou um pouco e continuar-se-á a pagar…

**Na foto: “Oceano Capalanga”, de 23 abril 2011

“SOU 100 POR CENTO PALESTINO E 100 POR CENTO JUDEU”




Entrevista a Maryam Monalisa Gharavi, em The Electronic Intifada | Tradução Coletivo Vila Vudu, em Outras Palavras

O ator-diretor de teatro e cinema Juliano Mer-Khamis foi assassinado por um pistoleiro mascarado, dia 4/4/2011, na calçada do Teatro da Liberdade do qual foi co-fundador em 2006, na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada por Israel. Ainda não há (em 19/4) pistas sobre a autoria dos disparos que o mataram. Nascido em Nazareth em 1958, filho de Saliba Khamis, palestino, líder do Partido Comunista de Israel, e de Arna Mer, atriz israelense, Juliano descrevia-se, ele mesmo, como “100% palestino e 100% judeu.”

Juliano tentou empenhadamente exibir seu filme “As crianças de Arna” [orig. Arna's Children. O filme pode ser comprado em http://www.thefreedomtheatre.org/support-buy.php], que documenta a extraordinária transformação de sua mãe, de jovem judia de uma colônia israelense em 1948, até converter-se em animadora de um grupo de teatro para crianças no campo de refugiados palestinos de Jenin. Como o próprio Juliano conta na entrevista abaixo, que permanecia inédita, o filme alcançou pouca repercussão quando foi mostrado pela primeira vez. Em 2006, Juliano voltou aos EUA, infatigável como sempre, e encontrei-o pela primeira vez numa exibição do filme no Massachusetts Institute of Technology, MIT.

Apesar do público pequeno que acorreu à exibição aquela noite, era impossível não ver o impacto que o filme, raro, inesquecível, provocou. Depois da exibição, Juliano falou sobre a obra, a voz candente, apaixonada, descrevendo a devastação da ocupação e comentando as dificuldades que enfrentou para filmar a história de sua mãe.

As Crianças de Arna é um documentário, mas com marcações temporais que o aproximam da narração de ficção. Como em outras obras de arte centradas na perda da Palestina histórica, como em Returning to Haifa [Voltando a Haifa], de Ghassan Kanafani, Juliano construiu uma narrativa quase impossível de recriar ou imaginar de qualquer outro ponto de vista.

Numa das sequências, a narrativa aproxima uma cena que mostra Juliano ao lado do corpo da mãe envolto num lençol num hospital, e o ataque do exército de Israel, com tanques, contra o Teatro de Pedra [orig. The Stone Theatre], de Arna, em abril de 2002. O Teatro de Pedra foi parte do projeto cultural mais amplo de Arna — Cuidar e Aprender [orig. Care and Learning], fundado para atender crianças do campo de refugiados de Jenin, que conviviam com a violência de uma ocupação militar que os cercava por todos os lados, e dar às crianças um meio criativo para sobreviver ao trauma crônico. O Teatro de Pedra foi destruído pelos tanques israelenses, em ataque que o filme mostra, documentado. As datas históricas da destruição do Teatro de Pedra e a morte de Arna alinham-se quase miraculosamente. O filme mostra o cadáver de Arna e as ruínas do teatro que ela tanto amara como dois mortos por uma mesma causa.

Entrevistei Juliano[1] na estação ferroviária, em Boston, dia 4/4/2006, pouco antes de ele tomar um trem para Nova Iorque, para a exibição do filme – exatamente cinco anos antes de ele ser assassinado na calçada do Teatro da Liberdade, em Jenin, onde viveu e trabalhou.

O currículo de Juliano como ator é conhecido, e é hora de lembrar detalhes de sua biografia. Aí vai a história, contada por ele, de sua vida no campo de refugiados em Jenin e de sua relação complexa com Israel.

Quem o conheceu reconhecerá nessa entrevista o tom de Juliano: brutalmente franco, irônico, com olhos pouco complacentes sobre os abismos que ligam Israel e os palestinos. Discute sem meias palavras a engenharia social de Israel, o trabalho visionário de sua mãe em Jenin e sua trajetória, de soldado israelense até se converter em cineasta e militante. Tenho esperança de que essa entrevista possa somar-se, como mais um fragmento de discurso, ao trabalho militante de Juliano, ao seu filme e à luta dele, para compor mais um degrau rumo ao que o artista Paul Chan chamou de “liberdade sem força”. Aí, um fragmento da entrevista.

Maryam Monalist Gharavi: Por quanto tempo o filme As Crianças de Arna foi proibido em Israel?

Juliano Mer-Khamis: Não foi realmente proibido. Se alguém escrevesse sobre o filme, os jornais não publicavam. O filme foi apagado, silenciado. Houve dois programas de televisão sobre o filme, os dois cancelados no último momento. Não achamos distribuidor em Israel, nem cinemas que exibissem o filme. Em alguns momentos, críticos e jornalistas usaram o filme para dar vazão às próprias frustrações, impostas pela censura e por um certo discurso que o governo de Israel impõe à imprensa. São regras conhecidas, sobre o que se pode e o que não se pode publicar, palavras que não se pode usar, perguntas que não se pode nem fazer nem responder e o modo permitido de perguntar certas coisas. Se você fala com um palestino e com um militar israelense, é preciso mudar as expressões, as palavras. Com esses cuidados, acho que alguns arranjaram coragem para escrever sobre o filme. Assim, aos poucos, o filme foi ‘autorizado’ e acabou por ser exibido em todo o país.

MMG: Arna fez discurso pungente ao receber o Right Livelihood Award, do Parlamento da Suécia. Disse que, assim como Rosh Pina [a colônia israelense onde ela vivia durante a Nakba (a Catástrofe) dos palestinos, em 1948] cresceu e desenvolveu-se, a vila árabe vizinha, al-Jauna, foi “varrida da face da terra” e os palestinos que ali viviam foram feitos refugiados, como 700 mil outros, “por assalto, roubo de terras e deslocamento forçado”. Na sua opinião, o que impede que outros israelenses vejam o que sua mãe viu?

JMK: Boa pergunta. Posso lhe dar um quadro, no qual analiso esse processo histórico, pelo qual Israel conseguiu confiscar terras, expulsar populações inteiras e colonizar grandes áreas da Palestina, e não ver o que minha mãe viu nem enveredar pelo caminho pelo qual ela enveredou. Há muitas razões, mas a principal é que você tem de entender que, desde que o movimento sionista foi criado, o próprio sionismo manipulou a história dos judeus, sobretudo o período do Holocausto, e mobilizou recursos e força, até criar algumas das mais bem sucedidas colônias na Palestina. Daí em diante, a teoria da vitimização, ou uma política de vitimização dos judeus, que os israelenses usaram e usam, e os muitos meios que mobilizaram, reescreveram a história, desde os pogroms – as políticas dos czares russos – até a divulgação de alertas antissuicídio que chegavam a Israel. De lá até hoje, o que se vê são sempre políticas do medo, a mentalidade de ghetto, políticas que afastam o israelense médio da realidade. Assustadas, vitimizadas, as pessoas conseguem justificar qualquer crime que cometam e vejam ser cometido, e vivem confortavelmente sem responsabilizar-se, sem se culpar pelos próprios crimes ou pela cumplicidade. A maioria dos israelenses vive assim. Se você convence-se de que é a vítima, é fácil desumanizar e demonizar todos que não sejam “você mesmo”. Acho que isso explica o sucesso inicial da propaganda sionista em Israel.

MMG: No filme, na cena ao lado do corpo de sua mãe, no necrotério, você comenta, meio sem conseguir falar, que só o kibbutz aceitaria enterrar sua mãe. O que aconteceu depois que ela morreu?

JMK: Minha mãe não podia ser enterrada em Israel, porque ela exigiu que não se fizesse nenhum tipo de enterro religioso. Israel não é uma democracia: Israel é uma teocracia. A religião não é separada do Estado e todas as questões da vida privada – casamentos, enterros, a comida, tudo – são controladas por autoridades religiosas. Então, é impossível, em Israel, enterro não religioso. O único modo de enterrar quem não queira funeral religioso é comprar uma sepultura em alguns dos kibbutzim que se dizem laicos, mas esses não queriam nos vender a sepultura, por causa da militância política de minha mãe. Não fosse pela questão religiosa, era pela questão política, mas o resultado era o mesmo. Então, até que se resolvesse alguma coisa, tivemos de levar o caixão de volta para casa. E lá ficou, na minha casa, por três dias. E não havia onde enterrá-la. Então, convoquei a imprensa e anunciei que minha mãe seria enterrada no jardim da minha casa. Foi um escândalo, apareceu a polícia, televisões, jornalistas, ameaçaram-me, muitas ameaças. A casa foi cercada por uma multidão. Até que, afinal, recebi um telefonema de amigos, do kibbutz Ramot Menashe, gente do lado esquerdo do mapa, argentinos de origem. Bons sionistas, talvez já mais pós-sionistas. Eles me deram sete palmos de terra e autorizaram a enterrar minha mãe.

O mais engraçado foi que, enquanto procurávamos lugar para enterrar minha mãe, discutia-se, em Jenin, se não seria o caso de enterrá-la ali, no cemitério dos mártires. Contaram-me que um líder do Fatah andava dizendo, como piada: “Ora, pessoal, é uma honra ter Arna aqui, uma grande honra. O único problema é que, daqui a 50 anos, se aparecer um arqueólogo judeu e desenterrar ossos judeus aqui, vão confiscar a terra de Jenin” [risos]. É assim que fazem. Vivem escavando. Se encontram ossos que dizem ser ossos de judeus, mesmo que sejam ossos de cachorro, eles confiscam a terra. Israel é onde acontecem essas coisas. Em todos os terrenos confiscados, algum osso de judeu foi desenterrado. Assim eles legitimam a posse da terra: desenterrando ossos.

MMG: O jornal Haaretz divulgou recentemente uma pesquisa, segundo a qual 68% dos israelenses entrevistados diziam que não morariam no mesmo prédio em que morassem árabes.

JMK: Tenho aqui a pesquisa.

MMG: Então? Se não querem morar na casa ao lado, por que quereriam ser enterrados ao lado de árabes?

JMK: É. Faz sentido. E quase 50% dos israelenses pensam que os árabes que vivem em Israel são a grande ameaça demográfica e de segurança. Se pensam isso dos vizinhos de porta, imagine que tipo de democracia existe em Israel.

MMG: Para mim, uma das cenas mais importantes do filme é a que mostra a destruição da casa de Alaa e, depois, a destruição também da casa de Ashraf [dois dos adolescentes que fazem teatro com o grupo de Arna, cuja história é mostrada no filme], em Jenin. E Arna, dizendo aos meninos que eles deixem sair a ira, a zanga, que batam nela, se quiserem. Somos envolvidos pela mesma tensão. No público, havia gente que ria e chorava ao mesmo tempo.

JMK: Arna tinha formação em psicodrama. Conseguia resultados surpreendentes, com essas técnicas.

MMG: Como você responderia aos pró-sionistas que assistem ao seu filme e dizem que, apesar de sua mãe ter “reabilitado a mente árabe”, alguns dos meninos atores que se veem no filme converteram-se em “terroristas” (o que o filme também mostra)?

JMK: Essa questão é doentia. Não a sua pergunta, mas a atitude dos sionistas que supõem que o problema é a violência que as crianças praticam, não a violência da ocupação. É como inverter a pirâmide. O que me interessa é desinverter a pirâmide, com propaganda, é claro.

Nós não trabalhamos para “curar” a violência das crianças em Jenin. As crianças em Jenin não estão doentes. Tentamos encontrar meios mais produtivos, para ajudá-las, E meios mais produtivos não implicam não resistir à violência.

O que o nosso teatro tenta fazer não é se por como substituto ou alternativa à resistência palestina que luta pela libertação. É exatamente o contrário. É importante que isso fique bem claro.

Sei que essa posição não nos ajuda a conseguir financiamento, mas não somos “bons judeus” querendo ajudar “árabes”. Tampouco somos palestinos caridosos, que trazem sopa para os pobres. Nós somos da resistência. Estamos alinhados, absoluta e completamente alinhados com a resistência, com o movimento de libertação dos palestinos. A luta pela libertação dos palestinos é a nossa luta de libertação. Todos os que têm qualquer ligação com o nosso projeto sentem-se pessoalmente sob ocupação, sentem que sua vida está sob ocupação pelo movimento sionista, pelo regime militar de Israel, pelas políticas de Israel. Não importa se moramos em Jenin, em Haifa ou Tel Aviv. Ninguém que trabalha conosco trabalha para “curar” alguém. Não somos “curadores”. Não somos bons judeus, nem somos bons árabes, nem somos bons cristãos. Nós somos combatentes da liberdade da Palestina.

MMG: O filme foi proibido em muitas cidades?

JMK: Foi. A exibição foi proibida. O filme foi vendido para várias exibidoras, mas não foi exibido em muitas cidades em Israel. Não sei, é minha opinião, mas acho que quem puder criar dificuldades, boicotar a exibição, boicoitará. Por isso estamos trabalhando tanto na divulgação, tentando divulgar o filme nós mesmos.

Mas, voltando à questão de nosso teatro estar alinhado à Intifada, para deixar bem claro: acreditamos que, hoje, a luta tem de ser cultural, moral. Isso é importante. Não ensinamos os meninos e meninas a usar armas, a atirar, a fabricar bombas. O que fazemos é expô-los ao discurso da libertação, ao discurso da liberdade. Para expô-los a esse discurso, nós os expomos à arte, à música, à dança, à cultura. Nós os expomos a eles mesmos, a uma parte deles que eles não encontram se não forem ensinados a procurar. Entendemos que, assim, lhes damos uma chance de serem mais felizes, de serem gente melhor. Espero que alguns, alguns dos nossos amigos em Jenin, continuarão a luta pela resistência contra a ocupação israelense e continuarão a fazê-lo também nesse projeto e nesse teatro.

MMG: O diretor israelense Yehuda “Judd” Ne’eman diz que hoje filma “no matadouro da guerra moderna”. Diz que se desiludiu do poder da arte ante o horror da guerra, mas diz ele, literalmente: “Quando a situação em Israel deteriora-se em termos políticos, quando meu próprio corpo deteriora-se, só resta acreditar na arte”. Você concorda? Que semelhanças e diferenças você vê entre o seu trabalho, sua missão política e as convergências e divergências que haja entre missão política e missão artística?

JMK: Os mesmos pressupostos valem também para mim. No nosso caso, a arte se combinou, e gera e mobiliza outros aspectos da resistência. A mim, só a resistência interessa. Não faço arte pela arte. Não acredito em arte pela arte. Acho que a arte gera, mobiliza, mistura e combina e inventa um discurso universal de liberdade, de libertação. Só assim a arte me interessa. Por outro lado, a arte tem uma força terapêutica, e dizer “força terapêutica” não implica dizer “poder curativo”. Essa diferença é crucial – não vemos a violência que a ocupação “ensina” aos mais jovens como uma doença. A arte não ensina ninguém a ser bom, bom cidadão, bom judeu, bom cristão. A arte aponta um caminho pelo qual esses jovens têm uma chance de aprender a usar as próprias potências a favor deles. Não contra eles mesmos.

MMG: Você serviu ao exército de Israel, mas abandonou o serviço militar quando recebeu ordens de impedir que parentes palestinos do seu pai passassem por um ponto de controle militar israelense. Que importância teve esse evento, na sua vida política ou, mesmo, na sua formação como artista?

JMK: Foi a palha que quebrou as costas do camelo. Mas a coisa já começou desde que vesti o uniforme. A fantasia não servia, entende? Eu não me via vestido em uniforme militar. Explodi um dia, naquele turno de serviço, naquele ponto de controle. Mas era coisa que já me acompanhava há muito tempo.

MMG: Por quanto tempo você esteve no exército?

JMK: Um ano e meio. Servi numa unidade especializada das forças especiais [uma brigada de infantaria, de paraquedistas]. Não lamento, verdade seja dita. Antes de tudo, do ponto de vista pragmático, o que aprendi lá salvou minha vida várias vezes, no teatro e nas filmagens. Conheço muito bem o exército de Israel, falo hebraico, conheço o idioma, sei como conviver com eles. Foi uma espécie de treinamento de combate para a vida. Por outro lado, vi o avesso, o lado de dentro da propaganda israelense, as menores células da sociedade de Israel, de onde sai o adubo que alimenta o exército. O exército de Israel é a essência da vida em Israel, onde se produz o discurso social israelense, é a base da sociedade israelense. Só lá se vê o fundamento da sociedade israelense. Quando se vê o exército de Israel por dentro, entende-se a dinâmica que mantém vivo o Estado de Israel. Conhecido esse núcleo duro de Israel, pode-se fazer oposição, pode-se reinventar o que não existe em Israel, a partir do que existe.



GASOLINA VIRA OURO NOS EUA




ELIAKIM ARAUJO – DIRETO DA REDAÇÃO

Há pouco mais de um mês,    temiam os americanos que o preço da gasolina nos EUA chegasse a $4 dólares o galão, tal a velocidade com que o reloginho das bombas se movimentava para  cima diariamente.
Pois bem, não só chegou aos $4 como já ultrapassou a barreira dos $5 dólares em alguns lugares.  Os mais pessimistas (ou realistas?)  vaticinam que ele pode alcançar os $6.
Num país onde as pessoas só se locomovem em seus automóveis, esse passa a ser um seríssimo problema para a administração pública.
O fenômeno seria causado, segundo analistas, por alguns fatores que, combinados, estão jogando o preço do “precioso liquido” para a estratosfera.  Um deles, a persistente ocorrência de fenômenos climáticos, como tornados e tempestades em várias areas do país, que dificultam ou mesmo interrompem o abastecimento,  sobretudo agora que o verão se aproxima e a demanada cresce veritiginosamente.

Além disso, o preço da gasolina sofreu a influência da turbulência no Oriente Médio, com o preço do barril do oleo bruto batendo na casa dos $110 dólares, quando em condições normais de tempo e temperatura ele gira em torno dos $50 dólares.
Mas ao lado desses fatores, a Casa Branca está desconfiada que algus espertalhões internos devem estar se aproveitando da crise para especular e aumentar seus lucros ilicitamente.  Obama disse esta semana que “não há mágica que faça os preços da gasolina retrocederem a um patamar ideal para o consumidor”.   E informou que pediu ao secretário de Justiça, Eric Holder, que nomeie uma comissão para investigar o que está acontecendo dentro do território de Tio Sam.  Obama promete punir rigorosamente os que estejam se aproveitando da fragilidade do momento para enriquecer às custas do consumidor.
Gasolina nos EUA, como assinalei acima, é produto de primeira necessidade.  É comum encontrar-se americanos desfilando em carros do últipo tipo e  morando em pequenos e modestos apartamentos. É uma questão cultural.
Por isso, qualquer governo americano que se preze sabe que o preço da gasolina pode representar votos. E o simpático Obama, que já está em campaha eleitoral para 2012,  resolveu meter a colher no assunto.   Gasolina é assunto explosivo nos EUA, sobretudo quando se volta ao passado e se recorda que há 13 anos o preço médio em todo país era $1 dólar.  
Vamos ver se essa comissão vai vingar  mesmo e consegue baixar razoavelmente os preços ou é apenas uma jogada para torcida. Em ultimo caso, o país dispõe de uma reserva de petróleo para ser usada em situações de emergência. Se a Casa Branca autorizar, ela poderá aliviar a vida do consumidor.
Consumidor que está pagando o pato é mudando os hábitos para gastar menos na bomba de gasolina. Seis em cada dez americanos, que ganham na faixa dos 50 mil dólares/ano (o salário médio do país), estão evitando dirigir mais do que o necessário.
Neste domingo de Páscoa, a CNN mostrou um posto de gasolina perto do Aeroporto de Orlando vendendo a comum a $5.69, a media a $5.74  e a premium a $5.79 o galão, embora o preço médio na cidade seja $3.80.  Ou seja, o mercado enlouqueceu e cada um cobra o que quiser.   As autoridades de Orlando, uma cidade que vive quase exclusivamente do turismo,  não têm autoridade para regular o preço do combustível, o máximo que podem fazer é obrigar os postos a exibirem a tabela de preços em local visível a quem passa na rua.
Bem, mas como tudo acaba em pesquisa nos EUA, uma delas revela que a maioria dos proprietários de automóveis acham que a crise no Oriente Médio é a principal responsável pela subida dos preços.   Por enquanto,  Obama e os democratas são culpados para 11% dos pesquisados. Enquanto 6% culpam os congressistas republicanos.
Nota do autor (1). Para quem gosta de comparar preços, um galão contem 3,78 litros.   Façam as contas e me digam se os preços no Brasil,   que é auto-suficiente em petróleo, pelo menos em termos de quantidade produzida, estão mais caros que nos EUA.

Oriente Médio: CONFUSÃO TOTAL ENTRE EUA E ALIADOS




IMMANUEL WALLERSTEIN – LA JORNADACARTA MAIOR

 

Nos últimos 50 anos, a política dos EUA no Oriente Médio foi construída a partir de estreitos laços com três países: Israel, Arábia Saudita e Paquistão. Em 2011, essa política apresenta diferenças significativas com esses três países. Além disso, tem divergências públicas também com Inglaterra, França, Alemanha, Rússia, China e Brasil acerca de suas atuais políticas na região. Parece que quase ninguém concorda com os Estados Unidos nem segue sua linha. O artigo é de Immanuel Wallerstein.

Nos últimos 50 anos, a política dos Estados Unidos no Oriente Médio foi construída a partir de estreitos laços com três países: Israel, Arábia Saudita e Paquistão. Em 2011, essa política apresenta diferenças significativas com esses três países. Além disso, tem divergências públicas com Inglaterra, França, Alemanha, Rússia, China e Brasil acerca de suas atuais políticas na região. Parece que quase ninguém concorda com os Estados Unidos nem segue sua linha. É possível ouvir a frustração do presidente dos EUA, do Departamento de Estado, do Pentágono e da CIA, que percebem que a situação está fugindo do seu controle.

Por que os EUA criaram essa aliança tão estreita com Israel é um assunto de muito debate. Mas é visível que nos últimos anos essa relação vem se tornando cada vez mais tensa. Israel conta com a ajuda financeira e militar dos EUA e com seu veto sempre fiel no Conselho de Segurança da ONU. O que ocorreu agora é que tanto os políticos israelenses como sua base de apoio nos EUA se moveram de forma constante para a direita. Israel se mantem firme em duas coisas: as eternas demoras para estabelecer negociações sérias com a Palestina e a esperança de que alguém bombardeie os iranianos. Obama tem se movido na direção oposta, pelo menos até onde permite a política interna estadunidense.

As tensões são fortes e Netanyahu está rezando, se é que reza, para que haja uma vitória republicana em 2012. No entanto, o momento da crise pode vir antes disso, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas votar pelo reconhecimento da Palestina como estado membro. Os EUA se encontrarão em uma posição perdedora, ao lutarem contra isso.

A Arábia Saudita vem tendo uma confortável relação com Washington desde que o presidente Franklin Delano Roosevelt se reuniu com o rei Abdul Aziz em 1945. Eles foram capazes de controlar a política petroleira em todo o mundo. Colaboraram em assuntos militares e os Estados Unidos contaram com os sauditas para manter sob controle os regimes árabes. Mas agora o regime saudita sente-se bastante ameaçado pela segunda revolta árabe. Ficou muito contrariado pela aprovação da derrubada de Mubarak e pelas críticas estadunidenses – por mais leves que tenham sido – à intervenção saudita no Bahrein. As prioridades dos dois países são agora bastante diferentes.

Na era da Guerra Fria, quando Washington considerava que a Índia estava muito próxima da União Soviética, o Paquistão obteve o respaldo pleno dos EUA (e da China), sem importar que regime estivesse no poder. Trabalharam juntos para apoiar os mujahedins no Afeganistão e forçaram a retirada das tropas soviéticas. É de se supor que trabalharam juntos para impulsionar o crescimento da Al-Qaeda. Duas coisas mudaram. Na era pós-Guerra Fria, os EUA desenvolveram relações muito mais cordiais com a Índia, para frustração do Paquistão. Além disso, Paquistão e EUA estão em forte desacordo acerca de como manejar a sempre crescente força da Al-Qaeda e dos talibãs no Paquistão e no Afeganistão.

Um dos principais objetivos da política externa dos EUA desde o colapso da União Soviética tem sido evitar que os países europeus desenvolvam políticas autônomas. Mas agora os três principais países europeus – Inglaterra, França e Alemanha – estão desenvolvendo suas próprias políticas. Nem a linha dura de George W. Bush nem a diplomacia mais suave de Barack Obama parecem ter diminuído o ritmo desta tendência. O fato de que França e Inglaterra peçam agora aos EUA para assumir uma liderança mais ativa na luta contra Kadafi e o fato de a Alemanha dizer mais ou menos o oposto é menos importante que o fato de que os três estão dizendo estas coisas em voz alta e forte.

Rússia, China e Brasil jogam todas suas cartas em termos de suas relações com os EUA. Nos dias que correm, esses três países se opõem a quase todas as posições estadunidenses. Podem não ir às últimas consequências (não fazem uso de seu veto no Conselho de Segurança, no caso dos dois primeiros) porque os EUA ainda têm garras que pode utilizar. Mas certamente não estão cooperando. O fiasco da recente viagem de Obama ao Brasil, onde pensou que podia iniciar um novo enfoque com a presidenta Dilma Rousseff – e não conseguiu – mostra a pouca influência que os EUA têm na atualidade.

Por fim, a política interna dos EUA também mudou. A política externa bipartidária converteu-se em memória histórica. Agora, quando Washington vai à guerra com a Líbia, as pesquisas de opinião mostram apenas 50% de respaldo por parte da população. E os políticos de ambos partidos atacam Obama por ser demasiado “falcão” ou demasiado “pomba”. Todos tentam tirar algum proveito com essas críticas. Isso pode fazer com que o presidente Obama se veja forçado a aumentar o envolvimento estadunidense em toda a região, exacerbando as reações negativas de todos os que, alguma vez, foram aliados.

É bem conhecido que Madeleine Albright disse que os Estados Unidos eram a nação indispensável. Segue sendo ainda o gigante do cenário mundial. Mas é um gigante torpe, inseguro sobre onde vai e como faz para ir. A medida da decadência estadunidense é o grau no qual seus antigos aliados mais próximos estão prontos para desafiar seus desejos e dizê-lo de forma pública. A medida da decadência estadunidense é expressa também pelo grau no qual não se sente capaz de expressar em público o que está fazendo e insistir que, na verdade, tudo está sob controle. O fato é, por exemplo, que os EUA tiveram que aportar uma grande soma em dinheiro para tirar da prisão um agente da CIA no Paquistão.

As consequências disso tudo? Muito mais anarquia global. Quem se beneficia desse quadro? Até o momento, essa é uma questão que permanece muito aberta.

Tradução: Katarina Peixoto


Iémen: SALEH ACEITA SAIR DO PODER A TROCO DE IMUNIDADE




Movimento estudantil não aceita

PÚBLICO – 24 abril 2011

O Presidente do Iémen, Ali Abdallah Saleh, aceitou este sábado a proposta do Conselho de Cooperação do Golfo para deixar o cargo no prazo de trinta dias a troco de imunidade para si e para a família, anunciou o The Wall Street Journal, citando um conselheiro presidencial, Tariq Shami.

O desfecho de uma crise que dura há três meses surgiu depois de os países vizinhos deste Estado da Península Arábica terem deixado claro, durante a semana passada, que Saleh perdera e estava completamente isolado. O Conselho de Cooperação do Golfo, liderado pela Arábia Saudita, fez ainda saber que esta era a última hipótese de Saleh deixar o lugar com dignidade, disseram dois diplomatas árabes à Reuters.

“O Presidente aceitou. Apesar de ter o direito constitucional de se manter no poder, está disposto a abandonar o lugar de sua livre vontade”, disse Tariq Shami.

No último mês, Saleh, que está no poder há 32 anos, rejeitara várias propostas de outros negociadores e reafirmara que só abandonaria o posto em 2013.

Esta reviravolta coloca agora toda a pressão na oposição, que se fraccionou desde o início da contestação ao regime, a 27 de Janeiro. As duas facções da oposição enfrentaram-se nas ruas da capital, Sanaa, sendo que cada um dos lados está apoiados por diferentes corpos militares armados com tanques. Ontem, ambas aceitaram a cláusula da imunidade.

A partida se Saleh pode abrir caminho para um processo de transição pacífico, depois de receios de eclosão da violência generalizada. Mas a oposição necessita de convencer o movimento estudantil, que manteve nas ruas a revolta contra o regime, apesar da repressão armada, a aceitá-la.

Mal a aceitação foi conhecida, milhares de estudantes encheram as ruas de Sanaa, a capital iemenita, em protesto. “Nós, os jovens da revolução, rejeitamos qualquer proposta que não responsabilize Saleh pela morte de mais de 140 revolucionários”, lia-se num comunicado da organização de estudantes. “A proposta prevê que Saleh deixe o poder em trinta dias e nós exigimos a sua partida imediata. É contra a vontade do povo e a favor do opressor Saleh.”

“[A imunidade] é uma questão importante. Os estudantes querem ver Saleh julgado”, disse Mohammed Qahtan, porta-voz do comité que une os partidos da oposição.

O plano de transição prevê que Ali Abdallah Saleh transfira os seus poderes para o vice-presidente, Abdu Hadi. O filho e sobrinhos do Presidente conservam o controlo das forças de segurança — o Iémen é considerado um aliado fundamental pelos Estados Unidos na luta contra a Al-Qaeda — durante 60 dias, de forma a não haver quebras nas operações.

JAPÃO DIZ NÃO AO NUCLEAR E EXIGE ENERGIAS RENOVÁVEIS




Milhares de pessoas manifestam-se contra energia nuclear e pedem substituição por renováveis

ANP - LUSA

Tóquio, 24 abr (Lusa) - Milhares de pessoas manifestaram-se hoje no centro de Tóquio para exigir que se desista da energia nuclear e se desenvolvam as energias renováveis, após o acidente na central nuclear de Fukushima, subsequente ao maremoto de 11 de março.

Empunhando cartazes "Bye Bye Genpatsu" (Adeus nuclear), os manifestantes, incluindo muitos jovens e famílias, marcharam sob um sol brilhante e de forma pacífica ao longo do parque Yoyogi.

"Estamos preocupados. Antes de Fukushima, eu não pensava muito nisso, mas agora vejo que temos de mudar, temos de fazê-lo, pelos nossos filhos", disse Hiroshi Iino, 43 anos, que participou na manifestação "por uma mudança de energia" juntamente com a mulher e os dois filhos, de 5 e 9 anos.

Yoko Onuma, de 48 anos, professor, veio pela segunda vez para a rua desde o acidente na central Daiichi Fukushima (No. 1), onde as fugas de radiação forçaram a evacuação de uma área em redor num perímetro de 20 quilómetros, afetando cerca de 80.000 pessoas.

Dizendo estar agora “consciente dos perigos da energia nuclear", Yoko defende a necessidade de “mobilizar muitas pessoas, como tem sido feito em outros países”, como a Alemanha.

Para Junichi Sato, diretor executivo do Greenpeace Japão, um dos organizadores do evento, a mobilização contra o nuclear ainda não é muito significativa no Japão principalmente pela tragédia que assolou o país onde o número de mortos e desaparecidos totalizavam cerca de 28.000 pessoas.

A energia nuclear representava antes do tsunami de 11 de março, que levou à suspensão da produção numa dezena de reatores, quase 30 por cento da eletricidade consumida no Japão.

Situado 250 quilómetros a nordeste de Tóquio, a central Fukushima Daiichi foi danificada pelo “tsunami”, de 14 metros de altura, que causou um colapso dos seus sistemas de refrigeração, causando explosões e fugas de radiação.

O operador da central, a TEPCO, espera poder vir a estabilizar a situação na central dentro de um prazo de seis a nove meses

Brasil: Em busca de especialização, professor de SP viaja ao Timor Leste




Marina Morena Costa, iG São PauloÚltimo Segundo – 24 abril 2011 - Foto: Marina Morena Costa
Vladimir Petcov, pedagogo e professor da rede pública, participou de programa do MEC de formação de docentes timorenses
Com mais de 20 anos de docência e há sete anos na rede municipal de ensino de São Paulo, Vladimir Petcov sentiu que estava na hora de “se mexer”. A especialização em Supervisão Escolar, concluída em 2005, e os cursos de formação oferecidos pela Prefeitura eram insuficientes. Formado em pedagogia e professor de educação infantil do CEU São Rafael, em São Mateus, na periferia da zona leste da capital, Vladimir queria fazer uma pós-graduação ou um mestrado.
No site da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação (MEC), onde procurava cursos e bolsas de estudo, Vladimir encontrou um edital aberto para trabalhar com formação de professores em Timor Leste. O país lusófono, parte oriental de uma ilha de colonização portuguesa, conquistou sua independência em 1975, mas logo após a saída dos portugueses, foi invadido pela Indonésia, que controla a parte ocidental da ilha. As cenas da guerra que se seguiu e se arrastou por mais de 20 anos matando um terço da população, mais de 250 mil pessoas, impressionaram o professor brasileiro quando ele ainda estava na faculdade. “Tinham muita curiosidade em conhecer o país”, conta.
Vladimir passou no processo seletivo para o Programa de Qualificação de Docente e Ensino de Língua Portuguesa e conseguiu uma licença do cargo da Prefeitura, publicada no Diário Oficial apenas quatro dias antes de seu embarque para Timor Leste. Mas difícil mesmo foi deixar a família por 14 meses. “Minha mulher é portadora de deficiência física e totalmente independente, mas deixá-la sozinha com nossos dois filhos adolescentes, na época com 15 e 18 anos, foi uma decisão complicada”, conta. O combinado foi que Vladimir enviaria a bolsa de 1.100 euros (R$ 2.520, aproximadamente) para a família e manteria contato constante por telefone e internet. Do outro lado do mundo, ele se manteve com a ajuda de custo do governo timorense, de US$ 300 (cerca de R$ 600 na época) – a remuneração total do programa equivalia aos rendimentos de Vladimir na educação municipal.
Em Timor, as condições de trabalho foram difíceis, tamanha a carência de infraestrutura do país, mesmo na capital Dili. “Faltava luz elétrica diariamente. Havia gerador, mas não tinha combustível para ele funcionar”, conta Vladimir. O nível de entendimento dos professores timorenses do português também era muito precário. Durante o domínio indonésio, a língua portuguesa foi proibida, a imprensa censurada e o tetum, dialeto local, tornou-se o mais falado no país. Como o tetum tem uma estrutura gramatical bem simples – não há plural, apenas singular, e os verbos não conjugam – o entendimento e o domínio do português são bem limitados entre a população local.
Hoje, Vladimir dá oficinas para professores da rede municipal sobre a experiência vivida em Timor. Conta que trouxe na bagagem diversas impressões sobre um país em reconstrução e a vontade de seguir pesquisando educação.
Leia a entrevista concedida ao iG:
iG: Por que você escolheu ir para Timor Leste?
Vladimir Petcov: Quando eu era jovem, hoje tenho 49 anos, os jornais sensacionalistas traziam imagens da invasão de Timor, da guerra, das mortes e aquilo me impressionou muito. Alguns anos atrás, uma colega professora de história me mostrou um livro da Universidade do Porto (Portugal) que contava sobre os projetos de educação que estavam sendo desenvolvidos em Timor. Aquilo me encantou. Quando abri o edital da Capes, percebi que eu me encaixava nas exigências. A formação que eles pediam batia comigo e resolvi tentar. Mas achei que não tinha grandes chances.
iG: Por que você achou que não seria selecionado pela Capes?
Vladimir: Muitos me disseram que era difícil, um jogo de cartas marcadas. Mas vi que não era bem assim. Preenchi uma ficha de inscrição, montei meu currículo lattes e escrevi uma auto-biografia com 1 mil palavras. Passei para a segunda fase, uma entrevista em Brasília. Fui para lá morrendo de medo, nervoso. Percebi que havia pessoas lá que já tinham participado de uma missão anterior em Timor, profissionais com mestrado, doutorado. Pensei que não era para mim. Mas, para minha surpresa, saiu o resultado e eu tinha sido um dos membros escolhidos. Embarquei no dia 30 de outubro de 2009 e voltei em dezembro de 2010.
iG: O que você acha que foi decisivo para a sua aprovação?
Vladimir: É uma incógnita. A experiência que eu tive em dirigir projeto social com crianças da Vila Prudente (zona leste) pode ter sido um diferencial. Trabalhar com a realidade da periferia, em um local de violência extrema, de pobreza extrema, talvez tenha dado uma grande contribuição.
iG: Você lidou com situações de pobreza e violência em Timor Leste?
Vladimir: Éramos uma equipe de 34 profissionais, divididos em quatro grupos – o meu era de formação de professores da rede pública. Ficamos em Dili, na capital, que não tem uma violência gritante, mas uma profunda carência de infraestrutura. É muito parecido com o que a gente vê nas nossas periferias: ruas sem asfalto, sem água e esgoto encanados, casas de tijolos aparentes, crianças brincando nas ruas. Timor é como isto aqui (ele aponta as favelas que cercam o CEU São Rafael).
iG: Como essa carência afetou o trabalho?
Vladimir: Faltava energia três vezes por dia e não havia como dar as oficinas de capacitação sem luz. O Instituto de Formação Profissional e Contínua tinha geradores, mas eles não funcionavam por falta de combustível. Em um acordo de cooperação entre dois países, deve haver responsabilidades dos dois lados. A de Timor era dar garantia do mínimo necessário para a gente dar o curso. Mas não havia ninguém do nosso governo para intervir.
iG: Como era o curso de capacitação dos professores timorenses?
Vladimir: O nosso programa visava dar uma formação em nível médio aos professores de educação básica (ensinos infantil, fundamental e médio). Esses docentes não tinham formação nenhuma, muitos nem tinham concluído o ensino médio. Tornaram-se professores por uma necessidade cívica, porque sabiam falar português e o país precisava que falantes da língua fossem para as escolas ensinar as crianças. As turmas faziam um curso a distância, o Pró-Formação do MEC, e passavam nas oficinas de 15 em 15 dias. Era feito uma revisão da unidade e aplicada uma prova. Ao final de quatro unidades era aplicada outra avaliação e recuperações contínuas das unidades. Formamos 84 professores, de três distritos.
iG: Quais avanços vocês tiveram?
Vladimir: Conseguimos instituir a ideia de projeto, de trabalhar com as necessidades da escola, do aluno, dos problemas da comunidade. Até então a ideia de educação deles era de reprodução e cópia dos materiais didáticos. Conceitos como começo, meio e fim, objetivo, justificativa, conclusão não eram do domínio dos professores.
iG: Quais dificuldades você enfrentou?
Vladimir: A gente não teve uma capacitação aqui no Brasil que nos preparasse para o que encontraríamos em Timor, em termos de história do país, características da população, infraestrutura, economia, cultura, nada disso foi passado. Eu tinha um conhecimento prévio, porque era um local que me interessava e porque pesquisei em livros, teses e na internet. Sobre o programa usado, o Pró-Formação, também não foi explicado nada. Não fizemos um workshop, nem curso a distância. Além disso, o material didático do MEC tinha sérios problemas de adaptação. Não se respeitou o nível de entendimento que os professores estão da língua portuguesa, que é a segunda ou a terceira para eles. Para adaptar um material didático, não basta trocar fotos e escrever “Timor Leste” onde antes estava escrito “Brasil”.
iG: O que você trouxe desta experiência?
Vladimir: É interessante ver o nosso país do lado de fora, ter a dimensão da potência que nós somos. Redescobrir o valor da língua portuguesa, a riqueza vocabular, a pronúncia das palavras. Eles se encantavam com esses aspectos do português, que no dia-a-dia nos passam batido. Ver a história de Timor é reviver a história do Brasil, que também teve colonização portuguesa. Voltei com uma vontade enorme de pesquisar, de o processo histórico educacional nas colônias portuguesas. Assumi o título de professor-pesquisador, porque não posso parar de investigar o mundo em que eu vivo. 

Timor-Leste: SUBSTITUIDOS POLÍCIAS PORTUGUESES DA ONU




TVI 24 – 24 abril 2011
Termina a missão marcada pela transferência de responsabilidades para a Polícia Nacional
Mais de quatro dezenas de elementos da PSP, que integraram a polícia das Nações Unidas em Timor-Leste (UNPOL), começam a regressar dia 25 a Portugal, terminando uma missão marcada pela transferência de responsabilidades para a Polícia Nacional (PNTL), avança a agência Lusa.

Um primeiro grupo de 24 polícias embarca dia 25 no Aeroporto de Díli, em voo charter, com chegada prevista a Lisboa pelas 02:55 do dia 26, enquanto um segundo grupo, igualmente de 24 elementos parte dia 28 de Timor-Leste, devendo chegar a Portugal pelas 02:55 do dia 29, de acordo com o gabinete de imprensa e relações públicas da PSP.

Com a entrega gradual do policiamento à Polícia Nacional de Timor-Leste, cessa a missão dos 48 elementos da PSP que integraram a polícia das Nações Unidas (UNPOL), e que agora vão ser rendidos.

«Foi um ano que correu bastante bem e em que Portugal deixou uma boa imagem, sendo de destacar o esforço feito e o trabalho realizado para manter a estabilidade e preparar a transferência gradual das responsabilidades de policiamento para a PNTL», disse à Lusa o subintendente Raul Curva, da PSP.

Em relação ao contingente da PSP que vai render o que agora sai de Timor-Leste, verifica-se uma redução significativa do número de elementos.

Apenas 29 polícias portugueses vão integrar a missão das Nações Unidas (UNMIT), 15 dos quais partem hoje de Lisboa e os restantes no dia 27.

O responsável da polícia das Nações Unidas, comissário Luís Carrilho, também ele um português e da PSP, explicou à Lusa que essa redução se deve ao que está acordado com as autoridades timorenses para a saída gradual da UNMIT, que deverá ficar concluída em 2012.

«Todos os contingentes têm uma redução e em termos de polícias individuais dos vários países já tivemos mais de mil e agora são 790», explicou à Lusa.

O grupo de polícias portugueses que agora regressa a Portugal teve durante um ano o desafio de ajudar a preparar a Polícia timorense para assumir as responsabilidades do policiamento em todo o território, mas outra tarefa, não menos importante, vão ter pela frente os homens que agora partem para Timor-Leste.

As eleições, presidenciais e legislativas, deverão ser realizadas em 2012, pelo que irão acompanhar a preparação do processo eleitoral e, dependendo das datas que vierem a ser fixadas, o período de campanha eleitoral.

Para o subintendente Raul Curva é um desafio profissional para os polícias portugueses que agora vão integrar as Nações Unidas, mas «todos eles tiveram formação para integrar missões internacionais».

«É um desafio em termos de trabalho e estamos preparados para ajudar no que for preciso. Esperamos que não haja incidentes que desestabilizem o país», disse.

TRADIÇÃO DA PÁSCOA EM TIMOR LESTE




SAPO TL – 24 abril 2011
Em Timor Leste, a Páscoa é comemorada cumprindo solenemente todas as tradições. A celebração da Páscoa começa com o tempo da Quaresma. Durante a Quaresma, as famílias entram num período de reflexão, penitência e abstinência.
Na Quinta-feira Santa realiza-se a Missa de Ceia Pascal, com a cerimónia do lava-pés. Nesta cerimónia doze katuas (velhos) sentam-se em torno de água para que o padre proceda à lavagem dos pés. Esta é uma forma de reviver os últimos dias de Jesus, quando este lavou os pés aos seus discípulos antes de ser crucificado.
Na Sexta-feira Santa, são diversos os rituais de cada paróquia de Dili. Na igreja de Balide, decorre um ritual iniciado há longos anos pelo falecido padre Brito de Goa. A celebração teatralizada começa na hora da morte de Jesus, onde Jesus é descido da cruz e levado em procissão até ao Cemitério de Santa Cruz. O propósito deste ritual era o de dar a entender aos fiéis o sentido da Páscoa. O corpo de Jesus é levado até o cemitério de Santa Cruz e regressa à igreja, ficando exposto durante dois dias para ser adorado ao longo do dia e noite até à celebração de domingo.
As igrejas em todas as paróquias enchem-se durante os quatro dias de celebrações. A missa de sábado é celebrada com muito sentimento à meia-noite. As estradas perto das igrejas normalmente são fechadas não só pelo respeito à missa sagrada, mas também pelos milhares de fiéis que permanecem fora do complexo.
A missa de Domingo fica completa com o almoço de Páscoa que reúne com familiares e amigos. Não é habitual em Timor, a tradição de ovos de pascoa ou do coelho de pascoa, mas sim a participação nas celebrações sagradas tradicionais e a festa pascal no dia em que Jesus ressuscitado anuncia a salvação da humanidade.

Moçambique: MALÁRIA MANTÉM-SE O PRINCIPAL FATOR DE MORTE DE CRIANÇAS




LAS - LUSA
Maputo, 24 abr (Lusa) - A malária mantém-se como a principal causa de morte de crianças em Moçambique, com 33 por cento dos casos em menores de cinco anos, segundo um comunicado da UNICEF, divulgado hoje em Maputo.
Segundo o documento, distribuído no âmbito do Dia Mundial da Malária, que se assinala na segunda-feira, cerca de 34 mil crianças morrem anualmente em Moçambique de malária, o que significa uma morte a cada 15 minutos, sendo a doença responsável por 40 por cento dos atendimentos nas consultas externas pediátricas e 60 por cento nas internas.
"Significativas reduções foram alcançadas em certas áreas do país onde se incrementaram ações de prevenção e controlo da malária, como na província de Maputo, onde o número de casos caiu acentuadamente", refere o comunicado do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Desde 2009 que o governo de Moçambique definiu uma política de cobertura universal por redes mosquiteiras, estimando-se que para crianças menores de cinco anos essa taxa seja de 93 por cento nos distritos que não foram aspergidos, e de 54 por cento a nível nacional.
A proporção de crianças que dormem sob uma rede mosquiteira passou de 10 por cento em 2003 para 42 por cento em 2008, segundo o mesmo comunicado, que indica que, no entanto, apenas 31 por cento dos lares dispõem de uma rede mosquiteira tratada com inseticida.
"Apesar de sinais encorajadores no combate à malária, a cobertura por redes tratadas com inseticida, que são duplamente mais eficazes do que as não tratadas, continua muito abaixo dos objetivos nacionais e internacionais", assinala a UNICEF.

Situação calma na Beira e Maringue, para onde RENAMO convocou manifestações




AYAC – LAS - LUSA
Chimoio, 24 abr (Lusa) - A situação está calma na cidade da Beira e na vila de Maringue, ambas na província de Sofala, centro de Moçambqiue, para onde a RENAMO convocou para hoje manifestações contra FRELIMO, partido no poder.
Na Beira, segunda cidade do país, a sede da RENAMO, para onde foi convocado o início da manifestação, mantinha-se encerrada, disse à Lusa um membro do maior partido da oposição.
O mesmo acontecia em Maringue, vila onde a RENAMO tinha a sua maior base militar durante a guerra civil de 1976 a 1992
No entanto, Absalão Chapela, administrador do distrito do Maringué, província de Sofala, disse à Lusa ter havido um incidente por volta das 21:00 de sábado (20:00 em Lisboa) quando homens armados, que identificou como membros da RENAMO tentaram entrar na vila.
"A polícia viu-se obrigada a impedir a sua entrada, havendo uma troca de tiros entre os dois lados", disse Chapela, adiantando que não se registaram feridos.

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