segunda-feira, 10 de outubro de 2011

ABENÇOADO REINO LUSITANO




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

Com mais ou menos transparência, quase sempre com menos, Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e Cavaco Silva continuam a trabalhar em conjunto para, como diziam no tempo de José Sócrates, debelar a crise económica e financeira de Portugal.

Dizem que, numa altura em que os portugueses começam a morrer por não terem aprendido a viver sem comer, é preciso unir forças para colocar o país na rota certa. Rota de colisão, refira-se.

O Alto Hama vai também dar o seu contributo. Sendo feito por um jornalista, vai procurar saber o que se passa para não ser imbecil. E sabendo o que se passa não vai ficar calado porque não quer ser criminoso.

É claro que com essa metodologia de trabalho vai continuar no desemprego e, pela força da barriga vazia, com a coluna vertebral (que se recusa a remover) cada vez mais débil.

Portugal está, desde há meses, na mira dos especuladores dos mercados financeiros. Depois de despejarem um forte arsenal bélico sobre a Grécia, viram-se para as ocidentais praias lusitanas, não para cá ficarem de armas e bagagens mas apenas como mero ponto de passagem.

Apesar de o espectro da bancarrota ter chegado com armas e bagagens a Lisboa, os donos de Portugal continuam a cantar e a rir para os 40% de potenciais pobres e para os 800 mil desempregados, tal como continuam a achar um bom exemplo de moralidade interna e externa que os valores das remunerações pagas a alguns gestores públicos.

Não foi Paulo Portas que, na anterior legislatura, criticou o vencimento de 624 mil euros que o presidente da TAP tinha em 2009, "mais do dobro do que recebeu Barack Obama"? Não foi ele que falou do ordenado do presidente da Caixa Geral de Depósitos que ganhou "mais do dobro de Angela Merkel"?

Seja como for, este governo – tal como o anterior - prefere ser assassinado pelo elogio do que salvo pela crítica. Quando Simon Johnson escreveu no “The New York Times” que o próximo problema global dava pelo nome de Portugal, todos lhe chamaram ave de mau agoiro.

"O próximo no radar será Portugal. Este país escapou em grande medida às atenções, muito porque a espiral da Grécia desvaneceu. Mas ambos estão economicamente à beira da bancarrota, e ambos parecem muito mais perigosos do que Argentina parecia em 2001, quando entrou em incumprimento", dizia (e diz) a análise do economista, que é Professor no Massachusstts Institute of Technology.

Em bom ou mau português (para o caso tanto faz), dir-se-á que quem for o último a sair que feche a porta (se ainda existir porta) e apague a luz (se ainda não tiver sido cortada pela EDP). Nada mau.

"Os portugueses nem sequer estão a discutir cortes sérios. (…) Estão à espera e com a esperança de que possam crescer suficientemente para sair desta confusão, mas esse crescimento só pode chegar através de um espantoso crescimento económico a nível global", diz Simon Johnson que, certamente, se esqueceu de ouvir o contraditório de não menos insignes especialistas lusos, a começar em Vítor Constâncio, passando por Teixeira dos Santos e acabando em Vítor Gaspar.

Simon Johnson considera ainda que "nem os líderes políticos gregos, nem os portugueses, estão preparados para realizar os cortes necessários", que o Governo português "pode apenas aguardar por vários anos de alto desemprego e políticas duras", e ainda que os políticos portugueses podem apenas "esperar que a situação piore, e então exigir também um plano de apoio".

Não é propriamente um grande elogio aos políticos portugueses que têm responsabilidades governativas. Mas esses não estão muito preocupados. Desde logo porque, com ou sem bancarrota, terão sempre um lugar “mexiânico” numa qualquer EDP, Galp ou Banco Central Europeu.

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

PORTUGAL PODE DEIXAR DE EXISTIR COMO PAÍS, diz António Barreto




ECONÓMICO, com Lusa

O sociólogo António Barreto admite que Portugal deixe de existir como estado independente dentro de algumas décadas.

"É possível que Portugal, daqui a 30, 50, 100 anos não seja um país independente como é hoje", disse o investigador à agência Lusa, admitindo que o país surja integrado "numa outra Europa", com outra configuração, com outro desenho institucional e político que não tem hoje.

Em declarações à margem da inauguração do 2º ano lectivo do Instituto de Estudos Académicos para Seniores, na Academia das Ciências de Lisboa, onde foi o orador convidado, o ministro do I governo constitucional (1976) disse que não faz a afirmação com sentido alarmista ou de tragédia.

"Mas convém perguntarmos o que vai acontecer no futuro", recomenda.

No seu discurso de 20 páginas, António Barreto, 68 anos, citou o académico norte-americano Jared Diamond, que no seu livro "Colapso" fala sobre o desaparecimento de uma dúzia de povos, numa analogia ao futuro possível de Portugal.

O caso mais conhecido é o da Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico, cujos habitantes desapareceram "pelas decisões tomadas e pela maneira como viviam".

"Ele [Jared Diamond] diz que são gestos e comportamentos deliberados, não para se matarem nem para se extinguirem, mas que não têm consciência que estão gradualmente a destruir o seu próprio habitat, a sua própria existência", explica António Barreto.

"Cito o caso [dos povos desaparecidos] porque, muitas vezes, quando se discute o caso de Portugal ou da Europa tem-se sempre a ideia de que as coisas são eternas, que tudo é eterno, e agora não é", considerou.

"Os nossos gestos de hoje, as nossas decisões de hoje, sem que muitas vezes percebamos o quê e como, vão mudar e construir as grandes decisões daqui a 50 ou daqui a 100 anos", acrescentou.

"Com a crise que estamos a viver há alguns anos e com as enormes dificuldades que vamos ter para resolver e para ultrapassar, põe-se sempre o caso de se saber se daqui a dez, 30 ou 50 anos Portugal será o que nós conhecemos hoje".

O investigador social, presidente do conselho de administração da Fundação Francisco Manuel dos Santos, admite que seja igualmente possível uma "alteração dos dados actualmente conhecidos e que Portugal reassuma um papel de estado independente".

"Depende da nossa liberdade e das nossas decisões de hoje saber o que vamos construir daqui a um século", considera.

No seu discurso, o sociólogo que já negou ser candidato às próximas presidenciais, teceu duras críticas no seu discurso aos dirigentes que governaram Portugal nos últimos anos, acusando-os de iludir a realidade e omitir factos que contribuíram para as dificuldades em que o País se encontra.

"A verdade é que se escondeu informação e se enganou a opinião pública. A acreditar nos dirigentes nacionais, vivíamos, há quatro ou cinco anos, um confortável desafogo", afirmou.

Depois de uma situação que permitia "fazer planos de grande dimensão e enorme ambição", passou-se, "em pouco tempo, num punhado de anos", a uma "situação de iminente falência e de quase bancarrota imediata".

*Foto em Lusa

Diretor do Folha 8 condenado por difamação a figuras de topo das autoridades angolanas




NME - LUSA

Luanda, 10 out (Lusa) - O jornalista angolano e diretor do semanário Folha 8, William Tonet, foi hoje condenado por calúnia e difamação a um ano de prisão convertível a uma multa de cem mil dólares, que deverá ser paga num prazo de cinco dias.

William Tonet respondia em tribunal pelos crimes de calúnia e difamação contra várias figuras das autoridades governamentais angolanas, duas das quais da Presidência, num caso que remonta a 2008.

Na acusação, estavam o chefe da Casa Militar da Presidência de Angola, general Helder Vieira Dias "Kopelipa", o chefe dos serviços de informação da Presidência, general José Maria, o antigo chefe de Estado Maior das Forças Armadas, general Francisco Pereira Furtado, e o diretor da Alfândega de Angola, Sílvio Burity.

A decisão do tribunal, já objetivo de recurso pela defesa, foi lida no Tribunal Provincial de Luanda Dona Ana Joaquina, onde decorreu a sessão do julgamento.

Em declarações à agência Lusa, William Tonet disse que todas as matérias divulgadas naquele semanário "ficaram provadas em tribunal", afirmou Tonet, acusando o juiz de ter sido "parcial" na sentença.

William Tonet respondeu em tribunal como diretor do Folha 8, não tendo sido o autor das matérias publicadas no jornal sobre generais angolanos alegadamente donos de minas de diamantes e sobre casos de nepotismo.

Mantendo a intenção de apresentar um recurso, Tonet disse não ter condições para pagar a indemnização e outras multas aplicadas, porque o jornal não tem aquele dinheiro.

O diretor do Folha 8 hoje condenado é também um dos advogados de defesa do grupo de jovens que foram presos há cerca de um mês, no decurso de uma manifestação anti-governamental em Luanda, mas o jornalista não estabeleceu relação entre os dois acontecimentos.

DEZ DIAS PARA CELEBRAR A LUSOFONIA EM MACAU





O Festival da Lusofonia regressa a Macau, entre 20 e 30 de Outubro. O evento, que se realiza desde 1998, dá a conhecer a gastronomia, musicas e danças, jogos e tradições dos países de língua portuguesa.
 
O Festival da Lusofonia em Macau vai apresentar este ano pela primeira vez uma mostra gastronómica dos países de língua portuguesa num restaurante local com a participação de chefes lusófonos. Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe, a par de Goa, Damão e Diu vão dar a conhecer ao longo de dez dias as respectivas culturas coexistentes em Macau, o único local na China a acolher uma iniciativa do género pelo seu papel político-estratégico de plataforma com os países de língua portuguesa.

O Festival da Lusofonia e a Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa enquadram-se no Plano de Acção para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e a lusofonia, salientou em conferência de imprensa a secretária-geral adjunta do Secretariado Permanente do Fórum Macau, Rita Santos.

Esse plano de acção, assinado em Novembro de 2010 na 3.ª conferência ministerial do Fórum Macau, “realça a necessidade de existir um maior intercâmbio cultural entre a China e os países de língua portuguesa e Macau tem um papel de relevo a desempenhar”, sustentou a responsável, citada pela Agência Lusa, na apresentação do cartaz do evento.

O Festival da Lusofonia conta este ano com um orçamento e programa reforçados, resultando de um investimento de 6,85 milhões de patacas (644 mil euros) do Secretariado Permanente do Fórum Macau e de 1,7 milhões de patacas (160 mil euros) do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau (IACM).

Alguns dos principais pontos turísticos de Macau - como o cenário arquitectónico português das Casas Museu da ilha da Taipa e o Largo do Senado - serão o palco do festival dirigido à população local e visitantes da Região e que pretende “reflectir a especificidade de Macau que é este encontro das culturas da China e dos países lusófonos”, observou Rita Santos. O cartaz alarga-se pela primeira vez ao restaurante panorâmico da Torre de Macau, onde dez chefes de cozinha vão diariamente confeccionar pratos típicos dos respectivos países de língua portuguesa.

A organização decidiu ainda lançar as «Paradas da Lusofonia» pelas ruas da cidade para atrair mais participantes, cujo número tem aumentado anualmente, como constatou o administrador do conselho de administração do IACM, Henry Ma, apontando que só na edição de 2010 o evento contou com a participação de 15 mil pessoas.

O festival abrangerá também uma feira de artesanato com dez expositores das comunidades lusófonas locais e um da província chinesa de Jiling. Exposições da artista timorense Maria Madeira e de Manuela Jardim, da Guiné-Bissau, jogos tradicionais portugueses, torneios de matraquilhos e de futebol de 7, bem como passeios de pónei para crianças são outras das propostas do evento.

Realizado desde 1998, o Festival foi criado inicialmente como parte integrante das comemorações do Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas (10 de Junho), transformou-se num evento mais alargado que divulga a cultura de todos os países de língua portuguesa.

Timor-Leste: ENI INICIOU PRODUÇÃO NO CAMPO PETROLÍFERO DE KITAN




MSE - LUSA

Díli, 10 out (Lusa) - A petrolífera italiana ENI iniciou a produção no campo petróleo de Kitan, localizado a cerca de 240 quilómetros a sul de Díli, Timor-Leste, e a 550 quilómetros de Darwin, Austrália, refere a empresa em comunicado hoje divulgado.

Segundo o comunicado publicado na página oficial da empresa na Internet, o início da produção do campo Kitan foi conseguida através de poços localizados em águas profundas e conectados a um navio e deverá produzir cerca de 40 mil barris por dia.

A ENI opera no campo Kitan através de uma "joint venture" com 40 por cento da INPEX, 35 por cento do Mar de Timor e 25 por cento Talisman Resources.

A ENI está presente em Timor-Leste desde 2006.

Segundo o documento, o "desenvolvimento do campo petrolífero de Kitan fortalece planos de crescimento da ENI na região".

Em maio, as autoridades timorenses e a ENI aprovaram o plano de desenvolvimento daquele campo petrolífero no valor de 1,1 milhões de dólares.

O Kitan encontra-se na área de desenvolvimento petrolífero conjunto de Timor-Leste e da Austrália.

Segundo um comunicado do Governo timorense, emitido em maio, a produção total do campo Kitan será de 34,6 milhões de barris.

FEATURE: REPORTING EAST TIMOR


Journalist and camerman Jose Bello smuggled videos containing scenes such as this out of East Timor at the height of its troubles

Sarah Jaensch – Rádio Australia

East Timor has undergone a hectic and sometimes fragile transformation from oppressed colony to emerging democracy. And the experience has proved especially challenging for journalists - both local and foreign.

Now a new documentary, Breaking the News, looks at the work and lives of two of East Timor's most experienced investigative journalists - Jose Belo and Rosa Garcia.

Sarah Jaensch reports for Australia Network's Asia Pacific Focus.

JOSE BELO (excerpt from Breaking the News, May 2006): The foreign media (are) very professional media organisations and they have a long history of covering stories around the world. But sometimes if you come into East Timor, East Timor is a new country and East Timor has its own characters. And how people doing their things, they have their own way to do it.

SARAH JAENSCH, REPORTER: It's been a remarkable journey for Jose Belo, one that has seen him report from the front-line on the birth and growing pains of East Timor.

During the Indonesian occupation Belo would go undercover and smuggle videos out of the country, showing the international media what was happening in East Timor.

Today he is a journalist, cameraman and newspaper director.

Rosa Garcia too has been there to chart the trials and tribulations of her young country. As reporter at the East Timor Post she's earned a reputation for uncovering the truth.

Now Belo and Garcia are the focus of a new documentary called Breaking the News, made by filmmaker Nicholas Hansen.

NICHOLAS HANSEN: I think East Timor being such a young country it's a really interesting character, the character of the journalist, to focus on.

SARAH JAENSCH: Breaking the News was filmed over four years beginning during the 2006 crisis when a dispute within the military almost led to civil war and fuelled conflict between people from the east and west of the newly formed nation.

Jose Belo shrugged off the risks to help report on the crisis.

JOSE BELO (excerpt from Breaking the News): I'm a journalist and my name is, my last name is Belo. So Below is identified with the eastern part from Baucau. So they all know where I come from.

They way I communicate with them, I say look, I have nothing to do with you guys. You do your business. I do my job. I'm just a journalist. I am just covering the events going on.

SARAH JAENSCH: Nowadays as well as running local newspaper Tempo Semanal, Belo works as a freelance cameraman and a fixer and translator for foreign media organisations including the ABC.

(Excerpt from Breaking the News):

MAN 1 (in car): What's happened? Can you stop here?

MAN 2 (running towards the car): Loromunu (Westerners)! Good! Loromunu very good!

MAN 2: Jose I need your help with the tripod.

(End of excerpt)

SARAH JAENSCH: Over the past two decades the story of East Timor has been portrayed mainly through the eyes of foreign media.

Breaking the News paints a less than flattering portrait of many of the journalists and photographers who arrived in Dili to cover the 2006 crisis and leaves the viewer wondering whether their presence helped or hindered the situation.

(Excerpts from Breaking the News):

JOURNALIST (in East Timor with burning building behind him): New Zealand has given tens of billions of dollars and the lives of five of its soldiers to prop up East Timor.

TIM PAGE, FREELANCE PHOTOGRAPHER: It's just getting madder and madder isn't it? It's marvellous. It's not marvellous for them. It's good for us.

WOMAN (from car): These people they also act because you are here and filming them, right? That's also one reason.

MAX BLENKIN, REPORTER, AUSTRALIAN ASSOCIATED PRESS: It was just the 4-wheel drive with a Red Cross on the side saying who knows what, berating the media pack for fomenting all this, with some justification I suspect.

JOURNALIST: It's always the same. When there is no solution it is the fault of the press.

These Australian journalists came in and after they finish the story go. They left the country and they stay there. They're safe.

JOSE BELO: If the Timorese media is doing the story they stay here. They stay here and it's risk for them. It's risk for the journalist. And that's why some of the journalists here are very preventive, very preventive. Very self censorship.

(End of excerpts)

SARAH JAENSCH: Nicholas Hansen also looks at the physical and legal risks facing East Timor's journalists on a daily basis.

During the 2006 crisis Rosa Garcia's newspaper The Timor Post was forced to close after two of her colleagues were badly beaten.

Over the past two decades Jose Belo has been arrested, tortured and imprisoned a number of times.

JOHN MARTINKUS, JOURNALIST: When he was released from prison released from prison throughout the second half of 98 and early 99 before the UN arrived, Jose had to be very, very, very careful because there were still very many people, you know Indonesians, people who sided with the Indonesians, who wanted to kill him.

SARAH JAENSCH: But Hansen says the risks to local journalists and the obstacles to a free media are still apparent a decade after the country's independence.

NICHOLAS HANSEN: Both Jose and Rosa are the first generation of investigative reporters in East Timor. They face many challenges in their day-to-day work.

You know one of them of course is resources or lack of resources. Another is access to information about what's going on in their own country.

SARAH JAENSCH: Breaking the News also takes a close look at the biggest event in the country's recent history - the attempted assassination of president Jose Ramos Horta and the court case that followed.

Jose Belo says the trial raised more questions than it answered.

JOSE BELO (excerpt from Breaking the News): I always criticise my government every week. Every week, every single week my newspaper bang bang on Xanana's head. But it's too much actually, too much for me to do it.

I've been living here for 38 years. I myself doesn't understand yet the whole context of this country. I'm trying to understand.

NICHOLAS HANSEN: Journalists with the depth of experience of Jose and Rosa are extremely important to East Timor's development.

I mean it's young country with fairly young institutions. By that I mean the court system and the civil bureaucracy.

So that I think that journalists and certainly when Jose is breaking news and receiving the leaks and breaking this information, I think that he's acting very much as one of those pillars of society, you know that journalism and journalists across the world probably aspire to.

JIM MIDDLETON: Sarah Jaensch reporting.

O FUTURO DO PORTUGUÊS EM TIMOR-LESTE (9) – A RIVALIDADE ENTRE SUCOS




DAVI B. DE ALBUQUERQUE* - EAST TIMOR LINGUISTICS: state of the art

Nesta última sexta-feira, 06 de outubro, o Jornal Independente publicou uma notícia a respeito da declaração do porta-voz do Sindicato dos Professores de Timor-Leste (SPTL), Agostinho Soares, sobre a implementação do ensino em língua materna. Tive acesso à notícia no blogue Timor Hau Nian Doben pela indicação do amigo António Veríssimo, que eu registro aqui meus agradecimentos. 

Segundo, Agostinho Soares, a futura geração leste-timorense será dividida, principalmente, poderá ser retomadas antigas rivalidades entre 'sucos' (divisão político-administrativa nativa, do Tetun suku, semelhante a pequena vila ou vilarejo), o chamado 'suquismo' (Isto foi um dos meus argumentos no post O futuro do português em Timor - 5 Análise do Educação multilíngue baseada na língua materna, que pode ser lido no link: http://easttimorlinguistics.blogspot.com/2011/09/o-futuro-do-portugues-em-timor-leste-5.html).

Ainda, ele fala também da impossibilidade e da inconstitucionalidade de tal proposta (também já discutida por mim no post O futuro do português em Timor - 2 A legalidade da nova política linguística que pode ser lido no link: http://easttimorlinguistics.blogspot.com/2011/08/o-futuro-do-portugues-em-timor-leste-2.html).

Vale lembrar aos leitores do blogue também que qualquer estrangeiros que visitou Timor-Leste, e os próprios cidadãos leste-timorenses sabem disso, há línguas e grupos etnolinguísticos que já gozam de um status social superior a outros grupos, considerados menores. Como exemplo, posso mencionar o grupo manbófono, falantes da língua Manbae (ou Mambae, Mambai), que, além de serem em grande número, estão localizados na região central de Timor-Leste e possuem diversos representantes nas camadas sociais mais altas, como políticos, professores universitários, nobres etc. Outros grupos etnolinguísticos que gozam de um status social  superior aos demais são: o Makasae, que possuem certas características sociais próximas ao grupo Manbae, e os falantes de Tetun Terik, que sempre possuíram uma posição de prestígio e destaque na sociedade leste-timorense, principalmente por causa do mito de manterem a língua Tetun 'pura' (a variedade Tetun Terik).    

Após essas breves informações para se refletir, e quem sabe até mereçam uma pesquisa ou análise mais aprofundada, a notícia pode ser lida inteira no link http://timorhauniandoben.blogspot.com/2011/10/politica-do-uso-das-linguas-maternas.html.

*Davi B. de Albuquerque é linguista na Universidade de Brasília

Ler também:

*Todos os relacionados sobre o tema em TIMOR-LÍNGUA

Cabo Verde: …CRÓNICA PARA “OS CANALHAS DO COSTUME”…




ABRAÃO VICENTE – LIBERAL, opinião

Liberal acaba de encontrar este texto fabuloso de Abraão Vicente no seu blog. Pela qualidade do conteúdo e pela importância do tema nos dias que correm, com a merecida vénia ao autor, publicámos o texto para proveito dos nossos leitores. Recordamos que o autor é deputado do Movimento para a Democracia, MpD.

…CRÓNICA PARA “OS CANALHAS DO COSTUME”…
O IMPROVÁVEL “TRIUNFO DOS PORCOS”… OU SIMPLESMENTE “ISSO DE TER IDEAIS”!

Somos pequenos demais. Somos tacanhos demais para merecer alguma outra denominação senão “laboratório de experiências”. Tantos Doutores e tantos mestres para que? Para continuarmos nessa mentalidade tacanha de só ver o que nos convém, de só lutar pelo que nos dá benefícios directos. Estamos em maus lençóis como sociedade e como Nação. Somos canibais e sanguinários, somos mesquinhos e brutais. Nenhuma causa nos move, nenhuma nobreza nos vai na alma.

Se por um lado existe essa juventude revoltada e ousada, essa nova casta de cabo-verdianos que vem das massas e estão desejosos de triunfar na vida, por outro lado temos essa massa cinzenta e apática que quer ser muro e betão armado, grades e muralhas. Essa gente preconceituosa e demente que só quer manter o status quo. A todo o custo manter o status quo.

O caso da má gestão da Electra e do falhanço da hipotética política energética do governo desmascara a essência das faces maquilhadas dos cabo-verdianos. Põe a prova a convicção dos políticos e a seriedade dos jornalistas, desvenda de que fibra é feito o discurso dos críticos e cronistas, passa a limpo as verdades da tal sociedade civil. Uma simples concentração/manifestação e as reacções que se seguiram, revelaram o que vai na alma dos mesquinhos e dos “Velhos de Restelo” de serviço.

Por curtas palavras: esta sociedade está inundada por gente preconceituosa que não hesita em mentir, em rotular, em apontar os dedos e condenar, em avaliar, em ajustar contas em julgar na praça pública. Uma boa percentagem desta sociedade está mais preocupa com o supérfluo, com ideias preconcebidas, com carros e roupa de marca do que com alguma causa comum ou colectiva. Esta sociedade está colonizada por indivíduos egocêntricos e oligarcas que, quer no poder quer na oposição, pensam só e unicamente em manter os seus privilégios e a sua situação social. O povo é sistematicamente afastado do núcleo do poder e das decisões centrais por estratégias e manipulações eleitorais, por esquemas de promoção selectiva dos lambe botas de costume.

Indo mais além, tocando na política partidária: eu não entrei na política por favor de ninguém ou para servir interesses deste ou daquele. Enganados estão aqueles que pensam poder condicionar a minha liberdade de expressão ou de pensamento. Tenho muito claro as minhas ideias e convicções. Tenho uma relação de respeito e lealdade com o MpD, mantenho uma relação de total honestidade intelectual com o líder do partido e com as figuras com as quais melhor me identifico. Mais, trabalho todos os dias para honrar os compromissos eleitorais que o partido assumiu e que como oposição tentaremos ajudar a concretizar. Estarei no parlamento enquanto defensor dos interesses da população e em respeito aos valores do partido que me elegeu.

Defendo causas e não é por haver criticas ou bocas que a minha essência muda. Sou deputado nacional pelas listas do MpD porque é o partido com cujos valores me identifico, mas não sou nem serei nunca prisioneiro dos modus operandi nem das leituras e ambições políticas de grupos instalados na politica nacional. E depois, que estória é essa de politico ter medo de assumir o seu partido mesmo quando defende as grandes causas nacionais? Por exemplo, na manifestação também estavam Indira pires, Luís Leite e Edson Medina mandatários nacionais para a juventude dos candidatos presidenciais Aristides Lima, Jorge Carlos Fonseca e Manuel Inocêncio respectivamente. Também estavam professores, investigadores, artistas, empresários e funcionários públicos. Defender uma causa comum muda algo às nossas convicções pessoais? Não, apenas as reforça. Somos apenas jovens de uma outra geração: a geração consciente.

Por outro lado, tampouco serei vítima da lavagem cerebral que o partido no poder e a sua bancada parlamentar têm em marcha. A instalação do pensamento único, a criação do sistema de poder do PAICV. Dogmas e doutrinas que falharam por onde passou o socialismo fruto dos movimentos independentistas e que abriram feridas incuráveis nas respectivas sociedades.

Penso pela minha própria cabeça e isso incomoda muita gente neste país. Para muitos o mais grave ainda é o facto de ter conquistado espaço próprio e não andar na sombra de ninguém. Por isso mesmo fica o aviso: estou na vida pública cabo-verdiana para ficar. Estou na vida pública cabo-verdiana para agir. Tinha espaço de acção antes de entrar na política e continuarei a ter depois da política.

Tenho sinais claros, que a grande maioria dos cabo-verdianos, os tais que não tem acesso à internet, que vivem excluídos e em condições de vida deploráveis, os jovens que estudam arduamente e andam à procuram de emprego, os que tais que não tem assento nos partidos e nos órgão de decisão, muitos jovens inteligentes, honestos, sonhadores de zonas urbanas e rurais deste país…esses aprovam a irreverência e a voz dos que os defendem honestamente e convictamente. Tenho a certeza que na hora certa a sociedade saberá dar razão àqueles jovens que comandaram o 07 de Outubro e quiseram manifestar um novo tempo…novo tempo de novas escolhas, novas opções, novos ideais. Estou convicto.


Cabo Verde: POLÍCIAS BÊBADOS AGRIDEM 5 JOVENS





População de Ribeira da Barca está revoltada

É caso para dizer que o bandido pode estar onde menos se espera. Um dia de excessos alcoólicos pode saldar-se em desfechos menos felizes, principalmente quando se trata de “agentes da autoridade” que agridem quem juraram defender: cidadãos inocentes e indefesos.

Praia, 10 de Outubro – Aparentemente parecia ser um domingo como tantos outros. Na pacatez da localidade piscatória de Ribeira da Barca, Santa Catarina de Santiago, esse início da noite de 2 de Outubro corria prazenteiro em conversas de rua, em grupos de amigos, onde o campeonato português de futebol era o tema central.

Filipe, Ilídio (António), José (Fonseca), Júlio (Nai) e Edmilson (Set) não poderiam supor o martírio que dentro de pouco tempo e por várias horas iriam viver num sítio onde é suposto os cidadãos estarem em segurança: a esquadra da polícia.

Por volta das 19 horas o terror iria começar: quatro agentes policiais em estado de embriaguez decidiram dar alguma animação a um dia de copos que, segundo apuramos, se iniciou logo pelas 11 da manhã. À civil, sem estarem de serviço, com a roupa desarrumada, de arma à cintura e garrafa de grogue em riste, os policiais varreram o centro da terra e resolveram levar 5 jovens para a esquadra. “Está preso!”, dizem os agentes. “Porquê?” interrogam os detidos. “Lá na esquadra é que vamos ver!” foi a resposta alarve da autoridade. E, depois da detenção, tentando intimidar vários populares que, indignados, se juntaram em frente à esquadra, um dos “valentes agentes” ainda disparou para o ar por quatro vezes.

Filipe, Ilídio, José, Júlio e Edmilson foram detidos em vários pontos do centro da terra, perante o espanto dos populares que não vislumbraram qualquer razão para a acção policial e reconhecem nos cinco, pessoas cordatas e bons cidadãos que nunca foram razão para qualquer preocupação especial.

Na esquadra sucederam-se os espancamentos e as ameaças. “Vamos matar-te” foi a alarvidade mais ouvida durante a noite. As marcas das agressões são ainda visíveis, desferidas com particular violência contra Ilídio a quem partiram o braço direito. E também não faltaram as humilhações, querendo obrigar os detidos a ajoelharem-se e pedirem desculpa. Estaladas, murros, pontapés e bastonadas foram constante no cardápio insano dos “agentes da autoridade” – à civil e de folga, repetimos -, perante a passividade dos dois colegas de serviço da esquadra de Ribeira da Barca, que nada fizeram para impedir a prática destes crimes.

“Porquê?” É a interrogação – e grito de revolta – das cinco vítimas que, na passada sexta-feira, visitaram a nossa redacção. A notícia é requentada, como se costuma dizer. Mas, para além da actualidade da notícia há um bem maior: a necessidade de justiça! A esta história voltaremos, quando a actualidade fizer do caso a emergência da notícia.

Cabo Verde: Pedro Pires dedica prémio Ibrahim a todos os combatentes da independência




JSD - LUSA

Cidade da Praia, 10 out (Lusa) - O ex-Presidente de Cabo Verde, galardoado hoje com o Prémio Ibrahim, dedicou a distinção a todos os combatentes da independência e mostrou-se "orgulhoso" por os colegas africanos o terem escolhido.

"Apanhado" pela Agência Lusa e pela Rádio de Cabo Verde (RCV) em pleno ginásio, onde fazia a tradicional ginástica matinal, Pedro Pires interrompeu o "treino" e, de sapatilhas, pólo e calças de fato de treino, indicou que ainda não sabe o que vai fazer ao dinheiro -- cinco milhões de dólares (3,7 milhões de euros) repartidos por 10 anos -, salientando, porém, que "são conhecidas" as suas "dificuldades materiais".

"É um reconhecimento dos 50 anos dedicados inteira e exclusivamente à política e à causa da independência e da democracia"", disse Pedro Pires, que adiantou ter tido conhecimento do prémio antes de seguir para o ginásio na capital cabo-verdiana.

Pedro Pires, um dos obreiros da independência das antigas colónias portuguesas em África, foi primeiro-ministro de Cabo Verde entre 1975 e 1991, e presidente da República de 2001 até setembro último, quando se retirou da vida política, para se dedicar a escrever as suas memórias.

Salientando que as responsabilidades agora aumentam, Pedro Pires adiantou que, apesar dos 50 anos dedicados à causa, ainda tem muito pela frente.

"O prémio é por aquilo que já fiz. Mas o meu compromisso continua, a não ser que eu tenha alguma limitação de outra ordem, de saúde e da idade. Mas o meu compromisso com África, com a paz em África, com a modernização institucional de África, continua permanente", afirmou.

"Os decisores, os analistas e avaliadores dos diversos chefes de Estado africanos consideram que eu cumpri. Certamente, estou à espera que isso me vá solicitar muita coisa. Por isso, as responsabilidades continuam e tenho de continuar a pensar e refletir o futuro de Cabo Verde, da África Ocidental e de África, que tem muitos problemas. Vou continuar empenhado", garantiu.

Realçando que "todos aqueles que têm trabalhado pelo progresso de Cabo Verde são merecedores, beneficiários e fazem parte do prémio", Pedro Pires admitiu que a distinção é "uma honra para qualquer um".

"Acredito que os meus amigos estejam contentes com isso e que para os que sempre confiaram em mim, que seguiram comigo esta longa caminhada de 50 anos - que não terminou ainda, porque entendo que a libertação é um longo processo para se consolidar e desenvolver, pode até ter retrocessos - é um prémio para todos os meus companheiros", acrescentou.

"É a prova de que quando nós nos comprometemos e empenhamos num projeto podemos ver os resultados sempre. Se se pode falar numa palavra orientadora seria trabalho, honestidade, idoneidade e lealdade às causas. Há aqui uma lealdade a uma causa", sublinhou o ex-chefe de Estado cabo-verdiano.

Assegurando que não cultiva falsas modéstias, Pedro Pires salientou, porém, que "é bom" ser reconhecido, "mesmo que seja nos últimos anos de vida".

"Este prémio é bom, gratificante para mim e para os meus, para a minha família - tenho uma enorme família -, mas ainda para os meus companheiros da Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola e Moçambique, que fizemos juntos essa caminhada, mesmo que hoje alguns já não estejam entre nós", referiu.

Pedro Pires admitiu que já sabia que era um dos nomeados, mas que fora "interditado" de comentar o facto, "nem mesmo com a família".

"Sempre sonhei com um mundo mais pacífico, mais justo, sobretudo com um mundo que não cultive só a força mas deixe um lugarzinho para a razão, porque nós todos temos os mesmos direitos. Um bocadinho de razão, para que a força não condicione a distribuição ou a afetação dos recursos da Humanidade", concluiu.

A minha candidatura é independente e "deve unir todos os timorenses" - Taur Matan Ruak




MSE - LUSA

Mertuto, Timor-Leste, 10 out (Lusa) - O general Taur Matan Ruak, que hoje anunciou estar na corrida para as presidenciais de 2012 em Timor-Leste, disse que a sua candidatura é independente e que "pode unir" e "deve unir todos os timorenses".

"A minha candidatura no fundo é uma candidatura independente, que pode unir e deve unir todos os timorenses. Uma candidatura que possa trabalhar com todos os partidos e uma candidatura que no fundo serve ao nosso povo", afirmou o general que no final de agosto apresentou a demissão da chefia das Forças Armadas do país.

Taur Matan Ruak recusou, contudo, adiantar mais detalhes, afirmando que "hoje foi só para mostrar às pessoas quem são" e que durante a campanha eleitoral vão mostrar o que querem para Timor.

"Eu hoje apresentei a minha ambição, o desejo de concorrer à cadeira número um da liderança timorense. Estou preparado porque tenho projetos, tenho uma visão para Timor, dar dignidade ao nosso povo, dar dignidade a todos aqueles que batalharam pela independência do nosso país e dar dignidade a Timor-Leste", disse.

O general reafirmou novamente que sempre dedicou a sua vida ao país e que o vai fazer até aos últimos dias de vida.

Questionado sobre as razões que o levaram a escolher Mertuto, no distrito de Ermera, para apresentar a sua candidatura às presidenciais, Taur Matan Ruak explicou que foi pelo simbolismo e para responder às pessoas que dizem que os timorenses estão divididos.

"Primeiro, um dos últimos líderes da resistência da frente armada [Nino Konis Santana, que antecedeu Taur Matan Ruak no comando da guerrilha até 1998, data da sua morte por doença], foi aqui sepultado. Este sítio representa então a morte de todos os que tombaram pela independência no nosso país", afirmou.

"Este sítio", disse o general, "também simbolizou a expansão da nossa luta, da frente armada, para as áreas do oeste do país".

Segundo Taur Matan Ruak, a terceira razão pela qual escolheu sítio "foi mesmo para responder às pessoas que andam a propagandear pelos quatro cantos a dizer que Timor está dividido entre Lorosae e Loromonu e na realidade, mais uma vez, eles não conhecem Timor e não conhecem, sobretudo, o povo".

Na crise de segurança e política de 2006, foi levantado pelo grupo de desertores das forças armadas, os peticionários, uma alegada discriminação dos militares de oeste [loromonu] face aos de leste [lorosae].

O general timorense disse também aos jornalistas que explicou às pessoas que os políticos entram e saem de cinco em cinco anos, mas os cidadãos permanecem e que devem continuar na linha da frente na construção do país.

Para Taur Matan Ruak, os cidadãos devem ajudar os "mais velhos, os fundadores da Nação, a terminar a sua missão com dignidade", a preparar a nova liderança do país e a continuar a envolver-se na construção de Timor.

Timor-Leste: TAUR MATAN RUAK ANUNCIA CANDIDATURA ÀS PRESIDENCIAIS 2012




RTP

O ex-chefe das Forças Armadas timorenses Taur Matan Ruak anunciou hoje a sua candidatura às presidenciais de 2012, justificando que quer "levar Timor-Leste para a frente".

"Quero que todas as pessoas tenham oportunidades na vida", disse o general, acrescentando que quer "levar Timor-Leste para a frente, desenvolver mais o país porque muitas pessoas ainda estão a sofrer".

Taur Matan Ruak apresentou a sua candidatura em Mertuto, no distrito de Ermera, próximo do local onde está sepultado um dos comandantes das forças da resistência timorense FALINTIL, Nino Konis Santana.

Antes da cerimónia do anúncio da candidatura, realizou-se uma missa junto à campa de Konis Santana.

Taur Matan Ruak sucedeu a Xanana Gusmão na liderança das FALINTIL e manteve-se na chefia das Forças Armadas timorenses até à passada quinta-feira, quando passou o testemunho a Lere Anan Timur.

Esta é a segunda candidatura às presidenciais timorenses a ser oficializada, depois de na semana passada o deputado Manuel Tilman ter anunciado que também concorre à Presidência.

Líder do partido KOTA (União dos Filhos Heróicos da Montanha), Manuel Tilman concorreu às presidenciais de 2007 em Timor-Leste, tendo obtido na primeira volta 4,09 por cento dos votos.

A imprensa timorense tem avançado com vários possíveis candidatos às presidenciais de 2012, sendo apontados o presidente do parlamento timorense, Fernando La Sama Araújo, ou o atual Presidente, José Ramos-Horta, que afirmou recentemente que anuncia em janeiro se se recandidata.

Timor-Leste: TAUR MATAN RUAK, O GENERAL DE DOIS CORAÇÕES




MSE (HB/ASP) - LUSA

Díli, 10 out (Lusa) - Taur Matan Ruak deixou quinta-feira a chefia das Forças Armadas de Timor-Leste para "ser livre", mas só com metade do coração, a outra fica com os homens que foram seus companheiros militares durante mais de 30 anos.

No final de agosto, o major-general surpreendeu com um pedido de demissão da chefia das forças militares e hoje, dia em que celebra 56 anos, anunciou a candidatura às presidenciais do próximo ano no país.

Nascido em Baguia, distrito de Baucau, José Maria Vasconcelos, posteriormente Taur Matan Ruak, é o mais velho de oito irmãos.

É também ironicamente filho de um partidário da APODETI (pró-indonésio), como confessou numa entrevista em 1999 à Visão, mas que depois se tornou nacionalista, quando começou a levar pancada da polícia por causa das atividades do filho guerrilheiro.

Ativo defensor dos direitos dos trabalhadores foi várias vezes a tribunal até se dar o 25 de abril de 1974. Após a invasão da Indonésia, em 1975, fugiu para as montanhas e juntou-se ao então recentemente formado exército das FALINTIL.

Taur Matan Ruak participou como guerrilheiro em batalhas contra o exército indonésio em Díli, Aileu, Maubisse, Ossu, Venilale, Uatulari ou Laga e a sua primeira nomeação oficial foi feita após a reunião do Conselho Superior do Setor Centro-Leste, em Venilale, no final do ano de 1976.

Em 1979, na sequência de sérios reveses nas forças de resistência, foi-lhe atribuída a tarefa de reagrupar as FALINTIL da região leste e localizar sobreviventes de uma companhia.

Nessa altura foi traído e capturado pelos militares indonésios. Após 23 dias na prisão, fugiu e juntou-se de novo às Falintil nas montanhas.

Em 1981, foi um dos criadores do Conselho Nacional da Resistência Revolucionária (CRRN, antecessor do CNRM e CNRT) e tornou-se adjunto do Estado Maior das FALINTIL, chefiado por Xanana Gusmão, no início de uma escalada na hierarquia militar na estrutura da guerrilha, à medida que os sucessivos líderes morreram ou foram capturados, casos de Xanana Gusmão, em 1992, MaHuno, no mesmo ano, e Nino Konis Santana em 1998.

A 20 de agosto de 2000, Xanana Gusmão demitiu-se das FALINTIL e Taur Matan Ruak assumiu a chefia total.

A sua liderança foi testada em dois grandes momentos, antes e depois da libertação nacional.

O primeiro ocorreu quando teve de segurar os seus homens, acantonados na Montanha do Mundo Perdido, em plena consulta popular de 1999, que conduziu Timor-Leste à independência, enquanto no sopé da cordilheira milícias e exército indonésio semeavam o terror.

"Os guerrilheiros sabiam que, no dia em que houvesse muito massacre e muita confusão, era o dia que iríamos ganhar a guerra. Não valia a pena agir de forma irracional como estavam a fazer os indonésios e milícias", explicou mais tarde à Lusa, vincando a ponderação que lhe traça o perfil.

O segundo momento ocorreu em 2006 quando uma grave crise política e de segurança levou à implosão da Polícia Nacional mas não das forças armadas.

Foi "mais um teste de sobrevivência" na luta pelo desenvolvimento, implicando a presença de militares estrangeiros sem o seu acordo mas que teve de aceitar. "Sou só um general...", afirmou posteriormente, com a consciência do papel dos militares nos contextos políticos.

O cenário muda agora de novo. E tal como Xanana Gusmão despiu a farda para se entregar ao exercício da política, Taur Matan Ruak prepara-se para uma nova missão e desprender-se das ligações afetivas aos colegas de armas que o acompanharam a maior parte da vida.

"Despendi 35 anos com eles. Entrei com 19 anos e saí com 55. Deixo metade do meu coração com eles. Adoro-os e guardo saudades imensas deles e até à morte nunca os vou esquecer", afirmou na cerimónia de despedida.

O amor incondicional que diz sentir pelo seu país levou hoje Taur Matan Ruak, casado e pai de três filhos, a anunciar a sua candidatura às presidenciais de 2012.

São Tomé e Príncipe: COOPERAÇÃO COM TAIWAN ESTÁ “CONSOLIDADA” - embaixador




MYB - LUSA

São Tomé, 09 out (Lusa) - O embaixador de Taiwan em São Tomé e Príncipe garantiu que as relações bilaterais entre o seu país e o arquipélago estão "consolidadas" e a quantidade de projetos bilaterais estão "cada vez mais fortalecidos".

Chang Shen falava num banquete promovido pela sua embaixada, na capital são-tomense, para assinalar o centenário (10 de Outubro) da independência de Taiwan e lembrou o projeto de luta contra a malária, no domínio da saúde, como uma das áreas em que a cooperação com São Tomé e Príncipe é mais visível.

"Os nossos esforços conjuntos permitiram baixar a prevalência da malária de 50% em 2003 para menos de 4% atualmente, contribuindo assim que adultos trabalhem normalmente, que as crianças frequentem as escolas com maior assiduidade e que turistas visitem sem temor", disse o diplomata de Taiwan.

"Trata-se de uma contribuição que muito nos orgulha porque é sem dúvida uma contribuição para o desenvolvimento do país", referiu o embaixador Chang Shen.

As relações diplomáticas entre São Tomé e Taipé foram estabelecidas em maio de 1977, o arquipélago conta-se entre 23 outros "países aliados" da República de Taiwan e, segundo o embaixador Chang Chen, "a cooperação tem conhecido um desenvolvimento sustentado com importantes impactos em vários sectores da sociedade são-tomense".

Agricultura, luta contra o paludismo, saúde, educação, informática e infra-estruturas são as áreas onde o envolvimento de Taiwan tem tido "especial relevo".

"Registamos também com muito agrado as nossas múltiplas contribuições para o sector de energia que culminou com a construção da central de Santo Amaro, que hoje representa uma importante fonte de geração de energia para o país", sublinhou o diplomata.

Em termos de infraestruturas, o embaixador lembrou a construção da biblioteca nacional, mercado central, 42 blocos de apartamentos em São Tomé e 12 na ilha do Príncipe, projetos de produção de legumes, avicultura, fruticultura, construção e reabilitação de estradas.

No âmbito institucional Taiwan coloca à disposição de São Tomé e Príncipe anualmente entre 10 e 15 milhões de dólares para financiamento direto ao orçamento.

O presidente Sao-tomense, Manuel Pinto da Costa, e o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, enviaram hoje mensagens de felicitações aos respetivos homólogos.

POLÍCIA CABO-VERDIANA APREENDE MAIS DE UMA TONELADA DE COCAÍNA





Praia, Cabo Verde (PANA) – A Polícia Judiciária (PJ) cabo-verdiana apreendeu, domingo, na cidade da Praia, mais de uma tonelada de cocaína, numa operação  realizada durante todo o dia  em bairros da capital cabo-verdiana, apurou a PANA de fonte bem informada.

Trata-se, segundo a Televisão de Cabo Verde (TCV), da maior apreensão deste tipo de droga  até agora realizada no arquipélago, numa operação que culminou ainda com a prisão de quatro indivíduos de nacionalidade cabo-verdiana.

Foram também apreendidas várias viaturas topo de gama e uma grande quantidade de  dinheiro ainda não determinada pelas autoidades.

A droga, que foi retirada da garagem de um prédio urbano adjacente às instalações da TCV, no bairro da Achada de Santo António, teria sido desembarcada recentemente numa das praias da capital cabo-verdiana e conduzida ao local onde reside um dos detidos na operação.

A PJ cabo-verdiana promete fornecer proximamente mais pormenores sobre esta mega operação levada a cabo com grande aparato policial, envolvendo também elementos de outras forças policiais.

INCÊNDIO NA SONANGOL DESTRÓI CASAS DE 20 FAMÍLIAS EM LUANDA





O incêndio na fábrica de lubrificantes da Sonangol no Cacuaco, a norte de Luanda, afectou 20 famílias que viram as suas casas destruídas pelo fogo, disse hoje o administrador do município, Manuel Cafussa.

O responsável garantiu que a administração do município do Cacuaco "está a criar as condições necessárias" para apoiar os moradores do bairro Ndala Muleba, na comuna do Kicolo, afectados pelo incêndio na fábrica Estação da Mulemba de Lubrificantes (EMUL), da Sonangol Distribuidora, que deflagrou pelas 14:00 de sábado e que foi extinto pelos bombeiros por volta das 24:00, mas que destruiu a unidade fabril.

Manuel Cafussa reuniu-se hoje com a direcção da fábrica para fazer um levantamento das necessidades das pessoas que viram os seus bens destruídos, com o objectivo de programar os apoios às famílias, nomeadamente no que toca à disponibilização de tendas.

Por sua vez, a directora da fábrica, Maria Pitra, disse que já está a trabalhar neste assunto e avançou que vai reunir-se os dirigentes da Sonangol Distribuidora para determinar as condições necessárias para apoiar as famílias afectadas.

Em declarações à imprensa, o vice-ministro do Interior para o Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros, Eugénio Laborinho, disse que a situação está controlada e que se trabalha para apurar as causas do sinistro.

Uma eventual causa para o incêndio que destruiu a fábrica de lubrificantes da Sonangol poderá estar no início de um fogo que se registou numa residência e que se propagou à unidade fabril, através de uma vala de drenagem, esclareceu o governante.

Na ocasião, o vice-ministro desmentiu informações segundo as quais o incêndio teve origem no interior da fábrica.

No combate ao incêndio foram mobilizadas todas as unidades dos bombeiros ao nível da província de Luanda, com ajuda de uma outra pertencente à refinaria de Luanda.

Para garantir a segurança das pessoas e facilitar o trabalho dos bombeiros foram evacuadas as famílias de várias residências construídas junto aos muros da fábrica e interdita temporariamente a via principal que liga Cacuaco aos demais municípios da província.

Apesar do forte incêndio, não se registou qualquer morte ou mesmo algum ferido.

A fábrica Estação da Mulemba era a unidade que foi adquirida à Shell e à Mobil pela Sonangol em 1989 e ocupava uma extensão de 30 mil metros quadrados, possuindo uma capacidade de produção de 20 mil toneladas/ano de lubrificantes.

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