sábado, 12 de novembro de 2011

PESADELO A QUANTO OBRIGAS




Sandra Duarte Bobone – Portugal Direto

Em Portugal, na Assembleia da República, no Parlamento, tem sido hoje  (11/11) dia de discussão e dissertações sobre o OGE que crucificará ainda mais os portugueses de menores recursos e também os portugueses da classe média baixa, da classe média-média e média-alta. Os ricos não estão dispostos a pagar a crise e assim sendo não a vão pagar, independentemente de serem ou não causadores dessa mesma crise.

Assistimos no Parlamento de Portugal a verdadeiras diatribes sobre o sexo dos anjos entre os deputados dos partidos do arco do poder, até hoje exercido pelo PS, PSD e CDS, em vez de abordagens sérias e propostas reais de contenção de despesas a recair sobre os que também têm imensas responsabilidades no escoar dos bens públicos; os políticos, os gestores aliados a esses mesmos políticos, os assessores, etc., etc. Salientemos aqui que também os reformados da política, os deputados, estão englobados na afirmação anterior. Esses e mais uns quantos seus congéneres, que esta ou aquela razão lhes são associados de facto ou nas circunstâncias.

Na verdade o orçamento é um tratado e oficialização inconstitucional de esclavagismo para os trabalhadores portugueses, uma condenação à doença e à fome dos já reformados e de mais idade, um convite aos mais jovens para que se excluam do país, que emigrem – assim declarado abertamente pelo governo – um ataque às famílias, à sua estabilidade e educação dos seus filhos, um declarar de desprezo pelos direitos das crianças e seu saudável crescimento e formação. Há crianças que já hoje chegam às escolas e declaram não terem jantado após saírem das escolas, nem terem tomado o pequeno almoço nas suas casas. Ou seja, estão quase 24 horas sem uma refeição, restando-lhes o almoço limitado que algumas escolas lhes proporcionam gratuitamente através do SASE, Serviços de Ação Social Escolar.

Das medidas anunciadas e implícitas neste OGE, que será aprovado pela maioria partilhada entre PSD e CDS, não vimos contenção correspondente aos sacrifícios impostos aos portugueses sobre as reformas imorais de 10 mil euros e mais que muitos recebem por mês. Quem? Aníbal Cavaco Silva, por exemplo – a sua reforma ronda quantia de poucas dezenas de euros a perfazer menos de 10 mil. Uma medida de contenção a estes abusos deveria ser na ordem dos 50 por cento ou mais em redução. Deveria existir um teto máximo para as reformas mais altas e esse nunca deveria ser maior que os 4 mil euros. Qualquer reformado com essa quantia pode manter a sua vida com dignidade, sabendo-se que esses que imoralmente recebem reformas avultadas anteriormente e de momento acumularam e acumulam riqueza bastante para viverem como nababos.

Também os deputados reformados devem ver as suas reformas - e mordomias que para eles reservaram abusivamente - diminuídas a mais de metade, o mesmo para os ex-presidentes da república, ex-ministros e outros ex que como sanguessugas depauperam os bens públicos sem a menor vergonha.

A quantidade de deputados que existem no parlamento de Portugal é injustificado, um número mais reduzido seria o ideal, assim como a redução de 40 porcento daquilo que mensalmente auferem em ordenado estipulado e alcavalas que em muitos casos superam escandalosamente os vencimentos-base. Não se trata só de limitar as despesas da Assembleia da República, como o primeiro ministro Passo Coelho já referiu, mas sim de levar decência e moralidade àquilo que os deputados devem receber pelo seu trabalho em prol da democracia e do país. Mas essas medidas não são contempladas neste OGE, nem por sonhos Passos Coelho nem o seu governo, ou os partidos que lhe afetos e que detêm a maioria se lembram de levar àquela casa, a AR, a equidade, a justiça, a democracia. Nem em nome da crise porque afinal a crise é só para os portugueses que não fazem parte do mosaico político partidário afeto aos que detém ou detiveram o poder ao longo destas quase 4 décadas pós 1974. Se este governo – e outros anteriores – fosse honesto já teria tomado esse tipo de decisões e muitas outras mais que verdadeiramente pusessem termo às enormes injustiças que vitimam os portugueses em beneficio de uma minoria de verdadeiros sanguessugas. Sob o pretexto da crise Portugal adormecido está a reviver um verdadeiro pesadelo e a democracia já foi.

Sem dificuldade podemos concluir que este governo usa a mesma estratégia de todos os outros: os ricos não pagam a crise… nem os políticos, tecnocratas ou amigos dos partidos que detêm os poderes atuais. Por isso não há moralidade e aqueles que têm direito a comer são sempre os mesmos, só alguns. Todos os outros não comem mas pagam. A isto chama-se parasitarismo. E é grande, o que se instalou na política daqueles partidos e dos seus clientelismos. Um enorme pesadelo.

Temos portanto a perspetiva mais que certa de que muita miséria e fome vão vitimar os portugueses. Começou pelos que sofriam de maiores carências, que agora já são portugueses completamente famintos e sem teto e já se propaga a toda a velocidade aos se julgavam da classe média baixa e até à classe média-média. Os da média alta ainda não estão a sentir verdadeiramente a crise mas a partir de Janeiro decerto que a vão sentir, sem que por isso lhes caia as paredes na lama. Na lama já estão quase metade da população portuguesa e esses números irão aumentando significativamente a cada mês de 2012. O que se pode esperar de mais um governo que exclui alguns eleitos (por eles) para nem sequer sentirem o bafo da crise e ainda beneficiarem com ela se possível? E tem sido possível.

A MAÇONARIA E AS SUSPEITAS




JOÃO MARCELINO, opinião – DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Falar em maçonaria é convocar a polémica, suscitar a discussão acerca das motivações de uma organização semi-secreta na sociedade livre e democrática em que hoje vivemos e que este movimento, aliás, sempre teve como objectivo teórico ajudar a criar - o que historicamente se comprova com a liderança das revoluções francesa e norte-americana.

A maçonaria pretende assumir-se como um espaço de permanente requalificação do indivíduo, de desenvolvimento espiritual do homem, em prol de uma sociedade tolerante, universalmente fraterna.

E, no entanto, vista de fora, cresce a suspeita.

Há quem defenda que uma importante parte da maçonaria terá traído os seus ideais, os princípios e os valores da fundação e que comportará hoje muita gente, mais jovem, sobretudo interessada na promoção de lógicas de poder pessoal.

Ao homem justo, crente em Deus e nos valores da família, livre pensador, indivíduo de estatura moral elevada e motor de uma sociedade nova poderá estar a suceder o homem que quer subir na vida mais depressa e sem problemas independentemente dos seus méritos.

Na visão mais conspirativa, as "lojas" ter-se-iam, assim, transformado em centrais de tráfico de influências, e os "irmãos" seriam agora sobretudo cúmplices capazes de subverterem os mais elementares princípios de justiça - e de utilizarem a régua, o compasso e o esquadro originais dos pedreiros para construírem uma moderna vida de bem-estar e exercerem um geométrico poder em benefício próprio numa teia de interesses transversal a quase todos os partidos políticos.

Este é o pano de fundo para esta viagem que o Diário de Notícias decidiu promover ao interior da maçonaria portuguesa, dividida nos seus braços "regular" e "irregular". Procurámos, como nos trabalhos anteriores, ser substantivos e factuais. Na dúvida, eliminámos referências. No final, ficámos com a certeza de que há ainda muita gente que foge do estatuto de maçom que efectivamente é o seu. A organização mantém um carácter semi-secreto catalisador da suspeita externa, porque, como no passado, continua a ligar pessoas de partidos e credos diferentes tanto quanto de empresas comuns.

Não temos uma tese para assumir; temos informação para publicar e alguns pontos de reflexão para deixar à consideração dos leitores. (Ver mais em baixo)

GREVE GERAL EM PORTUGAL PARA QUÊ?




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA*

No próximo dia 24, os trabalhadores portugueses estão convocados para tomar uma atitude. Há, de facto, muitas razões para lutar. Mas, creio, reduzir a luta a uma greve é o mesmo que confundir a lagartixa com o jacaré.

Como diz o Sindicato dos Jornalistas no apelo à participação da classe, a dívida externa existe, mas não é por culpa dos trabalhadores. Existe por causa de sucessivas políticas de desmantelamento do aparelho produtivo, na indústria, na agricultura e nas pescas; das negociatas com as parcerias público-privadas; dos negócios como o BPN (cinco mil milhões de euros que já nos custou ou vai custar); de derrapagens orçamentais em obras públicas; da fraude, da evasão fiscal e da economia paralela.

Em vez de taxar a Banca e a Finança, os bens de luxo e as empresas e negócios offshore, o Governo agrava os impostos – o IRS, as taxas moderadoras e o IVA –, penalizando os que menos ganham e a própria classe média.

O Governo vai roubar parte dos subsídios de Natal dos trabalhadores e pensionistas este ano. Já cortou nos salários dos trabalhadores da Função Pública e do Sector Empresarial do Estado em 2011 e quer cortar nos subsídios de férias e Natal de 2012 e de 2013 a todos os pensionistas e aos trabalhadores do sector público empresarial e à função pública.

Os trabalhadores já pagam uma factura pesada: em 3,8 milhões de empregados por conta de outrem, 2,3 milhões ganham menos de 900 euros por mês; o salário mínimo é o mais baixo da Zona Euro; trabalhamos mais horas do que os trabalhadores na União Europeia a 15 países; a precariedade atinge mais de um milhão de trabalhadores.

No entanto, o Governo prepara-se para dar de mão beijada ao patronato a apropriação de um mês de salário pela via do aumento do horário de trabalho em duas horas e meia por semana, a redução do número de feriados e o não pagamento de trabalho extraordinário ou pelo menos a redução do seu valor.

Apesar da enorme desregulação que campeia nas empresas, o Governo prepara-se para agravá-la, através de um banco de horas mensal (dez horas) ao serviço do patronato, fulminando o direito ao descanso e entregando às empresas a gestão do tempo de trabalho e prejudicando a vida familiar.

Apesar da enorme importância dos subsídios de férias e de Natal, que visam permitir que os trabalhadores e as suas famílias gozem esses períodos sem esforço adicional dos rendimentos mensais e contribuem para o comércio e o turismo, prepara-se a diluição desses subsídios nas retribuições mensais, levando ao congelamento dos salários e à sua extinção a prazo.

Com um desemprego galopante e cada vez mais prolongado, o Governo desprotege ainda mais os trabalhadores, fazendo aprovar leis que tornam os despedimentos ainda mais fáceis e mais baratos e reduzindo o valor e a duração dos subsídios de desemprego.

As alterações ao Código do Trabalho já concretizadas e outras anunciadas já estão a permitir intensificar a exploração dos trabalhadores, incluindo os jornalistas, particularmente os mais novos na profissão, aumentando a precariedade e agravando as condições de trabalho e de vida, ao mesmo tempo que servem já de chantagem para forçar inúmeros trabalhadores a aceitar rescisões ditas “amigáveis”.

Com a situação social a agravar-se, o Governo piora as condições dos idosos, cortando 1.880 milhões de euros no Orçamento de Estado para as pensões e reformas; e corta mais de dois mil milhões de euros para prestações sociais como pensões mínimas do regime geral, subsídio social de desemprego e abono de família, que será eliminado para muitas famílias.

Com medidas de austeridade socialmente gravosas e diminuindo drasticamente o poder de compra dos salários, das pensões e de outras prestações sociais, a retracção e a recessão afundarão ainda mais a economia, empobrecendo os portugueses e empurrando o país para o desastre.

Com a obsessiva cruzada pela “ideologia do Estado mínimo”, como bem a caracterizou a organização Comissão Justiça e Paz, o Governo impõe cortes brutais nas funções sociais do Estado, nas áreas da Saúde e da Educação, quer privatizar ainda mais empresas e sectores estratégicos, dos transportes à comunicação social, das águas à energia. Mas, ao mesmo tempo, canaliza para a Banca 12 mil milhões de euros.

No capítulo da comunicação social, o Governo e o PSD mantém um cerrado ataque aos serviços públicos de rádio e de televisão e de notícias, pretendendo a privatização total da Agência Lusa e a privatização parcial da RTP, impondo um plano de reestruturação que implica centenas de despedimentos. Mais: a privatização de um canal de televisão teria efeitos graves no mercado de publicidade não só no segmento audiovisual, mas também na Imprensa, com consequências dramáticas em todo o sector.

É necessário – é urgente – combater as injustiças, a exploração e o empobrecimento dos trabalhadores e do país; dinamizar a produção nacional na agricultura, nas pescas e na indústria; promover o crescimento económico e distribuir a riqueza de forma mais justa e sustentada, criando mais e melhor emprego, combatendo o desemprego e a precariedade; defender a negociação colectiva, aumentar os salários e as pensões.

É também urgente barrar a agiotagem da Banca, renegociar a dívida com condições justas quanto aos montantes, juros e prazos, no respeito pela soberania nacional, no interesse do povo e pelas gerações futuras.

Pois é. Tudo isto é verdade. Mas os jornalistas não vão fazer greve. Entre um prato de lentilhas e uma participação na greve, eles pensam com a barriga. Aliás, pensar com a barriga que alimenta um corpo sem coluna vertebral é mais de meio caminho andado. Para andar o outro meio basta ter cartão do partido.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: E se, com exclusão dos políticos donos do país, os portugueses emigrassem todos?

Portugal: MAIS DE 80 MAÇONS EM CARGOS INFLUENTES




DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Miguel Relvas, um dos ministros mais influentes, Carlos Zorrinho, líder da bancada do PS, autarcas como Moita Flores ou Isaltino Morais, ex-ministros como Rui Pereira, ex-presidentes da AR como Almeida Santos, empresários como Jorge Coelho, deputados e muitas personalidades da sociedade fazem parte desta organização semi-secreta. As figuras, a história, os valores, as cerimónias e as polémicas. Leia tudo no e-paper do DN sobre esta trabalho de investigação que será publicado até segunda -feira.

A partir de hoje e até segunda-feira, o DN publica um trabalho que desvenda o lado oculto da maçonaria.

Descubra quem são os maçons, o que fazem e como se relacionam. Como os próprios 'irmãos' assumem, uma coisa é certa: "Há maçons em todo o lado".

Um grande debate na tarde de segunda-feira, no Auditório do DN, fecha esta Grande Investigação sobre a maçonaria. O painel de oradores desta conferência-debate inclui figuras da maçonaria portuguesa. Realiza-se entre as 17.00 e as 19.00 e será transmitido em directo no site www.dn.pt.

O livro "O Estado da Saúde" - que resulta de uma investigação publicada no DN entre 1 e 4 de Julho - será lançado a 29 de Novembro. É já o terceiro livro da equipa de investigação do DN, depois de "O Estado a Que o Estado Chegou" e "O Estado do Parlamento".


Timor-Leste: “Às vezes sinto-me culpado por ter dado orientações para a manifestação”




Isabel Gorjão Santos - Público

Constâncio Pinto, embaixador de Timor-Leste em Washington

Vinte anos após o massacre de Santa Cruz, Constâncio Pinto não esquece os tiros, os pais à procura dos filhos. O actual embaixador de Timor-Leste em Washington foi um dos organizadores da manifestação que acabou por resultar na morte de mais de 200 timorenses. Sempre acreditou que, “cedo ou tarde, Timor teria que ser um país”.

Já era uma das pessoas mais procuradas na Indonésia devido à sua ligação à resistência timorense, por isso não participou na manifestação rumo ao cemitério de Santa Cruz. Mas foi Constâncio Pinto um dos impulsionadores do protesto. Estava em Díli, viu militares transportar os corpos, contou ao PÚBLICO, por email. No ano seguinte viria para Portugal e em 1994 tornou-se representante da resistência timorense para a América do Norte. Estudou Desenvolvimento Económico na Brown University, em Rhode Island, e Relações Internacionais na Universidade de Columbia, em Nova Iorque. É desde 2009 embaixador de Timor-Leste em Washington.

Vinte anos após o massacre de Santa Cruz, como recorda esse dia?

Lembro-me perfeitamente desse dia. Às vezes sinto-me culpado por ter dado orientações para organizar a manifestação. E outras vezes sinto que foi uma decisão certa, condicionada pela luta. Lembro-me do som dos tiros de M16 e lembro-me de ter observado os militares indonésios a transportar jovens mortos e feridos para o hospital militar. Lembro-me dos pais que ficaram aflitos com seus filhos que saíram da casa sem dizer uma palavra.

Como foi a preparação da manifestação?

A manifestação de 12 de Novembro nunca constou na agenda da frente clandestina. Foi uma decisão tomada na última hora em resposta às frustrações dos jovens e da frente clandestina em geral pelo cancelamento da visita da delegação parlamentar portuguesa que estava planeada para o mês de Outubro. Dei orientações aos responsáveis principais do Comité Executivo da Frente Clandestina, neste caso ao Gregório Saldanha [o actual dirigente do Comité 12 de Novembro] através de Egas Alves, pedindo-lhes para organizar a manifestação aproveitando a presença dos jornalistas internacionais e do relator especial para os direitos humanos [da ONU], Pieter Koojimans. A missa para assinalar a morte do Sebastião Gomes [que tinha sido morto em Outubro por militares indonésios] foi apenas um pretexto. Embora num espaço de tempo muito curto, o Comité Executivo da Frente Clandestina, através do Gregório Saldanha e outros, mobilizou mais de 3000 jovens em menos de um dia.

A visita dos parlamentares portugueses tinha sido adiada, mas o protesto avançou.

Organizámos a manifestação de 12 de Novembro precisamente por causa do cancelamento da delegação parlamentar. Se a delegação parlamentar tivesse ido a Timor-Leste, a manifestação teria sido outra.

Como foi a caminhada para o cemitério?

Na altura estive escondido em Díli, eu era a segunda pessoa mais procurada pelos agentes secretos da Indonésia. Por esta razão não acompanhei a manifestação desde [a igreja de] Motael. O plano era levar as flores até ao cemitério de Santa Cruz e colocar na campa de Sebastião Gomes. Do cemitério continuariam para Licedere e juntar-se-iam em frente ao Hotel Turismo, onde estava Pieter Koojimans.

As imagens do massacre foram uma janela para o que se passava em Timor?

As imagens do massacre foram decisivas para a resistência timorense. Foram essas imagens que colocaram Timor-Leste no mapa político do mundo e desmascararam toda a diplomacia Indonésia em relação a Timor-Leste.

Como é hoje recordado em Timor o massacre de Santa Cruz?

Normalmente celebra-se uma missa na Igreja de Motel e levam-se flores para o cemitério de Santa Cruz e acendem-se velas à volta e por dentro do cemitério.

Esperava, nessa altura, que Timor seria independente daí a dez anos?

Sim, tive sempre a esperança de que Timor-Leste, cedo ou tarde, teria que ser um país independente.

Hoje é embaixador de Timor em Washington. Quais são os principais problemas do país e como olha para o futuro de Timor?

Há muitos problemas e desafios após a independência. Problemas políticos, sociais, económicos e de segurança. A crise de 2006 foi o culminar destes problemas. [Um conflito entre elementos do Exército de Timor-Leste contra discriminações no seio militar gerou confrontos entre timorenses e levou o primeiro-ministro Mari Alkatiri a abandonar o cargo e a uma intervenção internacional]. Estamos a ultrapassá-los gradualmente. No entanto, há problemas fundamentais, como por exemplo a falta de recursos humanos, a criação de empregos, a falta de confiança e respeito nas instituições públicas. Mas tenho confiança no futuro de Timor-Leste. Um Timor-Leste democrático, onde o respeito pela dignidade humana prevaleça na sociedade.

*Tudo sobre TIMOR-LESTE aqui ou no simbolo dos países lusofonos na Barra Lateral

Timor-Leste em Aveiro: DISSEMINAR A QUALIDADE DA FORMAÇÃO É O OBJETIVO



UA online

Certificados para melhorar ensino em Timor Leste

O Curso Intensivo de Formação, realizado no âmbito do Projeto de Reestruturação do Ensino Secundário chegou ao fim no dia 11, com a entrega de certificados aos primeiros 24 professores timorenses aptos segundo os parâmetros dos novos currículos. O objetivo é disseminar por todo o país o conhecimento entretanto adquirido.

Um grupo de 24 professores timorenses, liderado pelo Diretor Nacional do Currículo do Ministério da Educação de Timor Leste, Dr. Raimundo Neto, tem estado em Aveiro a participar do Curso Intensivo de Formação, resultante do projeto de Reestruturação do Ensino Secundário timorense coordenado pela Prof. Isabel Martins, tendo recebido na sexta-feira, dia 11 de novembro, os certificados referentes às 240 horas de «árduo trabalho» que efetuaram em Aveiro. «O que fizerem lá com esta aprendizagem é que mostra o que aprenderam» lançou a prof. Isabel Martins, em jeito desafio final aos formandos, «seus colegas».

A cerimónia foi presidida pelo Vice-reitor, Prof. Eduardo Silva, que lembrou que os novos formandos são «o pilar da mudança» na educação de Timor Leste e desejou que tenham «saído deste curso e da Universidade de Aveiro com a «sensação de terem os vossos objetivos cumpridos e que tenham ficado com boas recordações de Portugal, de Aveiro e da instituição», finalizando com o desejo de os voltar a encontrar «aqui ou em Timor Leste».

Um dos 24 professores que receberam o certificado foi Leoneto Pinto, de Balibó (local que ficou tristemente célebre devido ao assassinato de cinco jornalistas australianos no momento da invasão de Timor pelos indonésios, em 1975), da área de Literatura e Culturas e ficou com uma extraordinária opinião de Aveiro. «Quando se soube do curso, disseram-nos que o campus era uma pequena cidade, completamente autónomo. Os momentos que passámos aqui foram muito gratificantes pois professores, colegas e alunos do secundário eram muitos curiosos sobre a situação atual em Timor Leste, sobre a nossa cultura e forma de agir. Senti-me como se estivesse em casa, bem integrado e foram todos muito simpáticos connosco!»

Os formandos estarão presentes sábado, pelas 10h30,na Celebração Eucarística, presidida por D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro de homenagem aos mortos no massacre do Cemitério de Santa Cruz. De seguida, será dinamizada uma sessão de leitura de poemas alusivos a Timor Leste, à sua História recente e ao Massacre de Santa Cruz. Ambas as iniciativas decorrem no Centro Universitário Fé e Cultura (CUFC) e estão abertas a todos aqueles que nelas desejarem participar.

Este curso de formação, que preparou os primeiros professores timorenses no âmbito destes novos currículos, permitindo formar outros professores em Timor Leste, é mais uma etapa do trabalho da equipa multidisciplinar da Universidade de Aveiro (UA) que tem estado a preparar o plano curricular do Ensino Secundário Geral, a construção dos programas das diversas disciplinas e, ainda, a elaboração dos respetivos manuais escolares para alunos e guias didáticos para professores.

A Prof. Isabel Martins, docente do Departamento de Educação e antiga Vice-reitora da UA coordena a equipa de 63 pessoas, multidisciplinar e que reúne maioritariamente professores do ensino secundário e superior e envolve docentes de nove Departamentos da UA. Uma formação secundária adequada à realidade timorense mas com qualidade internacional que garanta o acesso a qualquer universidade é a principal preocupação da equipa que está a conduzir toda a reestruturação do Ensino Secundário Geral de Timor Leste, uma ação financiada pelo Fundo de Apoio à Língua Portuguesa (IPAD) e pela Fundação Gulbenkian

Link para as fotos do evento:
http://fotos.ua.sapo.pt/sre/playview/300

Golpe de Estado: Vasco Lourenço diz que declarações de Otelo foram uma «forte asneira»



TSF

Vasco Lourenço criticou, este sábado, as declarações de Otelo Saraiva de Carvalho, para quem os militares devem derrubar o Governo se forem ultrapassados alguns limites.

«A democracia, mesmo estando doente, não está em causa» e é preciso «utilizar os instrumentos que a democracia nos dá para lutar pelos ideias que defendemos», comentou o capitão de Abril, que participou no protesto dos militares deste sábado.

Para Vasco Lourenço, as declarações de Otelo Saraiva de Carvalho «foram uma forte asneira» e «ofenderam os militares de Abril», que não lutaram por causa de problemas profissionais.

Vasco Lourenço acrescentou que as declarações de Otelo acabaram por criar «ruído», não beneficiando o protesto dos militares deste sábado.

As declarações de Otelo Saraiva de Carvalho deram «argumentos aos detractores do 25 de Abril», opinou.

Função pública - Milhares marcharam em Lisboa contra "orçamento de agressão"




Paula Torres de Carvalho – Público – Foto Pedro Cunha

Centenas de polícias, de militares da GNR e de guardas prisionais juntaram-se hoje às dezenas de milhares de funcionários públicos (180 mil, segundo a organização) que se manifestaram esta tarde, em Lisboa, contra o “orçamento de agressão” que vai implicar a “perda de direitos dos trabalhadores”.

Esta manifestação foi marcada pelas três estruturas sindicais da função pública, mas muitos outros sindicatos juntaram-se à iniciativa que teve, sobretudo, em vista a preparação para a greve geral marcada para o próximo dia 24.

Só do Porto, vieram quatro autocarros de agentes da PSP, segundo um dos manifestantes, que reservaram o sábado para protestar contra os cortes nos salários, pelos subsídios de risco e de fardamento.

Marcharam juntamente com os outros polícias convocados pela Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), agitando bandeiras azuis ao longo da Avenida da Liberdade.

Pouco atrás, vêm os militares da GNR. O cabo Costa, de Lagos que quer a “conquista” dos seus direitos, o cabo-chefe, Joaquim Leal, de Aveiro, que pertence à GNR há 34 anos. “Estamos a chegar a um ponto em que qualquer dia, temos de pagar para trabalhar”, diz. “está na hora de nos indignarmos”.

A mesma opinião tem Pedro Silvério do sindicato da Guarda Prisional (SNCGP). “Estamos à espera do estatuto desde 2009, da abertura de um novo curso. Não há viaturas para trabalhar, não há uma única escala homologada”, queixa-se. “Queremos que se aplique a lei."

Professores, médicos, bombeiros, enfermeiros, funcionários judiciais e dos Registos e Notariado, desfilaram também, entre muitos outros na manifestação contra os cortes e penalizações na função pública.

O congelamento salarial de 2010, o corte médio de 5% deste ano, os cortes dos subsídios de férias e de Natal, a colocação de trabalhadores em mobilidade especial e as regras de aposentação são os principais motivos do protesto.

Muitos jovens e muitos reformados marcaram também presença na jornada de protesto contra o Executivo de Passos Coelho, animada com música de intervenção, bandeiras de todas cores, balões e cartazes onde se liam palavras de ordem como “Juventude diz não à exploração”, “Queremos trabalho com direitos” e “Contra a ofensiva do Governo”.

Portugal - Mário Soares: manifestação dos militares é algo que deve impressionar




Público - Lusa

Mário Soares, antigo Presidente da República, afirmou neste sábado que uma manifestação de militares, como a que aconteceu em Lisboa, é algo que deve “impressionar” e levar à reflexão e à ação.

Falando na conferência sobre o Futuro na Europa, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Mário Soares afirmou que há uma “relativa conformidade” enquanto as manifestações forem dirigidas pelos sindicatos, porque fazem parte do “jogo político e social”.

“Mas desta vez deu-se um passo muito importante. Temos uma manifestação dos militares. E não é uma coisa fácil, é algo que deve impressionar as pessoas, que têm de refletir e têm de agir, dizendo o que pensam e insistindo para que as coisas tomem o seu caminho”, argumentou.

O antigo Chefe de Estado lembrou que Portugal soma muitos e bons talentos académicos, culturais e desportivos, sublinhando ainda o “salto que a Universidade Pública deu”.

“E agora vamos cortar nas Universidades Públicas? Para irem lá para fora, como alguém já disse: vão para o estrangeiro. Mas isso é coisa que se faça? E o resto da nossa fortuna? Vamos vender as nossas jóias, as grandes empresas que nos dão lucro?”, questionou.

Mário Soares também instou a que se pense “para que servem os sacrifícios”.

O antigo líder do PS garantiu que, com os seus valores, “não tolera” que Portugal seja um dos países europeus com mais “desigualdades” e criticou o caminho dos “cortes no Serviço Nacional de Saúde, nas Universidades e no emprego”.

Afirmando-se defensor da ajuda financeira e do cumprimento dos compromissos, desde que se conheçam as consequências, Mário Soares recordou que o apoio internacional “não foi uma esmola dada a um pobre”, mas um negócio que dará “fortunas” a quem emprestou o dinheiro.

“[Os elementos da troika] não podem vir governar o nosso país, não é essa a função de estrangeiro sobretudo quando não há um governo europeu. Porque é que eles mandam? Eu tenho as minhas dúvidas acerca disso”, afirmou.

Mário Soares defendeu uma “rutura” e o fim do domínio dos mercados: “Os mercados não podem mandar nos Estados, são os Estados que mandam nos mercados. Mas o que sucede é que muitos dos dirigentes dos Estados estão feitos com os mercados”.

O antigo dirigente não poupou criticas ao Tratado de Lisboa, que “nasceu velho, com deficiências e diz asneiras”, sublinhando a necessidade de ser alterado para dar mais poderes ao Banco Central Europeu.

“Os dirigentes vão compreender. A senhora Merkel [chanceler alemã], por mais tacanha que seja, e é bastante, e o senhor Sarkozy [presidente francês], por mais bailarino que seja, e também é bastante, vão perceber que tudo os empurra para sair da situação, senão serão vítimas”, disse.

À saída do seminário, Mário Soares afirmou concordar com a abstenção do PS na votação do Orçamento do Estado de 2012 e considerou positivo o diálogo entre oposição e Governo.

Acerca do líder socialista, António José Seguro, referiu ter tomado uma “posição firme e clara”.

“É uma pessoa que não berra, tem muito boa reputação e fala com rigor e precisão”, classificou.

*Foto em Lusa

FOME EM PORTUGAL, O PIOR ESTÁ PARA ACONTECER



Aires Melon Pereira – Portugal Direto

A questão que se põe aos portugueses prende-se com nem querer saber a verdade sobre a crise que existe, alegadamente por responsabilidade de todos. A maioria não acredita que seja de sua responsabilidade que o país está endividado mas faz de conta que acredita naquilo que os políticos dizem e vai aceitando as medidas de austeridade que todos os dias empurra os portugueses para a miséria.

Foi notícia ainda há dias que as escolas estão a deparar com a presença de alunos que vão para as aulas com fome, com "insuficiência alimentar" - o eufemismo é também usado pelo presidente da república, Aníbal Cavaco Silva. Sobre isso nem uma palavra foi dita pelo atual primeiro ministro, Pedro Passos Coelho. Considerando a iliteracia e o analfabetismo dos portugueses muitos haverá que não entendem o que quererão dizer. Seria mais simples e entendível para todos se usassem a palavra fome porque é disso que se trata, é isso que acontece: há crianças que vão para as aulas, para as escolas, com fome. Há fome em Portugal e não são só as crianças, nem os velhos, que dela padecem. É curioso porque quando Aníbal Cavaco Silva era primeiro ministro - por mais de 10 anos - também a fome se instalou em Portugal. Que o diga a região de Setúbal, do Alentejo, da Grande Lisboa... Agora que é presidente da república, que o partido que comanda pelos bastidores também está no poder... voltou a existir fome com larga incidência em Portugal. Coincidências.

Em outro dia de parlamento a discutir o Orçamento de Estado e de citações de números e mais números, de milhões e mais milhões, de biliões e mais biliões, ficam os portugueses a saber que a situação vai agravar-se muito mais e que se agora existe fome muito mais irá haver. Que se existe bastante miséria, muito mais haverá no ano que vem, e no outro, e no outro... Até que aconteça "milagre" se acaso os portugueses continuarem passivos como zumbis e não exigirem o abandono desta senda de austeridade injusta sempre para os mesmos. É mais que tempo de exigir mais e maior justiça nos sacrifícios que estão a esmagar os portugueses através das carências múltiplas causadas pela carestia, arquitetada e posta em prática por Passos Coelho, um marioneta de poderes ocultos, e todos que são conhecidos como governantes deste desastre nacional - os políticos em que os portugueses votaram e têm votado, dentro do desgraçado "arco dos partidos da governação" conhecidos por PS, PSD, CDS. O que muda são as siglas, de algum modo o palavreado utilizado e pouco mais. As mentiras são a prática destes políticos que se mostram agremiados em associação criminosa e lesa pátria, a governação é sempre a mesma e os conhecidos mafiosos também. Nem mudam nos seus clientelismos.

É aos portugueses que compete fazer com que tudo seja diferente e que os métodos passem a usar a honestidade como prática em vez das práticas destes políticos desonestos que legislam a seu favor, dos lobbies que representam, entre imensidões de outros interesses que têm a maioria de responsabilidades na divida que dizem ser causa de todos nós. Que não é, mas que pagamos com desemprego, miséria e fome, perdão: insuficiência alimentar.

Portugal: Marinho Pinto diz que "há cambões" ilegais entre Estado e sociedades de colegas




i online - Lusa

O Bastonário da Ordem dos Advogados afirmou hoje que "há suspeitas muito sérias" de que "existem cambões" entre alguns escritórios de colegas e o Estado, violando a lei.

Marinho Pinto falava à agência Lusa sobre um tema que suscitou vários intervenções de colegas num debate sobre deontologia durante o Congresso dos Advogados Portugueses, a decorrer até domingo na Figueira da Foz.

Em várias intervenções advogados solicitaram a intervenção da Ordem para combater alegadas práticas de "grandes sociedades de advogados", que têm colegas a funcionar "como angariadores" de contratos junto de empresas públicas, institutos públicos, de diversos organismos do Estado, socorrendo-se de proximidades políticas.

"Há indícios fortes que apontam para isso", sublinhou Marinho Pinto, frisando que essas suspeitas reportam-se ao "Estado em sentido âmplo", ao Governo, institutos públicos, empresas de capitais públicos e autarquias.

Pouco defensor de uma postura repressiva da Ordem dos Advogados, o Bastonário entende que isso se deve combater "através da transparência", através de concursos públicos na contratação de serviços jurídicos.

"A lei muitas vezes exige concurso público para a adjudicação de certas empreitadas, que são mais baratas do que o custo de algumas assessorias jurídicas que o Estado contrata de livre vontade como se fosse um particular, uma empresa privada ou um cidadão qualquer", observou.

Na sua perspetiva, como "o Estado gasta dinheiro dos contribuinte tem de prestar contas", abrir concursos públicos, pois "não há Segredo de Estado na contratação de advogados".

Marinho Pinto diz que também "há situações verdadeiramente escandalosas nesse segmento da advocacia portuguesa, que é a publicidade que é feita pela forma de notícias" em alguns órgãos de comunicação social.

"Isto é uma situação que me preocupa muito como Bastonário, e sobretudo quando são os escritórios de algumas pessoas que são dirigentes da Ordem [dos Advogados], e que andam permanentemente a encher a boca a tentar pôr uma rolha na boca de alguns colegas".

Na sua perspetiva, essa estratégia de grandes sociedades de advogados traduz-se em "investimentos vultuosos no marketing e na promoção da sua imagem" no mercado.

"Isso é ilegal. Fazem-no clandestinamente, e é difícil de provar. Há escritórios de advogados que recorrem a auto publicidade sob a forma de lemas que em alguns aspetos fazem lembrar ‘o detergente que lava mais branco'", concluiu.

*Foto em Lusa

GARCIA PEREIRA DIZ QUE PORTUGAL ESTÁ A VIVER “UMA ESPÉCIE DE ESTADO DE SÍTIO”




PÚBLICO - LUSA

O advogado Garcia Pereira afirmou hoje que Portugal está a viver “uma espécie de Estado de Sítio que não foi declarado”, com medidas que retiram direitos fundamentais aos cidadãos, a pretexto de isso estar no acordo da troika.

Um Estado de Sítio que não foi declarado pelas formas previstas na Constituição da República, que “está suspensa de facto”, declarou à agência Lusa, durante o Congresso dos Advogados Portugueses, a decorrer até domingo na Figueira da Foz.

“Sob uma lógica de que, ou está no acordo da Troika, ou está para além do acordo da troika, estamos a assistir todos os dias à liquidação de direitos, liberdades e garantias dos cidadãos”, acentuou.

Para o advogado, isto acontece “sem que se levantem vozes, designadamente daqueles que se dizem defensores da Democracia e de um verdadeiro Estado de Direito”.

Afirma que as medidas estão a ser tomadas “à margem de quaisquer princípios e preceitos constitucionais” e que “o Tribunal Constitucional é absolutamente cúmplice” desta situação.

“O Tribunal Constitucional está hoje transformado num órgão político. Essa marca genética hoje agravou-se de uma forma muito significativa” e os juízes “estão a produzir decisões de conteúdo político, e não de defesa da Constituição, que é a tarefa atribuída ao Tribunal Constitucional”, acentuou.

Sobre as medidas, Garcia Pereira diz que “os sacrifícios estão a cair em cima de quem vive do seu trabalho e deixando de fora os rendimentos do capital e aqueles que são os principais responsáveis pela grave crise financeira” que actualmente se vive.

O advogado realça que “doze mil milhões” de euros das tranches da troika são para recapitalizar os bancos, “que ao longo dos anos fizeram lucros fabulosos” com empréstimos do Banco Central Europeu a “um por cento e emprestando ao Estado e a devedores privados a taxas quatro, cinco ou seis vezes superiores”.

Na sua perspectiva, em Portugal está-se perante “medidas com carácter de classe, claríssimo, anti-trabalhador”.

Numa intervenção, produzida no Congresso dos Advogados Portugueses, Garcia Pereira exortou os colegas e empenharem-se cada vez mais na defesa dos direitos dos cidadãos.

“É o principal dever da Ordem e dos seus advogados”, sustentou.

Garcia Pereira recordou ter-se formado “na escola de homens como Ângelo Almeida Ribeiro e Adelino da Palma Carlos, para quem o pior defeito da advocacia era a subserviência, o medo ou a cobardia de falar, e o primeiro dever era exactamente o de combater todas as injustiças, todas as iniquidades, todas as violações de direitos”, afirmou.

Lisboa: PROTESTO DE MILITARES ENCHE ROSSIO




Nuno Sá Lourenço - Público

A manifestação dos militares contra a degradação das condições de trabalho começou pouco depois das 15 horas. Na Praça do Rossio em Lisboa estão milhares de militares, assim como generais e almirantes na reforma. A organização aponta para “mais de dez mil garantidamente”.

Em Lisboa, não estão a ser gritadas palavras de ordem mas podem-se ler cartazes como “Já não vamos dar boleias aos chulos” e “o nosso comandante supremo é por nós ou contra nós?”, numa clara referência a ao Presidente da República, Cavaco Silva.

Os militares manifestam o seu descontentamento com o que consideram ser a sua perda de direitos. Em causa está o cancelamento de promoções e os cortes na saúde. Mas a marcação deste protesto fica ainda marcado pelas reacções que provocou entre dois dos capitães de Abril.

No próprio dia em que os militares se decidiram pela manifestação, Vasco Lourenço, também presente no Rossio, acusou o Governo de ser um “bando de mentirosos” e apelou aos militares para defenderem a população em caso de “repressão” por parte das forças de segurança nas manifestações agendadas “como se passou no Egipto”.

Poucos dias depois, foi a vez de Otelo Saraiva de Carvalho, dizer que seria mais fácil fazer uma revolução em 2011 do que em 1975. "Bastam 800 homens", contabilizou antes de acrescentar que os militares tinham outras formas de fazer ouvir as suas reivindicações: “Para mim, a manifestação dos militares deve ser, ultrapassados os limites, fazer uma operação militar e derrubar o Governo. Não gosto de militares fardados a manifestarem-se na rua. Os militares têm um poder e uma força e não é em manifestações colectivas que devem pedir e exigir coisas", disse.

Notícia em actualização

E se, com exclusão dos políticos donos do país, os portugueses emigrassem todos?




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA*

O presidente da República de Portugal confessou, hoje, o orgulho que sente ao ver portugueses a trabalhar em instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, considerando que se tratam de "embaixadores" de Portugal.

Cavaco Silva dá razão ao secretário de Estado da Juventude, Alexandre Miguel Mestre, que no Brasil disse que os jovens que não arranjam emprego em Portugal devem emigrar. Se cumprirem, serão uns milhares.

E, na óptica do governo esclavagista de Pedro passos Coelho, quantos mais forem, melhor. E se aos jovens se juntar os restantes 800 mil desempregados, os 20% de miseráveis e os outros 20% que ainda têm pratos mas não têm comida, então o país ficará em ordem.

"Para mim enquanto presidente da República é um certo motivo de orgulho saber que portugueses são seleccionados de acordo com os critérios mais exigentes que eu conheço dessas instituições para ocuparem lugares de destaque", afirmou Cavaco Silva.

Sobre a eventual, remota, hipotética, possibilidade de Portugal implantar esse mesmo primado da competência e não, como agora acontece, o da subserviência, Cavaco silva continua calado. A bem da nação, entenda-se.

O presidente da República, que falava durante um encontro que teve em Washington com funcionários portugueses do Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, Banco Interamericano de Desenvolvimento e também na Reserva Federal norte-americana, classificou-os mesmo como "embaixadores de Portugal".

"Embaixadores" que ajudam os norte-americanos a conhecerem melhor Portugal e a terem "uma imagem correcta" do país, "principalmente nesta fase da crise do euro, do abrandamento da economia mundial", acrescentou.

Se esses "embaixadores de Portugal" quiserem mesmo ajudar os norte-americanos a terem "uma imagem correcta" do país, então o reino lusitano está literalmente lixado.

Isto porque terão de falar de um país onde 40% de cidadãos estão a aprender a viver sem comer, onde o importante não é estar bem preparado, desde logo porque a competência nada significa perante a subserviência em que os "jobs" são para os "boys", onde os génios são menos importantes do que os néscios, desde que estes tenham obviamente cartão do partido.

Terão de falar de um país onde os seus licenciados andar a guiar táxis, a fazer embrulhos em lojas de roupa ou a servir às mesas nos cafés.

Terão de falar de um país onde o governo está nas tintas para os portugueses que não têm coluna vertebral amovível, onde existem “cada vez mais jornalistas que saltam das redacções para se tornarem criados de luxo do poder vigente".

Lembrando o "esforço enorme" que está a ser feito, o presidente da República assegurou que os grandes desafios que Portugal tem pela frente serão superados. "Quero vir dizer aqui que isto vai mesmo acontecer, não é retórica", enfatizou.

E Cavaco, mais uma vez, sabe o que diz. Não só porque, em termos vitalícios, tem direito a 4.152 euros do Banco de Portugal, a 2.328 euros da Universidade Nova de Lisboa e a 2.876 euros de primeiro-ministro, como também porque foi primeiro-ministro de 6 de Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995, venceu as eleições presidenciais de 22 de Janeiro de 2006 e foi reeleito a 23 de Janeiro de 2011.

Já no final da sua intervenção, feita de improviso, Cavaco Silva deixou a "esperança" de que estes portugueses "altamente qualificados" um dia regressem a Portugal, recordando que ele próprio também viveu três anos em Inglaterra, mas acabou por voltar dez dias antes do 25 de Abril por causa daquela "mania da saudade".

Se calhar, bem vistas as coisas, Portugal teria ganho muito mais se Cavaco não tivesses regressado. Mas…

Cavaco Silva tem-se mostrado preocupado (é o que ele diz) com as situações que resultam da perda do emprego, da quebra de rendimentos das famílias e da emergência de novos pobres, chegando mesmo – no intervalo das refeições – a falar de “insuficiência alimentar”.

E devido a essa preocupação, Cavaco Silva e toda a sua equipa, constituída por quase 500 pessoas e que apenas representa 16 milhões de euros por ano, vai passar a fazer greve de fome… entre as refeições, obviamente.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: A RAZÃO NÃO ENCHE BARRIGA…

Lisboa: Bombos, tachos e balões no início do desfile da Função Pública contra os cortes




JORNAL DE NOTÍCIAS  (Em actualização)

Cerca das 15.15 horas, largas dezenas de trabalhadores da Função Pública de vários pontos do país começaram a desfilar pela Avenida da Liberdade, em Lisboa. Há toques de bombo e de tachos, balões e muitas bandeiras. "Quem não manda aqui é o FMI", ouve-se repetidamente num megafone.

O início do desfile pela Avenida da Liberdade começou, lentamente, cerca das 15.15 horas, em protesto contra os cortes salariais e dos subsídios de férias e de Natal previstos no Orçamento do Estado para 2012.

"Quem não manda aqui é o FMI" era a palavra de ordem através de um megafone.

No início do desfile, Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, deu o mote: "não aceitamos que nos enganem, queremos o que é nosso por direito".

"Nós não aceitamos, nós não nos vergamos e a 24 de Novembro vamos fazer uma grande greve geral", apelou.

"Eles comem tudo e não deixam nada", de Zeca Afonso, soou pelos altifalantes. Entre fortes toques de bombo, ouviu-se também um sonoro bater de tachos. A mancha colorida de bandeiras revela as diferentes representações sindicais presentes no desfile.

Um grupo de manifestantes desfila com balões de grande dimensão, azuis, com as iniciais STE - Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado.

No ponto de partida, a rotunda do Marquês de Pombal, a PSP cortou o trânsito, cerca das 14.50 horas, e os manifestantes começaram a concentrar-se.

*Foto JN

Portugal: OTELO PODE SER ACUSADO DE CRIME




Margarida Davim - Sol

Incitação à alteração violenta do Estado de Direito pode dar oito anos de prisão. As declarações de Otelo Saraiva de Carvalho sobre uma revolta militar podem prefigurar um crime punível com uma pena de um a oito anos de prisão. Em causa está o artigo 326.º do Código Penal: «incitamento à alteração violenta do Estado de Direito».

Esta quarta-feira, Otelo, falando sobre a manifestação convocada para amanhã pelas associações militares, defendeu uma revolução armada. «Para mim, a manifestação dos militares deve ser, ultrapassados os limites, fazer uma operação militar e derrubar o Governo». Ora, segundo o Código Penal incorre em crime «quem publicamente incitar habitantes do território português ou forças militares» à alteração do Estado de Direito por via da força.

No entanto, contactada pelo SOL, a Procuradoria-Geral da República esclareceu que para já não pretende retirar consequências penais das palavras de Otelo. «A Procuradoria-Geral da República não vai abrir qualquer inquérito com base nas declarações feitas», diz fonte oficial do gabinete de Pinto Monteiro, ressalvando que o poderá fazer se «factos posteriores o justifiquem». Isto, apesar de não explicitar que «factos posteriores» poderiam levar a PGR a actuar.

‘É incitação ilegal à violência’

Em declarações à Lusa, o coronel na reserva afirmou que bastariam «800 homens» para deitar abaixo o regime e lembrou que «militares têm sempre essa capacidade, porque têm armas». Mas foi mais longe e deu o golpe como iminente: «Estou convicto que, em qualquer altura, se os militares estiverem dispostos a isso, podem avançar sempre para uma tomada de poder».

Para o general Loureiro dos Santos, antigo Chefe de Estado-Maior do Exército, «são afirmações preocupantes, sobretudo por virem de uma pessoa que teve um papel decisivo no 25 de Abril». Apesar disso, o também ex-ministro da Defesa acredita que o apelo ao golpe não terá consequências. «Pode haver um conjunto de militares na reserva que se reveja naquele discurso, mas os militares no activo são democratas».

O ex-Chefe de Estado-Maior da Armada, almirante Vieira Matias, também não gostou do que ouviu. «É anti-democrático e é uma incitação à violência, que é ilegal», comenta, ressalvando um ponto: «Só concordo quando diz que não gosta de manifestações de militares», diz, admitindo que a falta de poder reivindicativo tem prejudicado a classe.

«Há postos nas Forças Armadas que ganham metade do que ganham outros servidores do Estado que há vinte anos tinham o mesmo vencimento», sublinha o almirante que está, apesar disso, convencido de que o discurso de Otelo Saraiva de Carvalho não levará a revoltas. «Os militares são pessoas bem formadas e as chefias também», afirma.

Otelo não foi, contudo, o único capitão de Abril a falar em revolução. No final do mês de Outubro, Vasco Lourenço dizia que Portugal está a viver um «PREC de Direita» e apelava aos militares para reagirem. «Provavelmente vai haver convulsão social», dizia, comentando as medidas de austeridade e fazendo uma analogia com a Primavera Árabe.

Ler mais:

Vasco Lourenço: PODER FOI TOMADO POR “BANDO DE MENTIROSOS”




Diário de Notícias – Lusa, em 22 de Outubro 2011 (Memória)

O capitão de Abril referiu este sábado que o poder foi tomado por um "bando de mentirosos", justificando a conclusão com um vídeo que "corre" na Internet com declarações de Passos Coelho que foram "renegadas" nos actos do Governo.

O presidente da Associação 25 de Abril falava aos jornalistas no final de um encontro que juntou cerca de um milhar de militares e que, por proposta das associações (de oficiais, de sargentos e de praças), foi decidido por maioria esmagadora promover uma concentração de protesto, dia 12 de Novembro, no Rossio, em Lisboa, contra as medidas de austeridade impostas pelo Governo aos portugueses e aos militares.

"Ao ver aquele vídeo, eu tenho que chegar à conclusão que são um bando de mentirosos, de mentirosos puros", declarou Vasco Lourenço, observando que, ao fazer o confronto entre o vídeo e a realidade, o primeiro-ministro "renega nos actos tudo aquilo que acabou de dizer há muito pouco tempo".

O militar de Abril disse ter visto o "vídeo" e ficado "absolutamente indignado" e "escandalizado", ironizando que se diziam que José Sócrates era o "Pinóquio", este primeiro-ministro comparado com ele "cuidado".

Nas palavras de Vasco Lourenço é "preciso desmascarar os indivíduos que ocupam o poder" e que "o estão a roubar", vincando que se "sente roubado".

O capitão de Abril lembrou ainda as recentes declarações do bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, de que o que se está a passar é "terrorismo puro".

Vasco Lourenço prevê que as medidas de austeridade impostas, ultrapassando qualquer política neo-liberal e criando um "PREC de direita", vai provocar "convulsão social", porque, certamente, a população "não vai aceitar de bom grado" estas medidas.

Questionado sobre se não estava a falar de uma revolução, o capitão de Abril contrapôs que "o que se está a passar" com estas medidas é uma revolução, só que em sentido contrário.

"Não me venham dizer que a reacção de não aceitar este tipo de situação é que será uma revolução. Não, não vou por aí", sublinhou.

O presidente da Associação Nacional de Sargentos, Lima Coelho, afirmou que os militares estão disponíveis para "todos os sacrifícios", mas "não estão disponíveis para serem sacos de pancada", nem para serem "enxovalhados ou usados politicamente de forma que não merecem ser usados".

"Não queremos ser tratados à parte. Queremos apenas um tratamento justo que a nossa condição militar exige", sintetizou Lima Coelho.

Quanto à concentração de 12 de Novembro, no Rossio, será seguida de desfile que terminará no Terreiro do Paço, em frente ao Ministério das Finanças.

Relacionado, com vídeos: O BANDO DE MENTIROSOS

Mais lidas da semana