quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O POVO É O MESMO E, AFINAL, A MERDA TAMBÉM!




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA*

Por alguma razão já Eça de Queiroz dizia que “os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão”. Fiquemos, contudo, com Guerra Junqueiro.

“Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar”.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: RIAM, RIAM. RIAM ENQUANTO TÊM TEMPO!

PORTUGAL “DIFICILMENTE VAI SER UM PAÍS FELIZ” COM CORRUPÇÃO




SOL - LUSA

O economista Gabriel Leite Mota defendeu hoje que enquanto Portugal não acabar com a corrupção «dificilmente vai ser um país feliz», considerando que para pensar mais em termos de felicidade deve proteger-se «mais o emprego e menos a inflação».

Gabriel Leite Mota, o primeiro doutorado em Economia da Felicidade em Portugal, falava aos jornalistas no final da sua intervenção na 'Smile Conference', conferência organizada pela 'Happiness For Society', que durante a tarde de hoje decorreu na reitoria da Universidade do Porto.

«A economia da felicidade é um conjunto de estudos que surgiu por volta dos anos 90 que veio tentar juntar indicadores de bem-estar subjectivos com as variáveis tradicionais da economia - crescimento, desemprego, inflação, taxas de juro – numa perspectiva de tentar perceber afinal como é que estamos a conseguir produzir bem-estar», começou por explicar o economista.

Segundo o especialista, «o que a economia da felicidade pode ajudar é tentar mostrar que há umas variáveis que podem ser mais importantes do que outras na promoção do bem-estar», deixando um exemplo em concreto.

«Se nós queremos pensar mais em termos de felicidade, então devemos proteger mais o emprego e menos a inflação», disse, apoiando-se num estudo que refere que quando estas duas variáveis são contrastadas com a felicidade se constata que o desemprego é muito mais penalizador para o bem-estar do que a inflação.

Para Gabriel Leite Mota, em Portugal, um dos principais entraves à felicidade de um ponto de vista macro, é a corrupção.

«Enquanto nós não acabarmos com a corrupção dificilmente vamos ser um país feliz», defendeu.

O economista afirmou ainda ser necessária «a promoção de empreendedorismo que transforme definitivamente Portugal de um país de indústria arcaica para um país competitivo internacionalmente».

Questionado sobre a greve geral de quinta-feira, o economista disse privilegiar «uma atitude pró-activa e não uma atitude apenas de protesto».

«Note-se que uma greve pode ser entendida como uma atitude pró-activa de protesto mas eu acho que o faz mais falta a Portugal neste momento são, por exemplo, novos empreendedores, que sejam capazes de levar o país a um novo patamar de competitividade, a um novo tipo de relações laborais para fugirmos de alguns paradigmas», observou.

Segundo o especialista, Portugal está mal quer em indicadores de PIB quer em termos de satisfação subjectiva, acrescentando que «há estudos em que se vê que Portugal até está abaixo em termos subjectivos daquilo que deveria estar para o PIB que tem».

«À medida que nós nos tornamos mais rico enquanto país, enquanto nação, cada vez menos os acréscimos sucessivos de riqueza são produtivos em termos de felicidade», alertou.

Para Gabriel Leite Mota este facto leva a uma questão: «a partir de uma certa altura não devemos estar sempre preocupados em investir mais, em consumir mais, em trabalhar mais mas em produzir melhor, ser mais produtivos, em poluir menos, em diversificar as actividades da vida».

MINISTRA HUMILHOU INSPEÇÃO DE FINANÇAS DE CABO VERDE EM REUNIÃO INTERNACIONAL


Por onde passa, Cristina Duarte cria mal-estar...

LIBERAL

Ministra arma “bronca” em conferência da CPLP

O despautério da ministra provocou grande constrangimento entre os participantes, originando mesmo protestos e relatórios transmitidos aos governos dos respectivos países, pondo em causa, inclusive, a cooperação da IGF portuguesa com a congénere cabo-verdiana

Praia, 23 de Novembro 2011 – Os rumores circulavam por aí, no próprio Ministério das Finanças e do Plano o tema anda de boca em boca… Tudo a propósito da intervenção de Cristina Duarte na abertura da IV Conferência Anual dos Organismos Estratégicos de Controlo Interno da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que se realizou na cidade da Praia, de 14 a 16 de Novembro.

Com a participação de todas as inspecções de finanças dos países lusófonos, a conferência reúne anualmente desde há quatro anos, numa lógica de organização alfabética. Este ano foi a vez de Cabo Verde, no próximo é a Guiné-Bissau que acolhe o evento.

A conferência da Praia, para além, naturalmente, do país organizador, contou com a presença de representantes de Angola, Brasil, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste que, surpresos e indignados, ouviram a intervenção de abertura da ministra das Finanças e do Plano de Cabo Verde.

Cristina Duarte, segundo a opinião de vários participantes contactados por Liberal, “apresentou-se com uma pose arrogante e antipática, pouco consentânea com alguém que era suposto dar as boas vindas aos delegados” e, desde logo, esclareceu a audiência que “não ia faz discurso de abertura e nem de encerramento, mas sim ter conversas”, refere ainda a nossa fonte.

De seguida, naquilo que foi considerado “uma deselegância e um lavar de roupa suja”, a ministra tratou de qualificar o controlo interno da Inspecção Geral de Finanças (IGF) de Cabo Verde de “insatisfatório, insuficiente e ineficaz”, acusando ainda este organismo público – por ela tutelado – de “não ter liderado nenhum processo de reforma” e que precisa de “um plano de reestruturação”, ou mesmo de um “plano de resgate”, perante a incredulidade de todos os presentes, que nunca haviam visto uma ministra zurzir numa conferência internacional uma instituição do seu próprio país e, ainda para mais, sob a sua tutela.

Ainda segundo uma das nossas fontes, Cristina Duarte “pôs a IGF numa situação melindrosa perante a família do controlo da CPLP, numa altura em que a instituição precisava de uma injecção de motivação”, expondo-a à humilhação de ser “desfeiteada num fórum internacional, dando de Cabo Verde e de si própria uma péssima imagem”.

Mas Cristina Duarte, segundo uma outra fonte, foi ainda mais longe, porquanto a ministra das Finanças de Cabo verde pôs em causa a diplomacia da CPLP, ao fazer um ataque indirecto à inspecção portuguesa que, nos últimos 22 anos, tem colaborado com a IGF cabo-verdiana na formação de técnicos ‘on job’, na elaboração de guiões e manuais, tendo deitado toda a cooperação e colaboração água abaixo”, apesar de ela própria ter assinado há quatro anos, enfatizando na altura o acontecimento, o acordo de cooperação técnica como o Ministério das Finanças de Portugal. Aliás, Liberal soube que o inspector-geral, logo que regressou ao seu país, teve ocasião de reportar o ocorrido à sua tutela, o que alimentou ainda mais o clima de constrangimento que se tem vindo a avolumar em Portugal em relação à ministra cabo-verdiana, porque, segundo fonte do ministério português, “Cristina Fontes tem o nariz muito empinado, deveria ter mais humildade, ainda para mais quando se sabe que Cabo Verde depende da ajuda internacional para poder sobreviver”…

PARTICIPANTES REPROVAM ATITUDE DE CRISTINA

Raul Viana, o inspector-geral de Finanças de São Tomé e Príncipe, ainda segundo as nossas fontes, “considerou inadmissível a postura da ministra, tendo afirmado que ela sacudiu a água do capote e, perguntou o que Cristina Duarte fez durante esse período, se a instituição está fragilizada, qual a quota-parte da ministra”. Mais, o inspector-geral angolano, Artur Neínda, “considera a intervenção da ministra como uma afronta à família do controlo da CPLP, afirmando que, caso fosse em Angola, faria uma participação ao Presidente da República e ao Primeiro-ministro”, adiantando mesmo que, apesar de no quadro da cooperação não haver mecanismos que levem a esse desiderato, “em todo o caso faria chegar a preocupação às autoridades angolanas, que deverão contactar as autoridades cabo-verdianas sobre o incidente diplomático criado”. Já para Leite Martins, o inspector português – e ainda segundo uma fonte – “a titular da pasta das finanças foi infelicíssima na sua intervenção” e “completamente desprovida de bom senso”

PRESIDENTE DO TC “PUXA ORELHAS” À MINISTRA

Aliás, o ambiente de animosidade em relação a Cristina Duarte ficou bem patente na intervenção final, proferida pelo presidente do Tribunal de Contas (TC). É que José Carlos Delgado, contrariando a opinião da ministra sobre os serviços que ela própria tutela, considerou a cooperação e complementaridade nas acções entre a IGF e TC como ponto forte, criticando ainda os políticos que exigem mas não dão as necessárias condições financeiras, humanas e materiais e, para concluir, disse que a IGF tem um papel de coordenador do sistema nacional do controlo interno conferido por lei, e que tal não pode ser retirado por birra ou má vontade de políticos que não têm sensibilidade – o que foi considerado uma “indirecta” à ministra.

Cristina Duarte, para além dos constrangimentos criados dentro do seu próprio ministério, por razão da sua” arrogância, irascibilidade e repentina mudança de humores”, segundo nos referiu um funcionário das Finanças, tem uma péssima relação com o governador do Banco de Cabo Verde (BCV), por razões pessoais e decorrente do quadro de avaliação das finanças públicas do BCV, instigando esse estado de espírito para a sua equipa, o que levou Carlos Burgo a, recentemente, convidar os representantes do Ministério das Finanças, encabeçados por Esana Carvalho, a abandonar a sala de reuniões do BCV.

Curiosamente - e apesar do desconforto que as declarações da ministra provocaram na conferência, acrescido de vários inspectores terem sido entrevistados por jornalistas -, nada, até hoje, havia transpirado na imprensa. Há muros de silêncios, aparentemente, incompreensíveis…

Cabo Verde: 14 FAMÍLIAS PASSAM PRIVAÇÕES POR INÉRCIA DO TRIBUNAL DE ASSOMADA





Assim vai a Justiça em Cabo Verde…

Há mais de 7 anos que Luís António Martins aguarda a reparação de danos causados por acidente que mandou para a sucata uma embarcação de pesca que dava de comer a 14 famílias. Juíza do processo, não ata nem desata…

Praia, 23 de Novembro 2011 – Luís António Martins é um homem amargurado. Armador e proprietário de embarcação de pesca costeira – sem grande préstimo, como adiante se verá -, Luís não consegue esquecer o dia que lhe mudou a vida e o fez passar, subitamente, de algum desafogo financeiro para uma situação de dificuldades crescentes e sem fim à vista.

Toda uma vida dedicada à pesca, fez de Luís António, nado e criado em Ribeira da Barca, um experimentado homem do mar e, de tal modo conhecia os segredos do oceanos e as contingências do pescado que, sem hesitar, resolveu contrair empréstimo bancário e tornar-se proprietário de embarcação própria, investindo no sustento de sua família e de mais 13 marinheiros.

“Ponta Norte”, a traineira de Luís, foi, durante anos a alegria da terra, não só por dar pão a 14 famílias, mas por razão de ser a embarcação que mais peixe levava ao porto desta acolhedora terra piscatória do concelho de Santa Catarina de Santiago. E assim foi até ao fatídico dia 23 de Março de 2004 quando, sabe-se lá vinda de onde – mas envolvida em pormenores no mínimo repugnantes -, uma outra embarcação, a “Carlos Lopes”, navegando em direcção a Porto de Angra abalroou a “Ponta Norte”, causando-lhe dano profundo que veio a impedi-la de se fazer, de novo, ao mar.

E, como uma desgraça raramente vem só, mais tarde se soube que, não só o piloto da “Carlos Lopes” não estava habilitado para se fazer ao mar, por inexistência de qualquer carta de “mestre”, como também a embarcação não estava segurada, como é de lei.

Recolhida a embarcação, por determinação da companhia de seguros de Luís António, para doca seca em Praia Negra, na cidade da Praia, até que se apurasse a cargo de quem ficaria a reparação, apresentada a queixa respectiva, apenas cinco anos depois o caso foi a tribunal, onde foi determinada a condenação do arguido, em processo crime, ao cumprimento de uma pena de prisão substituível por multa que, aliás, passado todo este tempo nunca liquidou, nem tão pouco, apesar de informação remetida a tribunal pela mandatária do lesado, cumpriu a pena de 120 dias de prisão efectiva a que fora condenado.

COMEÇA O CALVÁRIO…

Pelo rigor do relato e pela importância documental de que se reveste – valerá a pena um passar de olhos pelo acórdão de sentença que retrata as circunstâncias do acidente – como se percebe, longe de ser acidental.

“Ao amanhecer, por volta das seis horas do dia 23 do referido mês e ano, a tripulação da embarcação ‘Ponta Norte’ lançou rede ao mar na tentativa de cercar peixes que ali encontrassem.

“Momentos depois, surgiu a embarcação ‘Carlos Lopes’ e a respectiva tripulação a navegar em direcção ao Porto de Angra, local onde a tripulação da embarcação ‘Ponta Norte’ andava a pescar.

“Começou a navegar, em alta velocidade, lado a lado, com a embarcação ‘Ponta Norte’ numa vã tentativa de apanhar peixes que haviam sido localizados pela embarcação Ponta Norte’.

“O queixoso, Luís Martins, advertiu prontamente a tripulação da embarcação ‘Carlos Lopes’ e o arguido que se afastassem da sua embarcação, visto que poderia resultar choque entre as duas embarcações.”

O relato, com a precisão do rigor jurídico, dispensando, por tal, a maestria de aprimorar literário, traduz bem as circunstâncias que antecederam o acidente, provocado por maldade, inveja e ganância de quem, aproveitando-se da labuta alheia, pretendia ganho garantido sem qualquer esforço.

O arguido, seguramente alguém com muito mau carácter, despeitado por não lhe permitirem os intentos, afastou-se, ganhando balanço e, a alta velocidade, direccionou à ‘Ponta Norte’, abalroando-a e causando um prejuízo, a preços da época, de dois milhões oitocentos e sessenta mil escudos (2.860.000$00), para além de privar, até hoje, treze homens de auferirem salários médios de 30 mil escudos mensais.

Como já se disse, de nada serviu a Luís Carlos a condenação do arguido, até porque mesmo que venha a ser preso, a embarcação continua parada – e, neste momento, já irreparável -, o pão diário de sua família foi roubado de um repente, a vida de seus empregados empurrou-os para o desemprego, e nem mesmo a sua companhia de seguros (a Ímpar) quer assumir responsabilidades, alegando que o arguido não tinha carta… Como se Luís tivesse culpa disso, como se ele próprio tivesse sido responsável pelo acidente.

E, mais ainda, sem meios de sustento, Luís Carlos Martins colocou-se numa situação de incumprimento perante a entidade bancária que lhe emprestou o dinheiro para comprar “Ponta Norte”.

Entretanto, corre desde 2009 um processo cível contra o arguido, o proprietário de ‘Carlos Lopes’ e a companhia de seguros, a quem Luís acusa de não cumprir com as suas responsabilidades contratuais.

O processo arrasta-se na pasmaceira funcional do Tribunal de Assomada, tendo já passado por vários juízes e, apesar de há mais de um ano ter sido efectuada a audiência preparatória, aguarda os trâmites tidos por convenientes e ao sabor do arbítrio de um único magistrado, neste caso uma juíza, que apesar das promessas nunca mete mãos ao processo…

Senhora juíza, se não fora por outras razões, ao menos cuide deste caso pela urgência de que se reveste a miséria imposta a 14 famílias de Ribeira da Barca. Será pedir muito, meritíssima? Ainda para mais em tempo de crise… internacional?! É que a Justiça, para o ser integralmente, tem de ser justa.

Ana Gomes: “EURO PODE RUIR AMANHÔ



Económico

A eurodeputada socialista tece duras criticas à Alemanha por não assumir as suas obrigações como mais forte e rica potência europeia.

Num artigo publicado hoje no 'DN', Ana Gomes diz que "o euro pode ruir amanhã: por mais cimeiras que façam, esses aprendizes de feiticeiro não controlam o feitiço que puseram à solta nos mercados financeiros".

Escreve a eurodeputada que as reacções tardias e insuficientes ao problema da dívida fizeram com que os especuladores percebessem que vale a pena especular. "A especulação já dobra Espanha e Itália e ameaça França". Por isso, "é urgente que a Alemanha deixe o BCE assumir-se como financiador de último recurso na zona euro", sublinha.

É que "os vossos superavites orçamentais, amigos alemães, são contrapartida dos nossos défices", critica a eurodeputada.

Isto porque "quem encorajou os nossos governos, bancos, empresas e cidadãos a endividar-se foram os vossos banqueiros, empresários e caixeiros viajantes, instigando-nos a tirar partido do baixo juro do euro para lhes comprar submarinos, carros, equipamentos e tecnologias", acusa Ana Gomes.

E continua: "A falta de competitividade das nossas economias não é só culpa nossa: a UE desindustrializou-se nas últimas décadas, pagou a agricultores para não produzirem e a pescadores para não pescarem."

A eurodeputada deixa ainda um apelo à Alemanha: "Para não terem de nos sustentar, deixem mutualizarmos a dívida, para voltarmos aos mercados a juros comportáveis; respeitando regras, bem-entendido, mas beneficiando da boa notação que vocês e poucos na zona euro ainda mantêm. Chamem-lhes eurobonds, obrigações de estabilidade" ou o que queiram".

Ana Gomes conclui com uma chamada de atenção aos cidadãos alemães: "Não criámos a UE para a ver agonizar agora, com mezinhas Merkozy. Digam aos vossos governantes que queremos a Alemanha europeia, mas nunca engoliremos uma Europa alemã".

Miguel Beleza : GREVE GERAL NÃO DEVIA SER EM LISBOA MAS EM FRANKFURT OU PARIS




Alberto Teixeira - Económico

O antigo ministro das Finanças Miguel Beleza lembra que a austeridade foi imposta em troca da assistência internacional a Portugal.

Miguel Beleza tem "dificuldades em compreender os ganhos na greve geral" marcada para amanhã. Para o economista, que lembrou que o programa de austeridade foi imposto em troca da assistência financeira internacional, "o local para fazer a greve geral não é em Lisboa, mas antes em Frankfurt ou Paris".

Beleza diz, porém, que os portugueses têm todas as razões e direitos para se manifestarem. No entanto, reforçou: "Face ao programa internacional em vigor e por não se vislumbrar qualquer alteração significativa ao programa de austeridade, o que vamos ganhar com isto? Com toda a franqueza, não acho que a greve faça sentido", disse em declarações ao Grande Jornal do Etv.

O antigo ministro falou ainda sobre a actual crise de dívida que afecta a Europa para dizer que "vai acelerar a criação do governo económico da zona euro".

Sobre a criação das 'eurobonds', o antigo ministro das Finanças revelou que não será por esta via que os líderes europeus vão conseguir resolver os problemas de endividamento na região. "Não devemos começar pelas 'eurobonds'. Não podemos ter um esquema que estimule a indisciplina dos países membros. A não ser que haja um governo económico poderoso. Isso seria bom para Portugal", frisou.

Portugal: GREVE GERAL PROMETE PARAR TRANSPORTES, ESCOLAS E HOSPITAIS




Andreia Sanches, Ana Rute Silva - Público

Carvalho da Silva dá o sinal de partida da paralisação

Pouco passava das 20h00 quando Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, deu o sinal de partida da greve geral, convocada para amanhã pelas duas centrais sindicais (UGT e CGTP) em protesto contra as medidas de austeridade.

Várias dezenas de trabalhadores juntaram-se a Carvalho da Silva junto ao aeroporto de Lisboa, onde o secretário-geral da CGTP iniciou o circuito pelas empresas em greve.

“A greve é geral, o ataque é brutal”, gritavam os trabalhadores, que vestiam coletes vermelhos de apelo à greve. Nos painéis de partidas de voos do Aeroporto de Lisboa era possível ver que vários voos foram cancelados.

Carvalho da Silva recusou-se a adiantar um número a partir do qual considerará a greve satisfatória, salientando que o movimento de apoio à paralisação, que se criou na sociedade, já é um grande sinal.

Os impactos da paralisação deverão sentir-se já hoje nos aeroportos. Às 21h00, era a vez de João Proença, secretário geral da UGT, visitar a zona do check-in.

Um ano depois de a CGTP e a UGT terem convocado uma greve geral contra o pacote de austeridade do governo PS, as duas centrais esperam uma participação de peso. Para controlar o défice e travar a crise, o Executivo de Passos Coelho quer avançar com cortes nos dois subsídios no sector empresarial do Estado, acrescentar mais 30 minutos ao horário de trabalho no privado e prepara-se para reduzir o número de feriados. As medidas, anunciadas sem negociação social, adensam as preocupações dos trabalhadores, do comércio ao ensino, dos hospitais às autarquias.

Ninguém arrisca previsões, mas certo é que quem tiver de viajar de avião pode contar com uma adesão significativa dos controladores aéreos, dos tripulantes e dos técnicos de handling. Para já estão apenas garantidas duas ligações aos Açores e uma à Madeira, ao abrigo dos serviços mínimos. O sector dos transportes é, aliás, um dos que começa a registar transtornos ainda esta noite. O Metropolitano de Lisboa já avisou que não vão circular carruagens a partir das 23h30, situação que se prolonga até à 1h00 de sexta-feira. A CP prevê perturbações entre esta noite e o início de dia 25.

Ao final do dia, a Fertagus informava que só garantia a circulação de comboios nos períodos de maior afluência e, mesmo assim, com intervalos médios de 20 minutos e de uma hora depois das 20h42.

Na educação, só amanhã se saberá ao certo quantas escolas vão encerrar. Na última greve geral, o Ministério da Educação indicou que fecharam 32% das cinco mil escolas públicas; a Federação Nacional de Professores avançou com 80%.

Os hospitais deverão ter as urgências a funcionar em pleno, mas as consultas externas vão parar, tal como os blocos cirúrgicos, avança o Sindicato Independente dos Médicos. Entre 75% e 85% dos enfermeiros devem aderir, uma percentagem inferior à da última greve geral, que se situou nos 90%.

Sendo os funcionários públicos os mais afectados pelas medidas adicionais de austeridade, os serviços da Administração Central devem trabalhar a meio gás.

Os apelos para a adesão à paralisação multiplicaram-se durante o dia de hoje. Mário Soares, Pedro Adão e Silva, Joana Amaral Dias, Medeiros Ferreira, Vasco Vieira de Almeida, entre outras personalidades, tornam público um manifesto em que apelam “à mobilização dos cidadãos de esquerda que se revêem na justiça social e no aprofundamento democrático como forma de combater a crise”.

Também o Sindicato dos Quatros Técnicos do Estado (STE) garantia em comunicado que o “caminho é o da participação em massa na greve geral de amanhã.” “Vamos a ela!”, acrescentava. “Se a manifestação nacional do passado dia 12 se aproximou das 200 mil pessoas, esta greve geral deve apontar para dados qualitativos e quantitativos ainda mais marcantes”, apelava.

A greve foi inicialmente anunciada pela CGTP no início de Outubro e acabou por contar com o apoio da UGT. Esta é a terceira paralisação geral desde a criação da UGT em 1978. A primeira aconteceu em 1988 contra a intenção de Cavaco Silva, então primeiro-ministro, de mudar a legislação laboral.

Greve Geral: TRABALHADORES MARÍTIMOS, PORTUÁRIOS E METALÚRGICOS VÃO PARAR




Trabalhadores marítimos e portuários aderem à greve geral


Os trabalhadores portuários e marítimos vão aderir à greve geral desta quinta-feira, em protesto contra as medidas previstas no Orçamento do Estado, segundo o pré-aviso de greve da Confederação dos Sindicatos Marítimos e Portuários.

"A proposta de OE para 2012 traduz um ataque brutal aos salários e pensões, mesmo daqueles que têm rendimentos muito baixos e agrava de modo inaceitável as desigualdades", lê-se no pré-aviso de greve da estrutura.

A Confederação dos Sindicatos Marítimos e Portuários (FESMARPOR) acrescenta que, no documento, "não são apontados caminhos de esperança para o futuro, mas sim uma acentuada recessão, com aumento do desemprego para níveis insustentáveis e o agravamento da pobreza e da exclusão".

Perante esta situação, a estrutura reivindica "mudanças profundas no OE para 2012, visando uma distribuição equilibrada dos sacrifícios e combater o empobrecimento generalizado dos pensionistas e trabalhadores no ativo a que o mesmo conduz" e contesta a "desregulação laboral que vem sendo apontada, particularmente a nível dos despedimentos, das reduções no subsídio de desemprego e da retribuição das horas extraordinárias".

A greve geral de quinta-feira foi marcada pelas centrais sindicais CGTP e UGT depois de o Governo ter anunciado medidas de austeridade, nomeadamente a suspensão dos subsídios de férias e de Natal na Função Pública, assim como o aumento do tempo de trabalho no sector privado.

Metalúrgicos mobilizam também em romeno e russo

Os trabalhadores da Lisnave estão a ser mobilizados para se juntarem à greve geral através de um "apelo multilingue" dirigido a portugueses, mas também aos imigrantes russos e romenos que trabalham naqueles estaleiros.

Américo Flor, coordenador do sindicato dos metalúrgicos do Sul (Sindsul), adiantou à agência Lusa que os estaleiros navais da Lisnave-Mitrena empregam cerca de 2000 trabalhadores, dos quais mais de uma centena são de nacionalidade russa e romena, pelo que se justifica o apelo em várias línguas.

O sindicalista salientou que o apelo está a surtir efeito: "A informação que temos é que a mobilização está a correr bem. Os trabalhadores estão receptivos porque as medidas que estão a ser tomadas atingem todos, portugueses e estrangeiros".

No comunicado, escrito em três línguas, disponível no site da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgica, Química, Farmacêutica, Eléctrica, Energia e Minas (FIEQUIMETAL), os sindicatos pedem adesão à greve "contra o programa de agressão" e dizem que há "motivos de sobra para aderir em força (...) contra a exploração e o empobrecimento, por um país desenvolvido e soberano, por emprego, salários, direitos e pelos serviços públicos".

JORNALISTAS NA GREVE GERAL





A Direcção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) divulgou um "Guia essencial para a participação da classe" - jornalistas sócios e não sócios - na greve geral de amanhã, 24 de Novembro.

O documento, que se transcreve na íntegra, visa "apoiar os jornalistas nas formas de participação na Greve Geral que queiram adoptar, bem como esclarecer dúvidas que ainda persistam relativamente ao exercício desse direito".

JORNALISTAS NA GREVE GERAL

Guia essencial para a participação da classe

Aos jornalistas (sócios e não sócios do SJ)

Como se sabe, a Direcção do Sindicato dos Jornalistas apoiou a convergência das duas centrais sindicais na convocação de uma greve geral para o próximo dia 24 e tem explicado aos jornalistas as razões pelas quais é importante a participação de todos nesta jornada de luta. Nesse sentido, apresentou e publicou um pré-aviso de greve de 24 horas, abrangendo os jornalistas ao serviço das entidades singulares e colectivas proprietárias de órgãos de comunicação social.

Procurando apoiar os jornalistas nas formas de participação na Greve Geral que queiram adoptar, bem como esclarecer dúvidas que ainda persistam relativamente ao exercício desse direito, a Direcção pede a maior atenção para o seguinte:

1. Direito à greve – O direito à greve é garantido a todos os jornalistas, independentemente da natureza do vínculo contratual, da posição hierárquica na empresa, da localização do posto de trabalho e da qualidade de associado.

2. Direito ao silêncio – As empresas não podem recolher informações prévias sobre os jornalistas que tencionam ou não aderir à greve, nem os trabalhadores são obrigados a prestar essa informação, seja a que pretexto for, não podendo o seu silêncio sofrer qualquer sanção. Todas as iniciativas das empresas com esse objectivo devem ser denunciadas.

3. Sem restrições – O jornalismo não é uma actividade compreendida nas obrigações de serviços mínimos nem há qualquer restrição ou excepção legais ao direito de participação dos jornalistas na greve, não podendo ser aceite qualquer pretexto imposto pelas empresas, inclusivamente o fecho de edições.

4. Excepções – Em caso de situações excepcionais, designadamente catástrofes naturais de grande magnitude ou calamidade pública, será o próprio Sindicato dos Jornalistas a determinar a suspensão total ou parcial da greve, com vista à adequada cobertura informativa dessas ocorrências.

5. Período de paralisação – O pré-aviso e greve abrange todo o dia 24 de Novembro, isto é, entre as 00h00 e as 24 horas. Os jornalistas cujos horários de trabalho se iniciem antes das 00h00 ou terminam após as 24 horas paralisam por todo o tempo de trabalho desde que o mesmo seja maioritariamente prestado nesse dia.

6. Adesão – A adesão dos jornalistas à greve consiste na sua não comparência ao trabalho e não carece de qualquer formalidade, nem sequer de justificação, nem prévia nem posterior, uma vez que o pré-aviso de greve constitui justificativo bastante. Os jornalistas que decidam aderir à greve já no decurso da respectiva jornada de trabalho podem abandoná-la a qualquer momento.

7. Permanência nas redacções – Os jornalistas em greve devem abster-se de permanecer no interior das redacções, mesmo que a pretexto de realização de tarefas que não se relacionem com a edição do dia. O eventual acesso aos locais de trabalho para efeito de verificação de adesões à greve deve ser feito de forma breve e discreta e sem interferir no direito a trabalhar de outras pessoas.

8. Piquetes e concentrações nas empresas – Nas empresas onde for possível, nomeadamente na sede da Agência Lusa, na sede da RTP e na RTP-Porto, os jornalistas que puderem deslocar-se por meios próprios deverão concentrar-se com outros trabalhadores à porta das instalações, pelo maior período de tempo possível.

9. Concentrações sindicais – A fim de dar expressão pública à jornada de luta, o movimento sindical realiza concentrações de trabalhadores em várias dezenas de localidades, especialmente nas capitais de distrito. É importante a participação também dos jornalistas que puderem deslocar-se para esses pontos.

10. Pequenos actos – O êxito da greve geral também pode ser obtido através de pequenos mas importantes actos, tanto pelos trabalhadores em greve como por aqueles que não têm condições para cumprir a greve como gostariam, contribuindo para dar força a esta luta.

Alguns exemplos:

- Não utilizar transportes públicos;

- Em caso de utilização de transporte próprio, reabastecer o combustível na véspera;

- Fazer as refeições em casa, de preferência preparadas de véspera. Em caso de necessidade de fazer refeição fora, levar de casa;

- Abster-se de fazer compras no dia, precavendo-se das necessárias na véspera e adiando as menos urgentes para o dia seguinte;

- Reduzir ao mínimo estritamente indispensável o consumo de electricidade, gás, água e de comunicações telefónicas;

- Não levar os filhos às creches/jardins-de-infância e escolas;

- Abster-se de recorrer a serviços públicos e/ou privados a não ser em caso de absoluta necessidade.

Lisboa, 23 de Novembro de 2011

A Direcção

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 65


  Foto dum dinossauro excelentíssimo, Francisco Pinto Balsemão
MARTINHO JÚNIOR, Luanda

UM “GOLPE DE ESTADO” JÁ COM VÁRIAS “LEGISLATURAS” DE LONGEVIDADE!

1 – A evolução da “democracia representativa” à portuguesa é uma prova em si e per si de quanto o capital se tem imiscuído na vida pública nesse “país de brandos costumes”, até chegar ao ponto em que o governo português mingua em relação aos valores nutridos do seu próprio eleitorado e incha nos valores da finança global, instrumentalizada na Europa com o Euro.

Vem isto a propósito dum comentário a um artigo publicado no blog Octopus, sob o título “Golpes de estado na Grécia e na Itália” (http://octopedia.blogspot.com/2011/11/golpes-de-estado-na-grecia-e-na-italia.html?showComment=1321542909529#c5046303507223953423).

O referido artigo faz uma leitura da situação que vai ocorrendo no sul da Europa:

“A banca no poder, ou o poder da banca.

As substituições de Georges Papandreou por Lucas Papademos e de Berlusconi por Mario Monti foram na realidade dois golpes de estado de um novo género, sem tiros, sem sangue, orquestrados pelos mercados financeiros.

O método é simples: criar uma enorme pressão sobre as taxas de juros das dívidas dos países visados, o que desencadeia uma enorme instabilidade política e por fim, apresentar um tecnocrata para tomar conta dos destinos do país.

Estes golpes de estado não são perpetrados por um grupo político ou pelas forças armadas. As mudanças de chefias políticas são apresentadas como uma necessidade em consequência da engrenagem da desconfiança dos mercados sobre a capacidade de certos países em pagas as dívidas.

Ultrapassando as instâncias democráticas dos respectivos países, são então instalados no poder pessoas ligadas aos grandes grupos financeiros mundiais. Mario Monti está ligado ao Goldman Sachs, assim como Mario Draghi recentemente eleito presidente do Banco Central Europeu. Lucas Papademos foi governador do Banco da Grécia durante a falsificação da dívida grega pelo Golman Sachs. Todos são membros da Comissão Trilateral ou do clube de Bilderberg.

Actualmente, os lugares-chave do poder na Europa estão nas mãos do Goldman Sachs. Como chegaram a esses cargos? Com que meios e com que fim? Salvar os Estados Unidos à custa dos europeus?

E Portugal?

Em Portugal, daqui por umas semanas ou meses, pode muito bem vir a acontecer o mesmo. Perante a fraca liderança de Passos Coelho e a fraca alternativa política de António José Seguro, e com o crescente agravamento da crise financeira portuguesa, pode vir a ser imposto a Portugal um homem de confiança da banca.

Esse homem poderá ser António Borges. Tem todos os requisitos: para além de ter sido vice-governador do Banco de Portugal, é actualmente director do Departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional e sobretudo foi vice-presidente do Conselho de Administração do Banco Goldman Sachs International em Londres, entre 2000 e 2008.

António Borges* é membro do clube de Bilderberg, tendo participado nas reuniões de 1997 e de 2002. Também é membro da Comissão Trilateral. *(Ver nota da redação em rodapé)

Curiosamente, ou não, decorre neste momento, de 11 a 13 de novembro, a reunião anual da Trilateral para Zona Europeia, é Haia na Holanda”…

2 – Não resisti à tentação de fazer um curto comentário:

“DISTRAÍDOS!!!

Acho que em Portugal andam muito distraídos, pelo menos de há vários anos a esta parte.

O Representante de Portugal no BILDERBERG, Francisco Pinto Balsemão, é "o homem" que tem estado por dentro dos golpes de estado em Portugal, os visíveis e os outros...

É só fazer a leitura do significado das filtragens de "inteligência" nos "serviços" da SIC, ou no Expresso!”…

Desde os tempos em que foi deputado na Assembleia do fascismo e do colonialismo, quando sua intervenção vestia o disfarce de “ala liberal”, que assim tem sido.

O engenho e a arte de Francisco Pinto Balsemão, como competente profissional da informação e mentor da “escola” da conveniência da hegemonia, tem feito o resto ao longo de décadas!

2 – É evidente que o trabalho de domínio cada vez mais acentuado sobre os media em Portugal, a escolha paciente e criteriosa dos temas de maior difusão e os de menos, a relevância que tem sido dado a determinados conteúdos em prejuízo de outros, os critérios seguidos na formulação desses conteúdos, as mensagens que são provenientes do enredo das opiniões, conferem a Francisco Pinto Balsemão uma capacidade de intervenção de tal ordem, que o podemos apontar como um elemento reitor e chave, na formulação da opinião pública em Portugal, ao serviço do capital financeiro global (europeu incluído).

Esse facto tem vindo a ocorrer de forma pertinaz, paciente, metódica, organizada, constante, não se limitando aos períodos eleitorais, adequando-se a um tipo de mentalidade média que advém dum passado em que Portugal, há 500 anos, se havia constituído império aproveitando os restos de feudalismo “cristão e ocidental”…

A “lavagem cerebral” a que, na continuidade, têm sido submetidos os portugueses e o eleitorado, tem-se realizado de tal maneira que a “doutrina de choque” que está agora a ser implementada com tanto vigor, tacto diplomático (até os rostos dos intervenientes parecem ser bem escolhidos, “conseguidos”) e de forma “laboratorialmente controlada”, constitui um “pré anúncio” do “golpe político”, pois o golpe económico, financeiro e mediático já foi feito!

3 – Ficar o actual Ministro das Finanças, um excelente ideólogo para os fins em vista, ou outro qualquer, à frente do governo de Portugal, é indiferente, pois o reitor do Bilderberg dá garantias a toda a prova da longevidade das pretensões e da catapulta que elas têm para “formular o salto”!

O rosto meio imberbe de Passos Coelho, a diplomacia do gesto, do comportamento e da atitude, num momento em que o choque cai sobre a cabeça de milhões de portugueses, muitos deles seus eleitores, parece-me ainda, eficaz… logo adiante se verá!...

As greves podem paralisar Portugal, podem até pôr em causa e em cheque o governo de turno, mas o Bilderberg manter-se-á actuante e “livre” dessas contingências: não há mal algum que lhe venha!

4 – Convém recordar as listas das presenças da Grécia e da Itália, na última reunião do Grupo Bilderberg realizada este ano (o Bilderberg promove reuniões anuais), pelo que elas têm de sintomático:

« Grèce[modifier]

George. A. David, Chairman, Coca-Cola H.B.C. S.A.
Gikas. A. Hardouvelis, Chief Economist and Head of Research, Eurobank EFG
George Papaconstantinou, ministre des Finances
Loukas Tsoukalis, président, ELIAMEP Grisons

(…)

Italie[modifier]

Franco Bernabè, CEO, Telecom lia SpA
John Elkann, Chairman, Fiat S.p.A.
Mario Monti, président, Univers Commerciale Luigi Bocconi
Paolo Scaroni, CEO, Eni S.p.A.
Giulio Tremonti, Giulio. Minister of Economy and Finance »

Consultas rápidas:


Portugal - Greve Geral: CGTP E UGT ESPERAM QUE GREVE DÊ “SÉRIO AVISO AO GOVERNO”



RTP

"Medo é compreensível"

Uma jornada de luta “diferente”, que constitua um “sério aviso ao Governo”, é aquilo que CGTP e UGT esperam ver concretizado na paralisação desta quinta-feira. Unidos pela segunda vez numa greve geral, depois da ação conjunta de outubro de 2010, Carvalho da Silva e João Proença coincidem na ideia de que “é preciso o país levantar-se” contra o “empobrecimento” e o “retrocesso civilizacional”. Mesmo que o “medo” de perder o emprego seja “compreensível”, como admitiu à agência Lusa o líder da Intersindical.

“O medo é compreensível, é um sinal da condição humana”. Carvalho da Silva respondeu assim a uma pergunta da Lusa sobre os receios de perda do posto de trabalho em dias de crise. Em declarações à agência de notícias, na véspera da greve geral de quinta-feira, a sétima em quase três décadas, o secretário-geral da CGTP deixou vincada a expectativa de que a indignação se sobreponha ao medo. Até porque, arguiu, “esta greve se realiza num contexto de exigência de um enormíssimo sacrifício aos trabalhadores portugueses”.

“Neste momento há portugueses que vivem muito mal, em situação de pobreza, quer sejam trabalhadores no ativo, quer desempregados e pensionistas ou reformados, e há outros que, não vivendo na pobreza, às vezes cinco ou dez euros no orçamento familiar conta muito”, apontou Carvalho da Silva, crítico de um Governo ao qual atribui uma política que desafia o país “a empobrecer” e de “patrões sem escrúpulos, que aproveitam para intensificar a repressão e a exploração”.

Para o dirigente sindical, “há um pressuposto imprescindível”: “Saber que estamos a sacrificar-nos e a trabalhar para um futuro melhor e isso os portugueses começam a perceber”.

“Indignação e descontentamento”

Também João Proença, que partilha com Carvalho da Silva a organização da segunda greve geral conjunta, espera uma manifestação de “indignação e descontentamento”: “Porque as pessoas sentem que os seus direitos foram fortemente afetados, com os cortes brutais nos salários da Administração Pública e no Setor Empresarial do Estado e a ameaça de total desregulamentação dos horários de trabalho no setor privado”.

“Temos uma situação em que todos vemos que em 2012 a recessão vai ser muito profunda e que o desemprego vai agravar-se e o Governo ignora isto e, em vez de dar segurança para o futuro, assume políticas de quero, posso e mando”, reprovou o secretário-geral da UGT, igualmente ouvido pela agência Lusa na contagem decrescente para a paralisação.

A greve, sublinhou ainda o dirigente sindical, “pretende ser um sério aviso ao Governo e também aos empresários de que temos de ter um Portugal preocupado com a competitividade, o crescimento e o emprego”. À espera de uma “forte adesão”, João Proença admite que o contexto de crise venha a demover muitos profissionais: “Muita gente não faz greve geral apesar de estar totalmente solidária com os motivos da greve, mas vai encontrar forma de não trabalhar e justificar a falta ao trabalho para não perder o dia de salário, nomeadamente a falta de transportes”.

Como Carvalho da Silva, João Proença recusa-se a ver na austeridade a única resposta à crise económica e financeira. “Não podemos ter um país de joelhos perante a troika, não podemos ter uma país de joelhos perante quem pôs a Grécia de joelhos, porque não queremos ser como a Grécia, queremos ser um país que resolve os seus problemas”, frisou.

Transportes públicos à cabeça da greve

É no domínio dos transportes públicos que a greve geral deve produzir os primeiros efeitos. As maiores perturbações são esperadas nos comboios, transportes fluviais, autocarros e Metro de Lisboa. No Metropolitano, o serviço vai ser interrompido já na próxima noite – das 23h30 até à 1h00 de sexta-feira.

Já a CP está à espera de “perturbações e algumas supressões de comboios” a partir do final do dia. “Apesar dos serviços mínimos decretados, que correspondem a menos de 20 por cento da oferta diária da empresa a nível nacional, haverá fortes perturbações em todos os serviços”, antecipou a empresa de transportes ferroviários, citada pela Lusa.

Por sua vez, a Carris conta garantir 50 por cento do regime normal de 13 carreiras (12, 36, 703, 708, 735, 738, 742, 751, 755, 758, 760, 767, e 790) e o transporte exclusivo de deficientes, operações definidas como serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social (CES). A norte, a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto prevê assegurar o funcionamento de 50 por cento do regime normal das carreiras 200, 205, 300, 301, 305, 400, 402, 500, 501, 508, 600, 602, 603, 701, 702, 801, 901, 902, 903, 905, 907, 4M e 5M.

O grupo Transtejo-Soflusa indica, no seu portal online, que, “dado que não foram decretados serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral do CES, a existência de transporte fica dependente da adesão à greve por parte dos trabalhadores”.

Há também previsão de dificuldades no funcionamento dos aeroportos: a greve conta com a participação do Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos, do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo e da Aviação Civil, estrutura representativa dos tripulantes de cabina, e da Comissão de Trabalhadores da NAV.

FUNCIONÁRIOS DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA ENTREGARAM PRÉ-AVISO DE GREVE



RTP

Assunção Esteves pondera serviços mínimos

A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, está a ponderar a existência de "serviços mínimos" para uma eventual greve dos funcionários parlamentares, que fizeram um pré-aviso de greve para os dias da votação final global do Orçamento.

"A presidente está a estudar os serviços mínimos, mantendo a autonomia da Assembleia, ou seja, que deve ser o Parlamento a definir esses serviços", relatou aos jornalistas o primeiro secretário da mesa da Assembleia Duarte Pacheco.

O assunto foi discutido na conferência de líderes parlamentares.

O pré-aviso de greve é referente aos dias 29 e 30 de novembro, datas da votação final global do Orçamento, e para os dias 2, 7 e 9 de dezembro "pelo menos", disse Duarte Pacheco.

A presidente está ainda a "refletir se se trata de direito à greve ou de uma greve ao Orçamento", acrescentou.

Bruxelas quer vigilância reforçada até ao pagamento de 75% do empréstimo a Portugal



André Campos - Lusa

Bruxelas, 23 nov (Lusa) -- Portugal será alvo de uma vigilância reforçada até ter pago três quartos dos empréstimos que está a receber ao abrigo do programa de ajuda externa, se uma proposta hoje apresentada pela Comissão Europeia for adotada.

O executivo comunitário apresentou hoje em Bruxelas duas novas propostas de regulamento para reforçar a vigilância orçamental na zona euro, uma respeitante a todos os 17 países do espaço monetário único, embora com especial incidência sobre aqueles com procedimentos por défice excessivo, e a segunda respeitante aos Estados-membros com dificuldades particulares e sob programas de ajuda.

Esta segunda proposta, que reforça os princípios de monitorização e vigilância para os países mais expostos e que mais ameacem a estabilidade da zona euro, contempla também um "novo sistema de vigilância pós-programa", aplicável aos países que estão a sair de programas de ajustamento, como aquele que Portugal, Irlanda e Grécia têm atualmente em curso.

*Foto EPA

Timor-Leste: MARI ALKATIRI DEFENDE DESENVOLVIMENTO HUMANO E DAS COMUNIDADES



MSE - LUSA

Díli, 23 nov (Lusa) - O secretário-geral da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN), Mari Alkatiri, defendeu hoje o desenvolvimento humano e das comunidades como essenciais para combater a pobreza no país.

"Há uma assimetria muito grande. Díli virou uma ilha dentro de uma própria ilha, porque quando se injeta dinheiro numa economia as consequências são essas. Faz crescer as cidades e decrescer o campo cada vez menos produtivo e isso gera também pobreza", afirmou Mari Alkatiri.

O secretário-geral da FRETILIN comentava as declarações feitas pela relatora da ONU para os Direitos Humanos e Extrema Pobreza, durante uma visita a Díli, que considerou que o desenvolvimento em Timor-Leste não se traduziu em melhorias dos níveis de vida, meios de subsistência e criação de emprego.

"É preciso fazer uma política que comece o desenvolvimento nas comunidades, o desenvolvimento de uma forma integrada, o desenvolvimento social, económico, político, na questão da justiça", defendeu Mari Alkatiri.

Para o secretário-geral da FRETILIN, em Timor-Leste não se pode "andar muito depressa em relação ao desenvolvimento físico".

"É preciso desenvolvimento humano, é preciso investir no desenvolvimento humano para as pessoas começarem a mudar mentalidades. Os valores tradicionais, sim, são importantes em termos de coesão final, mas a coesão não deve ser feita discriminando a mulher ou oprimindo a mulher ou a criança", disse.

Mari Alkatiri defende que seja definida uma estratégia a médio e longo prazo e sublinha que "não se deve ter pressa".

"A política linguística é muito importante. Ter muitas línguas não é uma pobreza é um riqueza. É preciso saber usar essa riqueza para realmente criar bases para uma coesão nacional", disse, referindo-se a dados fornecidos pela ONU que indicam que 42 por cento da população não sabe ler e escrever nas duas línguas oficiais do país - tétum e português.

Mari Alkatiri disse ainda que os inimigos de Timor-Leste são hoje inimigos "abstratos, como a ignorância, analfabetismo, pobreza".

"É preciso termos a capacidade de realmente combater esses inimigos, desenvolvendo o capital humano, investindo na educação, na saúde, elevando o nível vida das pessoas, mas fazendo-as participar, para elas próprias se sentirem independentes", defendeu.

*Foto em Lusa

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