quarta-feira, 4 de abril de 2012

QUANDO PASSA TIMOR-LESTE DO LUME BRANDO À EFERVESCÊNCIA VIOLENTA?



Beatriz Gamboa

Timor-Leste está em período eleitoral. Já cumpriu a primeira etapa com a primeira volta das eleições presidenciais e no próximo dia 16 completa-se o desfecho das presidenciais. À compita estão os candidatos Lu-Õlo e Taur Matan Ruak.

Entretanto a violência espreita. Logo que seja conveniente os que têm mantido ânimos em lume brando recorrerão sem rebuço à efervescência violenta de um povo destinado a ser joguete pelos interesses egoístas de potências regionais que neste caso têm nome: Austrália com os EUA à sua ilharga quase como quem não sabe, não viu, nem estava lá.

No caldo de cultura de violência estão também pseudo interesses partidários que afinal não são mais que interesses de grupos que têm reservado para si mordomias e boas vidas passeando-se por entre a fome e a miséria em que sobrevivem os timorenses. Esses são os que assolados pela ganância continuam querendo mais usufrutos pessoais, de família e de grupo. Todos juntos têm mantido os ânimos dos timorenses em lume brando mas sem rebuço podem a qualquer momento levar os ânimos à efervescência, à violência, à destruição e assassinatos, ao caos. Assim aconteceu sempre e as perspetivas é de que a paz podre que tem vigorado no país se perca novamente pelos caminhos que convier às potências externas e às elites político-económicas, se deixarem e fizerem o jogo deles ao responderem a provocações.

A técnica é sobejamente conhecida mas tem resultado sempre: semear ódios partidários, divisões convenientes, que permitam a uns suplantar os outros – eliminando-os se possível – para que dessa forma seja atingido o estádio que permita espoliar o que é de todos os timorenses somente em proveito de alguns, sobrando só migalhas para a maioria. É aquilo que temos visto na vigência de cinco anos deste governo Xanana Gusmão-AMP.

Sobre a graduação crescente da violência, vêm acusando a Fretilin, militantes e simpatizantes, dessa mesma violência. Acontece que as alegadas vítimas têm estado em plena manobra de provocação e exaltação de ânimos. Daí à violência vai um passo curto. Num apelo de memória todos devem lembrar quem é realmente perito nessas técnicas de provocar e fazer alastrar a violência. Basta recordarmos 2005, 2006, e 2007, para sabermos que os especialistas na agitação e instabilidade, na destruição, vêm das bandas de Xanana Gusmão, agora também com o CNRT, de uma parte substancial da igreja católica e com aqueles que externamente muito têm feito para se chegarem ao pote de ouro e mel que cobiçam e roubam em conluio com timorenses desgarrados que se vendem por alguns benefícios e deixam esses seus “amigos” levarem a parte de leão roubada ao país e ao seu povo, condenando-o à subserviência e à miséria.

Os timorenses querem paz, nada mais nem menos que isso. Compete à Fretilin, neste caso, alertar os seus militantes e simpatizantes para que não dêem resposta a provocações, venham elas de onde vierem. Não subestimem a sabedoria de Xanana Gusmão e as suas técnicas de fazer dos culpados inocentes e vítimas para se manter no poder. Que prevaleça a paz e que a sabedoria permita cumprir a vontade dos eleitores livremente e em democracia.

Também nas leis o país caminha em lume brando, a passo de caracol e conforme as conveniências partidárias. Agora, em pleno período eleitoral para as presidenciais e legislativas – as legislativas são em Junho – partidos da AMP querem propor alterações legislativas à lei eleitoral porque existem timorenses que não conseguem votar por falta de condições nas deslocações… Só agora se aperceberam disso? O que têm andado a fazer ao longo destes últimos cinco anos? Já nas eleições anteriores foi notado e referido por quase todos que as localizações das assembleias de voto deviam ser repensadas de modo a facilitar as deslocações dos eleitores. Em quase cinco anos nada se fez nesse aspeto e agora é que se lembraram?

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