sexta-feira, 18 de maio de 2012

Portugal: CONSELHO DE REDAÇÃO DO “PÚBLICO” ACUSA RELVAS DE PRESSÕES




António Louçã, RTP - Tiago Petinga, Lusa

O ministro adjunto dos Assuntos Parlamentares terá ameaçado promover um boicote de todos os ministros ao jornal Público e divulgar na internet detalhes da vida privada da jornalista Maria José Oliveira, revela um comunicado assinado hoje pelos membros eleitos do Conselho de Redacção do jornal. As ameaças terão sido feitas para o caso de ser publicada uma notícia que desenvolvia o tema das contradições no testemunho do ministro na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, na passada terça-feira.

Segundo o mesmo comunicado, o ministro proferiu as ameaças num telefonema à editora de Política do jornal. Nesse telefonema, Miguel Relvas terá igualmente ameaçado apresentar uma queixa à Entidade Reguladora da Comunicação (ERC). Mas Relvas terá ido muito além desse recurso, e terá afirmado que, em caso de publicação da notícia, "promoveria um 'black out' de todos os ministros em relação ao Público e divulgaria, na Internet, dados da vida privada da jornalista". O comunicado sustenta que "estas ameaças foram reiteradas num segundo contacto telefónico".

Os membros eleitos do Conselho de Redacção comentam, seguidamente, que "as ameaças, cujo único fim era condicionar a publicação de trabalhos incómodos para o ministro, são intoleráveis e revelam um desrespeito inadmissível do governante em relação à actividade jornalística, ao jornal Público e à jornalista Maria José Oliveira". E acrescenta: "Mostram, ainda, uma grosseira distorção do comportamento de um governante que, ao invés de zelar pela liberdade de imprensa, vale-se de ameaças - um acto essencialmente cobarde - para tentar travar um órgão de comunicação social que cumpre o seu inalienável papel de contra-poder."

O comunicado relata depois detalhadamente as peripécias que atravessou o processo decisório no jornal, até se ter optado pela não publicação da notícia em causa. E conclui num tom crítico a que não escapa a direcção do jornal: "O CR é de opinião que, mesmo que os telefonemas do ministro não tenham tido aqui qualquer influência, a não publicação da notícia passará a imagem para fora, quando o assunto vier a tornar-se público, como é expectável, de que foi justamente isto o que aconteceu: que o Público vergou-se perante ameaças do 'número 2' do Governo".

A RTP tentou contactar o ministro Miguel Relvas e o assessor António Vale, mas nenhum dos dois atendeu o telemóvel.

Opinião Página Global

Relvas mostra a sua “raça”. Daquela nódoa humana o que se pode esperar? E isto é o que se sabe de tal nódoa, falta o que está por revelar. Desgraças e bandidos nunca vêm sós. A prova está num Cavaco, depois num Passos e… num Relvas. Que mais irá acontecer a Portugal?

Votos de discernimento e de reação adequada por parte dos jornalistas do Público é o mínimo que podemos formular. Contamos abordar o assunto em melhor oportunidade. (Redação PG)

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