quarta-feira, 12 de setembro de 2012

OCDE diz que licenciados em Portugal ganham mais 69% do que os outros

 

Kátia Catulo – i online
 
Entre 30 países, Portugal é o que melhor compensa um trabalhador licenciado
 
Portugal é, entre os 30 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o que mais compensa um trabalhador licenciado. O estudo “Education at a Glance 2012”, apresentado ontem em Bruxelas, mostra que os salários dos portugueses com ensino superior são, em média, 69% mais altos do que os rendimentos de quem ficou pelo ensino secundário.
 
Mais 300 mil euros é quanto um homem licenciado em Portugal pode esperar ganhar ao longo da vida activa. Essa superioridade diminui no caso das mulheres para 165 mil euros. Apesar da distância entre sexos, o relatório que traça o panorama da educação nos países da OCDE conclui que “o ensino superior traz benefícios económicos consideráveis, especialmente em Portugal”.
 
A conclusão é justificada com a média da OCDE, em que um homem licenciado ganha mais 125 mil euros e uma mulher mais 86 mil euros. No conjunto dos 30 países, a diferença salarial entre quem tem uma licenciatura e quem tem o 12.º ano é de 55% (menos 14 pontos percentuais do que em Portugal). Essa vantagem entre os licenciados portugueses já foi no entanto muito maior há uma década, uma vez que em 1999 o acréscimo salário esperado era de 78%.
 
DESEMPREGO
 
O obstáculo, porém, é encontrar um emprego, mesmo para quem tem um canudo. A taxa de desemprego entre os licenciados subiu de 2,7%, em 2000, para 6,3%, em 2010, colocando o nosso país com o sexto maior índice de desemprego entre licenciados dos 34 países. A percentagem portuguesa está acima da média da OCDE que, de 3,5% subiu para 4,7% no mesmo intervalo de tempo.
 
No ensino secundário, Portugal é o oitavo país com a taxa mais elevada de desemprego – 10% dos portugueses com o 12.º ano está sem trabalho. São números que atiram o nosso país para o fundo da tabela, acima da média da OCDE (6,5%) e da média de 21 países da União Europeia (7,4%). O estudo “Education at a Glance” mostra ainda que a taxa de desemprego entre a população com o ensino secundário tem vindo a subir, passando dos 3,5% no ano 2000 para os 9,7% em 2010.
 
Há dez anos, segundo a organização, Portugal estava em 23.º lugar, entre 28 países. Por outro lado, também em 2010, apenas 4,7 % dos licenciados estavam desempregados, enquanto a média dos que tinham habilitações abaixo do secundário era de 12,5 %.
 
Investir na qualificação é o caminho que o relatório aponta para sair da crise. “Os benefícios públicos do investimento na educação são, a longo prazo, muito grandes”, alertou ontem o director adjunto para a Educação da OCDE, Andreas Schleicher, defendendo que “maior qualificação significa mais emprego” e consequentemente mais “impostos pagos pelos trabalhadores”.
 
O estudo da organização revela que “na última década, mais de dois terços do crescimento do produto interno bruto nos 21 estados-membros europeus deveu-se ao aumento das receitas de trabalho entre os que têm educação superior, comparado com apenas 51% nos Estados Unidos”. Quanto mais elevada a for a formação, defende a OCDE – maiores são as hipóteses de conquistar um melhor salário.
 

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