Adriano Nobre e Anabela Natário - Expresso - ontem
O diretor de
informação da RTP diz que sai "de consciência tranquila", mas a
administração diz que não gostou da atitude de deixar que a PSP visualizasse
imagens da manifestação de 14 deste mês.
O director de
informação da RTP, Nuno Santos, apresentou hoje a demissão do cargo à
administração da empresa por motivos que se prendem com a disponibilização à
PSP de imagens não editadas, captadas pela estação durante a manifestação do
dia 14, em frente à Assembleia da República.
A demissão de Nuno
Santos foi já confirmada à redação, através de comunicados internos enviados
pelo até agora director de informação da estação e pela administração da RTP.
Segundo a carta da
administração, a que o Expresso teve acesso, o caso tem que ver com o facto de
"responsáveis da Direção de Informação" terem facultado "a
elementos estranhos à empresa, nas instalações da RTP, a visualização de
imagens dos incidentes verificados após a manifestação em frente à Assembleia
da República".
O Conselho de
Administração explica ainda que "não foi consultado ou sequer informado,
nem sobre qualquer pedido nem sobre a presença de elementos estranhos à
empresa, dentro das suas instalações", e explica que irá instaurar um
inquérito ao ocorrido.
A eventual
confirmação destes factos durante o inquérito leva a administração a antecipar
poder estar perante "uma ação abusiva" e "uma quebra grave das
responsabilidades inerentes à cadeia hierárquica interna da empresa".
Cedendência
"abusiva" de imagens discutidas hoje
O assunto foi hoje
discutido numa reunião entre a administração e Nuno santos e teve como
consequência uma demissão que Nuno Santos rotula de "irreversível".
"Este processo
abalou a relação de confiança com o Conselho de Administração a quem expressei
a minha profunda discordância com o clima de suspeição instalado antes mesmo da
abertura de qualquer processo de inquérito", explica Nuno Santos na nota
que enviou aos trabalhadores.
"Na minha
condição de Diretor de Informação não tive qualquer intervenção direta nem
autorizei de forma expressa ou velada a cópia de quaisquer imagens. No entanto
e como líder da equipa entendo que, se não existe confiança na Direção de
Informação, devo assumir por inteiro as minhas responsabilidades. Não há,
nestas alturas, dois caminhos e nesse sentido renunciei ao meu cargo",
refere.
"Nos últimos
dias efetuei um conjunto contactos informais e uma reunião com o Conselho de
Redação enquanto órgão representativo dos jornalistas. Reuni também com a
Comissão de Trabalhadores. Aos dois órgãos, e no plano da competência de cada
um deles, prestei todos os esclarecimentos que me foram pedidos sobre uma
hipotética entrega a entidades externas à RTP de imagens não exibidas
(vulgarmente denominadas como "brutos") dos incidentes do passado dia
14 de Novembro em frente ao Parlamento", diz Nuno Santos na carta.
Nessas reuniões o
jornalista garantiu que "nenhuma imagem saiu das instalações da RTP".
"Respondi de forma clara a todas as questões e apresentei um conjunto de
factos complementares entendidos e aceites pelas partes que deram o assunto como
encerrado", explica Nuno Santos, revelando ainda que durante todo esse
processo manteve "informado e com detalhe" o director-geral de
conteúdos da RTP, Luís Marinho e que sai "de consciência tranquila".
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