terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Geórgia quer abrir centro cultural português em Tblisi até ao final do ano



CFF - Lusa

Lisboa, 17 jan (Lusa) - A Geórgia prevê abrir até ao final do ano um centro cultural português em Tblisi como parte do processo de aproximação à comunidade lusófona, à qual o país quer aderir como observador associado.

"Estamos interessados em Portugal, na cultura e na língua portuguesa. Por isso, em colaboração com Portugal, queremos instalar um centro de língua e cultura portuguesa. As negociações estão a decorrer e estou convencido de que em breve serão bem sucedidas", disse à agência Lusa o embaixador da Geórgia em Portugal, Giorgi Gorgiladze.

A Geórgia pediu formalmente o estatuto de país observador associado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O pedido será apreciado pelos chefes de estado e de governo dos oito países lusófonos na próxima cimeira, agendada para o verão em Maputo, Moçambique.

Giorgi Gorgiladze explicou em entrevista à agência Lusa o interesse da Geórgia no bloco lusófono, sublinhando o valor da língua e o potencial económico dos oito países da CPLP.

"Os países lusófonos estão distribuídos pelos cinco continentes e é importante relacionarmo-nos com estes países. Queremos desenvolver relações económicas, políticas e culturais com estes países, em particular com Portugal", disse.

O diplomata lembrou que as ligações entre Portugal e a Geórgia têm séculos, apontando como provas desse relacionamento a referência ao povo da Geórgia nos "Lusíadas", de Luís de Camões, ou um painel de azulejos alusivo ao martírio de uma das santas mais veneradas na Geórgia existente no Convento da Graça, em Lisboa.

"Temos que nos redescobrir. Estamos prontos a descobrir Portugal e a convidar os portugueses a descobrirem a Geórgia", afirmou.

Giorgi Gorgiladze destacou o apoio georgiano à candidatura do fado na UNESCO e a divulgação que está a ser feita desta música no seu país.

"Mas ao mesmo tempo queremos estreitar as ligações económicas", disse.

Adiantou que, para já, a relação com a CPLP se fará sobretudo através de Portugal, uma vez que o país apenas tem representações diplomáticas em Lisboa e Brasília.

Giorgi Gorgiladze lembrou que houve tempos em que o intercâmbio de estudantes e quadros foi um dos pilares das relações com os países lusófonos, adiantando que as autoridades georgianas querem "reavivar" esse relacionamento.

"São laços que se perderam. Queremos reavivá-los numa nova abordagem. Os membros da CPLP estão a tornar-se fortes, têm uma palavra a dizer na economia mundial e queremos estar perto deles", disse.

"Estamos interessados nas oportunidades [existente nos países lusófonos] e queremos interessá-los nas nossas oportunidades. Apelamos a todos os membros da CPLP para terem a Geórgia em mente", disse.

Giorgi Gorgiladze adiantou que a economia da Geórgia está a registar "rápido" crescimento, com apostas no desenvolvimento da agricultura, nomeadamente com a produção de vinho, e do turismo.

Sobre as relações económicas entre Portugal e a Geórgia, o diplomata diz que já há empresários portugueses a operar no país, em setores como a agricultura ou a construção civil, e que tem recebido várias manifestações de interesse para investimentos futuros no país.

Questionado sobre se a aproximação ao bloco lusófono pode ir até à adesão como membro efetivo, Giorgi Gorgiladze diz que cada coisa deve ser analisada a seu tempo.

"Vamos primeiro ser aceites como observadores e depois discutiremos", disse.

A Geórgia, antiga república soviética independente desde 1991, tem uma área de 69,7 quilómetros quadrados, e uma população de 4,3 milhões de habitantes.

TV chinesa tenciona abrir delegações em Angola e mais 13 países africanos em 2012



AC - Lusa

Pequim, 17 jan (Lusa) - Angola é um dos países africanos onde a Televisão Central da China (CCTV) tenciona abrir este ano delegações, disse hoje à agência Lusa fonte da estação estatal chinesa.

A CCTV inaugurou a semana passada um centro de produção em Nairobi, Quénia, e até ao final de 2012 quer estabelecer mais 14 delegações no continente africano, anunciou hoje um jornal oficial, sem identificar os referidos países.

O novo CCTV África News Production Center, instalado na capital queniana, "é apenas o início de uma grande expansão da estação fora da China" e no dia 01 de fevereiro vai ser inaugurado em Washington um centro idêntico, indicou o diário Global Times.

Em ambos os casos, a direção é assegurada por um quadro chinês, mas a maioria do pessoal, incluindo produtores e repórteres, foi contratada localmente.

A expansão da CCTV visa aumentar a influência internacional da China, tentando elevar o desenvolvimento da cultural do país ao nível já alcançado pela economia.

"Claro que as notícias terão de ser aprovadas pelos editores em Pequim, mas estamos a fazer o nosso melhor para apresentar os factos", disse o Global Times citando "um produtor da estação que recusou identificar-se".

A CCTV lançou em 2009 um canal internacional de notícias em inglês, chamado "CCTV News".

Desde então, a CCTV News contratou 45 correspondentes estrangeiros em mais de 30 países, além de 15 jornalistas de língua materna inglesa que, de hora a hora, apresentam os noticiários.

Ministra da Justiça de Angola visitará Portugal para ver experiência portuguesa...




... na modernização administrativa

EL – Lusa, com foto

Luanda, 17 jan (Lusa) - A ministra da Justiça angolana Guilhermina Prata visitará Portugal em breve para ver a experiência portuguesa no setor da modernização administrativa, anunciou hoje em Luanda o ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares português.

Miguel Relvas fez o anúncio no final do encontro com Guilhermina Prata, no âmbito da visita que está a efetuar a Angola.

"Ficou definido que a senhora ministra, no mais curto espaço de tempo, fará uma visita a Portugal para acompanhar todo o esforço de modernização administrativa, que pretende criar condições para que o serviço público seja mais eficiente, mais rápido e custe menos dinheiro ao Estado", disse.

Como exemplo da modernização administrativa em curso em Portugal, Miguel Relvas destacou o conceito Loja do Cidadão.

"Esse foi o grande exemplo que a Loja do Cidadão trouxe: centralizar a gestão para descentralizar a execução. E esta experiência portuguesa é positiva e nós temos condições para, em conjunto e em reciprocidade, podermos trabalhar e penso que vamos fazê-lo com eficiência", acrescentou.

Para Guilhermina Prata a experiência portuguesa é "um sucesso".

"Portugal já tem o 'know-how', uma experiência muito grande. Aliás, tem estado, entre aspas, a exportar o sucesso desta modernização. Consequentemente podemos referir que este encontro foi profícuo e permitirá materializar aquilo que tem sido a nossa preocupação de adoção de mecanismos de simplificação e servir", concluiu.

Relvas: Empresas portuguesas em Angola devem ter projetos de responsabilização social



Dinheiro Vivo

As empresas portuguesas instaladas em Angola deverão envolver-se em projetos de responsabilização social, defendeu hoje em Luanda em declarações à Lusa o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares.

"É muito importante que as empresas portuguesas encontrem projetos que possam ajudar e valorizar os setores mais desfavorecidos, os jovens e as crianças. É um desafio que eu sei que as empresas portuguesas podem fazer melhor do que ninguém", disse Miguel Relvas, que falava no final de uma visita às obras do novo parlamento angolano, a cargo de uma construtora portuguesa.

As empresas portuguesas "têm sensibilidade para isso. Conhecem a realidade. Os empresários portugueses que vieram para Angola não vieram só porque Angola está a crescer 10% ao ano, vieram quando os outros não vinham, quando era difícil", acrescentou.

Relativamente ao novo edifício, que deverá ficar concluído em finais de 2013, Miguel Relvas considerou-o "uma obra notável, imponente, com um traço arquitetónico muito forte".

"Esperemos que inspire bem a democracia angolana. É um orgulho que seja uma empresa portuguesa que tenha ganho o concurso para sua construção", adiantou o ministro, que fez votos para que o novo espaço "simbolize a consolidação e fortalecimento da democracia angolana".

Em seguida, Miguel Relvas foi recebido pelo presidente da Assembleia Nacional, Paulo Kassoma, que lhe pediu para transmitir à presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, uma mensagem de reforço das relações entre os dois parlamentos nacionais.

"É relevante que haja maior proximidade entre os deputados dos dois países", defendeu Miguel Relvas.

"Os parlamentos colaboram, mas os deputados encontram-se pouco, e é muito importante, sendo as assembleias nacionais as casas da diversidade da democracia, em que estão representados poder e oposição. Espero que essa relação se reforce e não se limite ao âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa", vincou.

Miguel Relvas está hoje na segunda etapa da sua visita de três dias a Angola.

Na quarta-feira, véspera do regresso a Portugal, Miguel Relvas viaja para Benguela, acompanhado da sua anfitriã, a ministra da Comunicação Social, Carolina Cerqueira, onde as televisões públicas dos dois países, RTP e TPA, e a Lusa e o maior grupo privado de comunicação social angolano, a Medianova, vão assinar protocolos de cooperação e intercâmbio de conteúdos noticiosos e de formação.

Portugal: Plataforma 15 de outubro pede greve geral à UGT e CGTP



Dinheiro Vivo

Plataforma 15 de outubro teme que os "ataques laborais não fiquem por aqui" e acusa o Governo de querer mandar o país "para o século XIX"

A Plataforma 15 de outubro, que integra o movimento dos indignados e mais 38 outras entidades, apelou à CGTP-In e à UGT para que convoquem uma greve geral nacional, justificando que "a luta não pode parar".

"Pedimos às centrais sindicais que continuem a luta pelos direitos dos trabalhadores, pedimos que haja uma proteção ainda mais aguerrida contra os ataques que o Governo lançou contra os direitos laborais e que este esforço tenha uma dimensão internacional", explicou à Lusa um dos membros desta Plataforma.

De acordo com David Santos, os membros da Plataforma 15 de outubro temem que os "ataques laborais não fiquem por aqui", acusando o Governo de querer mandar o país "para o século XIX" e apontando como consequência o "reflorescimento do trabalho infantil". Entendem, por isso, que a solução passa pela convocação de uma greve geral nacional.

"O patronato e o Governo só perceberão que estão no caminho errado se tiverem a demonstração por parte dos trabalhadores e das centrais sindicais de que os trabalhadores são essenciais para o futuro da economia. Eles são a riqueza do país e não podem ser mal tratados, abusados e explorados da forma que têm sido, estão a ser e vão continuar a ser", justificou David Santos.

O membro da Plataforma adiantou que o apelo às duas centrais sindicais foi feito por carta na semana passada e continha também o pedido para que integrem a manifestação marcada para o próximo sábado, dia 21.

No comunicado enviado às redações, a Plataforma acrescenta que a convocação da greve geral seria uma manifestação também contra o acordo da 'troika', as privatizações, a nova Lei dos Despedimentos, contra a precariedade e contra as medidas de austeridade impostas pelo Governo "a mando" da 'troika'.

Além da greve geral nacional, a Plataforma 15 de outubro entende que é igualmente altura de convocar uma greve geral europeia.

"Esta luta pelos direitos das pessoas ultrapassa fronteiras e é necessário que se internacionalize até porque a origem destes problemas não está em Portugal. Para além de ser uma crise financeira global, as medidas de austeridade são impostas pelo eixo franco-alemão ao primeiro-ministro português e por isso é preciso que a luta chegue lá também", explicou David Santos.

A Plataforma 15 de outubro aguarda agora por uma resposta por parte das duas centrais sindicais, mas espera que tanto a CGTP-In como a UGT deem uma resposta positiva.

Portugal: TRABALHADORES VÃO FINANCIAR A REDUÇÃO DO SEU SALÁRIO




Daniel Oliveira – Expresso, opinião, em Blogues

Os jornais dão conta de mais uma proposta do governo: os desempregados que aceitem um emprego com um salário inferior ao seu subsídio poderão manter até 50% desta prestação social nos primeiros seis meses de trabalho e até 25% durante os seis meses seguintes. À primeira vista a proposta parece boa. O desempregado regressa ao mercado de trabalho sem reduzir os seus rendimentos, o desemprego reduz-se e, no fim, o Estado até é capaz de poupar. Mas não é.

O subsídio de desemprego, que pertence por direito ao trabalhador, já que para o receber descontou enquanto trabalhava, tem duas funções. A primeira é óbvia: socorrer o desempregado num momento de aflição. Deste ponto de vista, sendo a aceitação desta proposta voluntária (isso ainda não é claro nas notícias), estamos perante uma solução aceitável. Mas o subsídio de desemprego tem outro objetivo: impedir que o aumento do desemprego resulte numa redução geral de salários. O Estado, através dos descontos para a segurança social, garante que o trabalhador desempregado não é obrigado a aceitar salários cada vez mais baixos. O trabalhador desconta para, se perde o emprego, não se transformar numa insuportável e imediata pressão para a redução do salário dos que trabalham e dele próprio, no futuro.

Ou seja, impede que o desemprego sirva para uma redistribuição dos rendimentos ainda mais injusta entre o trabalho e o capital. Vai contra a mera lógica do mercado? Claro que vai. Mas é essa é uma das funções das leis laborais ou do Estado Social: contrariar a dinâmica intrinsecamente injusta das regras do mercado para a parte mais fraca.

O que faz esta proposta? Usa o dinheiro da segurança social para financiar a redução dos salários. Não sendo, a curto prazo e para cada um dos desempregados, negativa, ela é péssima para o conjunto dos trabalhadores. Retira ao subsídio de desemprego a sua função reguladora do mercado. Ajuda a uma pressão geral para a redução salarial. E fá-lo usando os descontos dos próprios trabalhadores. Ou seja, põe os trabalhadores a subsidiar a sua própria desgraça. Faz mais do que isso: convida, através deste subsídio à redução do salário, o empregador a baixar a média salarial que pratica.

Quem olhe para o Estado Social como um mero instrumento de caridade e quem acredite que o mercado garante um equilíbrio virtuoso, dificilmente entende este ponto de vista. Quem, pelo contrário, defenda que o Estado Social deve ser um regulador do mercado não pode aceitar esta proposta. É que ela será paga com um empobrecimento geral dos trabalhadores e um aumento da desigualdade na distribuição de rendimentos. Que é, devo recordar, a principal doença deste país.

Portugal: Mário Soares critica corte nos ratings pela S&P: "Lixo são eles"




Antigo Presidente da República diz que "líderes como Merkel ou Sarkozy parecem continuar cegos para compreender as realidades que os cercam"

Mário Soares criticou a falta de medidas tomadas pelos líderes europeus, nomeadamente Angela Merkel e Nicolas Sarkozy. "O tempo está a passar e líderes como a chanceler Merkel ou o Presidente Sarkozy parecem continuar cegos para compreender as realidades que cada vez mais os cercam inexoravelmente", escreveu o antigo Presidente da República num artigo de opinião publicado terça-feira no Diário de Notícias.

Soares foi ainda mais duro com a agência Standard & Poor's, a que chamou "lixo". "Lixo são eles. E do pior! Porque estão ao serviço de sórdidos interesses materiais, até agora irresponsavelmente e com total impunidade", acusou. O antigo governante disse ainda que, "se representasse o Estado português, poria uma ação contra a Standard & Poor's, reclamando uma pesada indemnização".

Soares falou também das medidas de austeridade do Governo, que considera estarem a "estrangular as empresas e os cidadãos, a paralisar o crescimento económico, a fazer crescer o desemprego e as desigualdades sociais".

Segundo Soares, as medidas impostas pela troika vieram piorar uma situação que já era mã, originando uma recessão económica. O histórico socialista avisou ainda que Portugal estará "a caminhar para a destruição".

Para sair da crise em que Portugal e a Europa se encontram, Mário Soares não tem dúvidas: "A União Europeia tem de mudar de paradigma, isto é: de política financeira e fiscal, pôr em ordem os mercados especulativos e acabar com as economias virtuais e as negociatas feitas através dos paraísos fiscais".

SEXTA-FEIRA 13, UM DIA AZIAGO



Mário Soares – Diário de Notícias, opinião

1 Os portugueses têm de compreender que a situação difícil que os aflige depende, fundamentalmente, de como a União Europeia vai evoluir. E aí residem as grandes dificuldades. Porque a União está, paulatinamente, a deixar de o ser; a dupla Merkozy está a distanciar-se - as eleições presidenciais francesas estão à porta - e é difícil fazer previsões consistentes quanto a um futuro tão incerto.

É verdade que tenho vindo sempre a alertar para as debilidades da União, citando autoridades como Helmut Schmidt, Kohl e Delors que, salvo erro, foram quem denunciou primeiro que a União estava à beira do abismo. É exato. Mas nunca acreditei - até hoje e ainda não creio - que os dirigentes europeus sejam tão incapazes que não impeçam que a catástrofe se verifique, com todas as nefastas consequências que daí viriam, como a destruição do euro e a correspondente desintegração da União, pelo menos da Zona Euro.

Na sexta-feira à tarde, 13 de janeiro, deflagrou uma "bomba" antieuropeia de grandes proporções. Foi a agência de rating, Standard & Poor's, de má memória, que a lançou, com as suas ridículas avaliações, retirando um A aos três que a França tanto se orgulhava de ostentar... Isto a cem dias das próximas eleições presidenciais, que tanto preocupam - e com razão - Nicolas Sarkozy.

Mas não foi só a França que perdeu prestígio e sofre com as especulações dos mercados e das agências americanas de avaliação. Foi também a Áustria, que parecia tão certinha, que perdeu um A, a Espanha, que tinha dois A e também perdeu um, a Itália, que passou de A a B, e os sete países da Zona Euro que desceram das suas posições. O que obriga a que os Estados, espero, reflitam e reajam quanto ao caminho que a Europa deve seguir.

No mesmo dia aziago - sexta-feira, 13 - as negociações em curso entre o Governo grego e os bancos foram suspensas, o que criou um problema suplementar e muito sério a todos os Estados da Zona Euro. A Grécia, tenho-o dito e repetido, não é um Estado qualquer. É o berço da nossa civilização. Seria, por isso, um péssimo sinal se a União Europeia, já tão desprestigiada, pelas constantes tergiversações dos seus líderes, viesse a cair, forçando a Grécia a sair da Zona Euro. Uma situação inimaginável para qualquer europeu, com um mínimo de cultura.

A verdade é que o tempo está a passar e líderes como a chanceler Merkel ou o Presidente Sarkozy parecem continuar cegos para compreender as realidades que cada vez mais os cercam inexoravelmente. Quererão ser os coveiros da Europa? Que tremendo disparate, sobretudo para uma alemã, que devia lembrar-se das responsabilidades do nazismo e também do que fez a União Europeia para a libertar do totalitarismo alemão, da Alemanha de Leste...

2 Portugal é lixo? Permitam-me que responda aos anónimos da Standard & Poor's: lixo são eles. E do pior! Porque estão ao serviço de sórdidos interesses materiais, até agora irresponsavelmente e com total impunidade. O Estado português reagiu, por intermédio do ministro das Finanças, mas fê-lo um pouco a medo. Deverá talvez ter ficado engasgado com o desplante dos anónimos de empresas de rating, que aliás partilham da mesma ideologia do ministro, visto que também põem os mercados - e o dinheiro - acima das pessoas, dos Estados e dos valores éticos...

Por mim, se representasse o Estado português, poria uma ação contra a empresa Standard & Poor's, reclamando uma pesada indemnização, a pagar ao Estado português, dados os malefícios que efetivamente lhe causou, com essa simples frase, tão desagradável para Portugal, reproduzida em toda a comunicação social do mundo inteiro.

Lembro que Portugal, como a Grécia, a Itália ou a Espanha, também não são Estados quaisquer, no quadro da União Europeia. A Itália, pelo seu passado histórico, émulo da Grécia. E Portugal e Espanha porque, citando Camões, "deram novos mundos ao mundo". Isto é: levaram a nossa civilização e religião ao mundo inteiro e deram a conhecer à Europa os quatro continentes que desconheciam.

Portugal encontra-se hoje numa situação financeira muito difícil, como tantos dos seus parceiros europeus da Zona Euro. Foi importada dos Estados Unidos e comunicou-se à União Europeia, que a tem deixado agravar e não a soube tratar, como poderia - e deveria ter feito - desde o início.

Obviamente que cada Estado soberano tem as suas próprias responsabilidades, públicas e privadas, um certo despesismo e uma má gestão das suas finanças. Mas, perante isso, as instituições europeias ficaram paralisadas e os Estados mais ricos, como a Alemanha e a França, por egoísmos nacionais e falta de uma visão estratégica de conjunto, foram adiando as soluções possíveis e deixando correr. Hoje, com a Europa à beira do abismo, ou os dirigentes mudam urgentemente os seus comportamentos ou a União entra em irreversível decadência, numa fase do mundo em que todos os continentes deixaram de olhar para a Europa como uma referência e sem o antigo respeito.

3 As medidas de austeridade. Num tal contexto, é legítimo perguntarmo-nos: para que servem as medidas de austeridade, que estão a estrangular as empresas e os cidadãos, a paralisar o crescimento económico, a fazer crescer o desemprego e as desigualdades sociais. Necessariamente põem em causa a coesão nacional, porventura o nosso bem mais precioso.

Num momento de aflição, quando estávamos, em Portugal, à beira da bancarrota, fomos obrigados a pedir emprestado à União Europeia dinheiro, a juros altíssimos. Foi quando veio a troika e nos impôs medidas de austeridade verdadeiramente draconianas. Mas então nasceu outro problema maior talvez que o primeiro: a recessão económica, que paralisa o nosso crescimento, sem remédio, e faz aumentar, desmesuradamente, o desemprego. Quer dizer: o ano em curso - 2012 - vai ser pior que o anterior e as dificuldades impostas pela troika agravarão a situação. A verdade é que em vez de melhorarem e resolverem os problemas, vão piorá-los consideravelmente. Isto é: estaremos a caminhar para a destruição do nosso próprio país. Ora, isso não é aceitável. A própria agência Standard & Poor's, curiosamente, escreveu no seu relatório - vide Le Monde de 16 de janeiro - "cremos que um pacote de reformas que repouse apenas sobre o pilar da austeridade monetária corra o risco de se tornar autodestrutivo". Só os mercados especulativos e sem ética é que ganham com este estranho negócio!

Como sair então deste imbróglio? Note-se que não nos afeta só a nós, mas também a bastantes Estados da Zona Euro - alguns importantes - que estão nas mesmas ou até bem piores circunstâncias. Só há uma resposta: a União Europeia tem de mudar de paradigma, isto é: de política financeira e fiscal, pôr em ordem os mercados especulativos e acabar com as economias virtuais e as negociatas feitas através dos paraísos fiscais.

Não pense a Alemanha que, por ser um país hoje rico, vai escapar às grandes dificuldades que estão a sofrer os outros seus parceiros europeus. Antes pelo contrário: vão-lhe ser imputadas medidas que agravam muitas das dificuldades que, porventura, não lhe pertencem...

Não se julgue que os povos da Europa vão aceitar que se lhes retirem, sem grandes protestos e lutas talvez fratricidas, as conquistas sociais - a educação, os serviços de saúde, as pensões de re- forma, para os idosos ou para os doentes, a concertação social e a dignidade do trabalho - que lhes deram seis décadas de paz, de democracia, de bem-estar e de prosperidade. Para quê? Para engordar os especuladores e os ricos e destruir os Estados sociais? No passado foram situações parecidas que criaram as condições para as duas guerras mundiais que sofremos no último século. A Alemanha sabe-o bem.

Por isso, é preciso que os líderes europeus acordem e tenham consciência do perigo em que estão a incorrer. Enquanto é tempo...

4 Será que voltámos aos boys? A última semana foi difícil, também pelas questões que se levantaram, denunciadas pela comunicação social, de exclusiva raiz nacional. Houve nomeações de altos postos de gestão, com ordenados milionários, em que estiveram envolvidas personalidades dos partidos do Governo. Venderam-se ou concertaram-se vendas, das chamadas "joias da coroa" - que enfraquecem o património nacional -, sem que os portugueses fossem devidamente informados do que se ganhou e onde vai ser gasto esse dinheiro.

Fica a impressão de que não há um plano estratégico de conjunto, explicado aos portugueses, para o que se está a passar com as nomeações de novos gestores e as privatizações vendidas ao estrangeiro e como irá ser gasto o dinheiro recolhido? Entretanto, os portugueses, que não têm nada de parvos, para sobreviverem apostam na economia paralela. Grave situação!

A qualquer observador minimamente atento, o Governo parece não querer explicar, com total transparência, as medidas que estão a ser tomadas e se são verdadeiras reformas ou simples contrarreformas. Há a impressão, que se está a generalizar, da ideia de que o Serviço Nacional de Saúde está a ser paulatinamente destruído, o que é péssimo se assim vier a acontecer. Por outro lado, também se está a formar a convicção de que as medidas de austeridade só se aplicam aos pobres e às classes médias menos abastadas. É que não são feitos esforços, do lado do Governo, para se conseguir chegar a um mínimo de concertação social, como era útil que acontecesse.

São maus prenúncios que podem vir a ter grandes custos para o Governo. Atenção, pois. Numa situação tão difícil como a que atravessamos, é preciso que, aos olhos dos mais carecidos, o poder político seja visto como estando preocupado com as desigualdades sociais, não permitindo que a ostentação da riqueza o possa envolver.

RIO VOLTA A ATACAR CRACOLÂNDIA DO PARQUE UNIÃO




Correio do Brasil, com ARN - do Rio de Janeiro

A Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) do Rio realizou na manhã desta terça-feira, mais uma operação para retirada de população em situação de rua e de combate ao crack na cidade.

Na cracolândia do Parque União, na Zona Norte da cidade, foram acolhidos 19 adultos. Nenhuma criança ou adolescente foi encontrado na localidade.

Desde o início das operações conjuntas com órgãos de segurança, em 31 de março de 2011, foram realizadas 15 ações no Parque União, com o acolhimento de 209 usuários de crack.

A ação desta terça-feira contou com o apoio de 14 policiais do 22º BPM e de agentes da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).

O acolhimento foi realizado por 20 funcionários da SMAS. Durante a operação foram apreendidos cinco tabletes de maconha, facas e material para consumo de crack. Já a Comlurb retirou vinte toneladas de lixo do local.

No dia em que a SMAS inaugura mais dois Conselhos Tutelares na cidade – um em Bonsucesso e um em Coelho Neto, ambons na Zona Norte – o secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, ressaltou o trabalho da Prefeitura do Rio no enfrentamento ao crack.

– A abertura dos Conselhos Tutelares de Bonsucesso e Coelho Neto demonstra que a garantia dos direitos da criança e do adolescente é uma das prioridades da atual gestão da SMAS. O Rio tem dado o exemplo no enfrentamento ao crack. Sempre penso no que faria se fosse um filho meu nessa situação. Eu posso ir até lá e pagar para interná-lo, mas a maioria não tem essa condição. Saímos da inércia com o objetivo de salvar vidas, disse Bethlem.

Com a inauguração dos Conselhos Tutelares de Bonsucesso e Coelho Neto, o Rio de Janeiro passa a contar com um total de 12 unidades em toda a cidade.

Brasil: ESTUPRO NO BBB? É O AMOR, DIZ BIAL




Altamiro Borges - Blog do MiroCorreio do Brasil

Crime? Jogada de marketing? Ou mais uma “pegação”? Para o patético Pedro Bial, âncora do Big Brother Brasil, a cena que rolou na madrugada deste domingo, que muitos fanáticos pelo BBB interpretaram como “estupro”, é mais uma prova de que “o amor é lindo”. O assunto promete render nos próximos dias, gerando mais pontos no Ibope e mais grana nos cofres da famiglia Marinho.

Segundo relato do site da Veja, é forte a suspeita de que o “brother” Daniel estuprou a “sister” Monique, que estaria desacordada quando ambos foram para debaixo do edredom – o utensílio mais importante da “Casa”. A TV Globo evita tratar do assunto, mas mandou retirar do sítio do programa o vídeo de três minutos, assistido pelos assinantes do pay-per-view e que vazou na web.

Indícios de crime na TV Globo

Segundo a repórter Carol Barbosa, da Veja, “os boatos de estupro no BBB12 na madrugada deste domingo, que agitaram as redes sociais durante todo o dia, podem ser indícios de crime por parte do paulista Daniel, caso a estudante de administração gaúcha Monique, 23, não tenha consentido com as ações do modelo debaixo do edredom”. Segundo o advogado Romualdo Calvo Filho, presidente da Academia Paulista de Direito Criminal, até 2010 “a lei fazia distinção entre estupro e abuso. O estupro era quando havia penetração. Afora essa penetração, era atentado violento ao pudor. Com o advento dessa lei, tudo está unificado. Se realmente não houve o consentimento da mulher, houve ali um abuso e um estupro”.

Abertura de inquérito policial

O advogado explicou à revista que as imagens divulgadas no pay-per-view podem servir como objeto de investigação, no caso da abertura de inquérito policial. Mas só Monique pode abrir o processo. “O inquérito policial pode ser aberto como uma ação penal pública condicionada a uma representação, em que só ela pode dar entrada”. A estudante tem ainda seis meses para agir.A modelo gaúcha diz não saber exatamente o que rolou na noite da bebedeira. “Me chamaram no confessionário para perguntar se tínhamos feito alguma coisa. Eu sei que não fiz, mas começo a pirar. Será que eu fiz? Será que não?”. Mas muitos fanáticos que assistiram ao programa ficaram indignados. Até a ex-BBB Ana Angélica Martins, a Morango, protestou em seu blog: Indignação até dos “famosos”

“Ansiei por uma explicação, aguardei que o vídeo fosse revelado à Monique. O mínimo que a moça merecia saber é o que tinha acontecido na noite em que, bêbada e desacordada, ela confiou sua integridade física aos colegas de competição; à produção; à direção e à maior emissora do país, a Globo, que sempre alardeou que preza pelo padrão de qualidade de seus programas”.

A atriz global Fernanda Paes Leme também tuitou a hashstag com o link do vídeo e escreveu: “Abusou da Monique! Olha o vídeo, a menina apagada!”. A cantora Preta Gil acrescentou: “Bolinou a menina dormindo, que feio”. Diante da polêmica na internet, a TV Globo retirou do site oficial o vídeo que constava do link de Fernanda Paes Leme. Horas mais tarde, a atriz apagou o seu tuite.“Império da indigência”A TV Globo fará de tudo para abafar o caso. De qualquer forma, fica patente mais uma vez que o BBB é realmente o “império da indigência”, como bem descreve o jornalista Nirlando Beirão, em artigo na revista Carta Capital desta semana:

“Aquinhoado por verbas publicitárias milionárias e pela ansiedade do espectador em pagar para ter seu fugaz momento de imperador romano, decretando por telefone ou mensagem de texto a morte ou a salvação dos gladiadores, o BBB chega mais uma vez para reiterar seu papel de usina de trapaças, traições e velhacarias a serviço da indigência de um espetáculo solúvel, lixo reciclado e enlatado made by Endemol”.

“Enquanto o carnaval não vem, será aquele desfile cotidiano, 24 horas por dia, de muita prótese de silicone, excesso de tatuagens, exagero de protuberâncias, intenso ensaboar masturbatório sob chuveiros indiscretos – e, se alguém notar, em meio àquela torrente de energia libidinal, que neurônios estão sendo acionados, poucos que sejam, é bom avisar o Boninho, o diretor do programa, porque inteligência e raciocínio não fazem bem ao script”.

Tribunais viraram xerifes da política brasileira: isso é bom?



Antonio Lassance – Carta Maior

O Judiciário não pode ser um bom xerife. Na berlinda, enfraqueceu sua relação de confiança com os cidadãos desde que limitou a atuação do CNJ, o xerife do xerife. Mesmo tendo melhorado sua pontaria, suas armas são de curto alcance. Caça corruptos, mas continua a tratar corruptores como vítimas.

Dada a ausência de uma reforma política mais ampla, o Poder Judiciário tem atuado como uma espécie de xerife da política brasileira. Suas armas são a regulamentação dos pleitos eleitorais e, principalmente, o julgamento de casos concretos, que determinam a inelegibilidade ou impugnação de pré-candidatos ou mesmo a cassação de eleitos.

Em época de eleição, os inúmeros escândalos e o clamor por providências vão parar nos tribunais eleitorais. Neles se deposita a maior dose de cobrança para que os abusos sejam coibidos e quem os pratica seja punido. É uma tarefa inglória, como a de acabar com pernilongos batendo palmas.

Essa condição de xerife será reforçada com a Lei da Ficha Limpa, que ainda aguarda decisão final do Supremo sobre como será sua aplicação às eleições municipais deste ano. Benéfica em vários sentidos, a lei é limitada como remédio. Trata, mas não cura muitos males: o poder de muitos acusados em barrar investigações, a dificuldade na obtenção de provas e de sua aceitação como evidências incontestáveis, a morosidade dos processos até que ocorra a condenação em segunda instância, e o fato de que a corrupção política é capaz de sofrer mutações justamente para sobreviver ao antibiótico.

Além disso, o "controle de qualidade" na condução dos negócios públicos está em mãos de cúmplices de maracutaias escabrosas. Comprovar um crime depende de uma denúncia, o que, por sua vez, depende de um caluniador, ele próprio um malfeitor em quem não se pode confiar. É só quando uma serpente abre a boca que caem as poucas gotas para míseros frascos de soro antiofídico.

Como se isso não bastasse, mais preocupante é o fato de que uma das raízes da corrupção no país não é tratada como crime. Ao contrário, é regra. Trata-se do financiamento privado de campanha. Isso afeta o controle de qualidade da política que, por excelência, numa democracia representativa, deve ser feito pelas eleições.

O sistema eleitoral brasileiro não só permite como premia candidatos que são hábeis em amealhar recursos privados. O financiamento empresarial para candidaturas tem o eufemístico apelido de “doação”. Como se sabe, “não existe almoço grátis”. Salvo raríssimas exceções (se é que há), empresas não doam, emprestam. Não colaboram, investem. Os recursos “investidos" em uma campanha serão posteriormente cobrados com juros e correção monetária.

E quanto aos xerifes? No Velho Oeste, eles eram escolhidos diretamente pelos cidadãos. Em geral, preenchiam três critérios: tinham a confiança da comunidade, eram exímios no uso das armas (atiravam nas pessoas certas) e tinham a coragem de enfrentar tanto capangas quanto mandantes. Os filmes de faroeste mostram que os Jack Palances e Lee Van Cleefs não apareciam do nada. Estavam a serviço de chefões que os contratavam para intimidar pacatos cidadãos.

A Justiça Eleitoral foi fundamental para a moralização dos pleitos no Brasil. Podemos dizer que, hoje em dia, não é mais possível fraudar uma eleição. O voto dado a um candidato será computado para este mesmo candidato. Mas é possível fraudar a vontade do eleitor. É lícito eleger alguém que diga que representará o cidadão, quando na verdade representa um consórcio de empresas. É lícito eleger candidatos com discurso de mudança que farão o governo da mesmice. Parcela relevante da política é feita por jogos ocultos. O voto vendido é proibido. O voto vendado é válido.

Assentada a poeira de alguns tiroteios espetaculares que promoveu e do chumbo grosso que poderá trocar em 2012, julgando os políticos, o xerife tende a levar a culpa de problemas crônicos. Por exemplo, quando cassa Nero e o substitui por Calígula. Quando permite a eleição do Dr. Jekyll, mas se diz de mãos atadas quando este se transforma no Sr. Hyde - respectivamente, o médico e o monstro da ficção de terror.

O Judiciário não pode ser um bom xerife. Na berlinda, enfraqueceu sua relação de confiança com os cidadãos desde que tentou limitar a atuação do Conselho Nacional de Justiça, o xerife do xerife. Mesmo tendo melhorado sua pontaria com o uso de pistolas, elas são de curto alcance, embora mais barulhentas. O xerife caça corruptos, mas continua a tratar corruptores como vítimas.

Finalmente, o xerife não pode e em muitos casos não almeja ser um bom xerife. Já vimos juízes exímios no uso de rifles, que são mais silenciosos e miram os mandantes, sofrerem pressões internas e perderem seu distintivo, como aconteceu com aquele que dizia coisas do tipo:

"Na Idade Média, o foro privilegiado protegia as pessoas mais abastadas". "No Brasil de hoje, ele também virou instrumento de proteção". "Desse modo, para que Justiça?"

*Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política. As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do Instituto.

Centro de Integridade Pública acusa brasileira Vale de violação de direitos humanos



MMT - JYP - Lusa

Maputo, 17 jan (Lusa) - O Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique acusou a mineira brasileira Vale de "violação de direitos humanos" das 750 famílias transferidas para Cateme, no distrito de Moatize, em Tete, para dar lugar ao projeto daquela multinacional.

Na semana passada, as famílias denunciaram publicamente "as precárias condições de vida" a que dizem estar sujeitas desde finais de 2009, altura em que foram realojadas naquela região do centro de Moçambique.

Em comunicado hoje enviado à Lusa, o CIP conta as razões do conflito entre famílias reassentadas em Cateme e a Vale "que foi sendo mal gerido por esta empresa e pelos governos central, provincial e local", de Tete.

Segundo o CIP, a Vale optou por um "reassentamento separatista" da população, que consistiu em "dividir para reinar" entre as famílias.

"A distribuição, considerada 'separatista', foi feita da seguinte maneira: primeiro, 717 famílias, consideradas rurais, foram reassentadas na localidade de Cateme, localizada a 40 quilómetros da Vila de Moatize"; segundo, 288 famílias consideradas semi-urbanas foram para o Bairro 25 de Setembro", refere o CIP.

"No final", acrescenta a nota, "aconteceu que houve um grupo de famílias que não aceitou encaixar-se na categorização feita pelo censo da Vale e, portanto, 308 famílias ficaram registadas como tendo optado por receber uma ´indemnização assistida`, isto é, escolheram não ir para nenhum dos dois locais de reassentamento: nem para Cateme nem para 25 de Setembro".

De acordo com a organização, "tanto os reassentados como fontes do governo de Moatize consideram que a Vale usou a estratégia de dividir para reinar. Referem o facto de Cateme ficar longe da cidade, a cerca de 40 quilómetros; as casas lá são precárias, sem fundações nem vigas - condições que seriam facilmente rejeitadas se as famílias "semi-urbanas" fossem enviadas para lá".

Contudo, "a Vale diz, por sua vez, que a divisão não era para reinar, mas apenas uma questão de justiça: quem sempre viveu como "semi-urbano" merece estar mais próximo da cidade, ao passo que quem ganha a vida cavando a terra sentir-se-á melhor mais longe da cidade", lê-se no comunicado.

O CIP assinala que o processo de reassentamento começou em 2007 e que "durante esse intervalo de tempo, a vida da população de Chipanga e Mithethe parou", pois "ela foi proibida de fazer qualquer tipo de construção ou benfeitoria e os trabalhos das machambas foram suspensos".

Mas, "a meio do processo, surgiram 50 novas famílias, resultante de jovens recém-casados que, aquando do começo do processo de reassentamento, eram parte do agregado familiar dos seus pais", que, entretanto, não são reconhecidas pela Vale, segundo o CIP.

"A Vale nega a responsabilidade dessa situação natural, defendendo que se responsabiliza apenas pelas famílias que existiam em 2007, quando o processo de reassentamento começou", denuncia a instituição de defesa da boa governação, transparência e integridade.

Face à situação, o CIP apela ao Governo para "assegurar o desenvolvimento económico e social das comunidades reassentadas", olhando para o seu bem-estar, que "deve estar acima da maximização dos lucros das multinacionais e de seus aliados nacionais".

Falando aos jornalistas, após um encontro com o governador da província de Tete, Alberto Vaquina, que visitou o distrito de Moatize, na segunda-feira, para se inteirar da situação, o diretor de sustentabilidade da Vale, Adriano Ramos, considerou que as reclamações das comunidades são "legítimas".

Adriano Ramos assegurou que, a partir de hoje, "uma equipa da empreitada contratada pela Vale "estará no terreno, para corrigir as irregularidades dos defeitos das casas".

Relações Angola/Portugal: "Reencontro" em Luanda para simplificar processos




Juntaram-se na noite de segunda-feira, 16, em Luanda, as culturas, as cores, os interesses e também as divergências, num "Reencontro" da RTP entre portugueses e angolanos, com o objectivo de mais uma vez estreitar os laços e simplificar os processos, no qual participaram ilustres convidados como Abraão Gourgel, Miguel Relvas, Albina Assis ou Zeinal Bava.

O programa emitido em directo pela RTP e pela TPA, apresentado por Fátima Campos Ferreira, a partir do hotel Sana em Luanda, trouxe a debate as mais diversas questões, algumas novas outras nem tanto: a atribuição de vistos, o investimento directo, a formação de quadros, a "lei do milhão", a abertura aos mercados da Europa, SADC e Estados Unidos da América, entre outras.

Num formato próximo ao "Prós e Contras", programa daquele canal português em que colocam frente a frente opiniões diferentes e abre espaço à discussão, Campos Ferreira indagou os seus convidados sem reservas.

Se Angola está disponível para as privatizações, o mininstro da Economia Abraão Gourgel afirma que sim. E se Angola vê Portugal como uma porta de acesso à Europa, o mesmo não nega essa possibilidade, mas defende que não faz parte ainda das prioriodades da maior parte das empresas angolanas com negócios em Portugal.

A lei do milhão e a atribuição de vistos, ainda em debate

Apesar dos debates exaustivos sobre a lei do milhão, o tema é sempre colocado em cima da mesa como obstáculo ao investimento estrangeiro e ao português em particular.

Para o ministro da Economia, a lei vem incitar o investimento a longo prazo entre Portugal e Angola: "A legislação não visa desencorajar os investidores mas tornar o investimento mais eficaz". Justificando que "embora tenha havido um boom, a qualidade nem sempre foi a melhor para o país".

Apelando ao investimento directo, defende que a nova lei cria condições para qualificar o mesmo. Abraão Gourgel apontou também algumas vantages que poderão cativar os empresários tanto portugueses quanto angolanos, entre as quais a abertura do mercado livre da SADC ou a possibilidade de empresas portuguesas poderem "pisar" mercados como o dos Estados Unidos da América sem pagamento de taxas, por serem exportadores a partir de Angola.

No que toca à velha questão dos vistos, o ministro é de opinião de que se deve "encontrar um paradigma ao nível estrutural que facilite a deslocalização de empresas entre Portugal e Angola" e promete discutir o tema no próximo encontro que irá ter com o ministro da economia português, Álvaro Santos Pereira.

Sobre o mesmo assunto Miguel Relvas foi assertivo: "Precisamos de simplificar processos dos dois lados".

Como é encarada a presença portuguesa

Chamando a atenção para o facto de que é preciso estar efectivamente em Angola, a engenheira Albina Assis quer mais interesse português em território angolano: "Não basta vir, fazer e ir embora. É importante vir, ficar e transferir know-how, dar formação aos quadros".

Tocando na crise portuguesa, Albina Assis apontou essa nova realidade do povo luso como único factor de incentivo à sua deslocação para Angola: "Os portugueses agora vêm para cá porque Portugal está em crise".

Esta perspectiva foi no entanto negada por Miguel Relvas, ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares: "Há empresários portugueses a investir em Angola há mais de uma década, sem quaisquer reservas".

Angola, que já é considerada a segunda pátria por muitos portugueses que cá vivem, "pode contar com o apoio de Portugal no sector energético" defende o economista José Cerqueira, considerando que o reforço das relações bilaterais passa por essa área onde Portugal tem uma tecnologia "bastante avançada" e cujo desenvolvimento "tem todo o empenho das entidades angolanas". José Cerqueira inclui a gestão das cidades nas possíveis parcerias entre os dois países.

O economista acrescenta ainda no que toca ao investimento de Angola em Portugal, "o país está a tomar posições, principalmente na área da banca".

A "galinha dos ovos de ouro" quer aprender

A adaptar-se a esta nova realidade de destino para os empresários, Angola tem sido encarada como a "galinha dos ovos de ouro", uma solução para países em crise ou que simplesmente pretendem expandir o seu negócio. Mas pede-se não só dinheiro como também formação. Garantia de que a sabedoria também cá fica.

Empresários angolanos e Executivo pedem que a partilha de know how seja efectiva. Na sala lotada do Sana, muitos foram os exemplos de empresas que já o fazem, na área das telecomunicações, saúde e construção.

Para Zeinal Bava, CEO da PT, convidado a participar no programa, é bastante satisfatório ver que a Multitel, empresa de telecomunicações cuja PT é sócia, tem trabalhado nesse sentido e com sucesso: "O que vi na Multitel foi uma empresa de tecnologias em que a maioria dos engenheiros é de nacionalidade angolana. Significa que temos conseguido passar esse know how".

Angola está não está fechada à sociedade civil

No debate em que a atleta Rosa Mota e os presidentes da Federação Angolana de Futebol, general Pedro Neto e da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, também participaram Fátima Campos Ferreira questionou Abraão Gourgel sobre corrupção, pouca abertura das entidades angolanas aos media adesão ao acordo ortográfico.

O economista José Cerqueira garantiu que o acordo ortográfico é "uma questão de tempo", acrescentando que "Angola não vai ficar de fora, aderir é inevitável".

Quanto à questão da corrupção, Abraão Gourgel lembrou à apresentadora portuguesa que essa situação não é exclusiva ao país e há cada vez mais maior disponibilidade do Executivo para a sociedade civil: "Discordo da posição de que não somos abertos. A tarefa de desburocratizacao é doméstica, embora Portugal possa ajudar. Estamos a criar condições para desbloquear essa burocratização".

A conversa acesa que contou com políticos e empresários, juntou figuras das artes como os comediantes Tuneza, os músicos Paulo Flores, Simons Massini, Rui Veloso e Yuri da Cunha e os artistas plásticos Miguel Barros e Guilherme Mampuia.

Grande destaque para Mama Kuiba, figura emblemática da sociedade angolana, distinguida Diva do Povo em 2011. Amarrou o pano a Fátima Campos Ferreira, como gesto de agradecimento e entre kitutes e piadas deixou aos presentes a mensagem clara de que a relação entre os dois países devem ser bem gerida.

Fotos e texto@ Mayra Prata Fernandes

Angola: Endiama quer expandir negócios para além dos diamantes



NV – Lusa, com foto

Luanda, 16 jan (Lusa) -- A Endiama (Empresa Nacional de Diamantes angolana) pretende expandir os negócios para fora da sua atividade principal, para aumentar os índices de rentabilidade e utilizar trabalhadores excedentários, noticiou a agência noticiosa oficial ANGOP.

O anúncio foi feito hoje pelo presidente do conselho de administração, Carlos Sumbula, no decorrer das jornadas comemorativas do 31.º aniversário da empresa, sem avançar pormenores.

Em vez disso, Sumbula deteve-se sobre outros planos para a empresa este ano, nomeadamente o relançamento da produção própria, com uma subsidiária na área da prospeção e produção, o reenquadramento do pessoal, incluindo a passagem à reforma de trabalhadores, além de uma especial atenção para a função social.

Nas perspetivas para 2012, a Endiama procurará atrair investidores e soluções concertadas para o passivo resultante da crise financeira mundial, que afetou a venda de diamantes.

No domínio da exploração, Sumbula apontou para a primeira metade de 2012 a retomada das operações em Luarica, Calonda e da antiga SML, agora denominada Úari, encontrando-se em fase de elaboração de projetos para o arranque da exploração de Tchiuzo.

De janeiro a dezembro de 2011, a produção vendida de diamantes foi de aproximadamente 8,32 milhões de quilates, o que gerou uma receita de 1,16 mil milhões de dólares (916 milhões de euros).

Moçambique: Mais de metade dos reclusos da cadeia de Angónia evadiu-se



LAS - Lusa

Maputo, 17 jan (AIM) - Um grupo de 83 reclusos, mais de metade dos presos da cadeia distrital de Angónia, na província de Tete, centro de Moçambique, evadiu-se no domingo, tendo sido recapturados apenas quatro dos fugitivos.

Segundo refere a edição de hoje do jornal Notícias, de Maputo, a fuga deu-se na madrugada de domingo quando os reclusos se aperceberam da ausência do guarda, que vigiava os 163 presos daquele estabelecimento.

A fuga destes reclusos está a causar um clima de tensão na vila de Ulónguè, onde os residentes temem o recrudescimento da criminalidade.

"Alguns destes reclusos fugitivos são muito perigosos e dedicam-se a assaltos a residências, pessoas e viaturas com recurso a armas de fogo. Matam pessoas com armas de fogo e é por isso que desde a noite de domingo ninguém circula à vontade aqui na vila. Fechamos os portões das casas o mais cedo possível, receando visitas estranhas", disse um dos residentes de Ulónguè, citado pelo jornal.

A Polícia da República de Moçambique (PRM) já recapturou quatro fugitivos, durante uma operação lançada na manhã de segunda-feira na região.

As autoridades do distrito de Angónia contactaram o Governo do Malauí solicitando a sua colaboração para a recaptura dos foragidos, na eventualidade de tentarem refugiar-se naquele país vizinho.

MOÇAMBICANOS ALVEJADOS MORTALMENTE NO KRUGER PARK



A Verdade (mz)

As autoridades sul-africanas alvejaram, mortalmente, dois cidadãos moçambicanos, na noite da Quarta-feira, no interior do Kruger National Park, por suspeita de caça furtiva de rinocerontes.

Os dois indivíduos, cujos nomes não foram revelados, foram alvejados durante uma troca de tiros com os guardas florestais, explicou o directorgeral do Kruger Park, Reynold Thakhuli, citado pela imprensa sul-africana.

Os indivíduos em causa são apontados como sendo os principais suspeitos pelo abate de oito rinocerontes registado naquele local no início da semana corrente, escreve o jornal sul-africano “Business Day”, na sua edição da Quinta-feira.

Terça-feira, as autoridades do parque encontraram oito carcaças de rinocerontes sem os respectivos chifres. Segundo Thakhuli, na ocasião também foram recuperados vários equipamentos de caça, incluindo uma arma de fogo. Contudo, não foram encontrados cornos de rinocerontes.

Actualmente, decorre uma operação para apurar se, eventualmente, os caçadores furtivos teriam abatido mais rinocerontes.

“Os SANParks (parques nacionais da África do Sul) lamentam a morte dos suspeitos caçadores furtivos, mas gostariam de solicitar ao público para ajudar a Polícia e os SANParks com qualquer informação que possa conduzir a detenção de mais caçadores furtivos”, disse Thakhuli.

A África do Sul detém cerca de 90 por cento da população global de rinocerontes, actualmente calculada em 22.800.

De acordo com as autoridades sulafricanas, nos últimos tempos os rinocerontes são alvo de uma caça sem precedentes devido a grande demanda de cornos de rinoceronte nos países asiáticos, particularmente na Tailândia, Laos e Vietname.

Aliás, o último relatório Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES) indica que pelo menos 470 rinocerontes foram batidos em sete países africanos no período compreendido entre Janeiro de 2006 a Setembro de 2009.

Enquanto isso, as autoridades sul africanas afirmam que foram abatidos no interior do seu território pelo menos 448 rinocerontes no ano passado, vítimas de caçadores furtivos.

Moçambique: Região de Maputo e zona sul fustigadas por tempestade tropical "Dando"



RTP – Lusa, com foto

A capital de Moçambique, Maputo, e o sul do país estão hoje a ser afetados pela tempestade tropical moderada "Dando", com chuvas contínuas e ventos, o que levou à emissão de alerta vermelho pelas autoridades meteorológicas.

Em Maputo, as chuvadas provocaram as habituais inundações em muitas artérias da capital, causando grandes dificuldades de movimento, sobretudo nas deslocações entre os bairros mais desfavorecidos e a chamada "cidade de cimento".

As previsões meteorológicas apontam para uma precipitação superior a 20 milímetros e ventos com velocidades entre 50 e 85 quilómetros por hora, podendo as rajadas atingir os 120 km/h.

A tempestade provocou ondas com cinco e seis metros de altura, impedindo os pescadores de Maputo e de outras zonas costeiras de se fazerem ao mar.

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