segunda-feira, 19 de março de 2012

AUMENTA O COMÉRCIO DE ARMAS NO MUNDO



Deutsche Welle

As exportações de armas cresceram muito em todo o mundo, inclusive nos países árabes, onde estão sendo usados também tanques alemães, alerta organização sueca.

A Síria é um exemplo de como as armas podem acabar sendo usadas com fins diferentes daqueles para os quais foram fabricadas: o governo Assad usa mísseis, tanques e aviões de guerra para combater os oposicionistas.

"Muitos sistemas de armas são usados para oprimir movimentos de oposição. Até mesmo um radar pode ser utilizado para vigiar movimentos de manifestantes", observa Pieter Wezeman, especialista em Oriente Médio do Instituto de Pesquisa sobre a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla original).

O Instituto divulgou nesta segunda-feira (19/03) seu novo relatório sobre o comércio de armas no mundo, que aponta para um aumento de 24% no volume de exportações bélicas entre 2007 e 2011, comparando-se com o quinquênio anterior. A maior parte das armas exportadas – 44 % – foi para a Ásia e para a região do Pacífico. A Europa mantém-se em segundo lugar, com 19%. Pouco abaixo fica o Oriente Médio, que recebeu 17% das armas comercializadas no mundo.

"Uma ideia não muito boa"

Segundo dados fornecidos pelas Nações Unidas, grande parte das 8 mil pessoas que morreram desde o início dos protestos, há um ano, na Síria, foram assassinadas com armas russas, pois o regime de Assad comprou da Rússia 78% de seu arsenal de armas nos últimos cinco anos. O restante é proveniente de Belarus (17%) e do Irã (5%). A Síria registrou um aumento em torno de 580% na importação de armamentos.

Moscou, por sua vez, resiste ao embargo de armas contra a Síria, tendo supostamente até aumentado as exportações para Damasco. "A Rússia justifica isso dizendo que a Síria precisa das armas para se defender de ameaças externas", diz Wezeman. "Isso parece o mesmo que: 'Não queremos uma intervenção como na Líbia'".

Ali, há um ano, foi determinada uma zona de bloqueio aéreo, com o aval russo. A Otan interpretou a resolução da ONU, que visava proteger a população, de maneira tão generosa, a ponto de apoiar os rebeldes com ataques aéreos, contribuindo, assim, para a queda do governo. As armas que o regime de Kadafi usou naquele momento eram provenientes, segundo o relatório do Sipri, do Reino Unido e da França, entre outros.

"Quando começaram as revoltas na Líbia, muitos países descobriram que a venda de armas para o país não era exatamente uma boa ideia", diz Wezeman. Além disso, a Primavera Árabe não resultou em nenhum efeito sobre o fornecimento de armas para a região – sem mencionar ainda que o Barein, a Tunísia e o Egito usaram armas importadas para combater os oposicionistas.

O Egito, de acordo com o relatório do Sipri, continuou recebendo armas do Reino Unido sem problemas, como 45 tanques norte-americanos M-1A1. Destes, Cairo encomendou a seguir 125 unidades. No último ano, segundo o Sipri, o governo egípcio usou também tanques de fabricação alemã para reprimir manifestantes.

Regras mais brandas da UE

De acordo com Wezeman, outros países, nos quais a chamada Primavera Árabe ainda não aconteceu, mas onde é possível cogitar a existência de conflitos semelhantes, como a Argélia e a Arábia Saudita, continuam recebendo armas do exterior. A Argélia está entre os compradores de armas da Alemanha: de acordo com o Sipri, o governo em Berlim já deu sinal verde para a transferência de tanques blindados e de outras armas para o país.

A Arábia Saudita, por sua vez, fechou o maior negócio no comércio armamentista das duas últimas décadas, ao comprar dos EUA, por 29 bilhões de dólares, 84 aviões de combate novos e 70 modernizados. Do relatório do Sipri não consta ainda a possível venda de mais de 200 tanques alemães Leopardo 2 para a Arábia Saudita. A transação, supostamente confirmada em meados do ano passado pelo Conselho Federal de Segurança alemão, desencadeou um acirrado debate entre a opinião pública na Alemanha.

"Com relação aos riscos das exportações de armas, os limites na Europa podem ser bem altos", diz Mark Bromley, do departamento de exportação de armas do Sipri. "Na UE, só é questionada a meta do uso das armas – e não de que forma elas podem acabar sendo usadas", completa.

A Alemanha, terceiro maior exportador de armas do mundo, com uma fatia de mercado de 9%, costuma fazer tradicionalmente um controle maior que outros países europeus. Isso se aplica especialmente ao Oriente Médio: "Pensar se as armas em questão poderão ser usadas para ameaçar Israel faz sempre parte do pensamento alemão", completa Bromley. Observadores veem aí um motivo para a possível venda de tanques à Arábia Saudita: eles serviriam para acuar o Irã, arqui-inimigo de Israel.

Pieter Wezeman salienta que, independentemente do uso das armas, seu fornecimento a governos não democráticos é, em si, problemático, "podendo ser compreendido como apoio a esses governos", diz o especialista. "Quando você fornece armas a um ditador, ele irá naturalmente acreditar que você está, em princípio, dando boas-vindas a ele", resume Wezeman.

Autor: Dennis Stute (sv) - Revisão: Roselaine Wandscheer

NOS EUA, EX-GOVERNADOR VAI PARAR À PRISÃO...




… EM CV, BANDIDOS ESCONDEM-SE ATRÁS DA IMUNIDADE


Dois mundos diferentes

Enquanto nos Estados Unidos da América Rod Blagojevich cumpre uma pena de 14 anos de prisão; em Cabo Verde os criminosos passeiam-se publicamente refugiados no aconchego de cargos públicos…

Praia, 19 de Março 2012 – O caso de Rod Blagojevich, o ex-governador do Estado norte-americano de Illinois, dificilmente aconteceria em Cabo Verde nos tempos mais próximos. Acusado e condenado por corrupção, Blagojevich teve de se apresentar na última quinta-feira, 15, na prisão do Estado para cumprir uma condenação de 14 anos.

O escândalo ocorreu em 2008, quando se adensaram as suspeitas de que o então governador do Illinois pretenderia ganhar dinheiro à conta da eleição presidencial de Barack Obama, vendendo o seu lugar no Senado. E, em 9 de Dezembro desse ano, é preso sob a acusação de “corrupção” e “conspiração para cometer fraude”.

Eleito em 2003 como 40º governador do Estado de Illinois, Rod Blagojevich esteve no cargo até 2009. E, agora, à pena de prisão, junta-se o impedimento definitivo de se candidatar a qualquer cargo público.

Por cá, vigaristas que passam atestados médicos falsos, ladrões que saqueiam terrenos e recursos do Estado, criminosos que promovem a fraude eleitoral, andam em liberdade, gozando com os cabo-verdianos sérios, refugiando-se por detrás da imunidade. São dois mundos diferentes!

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Cabo Verde: PR defende criação de polícias municipais para travar insegurança



JSD - Lusa

Cidade da Praia, 19 mar (Lusa) - O presidente de Cabo Verde defendeu hoje a criação de polícias municipais para garantir uma maior proximidade entre as forças de segurança e as populações, reduzindo os índices de insegurança no arquipélago.

Jorge Carlos Fonseca falava na abertura do II Fórum Internacional sobre a Segurança Pública, iniciativa da Câmara Municipal da Cidade da Praia e que decorre até terça-feira, com a participação de representantes de Portugal, Brasil, França e Holanda.

"O policiamento comunitário é, na essência, a colaboração entre a comunidade e a polícia, com o objetivo de identificar e resolver os problemas da comunidade, deixando a polícia de ser a única guardiã da lei e da ordem", afirmou, salientando ser "missão soberana do Estado" garantir a segurança dos cidadãos.

O aumento da criminalidade - pequena e grande - tem sido nos últimos anos um dos temas que mais tem preocupado a sociedade cabo-verdiana, tendo o Governo assumido como prioritário o combate à pequena delinquência e também a outras atividades ilícitas, como os diversos tipos de tráfico.

Para Jorge Carlos Fonseca, o envolvimento das comunidades com a polícia propicia uma "visão mais ampla da prevenção e do controlo da criminalidade", "confere maior participação ativa dos cidadãos no processo de resolução de problemas" e "exige profundas alterações na organização" policial.

"Neste quadro, devem ser consensualmente criadas condições para que sejam instituídas as polícias municipais, definindo o seu regime por lei e clarificado o seu papel no estreito âmbito da ordem pública", defendeu.

Numa longa intervenção, Jorge Carlos Fonseca considerou ser necessário a criação de um sistema de segurança pública "bem fundado, forte e livre de corporativismos", defendendo também uma aposta num "sistema de educação/cultura", sublinhando que será "mais fácil, útil e económico prevenir que remediar".

O presidente cabo-verdiano salientou ainda a necessidade de se apostar na qualificação dos meios de investigação criminal e humanos, tendo em conta que, face aos novos desafios, se deverá "reponderar o perfil e os níveis de exigência" das forças de segurança.

Jorge Carlos Fonseca observou que o país tem "boas leis", mas que existe uma "falta de capacidade efetiva ou de paciência construtiva e interpretativa para a aplicar", defendendo também uma "reação penal mais acelerada", pois tem um efeito dissuasor sobre os potenciais infratores.

Guiné-Bissau: SAMBA DJALÓ, O HOMEM QUE SABIA TUDO



Lusa

Bissau, 19 mar (Lusa) - O ex-chefe dos serviços secretos da Guiné-Bissau coronel Samba Djaló, assassinado a tiro domingo em Bissau, era considerado como o homem que sabia "tudo e mais alguma coisa" sobre o país e as suas personalidades.

Entre os elementos dos serviços secretos guineenses, tanto civis como militares, Samba Djaló era aquele de quem se dizia conhecer todos os "dossiers" "bons e maus" de "políticos, empresários ou militares".

Dizia-se que era apenas superado pelo também falecido major Baciro Dabó, de quem foi subordinado durante vários anos e aprendiz, embora os dois se tenham incompatibilizado antes da morte de Dabó em junho de 2009.

Originário da vizinha Guiné-Conacri, Samba Djaló aderiu ao PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo) muito cedo ingressando nas Forças Armadas, tendo-se mais tarde especializado nos serviços secretos, onde sempre trabalhou durante mais de 30 anos.

O próprio afirmou ter tirado curso de pilotagem de aviões de guerra na então Checoslováquia.

Discreto e de olhar furtivo, Samba Djaló era pouco conhecido do grande público guineense fruto da forma de atuação de agente secreto.

Notabilizou-se mais durante o período em que Zamora Induta chefiou o Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses, sendo praticamente seu braço-direito, facto que, conta-se, enervava os militares que não gostavam de ver um 'civil' a controlar os assuntos dos militares.

É que Samba Djaló chegou a ser diretor geral adjunto da 'secreta' civil - devido a ausência no país do diretor geral era de facto quem comandava as operações no Ministério do Interior - e ao mesmo tempo chefe dos serviços da contra inteligência militar.
Especialistas nos serviços secretos guineenses dizem que Djaló tinha "mesmo um poder real" por ser chefe da 'secreta' militar um posto tipo por importante nas estruturas do poder na Guiné-Bissau por ser "o posto de onde se sabe tudo e sobre todos".

O nome de Samba Djaló veio à ribalta quando apareceu a assinar documentos que denunciavam alegadas tentativas de golpes de Estado em 2009 e ainda supostas conjuras políticas no seio do PAIGC contra o Governo do então primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.

Samba Djaló terá elaborado mesmo uma lista com nomes de dirigentes do PAIGC que visavam derrubar o governo de Carlos Gomes Júnior.

Samba Djalo celebrizou-se também por denúncias de alegados negócios de droga que estariam a acontecer no país. A mais noticiada foi a que culminou na detenção de dois jornalistas alemães numa praia no sul do país, que acabariam postos em liberdade por falta de provas.

Amigo e colaborador direto de Zamora Induta, Samba Djaló foi detido no dia 01 de abril de 2010 juntamente com o seu chefe. Ficou cerca de um ano nos calabouços em Mansoa mas ultimamente estava em liberdade e circulava por Bissau.

Foi morto na semana passada e passadas quase 24 horas desconhece-se ainda quem o matou e os motivos do homicídio.

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Candidaturas de Kumba Ialá e Serifo Nhamadjo falam de fraudes e irregularidades



FP - Lusa

Bissau, 19 mar (Lusa) - Responsáveis das candidaturas de Kumba Ialá e Serifo Nhamadjo nas eleições presidenciais de domingo passado denunciaram hoje a ocorrências de várias fraudes e irregularidades no escrutínio, por todo o país.

Um dia após as eleições, o diretor adjunto da candidatura de Kumba Ialá, Artur Sanhá, referiu duplicações de números de eleitores e de identidades um pouco por todo o país.

Em Bissau, disse Artur Sanhá, foram identificados casos de elementos de mesa que tentaram votar duas vezes e em Safim (arredores da capital) foram descobertos 280 cartões de eleitores em branco e outros tantos carimbados pela Comissão Nacional de Eleições e não preenchidos.

Houve "recolha de cartões de eleitores por indivíduos a mando do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder), a troco de moeda", acusou.

Daniel Gomes, diretor da campanha de Serifo Nahmadjo, também denunciou alegadas fraudes, resultantes da não atualização dos cadernos eleitorais desde 2008, havendo apenas "um reajustamento" dos cadernos, que não foi feito pela CNE, "desvirtuando e aumentando o número de eleitores".

Segundo o responsável houve também duplicação de nomes de eleitores, com vários a quererem ir votar e aparecerem nos cadernos como se já o tivessem feito.

"As eleições não foram justas nem são transparentes", assegurou Daniel Gomes.

Angola: SAMAKUVA FALA NO INSTITUTO DE SEGURANÇA DA ÁFRICA DO SUL



Club K

Johanesburgo - O Presidente da UNITA, Isaías Samakuva, alertou, no passado 14 de Março, na África do Sul, que a situação em Angola está tensa perspectivando a eventualidade de um conflito (social) ao qual apela as autoridades angolanas que evitem antes que o país se deteriore.

O líder do maior partido da oposição fazia tais pronunciamentos a margem de um “briefing” feito no Instituto de Estudos e Segurança da África do Sul que o convidou para abordar os últimos acontecimentos de violência levado a cabo por milícias governamentais contra jovens que realizam manifestação em Angola.

Expressando-se na língua inglesa, Isaías Samakuva respondeu as questões que lhe foram colocadas por especialistas do comité de riscos e analises desta prestigiada Instituição, respeitante ao ambiente em Angola, tendo o mesmo dito que não desejava ser pessimista quanto a possibilidade de um eventual conflito.

Falou também das anomalias nos preparativos das eleições de 2012 tendo avançando que a fraude não é algo que se faz em um dia (momento do voto), mas sim um processo ao qual considera que merece ser limpo e transparente.

Sob o titulo “As perspectivas da UNITA sobre a situação política do país”, o referido Instituto de Estudos e Segurança elaborou um “assassement”, baseado a o líder do maior partido da oposição. O documento comenta que respeitante “ao impasse em torno da controversa reeleição de Inglês Suzana como presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), a UNITA - principal partido da oposição no parlamento - teme um conflito iminente em Angola, a menos que algumas medidas corajosas sejam tomadas em resposta aos chamados processos democráticos”

“A UNITA tem sido assertiva no seu clamor por maior reformas democráticas, a fim de garantir que as futuras eleições sejam credíveis e digna. Além de denunciar as irregularidades eleitorais de 2008, a UNITA propôs reformas eleitorais que prevêem um órgão independente para realizar eleições angolanas.”, Lê-se no documento de avaliação.

“No entanto, o Presidente José Eduardo dos Santos do MPLA foi infeliz com o artigo 107 da Constituição do país que estabelece que as eleições em Angola devem ser executada por um organismo independente e, portanto, ele tentou contornar o real significado deste artigo, aceitando apenas a sua independência financeira em vez da sua plena independência (política, financeira e administrativa). Desde então, a questão do processo eleitoral em Angola tem sido controversa depois de disputas políticas significantes, a cláusula foi finalmente adotada como parte da nova lei eleitoral de Dezembro de 2011.”

“A UNITA acredita que a cláusula deve prever a independência política, financeira e administrativa da CNE” diz o documento relatando que este o esta força oposicionista “juntou dois partidos de oposição parlamentar - PRS e FNLA para boicotarem uma secção parlamentar alegando que a nomeação Suzana Inglês viola a lei eleitoral do país, e que ela não é um juiza, e é também uma figura de liderança de uma organização de mulheres que é filiada ao MPLA. Para este fim, ela não cumpre nenhum dos requisitos que foram estabelecidos na Constituição e na lei eleitoral do país.”

Segundo o documento baseado no briefing com Isaias Samakuva, “o boicote Parlamentar fez parte da estratégia da UNITA para pressionar o MPLA e, essencialmente, o governo a aderir a um processo eleitoral democrático.” Tendo por outro lado concluído que “o povo angolano mostra-se saturado e com a situação é tensa, as pessoas estão a tomar as ruas, para protestar o processo eleitoral que está sendo realizado.”

O assassement acrescenta que “Estas manifestações tem provocado pessoas feridas. Além disso, a UNITA tem observado que as manifestações têm sido muito espontânea”

O documento baseado na visão de Isaías Samakuva, concluiu ainda que “A UNITA, vê as manifestações como o último recurso. Portanto, a liderança do partido decidiu seguir o caminho legal para contestar a nomeação Suzana Inglês como cabeça da CNE. A UNITA está pronta para finalmente lançar um apelo ao Tribunal Constitucional do país caso não conseguirem ganhar o interdito contra a nomeação de Suzana Inglês. Enquanto isso, a UNITA estabeleceu um prazo além do qual o país pode descer em tumulto, se o partido no poder não responder positivamente.”

“O povo angolano esta pronto para a mudança e eles estão prontos para agir, pois eles só precisam de uma liderança nas manifestações. As pessoas estão cansadas de presenciar violações maciças dos seus direitos, sem qualquer forma de reação do governo contra estas violações. A UNITA pede o apoio de agentes externos, incluindo SADC, que tem diretrizes para processos eleitorais democráticos, a fim de contribuir para que a situação esteja sob controlo e manter o partido no poder, e o atual governo responsáveis pelas suas ações”, finalizou o documento.

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Milícias para combater manifestantes foram treinadas para a guerrilha urbana, escreve F-8



Club K – de Folha 8, Angola

Milicias formadas pelo regime

Luanda - Quando nos decidimos a escrever e descrever o que vimos, ouvimos e pensamos sobre as manifestações do dia 10 de Março passado, de jovens estudantes e alguns representantes de forças políticas da oposição contra as repetidas violações da Constituição de Angola, nomeadamente a nomeação de Suzana Inglês como presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), os 32 anos de poder quase absoluto de JES sem nunca ter sido eleito pelo sufrágio universal, mais uma série de ilegalidades cometidas por órgãos que deveriam ser os guardiões da justiça e da democracia participativa, hesitámos.

Face às bárbaras e criminosas agressões sobre os pacíficos manifestantes por parte de homens armados com barras de ferro, sob o olhar complacente e em certos casos cúmplice da Polícia Nacional, pensamos em off: se escrevermos isso, vão-nos matar. Exactamente assim. Triste, mas a verdade é que Angola ainda não conseguiu libertar-se dos velhos ícones da violência ancestral da humanidade. E daí, impôs-se uma pesquisa apurada em busca de eufemismos para poder fazer passar a nossa ideia sobre esta questão de manifestações, manifestantes, estratégia do “governo” e projectos credíveis para o futuro.

O mais difícil foi fazer uma introdução consentânea com o nosso pensamento. Porque o problema é que há um responsável que toda a gente sabe quem é, isso há. Mas ninguém tem coragem de admitir e toda a gente se cala. As consequências, de resto, estão à vista. Falta de água, falta de energia, falta de seriedade, falta de vontade, falta de meios para o essencial, falta de categoria, sabedoria e bom-senso, a conjugar-se com excessivos alardes de vaidade, arrogância e poder monetário petrolífero.

Nestas manifestações de Março, tanto em Benguela como em Luanda, os manifestantes apresentaram-se como simples cidadãos, desarmados, numa tentativa de dar a conhecer os seus motivos de protesto. Com ou sem razão, é um direito que lhes assiste. E quando eles apareceram na rua, nos locais que tinham de antemão anunciado que apareceriam, a polícia agiu de acordo com ordens superiores.

Em Benguela temos um recalcitrante atropelador da Constituição, em Luanda temos outro. Não estamos em crer que essas repressões violentíssimas tenham sido cozinhadas no Futungo, nem no MPLA, as ordens, pensamos, vieram dos respectivos Governos Provinciais e, nomeadamente em Luanda, o senhor governador devia ser chamado à pedra para explicar o que se passou, a fim de ser responsabilizado.

É que as aqui analisadas manifestações apresentam-se aos olhos do mundo como uma nódoa negra, indelével, no já sobejamente maculado currículo político e humanista do regime JES/MPLA.
Estamos à espera de uma larga difusão no estrangeiro, que dará a conhecer, com clareza, a mentalidade retrógrada dos nossos dirigentes, o que em nada abona em favor do bom nome do país.

A atitude nos nossos governantes é uma manifestação de profunda indiferença, para não dizer de desprezo por todo e qualquer esforço feito em prol da verdadeira reconciliação nacional, por parte de membros da sociedade civil, por parte de políticos de boa-fé, intelectuais e outros activistas civis, que já há muito tempo conseguiram ler os sinais dos tempos e fazer um esforço no sentido de fomentar uma verdadeira democracia aberta e obediente aos princípios democráticos e à nossa lei constitucional

A gravidade da situação é de tal ordem que se questiona a competência política de gente que promove a violência por intermédio de “milícias” treinadas para a guerrilha urbana, num desfasamento total daquilo que são as tão apregoadas intenções de paz, reconciliação e abertura a todas as correntes de opinião por eles próprios pregadas.

Regime & TPA confirmaram ter esquadrões da morte

Foi uma manifestação muito pior para Angola do que se tivesse sido de simples protesto contra a política desfasada do Executivo, foi na realidade uma mostra do que se pode fazer de pior em política: violência, intolerância, seguida de uma ocupação total das antenas de Rádio e Televisão por parte dos arautos do regime, com uma lavagem de cérebro completa no JA, ao que acresceu o espaço de antenas dado a um agente da bófia, da Secreta, do SINFO, do SINSE, dos Tonton Macutes do regime, que se apresentou como não sendo ninguém, mas que iria revelar a sua identidade na próxima semana, ou mais tarde, dentro de quinze dias, um mês, talvez nunca.

Esse espécimen raro, disse que era um cidadão respeitável e que tinha sentido como sendo sua missão lutar contra todos aquele que se apresentassem contra JES e o MPLA. Ele tinha organizado de livre arbítrio uma oposição firme e imbatível a todos esses jovens que vinham para a rua só mandar bocas contra o governo. E que, não senhor, ele nada tinha a ver com o governo, nem com a polícia, nem com o MPLA, agia por sua conta própria e prometia que não haveria manifestação que passasse, enquanto ele estivesse vivo combateria todas, umas a seguir à outras.

Vinte minutos na Televisão Pública de Angola! Um órgão de todos os angolanos, a dar voz a um indivíduo que se vangloria do que fez depois de ter mostrado que tinha veia de verdadeiro assassino, a prometer que continuaria a agir com uma violência selvagem, para matar, contra gente de 16, 18, 20 anos, desarmada, gente culta, aprimorada, que decidira vir corajosamente a terreiro dizer o que os angolanos guardam dentro dos seus pensamentos há mais de trinta anos. Vivem mal, muito mal.

Esse muadié ocupou a antena da TPA durante uns bons 20 minutos, num desbaratar de tolices que bradam aos céus. Primeiro porque a TPA, neste miserável lance, apenas deu a palavra a uma pessoa que, bem vistas as coisas, confessou que havia um plano bélico, violentíssimo, de luta contra um acto legal, uma simples manifestação sem armas. Segundo, o homenzinho, atrofiado da tola, a certa altura saltou dos carris e começou a dar bandeira, que, estava à frente de uma organização civil, em defesa da “Pátria”,que tinham agido assim e que da próxima vez seria pior (vejam o que aconteceu ao Filomeno Vieira Lopes, Mata Frackus e Beirão e preparemos os óbitos)

O ridículo não mata

Em Benguela, temos três casos de prisão arbitrária, Hugo Kalumbo, Jesse Lufendo e David, os dois primeiros sendo membros da OMUNGA, com estatuto de observadores de Direitos Humanos da OUA, e David é um simples motoqueiro que passava por ali e foi arrastado pela polícia como se de meliante perigosíssimo se tratasse.

Os três “heróis” fabricados pelo desastroso regime JES/MPLA estão a ser julgados não se sabe bem porquê, talvez por não terem feito nada para impedir que uns cinquenta jovens pudessem manifestar-se contra o regime JES/MPLA. Começaram por ouvir as acusações que recaem sobre eles, ouviram-se as testemunhas e, pelo que se viu, nada pôde ser provado contra eles.

Branco Lima e Rosa Ndjepele, assessores jurídicos, respectivamente do comando provincial da polícia e do chefe do gabinete jurídico do Governo Provincial de Benguela, argumentaram sobre factos sem qualquer relevância com uma preciosa mas inútil ajuda de testemunhas formatadas.

Os arguidos estão a ser defendidos de forma brilhante pelo advogado David Mendes, que pediu e exigiu que a acusação arrolasse as provas nos autos e apresentasse um alegado ofendido, agente da Polícia, que havia sido ferido pelos arguidos. Como foi tudo forjado, o homem de ferido passou rapidamente a desaparecido, levando a supor que nenhum agente aceitou ferir-se em off, em nome de uma mentira institucional.

E assim vai a batota de uma justiça cada vez mais partidária. As contradições mais que visíveis apenas demonstraram que o governo provincial tem de promover e proteger o exercício dos direitos pelos cidadãos, exigindo um maior rigor na formação deste dois “peritos” governamentais.

O jovem David, motoqueiro e apanhado por coincidência na altura dos acontecimentos, deitou ao ridículo todos os argumentos arquitectados pela acusação. Tudo leva, portanto, a crer que os três“heróis” “made by MPLA” sairão amanhã livres do Tribunal provincial de Benguela.
Vamos ver…

Em Luanda, já dissemos, foi pancadaria da grossa, com a ameaça de que na próxima vez será pior, o que significa claramente que será mesmo para matar quem diga mal de JES ou da sua maneira de desgovernar.

Entretanto, o Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional disse que ia investigar, mas não fará investigação alguma. Ainda assim, passamos a citar o que disse o policial, na passagem que põe a nu o senso profundo da sua mensagem; «(…) Incidentes causados por indivíduos não identificados que envolveram-se em cenas de pancadaria com pessoas que pretendiam realizar uma manifestação "de carácter insultuoso" contra instituições do Estado Angolano…». O cinismo e a hipocrisia ao serviço da“Pátria”. Não cola! Têm de encontrar outra via para convencer a gente.

Resumindo e concluindo

É óbvio que esta situação não tem reviravolta e, no fundo, a melhor solução seria o executivo assumir que está errado, como referiu um comentador do Facebook, admitir que «errou feio e assim, quem sabe, nós o povão, achemos que estão a tentar redimir-se do erro. Não é preciso ser intelectual, jurista ou seja lá o que for para perceber que estão metidos em sarilhos; vê lá a palhaçada que aconteceu com o julgamento dos rapazes manifestantes em Benguela, foi ou está a ser uma autentica palhaçada e o mais triste é que pessoas que nós sabemos e conhecemos da sua competência com tal de ficar bem com o M ou executivo sei lá dão uma de ignorantes analfabetos (…) epá está a ser triste ver o estado das coisas, francamente depois de 2002 achei que estava aparecer uma luz no fundo do túnel no entanto não foi não apareceu luz nem porra nenhuma, desculpem-me a franqueza, o desabafo até eventual palavrão, é que estamos a ficar agastados mas muito agastados mesmo».

A estratégia dos nossos jovens

Não cremos que se possa pedir a estes jovens que pensem friamente, não é possível. Todos nós já tivemos 20 anos e temos que nos lembrar de como eram as enormidades que saíam das nossas bocas, os exageros cometidos e ressalvados, porque éramos de boa condição moral, os erros cometido. Tentemos denunciar esses erros.

Temos a dizer a estes jovens que a boa maneira de responder às provocações da polícia não é fazer como ela, optar pela violência. Há exemplos a seguir: Gandhi, Mandela, Luther King, e outros pacifistas por esse mundo fora que obtiveram vitórias memoráveis sem recorrer à força. A violência é a arma dos fracos.
É incrível.

Como é possível que responsáveis do governo, muitos deles respeitáveis, não vejam que estão a cometer erros sobre erros a macular o nome de Angola, a demolir as suas próprias reputações, a não verem que o seu reinado está a chegar ao fim nos termos que eles defendem com esta violência organizada, a não verem que foram ultrapassados e a manterem vivas as recordações da guerrilha, a não verem que eles são o passado, numa desesperada e vã tentativa de destruir o futuro de Angola.

Visto tudo o que aqui foi analisado, é evidente que este “governo”, dito Executivo, devia pedir imediatamente a sua demissão, face às repetidas violações da constituição e ao fracasso completo da sua política de intimidação. Mas, como este último ponto é impossível de concretizar, o Executivo devia pronunciar-se AMANHÃ, no sentido de criar condições de conciliação. A começar pelo reconhecimento das suas repetidas violações da Constituição. Não peçamos à juventude gestos de pacificação, esses têm de ser dados pelos nossos dirigentes.

Tempo do Jornal da Noite no canal 2 em 10.03.12

Madalena Correia ganhou uma corrida, Isabel Joaquim etecetera e tal, e Luanda repousa, sossegada, na doçura duma noite tropical. Não se passou nada, absolutamente nada de relevante nesta tarde na cidade capital.
Nem em Benguela.

Silêncio tumular sobre as manifestações.

QUEM SERÁ O PRÓXIMO A SER ASSASSINADO?




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

Seguindo a sua velha tradição, a Guiné-Bissau voltou a resolver contas mais ou menos recentes impondo a razão da força. Militares assassinaram a tiro o coronel Samba Djaló.

Militares contra militares e coisas similares já não constituem novidade na Guiné-Bissau. Também a passividade internacional, sobretudo dessa coisa aberrante que dá pelo nome pomposo de Comunidade de Países de Língua Portuguesa, não é novidade.

Seja qual for a crise, a resposta é sempre a mesma. Não se cura a enfermidade mas apenas se alivia a dor. Isto até que o doente pura e simplesmente... morra.

A tese é a de que os guineenses podem ser alimentados com votos, que as crises se resolvem com votos e que os votos são um milagroso remédio que cura todos os males.

O Ocidente, e neste caso particular da Guiné-Bissau a CPLP e sobretudo Portugal, sabe que África teve, tem e continuará a ter uma História de autoritarismo que, aliás, faz parte da sua própria cultura e que em nada preocupa os fazedores da macro-política que se passeiam nos areópagos dos luxuosos hotéis do mundo.

Apesar disso, teima-se em exportar a democracia “made in Ocidente”, sem ver que a realidade africana é bem diferente. Vai daí, pela força dos votos os ditadores chegam ao Poder, ficam eternamente no poder e em vez de servirem o povo, servem-se dele. Mas como, supostamente, foram eleitos...

Mas será isso democracia? Por que carga de chuva ninguém se lembra que, por exemplo, na Guiné-Bissau as escolhas não são feitas com o cérebro mas com a barriga, ainda por cima vazia, com uma AK-47 encostada às costas?

Foi neste contexto que “Nino” Vieira (tal como, entre muitos outros, José Eduardo dos Santos e Robert Mugabe) chegou a presidente e, tal como o seu homólogo, mentor e amigo angolano, por lá queria continuar com o beneplácito da tal Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

A estratégia de “Nino” Vieira falhou, mas outras aí estão no terreno com inegável pujança e com a histórica cobertura dos donos do poder em Portugal, na CPLP e no mundo.

Se os votos são comprados, isso pouco interessa. Se os guineenses votam em função da barriga vazia e não de uma consciente opção política, isso pouco interessa.

Para quem vive bem, para quem tem pelo menos três refeições por dia, o importante foi e será que os guineenses votem. Não importa o que aconteceu antes, o que está a acontecer agora e que voltará a acontecer um dia destes.

Não será, aliás, difícil antever que o sangue do povo guineense voltará a correr. Mas o que é que isso importa? O que importa é terem votado...

Será que Kumba Ialá tinha razão quando, em 17 de Junho de 2009, acusou o PAIGC de ser responsável pela morte de Amílcar Cabral, "Nino" Vieira, Tagmé Na Waié, Hélder Proença e Baciro Dabó?

"Carlos Gomes Júnior têm que responder no Tribunal Penal Internacional pelas atrocidades que estão a cometer", no país, defendeu nesse dia Ialá, acrescentando que "há pessoas a quererem vender a Guiné-Bissau", mas esclarecendo que "serão responsáveis pelas turbulências que terão lugar no futuro".

Sendo certo que não adianta chorar sobre leite derramado ou que, como acontece na Guiné-Bissau, o pão dos pobres nunca cai com a manteiga virada para baixo (se dois em cada três vivem na pobreza absoluta, não têm nem pão e muito menos manteiga), o importante é haver eleições.

Que conclusões terá tirado a CPLP e Portugal quando Carlos Gomes Júnior disse que “era impossível coabitar com “Nino” Vieira que não passava de um bandido e de um mercenário que traiu o povo"?

Que conclusões terá tirado a CPLP e Portugal ao saber que, tal como se passou nas eleições angolanas, também “Nino” conseguiu em alguns círculos ter mais votos do que eleitores registados?

Pelos vistos à CPLP e a Portugal apenas interessa que se vote, nem que para isso se chamem os mortos, tal como aconteceu e acontecerá em Angola.

Se os votos forem comprados, isso pouco interessa. Se os povos votarem em função da barriga vazia e não de uma consciente opção política, isso pouco interessa.

Aliás, basta ver que a União Europeia, tal como a CPLP, enche o peito contra os fracos, Bissau, e põe-se de cócoras perante os fortes, Luanda.

Dá-me vontade de rir quando leio que a UE "insta" a Guiné-Bissau a proceder à investigação judicial dos acontecimentos ocorridos em 1 de Abril de 2010, por exemplo, e a "reforçar os esforços para resolver o problema da impunidade".

Isto porque a UE ainda não viu (já não falo da CPLP que é cega) que não há maior estado impune do que Angola, ainda não sabe que o regime de Eduardo dos Santos é dono e senhor do país e do povo, ainda não foi informada que Angola é um dos países mais corruptos do mundo.

Tudo isto que tem como palco a Guiné-Bissau é, afinal, a reedição de um filme já gasto de tanto ser usado. Vão mudando os protagonistas principais mas o argumento é sempre o mesmo. E se o argumento é o mesmo, o fim será idêntico: mais uns tiros e mais uns dirigentes mortos.

Exagero? Talvez. Deus queira que sim. Mas a verdade é que na Guiné-Bissau nenhum candidato, nenhum presidente, acabou o seu mandato e em 17 anos o país já teve sete presidentes.

Por alguma razão, o ex-chefe do Governo guineense, Francisco Fadul, considerava que, face ao estado em que se encontra a Guiné-Bissau, as Nações Unidas deveriam assegurar a governação do país, instituindo um protectorado pelo período mínimo de 10 anos, "para que não haja recidivas, não haja retrocessos".

Recordam-se que o coronel Antero João Correia, antigo comandante-geral da Polícia, teria sido detido por ordens do então interino chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Zamora Induta, depois de se recusar a assinar o comunicado do SIE (Serviços de Informação do Estado) que anunciava a neutralização da alegada tentativa de golpe de Estado?

Recordam-se que esta recusa teria obrigado os mentores do plano a confiar a assinatura do documento ao director-geral adjunto dos SIE, coronel Samba Djaló, que foi apontado como uma pessoa "muito próxima" (pudera!) de Zamora Induta e seu representante a nível do Ministério do Interior que tutela os SIE?

Ao que parece, tanto os políticos guineenses como os donos do poder na comunidade internacional, continuam pouco ou nada preocupados com o facto de os pobres guineenses (a esmagadora maioria) só conhecerem uma forma de deixarem de o ser.

E essa forma (desculpem estar há anos a dizer sempre o mesmo) é usar, não um enxada, uma colher de pedreiro ou um computador, mas antes uma AK-47. E enquanto assim for...

Será que os dirigentes da Guiné-Bissau, da CPLP (com ou sem Obiang) e similares se lembram que enquanto saboreiam várias refeições por dia, ali ao lado há gente que foi gerada com fome, nasceu com fome e morre com fome?

E, mesmo famintos, ainda sobra força aos guineenses para, ontem como hoje e certamente amanhã, fazerem o que já começa a ser um hábito: puxar o gatilho.

E assim se vai escrevendo a história do princípio daquilo que pode ser o fim da Guiné-Bissau. Realidade que não preocupa todos aqueles que vão continuando a cantar e a rir, levados, levados sim, por interesses pouco claros, sejam do narcotráfico propriamente dito ou não.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: OS CÃES DE ANTÓNIO MEXIA

Timor-Leste/Eleições: LU-OLO ESTÁ OTIMISTA COM RESULTADOS



MSE - Lusa

Díli, 19 mar (Lusa) - O candidato às presidenciais de Timor-Leste Francisco Guterres Lu Olo disse hoje, em conferência de imprensa, estar otimista com os resultados das eleições de sábado e para ir a uma segunda volta com o general Taur Matan Ruak.

"Quero aqui declarar que os resultados dos votos que obtive na primeira ronda me satisfazem de certa maneira e que naturalmente me deixam otimista para uma segunda ronda, que vai acontecer brevemente", afirmou aos jornalistas.

Francisco Guterres Lu Olo, também presidente do Partido Revolucionário do Timor-Leste Independente (Fretilin), disse que as eleições decorreram num clima de paz e estabilidade e que não foram como em 2007, em que os eleitores estavam de certo modo pressionados pela situação da crise.

Em 2006, Timor-Leste viu-se a braços com uma crise política e militar, que começou com a deserção de elementos das forças armadas por alegada discriminação e provocou dezenas de mortos e mais de 150.000 refugiados.

"Desta vez, correu calmamente, nem sequer ouve incidentes em qualquer localidade", disse, acrescentando estar otimista por ir à segunda ronda das eleições presidenciais com o "senhor Taur Matan Ruak".

Questionado sobre como pretende aumentar o número de votos na segunda ronda, Francisco Guterres Lu Olo disse que os "resultados que cada um obteve nesta primeira ronda deixam um espaço aberto para os candidatos que vão à segunda ronda".

"A minha equipa de sucesso está empenhada e eu vou continuar a batalhar", disse.

Sobre o facto de ir à segunda volta com outro herói da guerrilha timorense, Francisco Guterres Lu Olo disse que se compreende porque ambos lutaram pela democracia, liberdade e soberania do povo.

"Nós devemos respeitar a vontade soberana do povo", disse.

Segundo os últimos resultados provisórios das eleições presidenciais, Francisco Guterres Lu Olo obteve 128.266 votos (28,45 por cento), seguido de Taur Matan Ruak com 113.553 votos (25,18 por cento) e de José Ramos-Horta com 80.291 votos (17,89 por cento).

As eleições presidenciais realizaram-se no sábado.

Destaque Página Global

Timor-Leste/Eleições: Candidatura de La Sama satisfeita com resultados...




... ainda não decidiu quem apoia na segunda volta

MSE - Lusa

Díli, 19 mar (Lusa) - A candidatura de Fernando La Sama de Araújo às presidenciais de sábado em Timor-Leste disse hoje que ainda não está decidido quem vai apoiar na segunda volta, considerando que continua a manter uma "posição chave".

Fernando La Sama de Araújo, presidente do parlamento nacional e líder do Partido Democrático ficou em quarto lugar nas presidenciais de sábado com 79.653 votos, segundo os resultados provisórios divulgados pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral.

"Saímo-nos bem, embora gostássemos de seguir para a segunda ronda", afirmou à agência Lusa o mandatário da candidatura de Fernando La Sama de Araújo, João Boavida.

Segundo João Boavida, a posição em que a candidatura, apoiada pelo Partido Democrático, ficou é a mesma que ficou em 2007, na altura com 77.459 votos.

Para a segunda volta das presidenciais ainda não foi decidido quem vão apoiar, mas João Boavida considerou que o Partido Democrático tem uma "posição chave".

"Nós, por enquanto, ainda não decidimos. Temos um encontro hoje ao nível da liderança do partido e amanhã (terça-feira) já teremos uma decisão", afirmou, sublinhando que, qualquer que seja a decisão, tem de ser tido em conta os benefícios políticos para o partido.

O Partido Democrático, com oito assentos parlamentares, faz parte da coligação no Governo timorense, liderada pelo Conselho Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), do primeiro-ministro, Xanana Gusmão.

O CNRT está a apoiar a candidatura de Taur Matan Ruak.

Timor-Leste realizou eleições presidenciais no sábado mas nenhum dos 12 candidatos conseguiu obter a maioria necessária para ser eleito chefe de Estado.

Passaram à segunda volta das presidenciais, o presidente da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), Francisco Guterres Lu Olo, e o ex-chefe das Forças Armadas general Taur Matan Ruak.

O atual Presidente do país, José Ramos-Horta, que se recandidatou, ficou em terceiro lugar.

Em conferência de imprensa, Ramos-Horta, referiu, na qualidade de chefe de Estado, que a segunda volta das presidenciais deverá realizar-se na terceira semana de abril.


Militares dizem que morte ex-chefe da 'secreta' não afeta o processo eleitoral



MB - Lusa

Bissau, 19 mar (Lusa) - Um porta-voz das Forças Armadas da Guiné-Bissau afirmou hoje que o assassínio do coronel Samba Djaló, ex-chefe da 'secreta' militar, não vai afetar o normal andamento do processo eleitoral.

Segundo o major Dabana Walna, porta-voz do comando conjunto das forças de defesa e segurança, criado para garantir a segurança nas eleições presidenciais realizadas no domingo na Guiné-Bissau, a morte do coronel Samba Djaló "deve ser lamentada, mas não poderá afetar o andamento do processo eleitoral".

"Uma coisa não tem nada ver com outra. O que aconteceu ontem (domingo) foi um incidente grave que temos que lamentar, pois trata-se de uma vida humana que se perdeu, mas esse facto em si não tem nada a ver com a segurança do processo eleitoral que, correu de forma correta como se testemunhou ontem", disse Dabana Walna, chefe do gabinete do general António Indjai, chefe das Forças Armadas guineenses.

"Não estou aqui em representação do Estado-Maior, falo em nome do comando conjunto que foi criado e, nesta perspetiva, devo dizer que o comando conjunto não sabe o que aconteceu e para mais a missão do comando conjunto não tem nada a ver com a segurança das pessoas, quem tem essa competência é o Ministério do Interior", precisou.

Dabana Walna respondia aos jornalistas no final de uma reunião, de cerca de meia hora, no Estado-Maior General das Forças Armadas, entre o general António Indjai e o presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Desejado Lima da Costa.

De acordo com o presidente da CNE, o general António Indjai deu "total garantia de segurança" para que o processo de contagem dos votos possa continuar.

"Estivemos nesta reunião aqui no Estado-Maior. Foi um debate muito animado. Nós recebemos todas as garantias das Forças Armadas na pessoa do general (António) Indjai de que existem as condições de segurança necessárias e redobradas para que possamos continuar com o processo", referiu Lima da Costa.

O responsável da CNE sublinhou mesmo que "houve uma colaboração total da defesa dos princípios da República" por parte do chefe das Forças Armadas guineense que, disse, encoraja a sua instituição a prosseguir com a recolha dos dados referentes às eleições presidenciais de domingo.

Depois da reunião com António Indjai, reuniu-se hoje com o Presidente interino, Raimundo Pereira, e não em reunião conjunta, como a Lusa noticiou de manhã.

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