domingo, 29 de julho de 2012

A AGENDA POLÍTICA PORTUGUESA


Resistir.info

A desinformação continua a todo vapor nos media portugueses que se auto-proclamam como "referência". A intensificação da crise capitalista neles é edulcorada ou omitida de todo.

Neste momento a desagregação da União Europeia já pode ser antevista; a catástrofe da economia espanhola é o assunto do dia (a seguir vem a Itália); o descarte da Grécia da zona euro está anunciado para Setembro próximo (depois de ser deixada exangue pela troika UE/BCE/FMI); a classificação "triplo A" da própria Alemanha já está sob ameaça; o dólar americano cambaleia sob o peso de uma dívida impagável (e o mesmo se passa com a libra britânica). Seria um objecto de discussão com interesse saber quem ruirá primeiro, se o euro ou o dólar.

Enquanto isso, a opinião pública vai sendo entretida com casos de figurinhas insignificantes e desprezíveis como o sr. Relvas e a sua licenciatura mal amanhada. A pequena política serve nesse caso para ocultar o que é importante. Quanto à troika, os palradores da TV asseveram diariamente ser preciso que Portugal cumpra a todo custo as suas exigências — ou seja, ao custo da destruição do tecido produtivo do país, da sua economia real.

Está na hora de enfrentar opções que têm de ser enfrentadas, como a manutenção de Portugal no euro e na UE, a recuperação da soberania monetária, o lançamento de uma nova moeda de emissão estatal (e não de banqueiros privados como agora), a cessação de pagamentos ao exterior e de empréstimos cada vez mais ruinosos, a renacionalização do sector financeiro e de grandes grupos económicos oligopolistas, a redemocratização de Portugal. A opção está entre sofrer dificuldades temporárias imediatamente após a saída do euro e da UE e a servidão perene ao capital financeiro que nos condenará a um subdesenvolvimento cada vez maior. Daqui a um par de anos, com a continuação das actuais receitas da troika, poderá ser tarde. O exemplo grego é eloquente.

Um dia a democracia chegará a Angola - Será já no próximo dia 31 de Agosto?




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

Um dia, eventualmente a 31 de Agosto deste ano, a democracia real vai chegar a Angola. E quando isso acontecer, Angola deixará de ser o MPLA e o MPLA deixará de ser Angola.

Até lá os donos do país continuarão a ser cada vez mais ricos e os angolanos continuarão a ser cada vez mais pobres. Tem sido assim nos últimos 37 anos. Mas, como tudo na vida, não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe.

E quando esse dia chegar, os angolanos vão ter pelo menos os mesmos direitos dos estrangeiros, vão deixar de ser enteados na sua própria terra.

Esta não é, aliás, a Angola idealizada pelos angolanos e pela qual lutaram, uns de armas nas mãos, outros com as canetas. Não é o Angola sonhado por todos. Como dizia Teta Lando, “se tu és branco isso não interessa a ninguém, se tu és mulato isso não interessa a ninguém, se tu és negro isso não interessa a ninguém. O que interessa é a tua vontade de fazer uma Angola melhor. Uma Angola verdadeiramente livre, uma Angola independente.”

Até agora o líder do MPLA (partido que governa Angola desde 1975), presidente da República de Angola (não eleito e há 33 anos no cargo) e chefe do Governo, José Eduardo dos Santos, não brinca em serviço.

Não brinca em serviço mas, isso sim, adora brincar com os angolanos e com todos aqueles que vai comprando por esse mundo fora.

Quando no dia 7 de Dezembro de 2009 exortou os suas súbditos a "não pactuar com a corrupção e com a apropriação de meios do erário público ou do partido", mostrou como é fácil e barato enganar meio mundo.

O tempo foi passando e tudo continua na mesma, e até os mais optimistas e ingénuos começam a pensar que nem as moscas mudam. E se os mais cépticos perguntam o que é que andaram a fazer durante 37 anos, os mais realistas continuam a fazer contas com o dinheiro que passa por baixo da mesa.

Recordo que nesse dia, numa intervenção sistematicamente interrompida pelos aplausos dos mais de 3.000 delegados ao VI Congresso, num visível e marxista culto da personalidade do chefe, José Eduardo dos Santos deixou um lote recheado de recados para o MPLA, para o país e para o mundo ver.

Recorde-se, contudo, que o chefe do partido para o qual manda recados é ele próprio há dezenas de anos, tal como o é do país. Mais uma vez, a política é a de sempre: olhai para o que eu digo e não para o que eu (e os meus amigos) faço.

Tiveram, aliás, bons mestres. E se tiverem dúvidas, não quanto à corrupção mas à forma de a camuflar, basta pedirem umas lições aos velhos ou novos professores portugueses.

"Hoje é voz corrente equiparar a pessoa investida em funções políticas a um homem sem palavra, desonesto e sem escrúpulos. É necessidade absoluta assumir atitudes positivas que desfaçam essa imagem pálida e inconveniente de forma a dar credibilidade, valorizar e repor a nobreza da função dos dirigentes políticos".

Não, não foi José Sócrates, Passos Coelho, Paulo Portas, Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa ou até Cavaco Silva quem fez esta afirmação, embora ela retrate o que se passa no reino lusitano.

Quem o disse foi o soba de um outro reino, no caso Eduardo dos Santos.

José Eduardo dos Santos sublinha que o partido "tem dito isto por outras palavras" e adverte que "as nossas palavras e promessas devem corresponder aos actos que praticamos".

Uma treta semelhante ao que se passa em Portugal. Treta para enganar os cerca de 70% de angolanos que vivem na pobreza, 37 anos depois da independência e dez após a paz ter regressado ao país, tal como em Portugal é usada para enganar um milhão e duzentos mil desempregados, 20% de cidadãos que vivem (isto é...) na miséria e os outros 20% que a têm à porta de casa.

Eduardo dos Santos pediu então o "fim da intriga, dos boatos e a manipulação de factos na comunicação social para prejudicar os outros".

Bem me parecia que em Angola, como em Portugal, a comunicação social é a fonte de todos os males. Foi ela, a comunicação social independente, que forçou o MPLA a reconhecer a corrupção e outras grandes enfermidades, e é exactamente por isso que é a culpada de tudo.

"Devemos aperfeiçoar o modo de encarar a política, um modo pró-activo e rigoroso de mostrar o nosso empenho e dedicação que sirva para mobilizar milhões para a nossa causa", disse, e diz, Eduardo dos Santos, certamente depois de ter tido num só dia o que milhões de angolanos não têm durante muitos dias: refeições.

O presidente da República e do MPLA disse também que "em cada 100 angolanos, 60 são muito pobres, não conseguem comer normalmente todos os dias, não têm acesso fácil a água potável, acesso aos cuidados de saúde nem casa normal para se abrigar".

É preciso ter lata. O MPLA está no poder há 37 anos, Angola está em paz há dez anos, e mesmo assim o dono do país não assume que é ele o principal, em muitos casos o único, responsável por este descalabro.

O "desemprego, o analfabetismo e a pobreza são três problemas muito graves e difíceis de resolver, que atingem especialmente as mulheres, as famílias e as crianças", disse Eduardo dos Santos em mais uma manifesta enciclopédia de hipocrisia que, contudo, foi aplaudida pelos súbditos de sua majestade.

Certamente anestesiado pelas ovações dos seus vassalos, José Eduardo dos Santos disse também que o MPLA pugna desde 1975 “pela defesa das liberdades direitos e garantias dos cidadãos, e considera o direito à associação como fundamental". Foi mais um atestado de menoridade passado aos angolanos. Mas como foi dito pelo chefe... foi aplaudido.

Para os problemas que persistem no país, como a pobreza, José Eduardo dos Santos, retomou a evocação da "pesada herança do colonialismo" que foi "agravada pelo período de guerra que o país viveu" até 2002.

Nisto tem razão. Se tantos anos depois da conquista da democracia os portugueses continuam também a desculpar-se com a pesada herança do salazarismo, é legítimo que o MPLA acuse o colonialismo, um bode expiatório que aguenta ainda ser utilizado aí por mais uns trinta anos.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: LAGOSTA E MALTE UNIDOS NA MESA DO MPLA

Guiné-Bissau: PM deposto quer tribunal especial ONU para julgar "crimes de sangue"



MB - Lusa

Bissau, 28 jul (Lusa) - O primeiro-ministro do Governo deposto da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, quer que a ONU institua um tribunal especial para julgar "todos os crimes de sangue" ocorridos no país nos últimos 14 anos.

A pretensão de Gomes Júnior foi transmitida em carta enviada pelo próprio ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, revelada pela RDP-Africa e cuja autenticidade já foi confirmada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do governo deposto, Mamadu Saliu Djalo Pires.

"O senhor primeiro-ministro legítimo da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior enviou uma carta pessoal ao secretário-geral das Nações Unidas pedindo um Tribunal especial para julgar todos crimes de sangue ocorridos no país nos últimos 14 anos. Para que se saiba de uma vez por todas onde está a verdade material dos factos", disse Djaló Pires.

Nos ultimos 14 anos, vários dirigentes guineenses foram assassinados em processos cujas circunstancias ainda não são conhecidas. Entre os assassinados encontram-se o Presidente 'Nino' Vieira, três chefes militares, vários ministros e deputados.

A carta teria sido enviada a Ban Ki-Moon através do seu representante especial na Guiné-Bissau, Joseph Mutaboba.

"Seria um Tribunal à semelhança daquilo que se criou para julgar casos como a morte do ex-primeiro-ministro Libanês, Hariri, ou então o Tribunal criado para julgar os crimes ocorridos na Serra-Leoa ou na Libéria", defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros guineense do governo deposto pelo golpe de Estado militar de 12 de abril passado.

Mamadu Djaló Pires, Carlos Gomes Júnior, bem como o Presidente interino guineense e vários outros membros do Governo deposto vivem em Lisboa desde o golpe de Estado.

Confrontado com o pedido do Tribunal especial feito por Carlos Gomes Júnior, o porta-voz do Governo de transição, Fernando Vaz disse que "era bom que a ONU aceitasse" a criação desse tribunal.

"A primeira pessoa a ser julgada nesse tribunal, como réu, seria Carlos Gomes Júnior", enfatizou Fernando Vaz, também ministro da presidência do Conselho Ministros e da Comunicação Social.

A Guiné-Bissau tem um Governo e um Presidente de transição desde o golpe de Estado de 12 de abril, mas a maioria da comunidade internacional não reconhece as atuais autoridades saídas do golpe.

A CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) é a única instância internacional que apoio as atuais autoridades de transição.

STJ confirma vitória do PAICV na Assembleia Municipal de Santa Catarina de Santiago



JSD - Lusa

Cidade da Praia, 29 jul (Lusa) - O Supremo Tribunal de Justiça (STJ), enquanto Tribunal Constitucional (TC) de Cabo Verde, confirmou no sábado a vitória do PAICV na Assembleia Municipal de Santa Catarina de Santiago, pondo fim ao processo das eleições autárquicas de 01 deste mês.

Ao chumbar o recurso apresentado pelo Movimento para a Democracia (MpD, oposição parlamentar, mas maioritário no poder local), o STJ pôs cobro ao impasse em torno da votação no terceiro maior concelho do país, confirmando a vitória na câmara do "mpdista" Francisco Tavares, reeleito, e a de Felisberto Moreira, do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), para a assembleia municipal.

Segundo noticiam hoje as edições "online" dos jornais A Nação e A Semana, o impasse mantinha-se desde terça-feira, quando o MpD impugnou os resultados divulgados pela Assembleia de Apuramento Geral (AAG) da repetição das eleições de 22 deste mês em Cruz Grande e Boa Entrada, duas pequenas localidades do concelho.

À luz dessa repetição, em Santa Catarina, a AAG deu a vitória ao PAICV por uma diferença de dois votos na Assembleia Municipal e a vitória ao MpD na Câmara por 31 votos de vantagem.

Segundo o A Nação, o coletivo de juízes do TC, que deverá anunciar na segunda-feira a decisão, reuniu-se no sábado e validou os dados da AAG, contestados pelo MpD, que pôs em causa a interpretação a dar ao acórdão do tribunal aos votos nulos, brancos e outros registados nas eleições de 01 de julho.

Com o desfecho, um dos 22 concelhos de Cabo Verde vai viver, pela primeira vez, com uma coabitação inédita, com o presidente da câmara de um partido e um da assembleia municipal de outro.

As eleições autárquicas de 01 deste mês deram a vitória do MpD, que aumentou de 12 para 14 o total das câmaras em seu poder, com as restantes oito nas mãos do PAICV, que perdeu duas.

Com a votação das autárquicas fica assim concluído do ciclo eleitoral que ocupou Cabo Verde no último ano e meio, depois das legislativas de fevereiro de 2011, ganhas pela terceira vez consecutiva com maioria absoluta pelo PAICV, e das duas voltas das presidenciais de agosto do mesmo ano.

À semelhança do que sucedeu em Santa Catarina de Santiago, as presidenciais de agosto permitiram a Cabo Verde uma coabitação inédita entre um Presidente, Jorge Carlos Fonseca, apoiado pelo MpD, e um Governo, do PAICV.

As próximas eleições, se tudo correr normalmente, acontecerão todas em 2016, com legislativas seguidas de presidenciais e autárquicas, uma vez que os mandatos de chefe de Estado e do executivo são de cinco anos e os do poder autárquico de quatro.

São Tomé e Príncipe: Presidente da Assembleia Nacional rejeita moção de censura



Lusa

São Tomé, 28 jul (Lusa) - O presidente da Assembleia Nacional, Evaristo de Carvalho (parlamento são-tomense) rejeitou a moção de censura introduzida na quinta-feira contra o Governo do primeiro-ministro Patrice Trovoada.

Evaristo de Carvalho, num despacho sobre a moção de censura, que a Lusa teve acesso, diz que "a iniciativa deve-se circunscrever claramente na censura ao programa do Governo ou ao assunto relevante de interesse nacional, nos termos do artigo 225º do regimento [da Assembleia Nacional]".

Por isso, rejeitou o requerimento porque "não enquadra tais requisitos". No referido despacho, datado de 27 de julho, Evaristo de Carvalho orienta para que a sua decisão seja comunicada "urgentemente ao líder parlamentar do MLSTP/PSD, único subscritor do requerimento".

Brasil - Carta Capital: “VALERIODUTO ABASTECEU GILMAR MENDES”



Carta Maior

Reportagem publicada pela revista neste final de semana divulga uma lista de pessoas que teriam recebido dinheiro do caixa dois da campanha à reeleição do então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998. Segundo a reportagem o esquema teria sido operado pelo publicitário Marcos Valério de Souza, que assina a referida lista, registrada em cartório. Entre os nomes que aparecem na lista está o de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, que teria recebido 185 mil reais. Matéria está baseada em documentos entregues à Polícia Federal por advogado de modelo assassinada em 2000.

A revista Carta Capital publicou neste final de semana reportagem intitulada “O valerioduto abasteceu Gilmar Mendes”, trazendo uma lista de pessoas que teriam recebido dinheiro do caixa dois da campanha à reeleição do então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998. Segundo a reportagem o esquema teria sido operado pelo publicitário Marcos Valério de Souza, que assina a referida lista, registrada em cartório. Entre os nomes que aparecem na lista está o de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, que teria recebido 185 mil reais.

Além de Mendes, há nomes de governadores, deputados e senadores na relação. Entre os doadores, ainda segundo a reportagem da Carta Capital, aparecem empresas públicas e prefeituras que são proibidas por lei de fazer doações de campanha. O banqueiro Daniel Dantas, diz ainda a matéria, aparece como repassador de dinheiro para o caixa dois da campanha de Azeredo.

A reportagem da Carta Capital está embasada em uma série de documentos entregues à Polícia Federal pelo advogado Dino Miraglia Filho, de Belo Horizonte, que atua em nome da família da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, assassinada em 2000. Segundo o advogado, a morte da modelo foi “queima de arquivo”. Ela participaria do esquema de caixa dois da campanha de Azeredo e teria sido utilizada para transportar malas de dinheiro. A própria Cristiana aparece na lista citada como destinatária de 1,8 milhão de reais.

A revista publicou a íntegra dos documentos que registram o caixa dois da campanha de Azeredo em 1998. Nela, há uma lista de doadores e uma de beneficiários. Nesta última aparecem meios de comunicação, institutos de pesquisa e fornecedores diversos que, diz a Carta Capital, até podem ter recebido por seus serviços sem conhecer a origem do dinheiro.

De acordo com os números da contabilidade assinada e registrada em cartório pelo publicitário Marcos Valério, há uma grande diferença entre os R$ 8 milhões que Eduardo Azeredo declarou ter gasto na campanha e os R$ 104 milhões anotados na documentação contábil.

O ministro Gilmar Mendes negou ter recebido os R$ 185 mil e ameaçou processar a revista Carta Capital. O site Brasil 247 lembrou neste sábado que Gilmar Mendes votou pelo arquivamento da denúncia contra Eduardo Azeredo. Sua posição acabou sendo derrotada e o ex-governador de Minas Gerais é réu na Ação Penal 536, acusado dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.

Em seu voto, assinala ainda o Brasil 247, o ministro Gilmar Mendes reconheceu que o candidato é responsável pelo que ocorre em sua campanha, mas discordou da tese segundo a qual Eduardo Azeredo seria mentor do esquema por ser beneficiado pelo mesmo. Mendes argumentou ainda que, em um caso como este, a responsabilidade política difere da responsabilidade penal, votando pelo arquivamento da denúncia e sendo voto vencido.

O Brasil 247 publicou o vídeo no qual o ministro Gilmar Mendes fala em favor do ex-governador de Minas Gerais e rejeita a denúncia feita pelo Ministério Público Federal (veja aqui).

Defesa de Marcos Valério diz que documento é falso

Os advogados de defesa do publicitário Marcos Valério manifestaram, em nota, sua “perplexidade” com o teor da matéria da Carta Capital, afirmando que ela está baseada em “documentos e informações falsas”. Segundo a nota, esses documentos teriam sido "provavelmente produzidos por pessoa notoriamente conhecida por seu envolvimento em fraudes diversas em Minas Gerais, que recentemente esteve preso acusado de estelionato e que, inclusive, seria beneficiado, de forma no mínimo curiosa, no próprio documento falsificado". A nota também reitera confiança no Poder Judiciário e no Supremo Tribunal Federal, “repudiando qualquer dúvida que seja levantada sobre a credibilidade, a capacidade jurídica e a imparcialidade do ministro Gilmar Mendes”, diz a manifestação assinada pelo criminalista Marcelo Leonardo.

(*) Texto atualizado às 10:34 de 29/07/2012

BRASIL – COTAS RACIAIS: UMA IDEIA ELITISTA





A Universidade Federal do Rio Grande do Sul avaliou o desempenho acadêmico dos alunos cotistas e não cotistas e concluiu, segundo matéria de Zero Hora em 25 deste mês, que “os cotistas negros apresentam índices consideravelmente piores”. Para cada aluno admitido pelo ingresso universal em 2008, com desempenho insuficiente, há 2,4 cotistas negros na mesma situação. Em percentuais, o mau desempenho é de 14,8% no sistema geral e de 34,8% entre os autodeclarados negros.

Tal informação contradiz o que ouvi em sucessivos debates ao longo dos últimos anos, segundo os quais tudo ia muito bem, graças a Deus. Não havia diferença entre cotistas e não cotistas. Sabe-se agora que há, sim, como seria previsível. A universidade não serve – e não deve, mesmo, servir – para suprir deficiências na escolaridade anterior de seus alunos.

As desigualdades sociais em meio às quais vivemos excedem, em muito, o tolerável, mesmo se considerarmos que há uma efetiva desigualdade natural entre os indivíduos. Nosso índice Gini (que mede a distribuição da renda nos países) é comparável ao das sociedades com desenvolvimento mais retardado. Chega a ser um disparate alguém observar o Brasil nessa perspectiva e deduzir que o mal está no acesso às universidades públicas. Não está! É na base do sistema de ensino, no bê-á-bá da cadeia produtiva da Educação, que ele se aloja e opera.

Só os gênios que comandam a Educação nacional não sabem que na vida real, na vida do mau emprego, do subemprego e do desemprego, no mundo do trabalho árduo e do salário baixo, para cada graduado de cor negra que recebe seu diploma no último andar do sistema, dezenas de crianças estão entrando pelo térreo para padecer as mesmas deficiências que inspiraram a ideia das cotas. Atrás do conta-gotas racial percebido nos atos de formatura, há uma hidrelétrica de alunos negros e pobres, recebendo o precário tipo de educação que a nação fornece a seus alunos pobres e negros. E ninguém vê isso? De nada nos servem os tantos bons exemplos de outros povos que superaram desigualdades internas maiores do que as nossas e emergiram como potências no cenário industrial e tecnológico, através de um bom sistema de ensino, do trabalho e do mérito?

Ademais, o próprio STF, ao contrário do que vem sendo repetido equivocadamente, deixou implícito que o sistema de cotas raciais é inconstitucional. “O quê?” perguntará espantado o leitor. “Mas não foi exatamente o contrário?”. Estive bem atento durante toda a sessão em que o STF admitiu o sistema. Percebi que os ministros falaram muito mais sobre Sociologia, História do Brasil, Antropologia e Política do que sobre a Constituição. Nesse particular, nesse pequeno detalhe, seguiram o voto do relator, ministro Lewandowski. Quanto a este, era inevitável que, em algum momento, abrisse a Carta da República e topasse ali com coisas como a igualdade de todos perante a lei e com o preceito (quase universal no mundo civilizado) de que ninguém será discriminado, entre outras coisas, por motivo de raça. Como saiu o ministro dessa enrascada? Afirmou que um sistema de cotas raciais precisa ser transitório, temporário, devendo viger até que desapareça a situação que lhe deu causa. Não sendo assim, seria inconstitucional. Ora, isso significa que o conta-gotas funcionará até que se esvazie a hidrelétrica. O preceito da não discriminação persiste, mas perde vigência por prazo impreciso, embora não infinito. Ah! Se isso não é um truque na cartola do politicamente correto, então vou ter que pedir para voltar à universidade por um sistema de cotas para deficientes mentais. E mais: doravante, pelas letras da mesma oratória, todo concurso para magistratura, todo certame intelectual ou cultural, toda prova de habilitação que não previr cotas raciais será provisoriamente inconstitucional. Arre, STF!

O Brasil importa técnicos e trabalhadores qualificados de nível médio porque não oferece esse tipo de formação aos seus jovens! Enquanto isso, as políticas de desenvolvimento social via universidade fazem o quê? Reproduzem a estúpida estrutura, tão do agrado da elite brasileira: um bacharelado, um canudo, um título de doutor, uma festa de formatura. E está resolvido o problema dos pobres. Até parece ideia de rico de novela.

*Percival Puggina é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

BRASILEIROS EM COPACABANA PARA DENUNCIAR AGENTES DA DITADURA




Neste domingo, 29/7, tem esculacho em Copacabana para denunciar agentes da ditadura


Neste domingo, dia 29 de julho, haverá mais um esculacho público para denunciar agentes da ditadura civil-militar brasileira. A concentração está marcada para as 10h, na estação de metrô Cardeal Arcoverde (R. Barata Ribeiro, Copacabana). O lema dos organizadores é "Não se vira uma página que ainda não foi lida".

O DIREITO AO ESCLAVAGISMO E À IGNORÂNCIA





Lembrou-se o Daniel Oliveira desta banalidade:

“Ir de férias não é um luxo. Sair de casa e da cidade onde se vive, estar com a família e recarregar baterias é, na sociedade que julgávamos estar a construir, um direito.”

A extrema-direita não gostou. Vamos por partes: se as férias pagas são uma conquista lançada pela Frente Popular em 1936, e portanto um direito conquistado, qualquer não mentecapto com conhecimentos mínimos de gestão empresarial sabe que hoje são mais um dever: os trabalhadores descansando aumentam a sua produtividade, coisa a que recarregar baterias dá muito jeito.

Claro que vivemos em Portugal, onde até os homens do FMI afirmam isto:

“Acha que Portugal pode ser muito produtivo em várias áreas, nomeadamente na agricultura, mas precisa de empresários a sério. (…) Marcos dizia que o problema não é somente da competitividade dos trabalhadores (tão bons quantos os melhores, mas lá fora…), já Albert completava: tendo em vista os salários, o problema é a capacidade dos empresários em usar as capacidades dos trabalhadores. ”Num país que está na União Europeia desde 1986 e em que o salário à hora de um trabalhador qualificado no sector industrial é de €10, se um empresário não consegue ser competitivo com este preço é porque existem questões que precisam ser abordadas“*

Ou seja, vivemos num país onde a burguesia nem ganhar dinheiro sabe, e vai vivendo das borlas atlânticas de um estado generoso. Uma burguesia de treta, mais preocupada com a fuga aos impostos do que com o funcionamento do seu capitalismo, uma burguesia de patos-bravos chulando o estado dos negócios, uma burguesia herdeira de uma nobreza que soube desbaratar como poucas as melhores oportunidades e anda nisto desde o séc. XVI (hoje com os seus apelidozinhos paternos, edipianamente negando as mães, à falta de um título e dado o ridículo de alguém se armar em conde do raio que o parta).

Gente que ainda acredita que esta crise “começou precisamente por, tanto os privados como o Estado, gastarem o que não tinham“. A Lemon Brothers e a Goldman Sachs nunca existiram, repetir a mentira só lhes fica bem. Podiam era ir explicando a que horas pretendem iniciar o recolher obrigatório, ou então concorrerem a eleições com o vosso verdadeiro programa e sem as mentiras eleitoreiras dos Passos e Portas, onde uma assessoriazinha é sempre bem vinda. Eram capazes de ter mais uns votos que a Carmelinda Pereira.

*Reportagem no Expresso 14/7/2012: ”Os Homens do FMI” – depoimentos dos dois representantes do FMI em Portugal

- Vídeo alusivo no original: Les congés payés

ENTREGAVA O SEU PATRIMÓNIO A MIGUEL RELVAS?




Daniel Oliveira – Expresso, opinião, em Blogues

Miguel Relvas é, mesmo que muitos acreditem que tudo passará, um ministro a prazo. Já todos os jornalistas, todos os políticos da oposição e até todos os humoristas perceberam que a sua vida é um poço sem fundo de escândalos. Mas ele tem uma função: privatizar a RTP. E privatizar com uma agenda. Mudando o panorama mediático português e, com ele, o panorama político. Dando, provavelmente, espaço mediático a uma direita trauliteira e radical. E, no meio, tratando, da forma expedita que já lhe conhecemos, de negócios.

Acontece que Miguel Relvas, o político mais desprezado pelos portugueses, não tem legitimidade moral para vender nada que seja do Estado. Que seja património nosso. Com um outro ministro, eu, como cidadão, discutirei o disparate que é esta privatização. O disparate para o Serviço Público de Televisão e o disparate para o mercado publicitário e, por efeito, para televisões, rádios e jornais, levando a falências em catadupa e diminuindo, em vez de aumentar, o pluralismo da informação no nosso País. Valor que, já se percebeu, preocupa pouco este governo e os que o antecederam. Mas não é nada disto que se discute com Relvas. Com Relvas estamos sempre à espera de esquemas e negociatas. Nenhum negócio que tenha Miguel Relvas como ministro da tutela pode estar fora de suspeitas. Seria como pôr Dias Loureiro a tratar da privatização de parte da Caixa Geral de Depósitos.

Muitos têm dito que os ataques a Miguel Relvas resultam do processo de privatização da RTP. As teorias da conspiração valem o que valem. Mas aceitando que seja verdade, ficam as perguntas: não é importante sabermos da honestidade de quem vai tratar da venda do nosso património? Não é o respeito pela liberdade de imprensa fundamental num ministro que trata de assunto tão sensível para a saúde da nossa comunicação social? Serei, até ao último segundo, contra a privatização de um canal da RTP. Sempre foi e sempre será esta a minha posição. Mas neste momento é uma coisa mais comezinha que me faz escrever: serei contra a venda de um lápis que seja se o vendedor do que é meu for Miguel Relvas. E nem preciso de explicar porquê. Todos sabem o que lhe falta. Até ele.

Portugal: A violência nas residências estudantis fica fechada entre quatro paredes



Sara Dias Oliveira - Público

Praxes académicas

Há episódios de violência nos alojamentos partilhados pelos universitários. No entanto, as queixas ficam guardadas, apesar de a praxe poder configurar uma forma de bullying.

As histórias de violência nas residências académicas têm rostos que não querem nomes. Há revolta, ansiedade, depressões. Muita tristeza. O bullying não fica à porta das escolas secundárias. O ensino superior também não escapa às lutas pelo poder. Os serviços de Acção Social das universidades garantem que não há problemas graves que obriguem a usar mão de ferro. A Linha SOS-Estudante e o Gabinete de Apoio ao Estudante da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, por exemplo, não têm recebido queixas de violência nos alojamentos académicos. No entanto, há casos que adormecem em silêncio.

Ana, nome fictício, não quer nomes, nem localizações exactas. Está cansada, deprimida, com acompanhamento psicológico. Quer terminar o curso e emigrar. Quer esquecer o que tem vivido nos últimos anos nas residências universitárias de Lisboa por onde tem passado. "Nas residências, onde seria suposto haver sossego para se estudar, existe um ambiente de absoluto deboche e falta de respeito para com os colegas", refere. O barulho, as atitudes de segregação e as festas até tarde incomodam-na. "A violência, muitas vezes, é feita de palavras que, às vezes, doem muito mais que um soco", diz. Ana vive agora sozinha num quarto de uma residência universitária.

Durante três anos, partilhou um quarto. "Três anos sem sossego a aturar uma colega de quarto que fazia barulho até de madrugada." Queixou-se à responsável pela residência e aos serviços de Acção Social. Mas ficou tudo na mesma. "Comecei a ser posta de lado, a ser insultada por algumas residentes e, moral da história, fui acusada de não saber viver em comunidade, quando o que só quero é ter sossego para estudar e terminar os meus estudos com sucesso."

Ana andava desesperada e faltou pouco para ir à polícia. Lembra um episódio: "A minha colega entra no quarto, faz imenso barulho, acende a luz. Saturada, chamei-a à atenção, não havia necessidade de acender a luz, quando temos candeeiros de cabeceira e com luz forte o suficiente. Continuou a fazer tudo como se não me tivesse ouvido. Levantei-me e desliguei a luz, acedendo a outra, ela voltou a ligar, daí surgiu uma discussão."

Ana ficou nervosa, saiu do quarto, e a colega chamou a responsável. "Chegaram as duas e a discussão continuou. Agarrou-me no pulso e já ia com a outra mão para me bater na cara. Só tive tempo de me desviar. Se acontecesse qualquer coisa, iria à polícia, nunca poderia responder a este acto de agressividade da mesma maneira, pois perdia a razão. E a responsável pôs-se do lado dela."

Mudou de residência por não ter condições de suportar o alojamento sem apoio. "Mas os insultos e as faltas de respeito continuam", garante. Escuta coisas indelicadas a seu respeito. "É óbvio que a depressão veio daí. Quem não dorme bem e é constantemente molestado e incomodado sofre consequências." Ana anda a ser acompanhada por uma psicóloga e por um psiquiatra.

"Terreno com potencial"

Maria do Rosário Pinheiro, professora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, coordenadora da licenciatura em Ciências da Educação, é responsável pelo Gabinete de Apoio ao Estudante (GAE) da faculdade que, por ano, faz cerca de 200 atendimentos. Situações de violência física ou psicológica em residências universitárias de Coimbra não têm batido à porta do gabinete que coordena, mas foi ali que este ano deram entrada denúncias que levaram à suspensão temporária da praxe de gozo em todas as universidades de Coimbra e que culminou na suspensão de oito alunos de Ciências da Educação. "Nenhuma praxe é inconsequente, qualquer praxe vai ter um impacto", refere.

Na sua opinião, a universidade é um espelho do que se passa na sociedade, um barómetro da comunidade. E se há disputas, violência, desequilíbrios "cá fora", também os há no universo académico. "As residências são um terreno com potencial para que as provocações, para que as lutas assentes na desigualdade de poder, possam acontecer", afirma. Várias residências académicas têm os seus líderes e o ambiente pode proporcionar desentendimentos, embora não haja uma única queixa nesse sentido no GAE da faculdade coimbrã. "As pessoas estão muito expostas a essas realidades, a esses desequilíbrios, a desavenças com os colegas de quarto, com os colegas de piso." O bullying não fica à entrada do mundo universitário e, muitas vezes, não pede licença para avançar. Maria, também nome fictício, sabe que assim é. É uma das melhores alunas do seu curso. Entrou numa residência universitária de Coimbra em Setembro do ano passado. No início, tudo corria bem. "Jantávamos juntas. Mas, a partir do nada, deixaram-me de me falar, de me cumprimentar", conta. A comida começou a desaparecer da arca frigorífica comum. Fez queixa e a delegada da residência colocou um aviso. Maria tentou perceber o que se passava, obteve como respostas silêncios e a mesa cheia quando queria sentar-se para jantar. "Quando queria aquecer comida, barravam-me a passagem para o microondas, e sentavam-se todas à mesa para não ter lugar", recorda. "Não percebi por que deixaram de me falar. Pergunto, mas não me respondem, simplesmente ignoram-me." Maria vai tentar mudar de residência. "Sinto-me mal, mas tenho de me sentir bem, porque não tenho nenhuma hipótese de suportar um quarto sem ser numa residência", desabafa.

Essa desigualdade de poder entre vítima e provocador, que caracteriza o bullying, nem sempre é fácil de identificar nas residências. Tudo porque, sustenta Maria do Rosário Pinheiro, "pode acontecer de uma forma "cosmetizada", escondendo-se a violência com camadas de outros comportamentos legitimados pelo contexto social e académico, como é o caso da competitividade entre os alunos e mesmo da praxe". Volta-se à praxe que, em seu entender, "pode ser uma forma de bullying entre estudantes do ensino superior". "As praxes, porque levadas a cabo num contexto escolar - um ritual dos estudantes para estudantes - e porque assentes numa desigualdade de poder, entre os "doutores" e os caloiros, quando se caracterizam por um comportamento agressivo, intencional e sistemático, preenchem os critérios de bullying".

Maria do Rosário Pinheiro lembra que o problema da violência entre pares no mundo académico entrou nas preocupações da sociedade portuguesa, quando os jovens americanos começaram a matar nas universidades. E a realidade que aparecia nos ecrãs das televisões demonstrava que eram sobretudo as vítimas de bullying que pegavam em armas e matavam colegas e professores. Neste momento, a comunidade científica centra as suas atenções nos comportamentos das vítimas provocativas. "Quando há um estudante que diz que sofre, que não se consegue adaptar na residência universitária, que é ostracizado, é precisamente esse aluno que nos deve preocupar. Mais verdade do que aquilo que diz é aquilo que sente", avisa.

Luís, nome fictício, é antipraxe e mora numa residência académica em Coimbra. Conta as praxes que viu onde mora. No dia do julgamento, na véspera da Queima das Fitas, quando os caloiros são praxados pela última vez, é feito um jantar. Depois, há praxe. "Os alunos do 1.º ano, independentemente do número, são fechados num polibã, todos apertados. E os não caloiros atiram-lhes com coisas, como polpa de tomate." "Um dos caloiros teve de ser examinado, porque entrou-lhe piri-piri para o olho." Seguem-se cortes de cabelo. "Cortam o cabelo dos caloiros e têm atitudes particularmente agressivas e perigosas. Muitos dos que praxam estão completamente bêbados e não têm noção do que estão a fazer", refere.

Em Coimbra, os caloiros podem recusar a praxe. Mas, adverte Luís, não há uma liberdade real. "A opção por não participar significa a não socialização com algumas pessoas." É, portanto, "uma liberdade condicionada".Universidades sem registo de queixas

Nos últimos anos, os serviços de acção social das várias universidades não têm recebido queixas relativas a episódios de violência ocorridos nas residências académicas. Na Universidade de Coimbra (UC), o ano lectivo termina com registo de apenas dois casos de violência entre estudantes, ligados ao excesso de álcool.

Os Serviços de Acção Social advertiram oralmente os alunos. O regulamento em vigor nas 14 residências da UC é omisso quanto às praxes. Refere apenas que "os residentes devem abster-se de praticar actos impróprios da normal vida em comum". Na Universidade do Porto, a praxe não é permitida nas dez residências universitárias. Segundo Isabel Basto, do departamento de Acção Social, "nos últimos anos, nunca aconteceu nada de especial gravidade".

Na Universidade do Minho também não há registos de violência nas 10 residências situadas em Braga e em Guimarães. Carlos Silva, do Serviços de Acção Social garante que não há praxes nesses espaços. As queixas mais frequentes dizem respeito a "pequenos focos de barulho". Na Universidade de Aveiro, também não há queixas registadas. O regulamento estipula que nas residências da academia não é permitido praxar.

António Costa assume “algumas qualidades” para ser secretário-geral do PS



Público - Lusa

Concentrado na vida autárquica, António Costa admite que houve alturas em que quis ser secretário-geral do PS e que tem mesmo “algumas qualidades” úteis para a função, mas lembra que este não é o momento para colocar a questão.

Cinco anos depois de ter tomado posse como presidente da Câmara de Lisboa, a 1 de Agosto de 2007, o ex-ministro da Administração Interna diz, em entrevista à agência Lusa, que governar um município “tem de implicar um grande gosto” e disponibilidade permanente, envolvendo um grau de exigência “muito superior a ser membro do Governo”.

Há alguns anos não se imaginava à frente da autarquia da capital, mas, de qualquer forma, entende que não se escolhe o que se quer fazer na política: “Já vi gente tão infeliz com imensos sonhos de vida que não realizaram e o que tenho visto é que a vida política é menos aquilo que nós queremos que seja, mas aquilo que em cada momento uma pessoa pode ser em função da utilidade que tem”.

Sobre a possibilidade de ser secretário-geral socialista, como defenderam já várias figuras do partido, António Costa considera que “nunca se verificaram as circunstâncias” para assumir o cargo. “Houve alturas em que eu queria e não podia ser, houve alturas em que eu queria e havia pessoas mais bem colocadas, houve alturas em que não queria. Essas perguntas não se fazem em abstracto, fazem-se no momento certo, quando as oportunidades existem. Neste momento é um problema que não se coloca, o PS tem um líder. Se um dia estiver em discussão, poder-me-á fazer a pergunta e logo verei que resposta estarei em condições de dar”, afirma.

Por isso, e apesar de assumir que poderá voltar a candidatar-se nas autárquicas de 2013, a hipótese não está excluída. “Se me perguntar se eu posso ser guarda-redes do Benfica, digo-lhe claramente não posso ser guarda-redes. Ser secretário-geral do PS é diferente. Acho que tenho algumas qualidades que poderia mobilizar a favor dessa função. É uma pergunta que se pode fazer em abstracto, não se pode é responder em abstracto”, sustenta.

Governo “não aproveita oportunidades”

O presidente da Câmara de Lisboa criticou também o Governo por alguns “cortes cegos” e por não aproveitar todas as oportunidades para relançar a economia, nomeadamente por ainda não ter começado a trabalhar numa candidatura ao próximo quadro comunitário.

António Costa lamentou que ainda “não se saiba nada sobre o que é que o Governo anda a fazer ou se anda a fazer alguma coisa” quanto ao quadro comunitário de 2014-2020, que envolve uma “atenção nova para as cidades” na área da reabilitação urbana. No seu entender, um dos erros deste executivo foi não ter criado, no âmbito da reprogramação do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), uma “linha fortíssima” a este nível.

“Portugal terá vivido excessivamente dependente do sector da construção, mas não é de um dia para o outro que se pode prescindir de um sector que foi fundamental ao longo de 40 anos na economia do país. A reabilitação urbana tem não só essa função de criar emprego, de mobilizar materiais de produção nacional (madeiras, tijolo, cimento, vidro), como constitui uma mais-valia para o turismo, para a qualidade de vida das cidades e, portanto, tem impacto económico muitíssimo importante”, defendeu.

Para o presidente da câmara da capital, onde se estima que sejam necessários cerca de oito mil milhões de euros para reabilitação urbana, é nesta área que “o Governo deveria estar a trabalhar, de modo a preparar um grande programa” que beneficiasse de fundos comunitários.

António Costa criticou o Governo por estar “concentrado sobretudo no aumento dos impostos e no corte cego de algumas despesas, daí não ter resultado nenhuma consolidação das finanças públicas, como se vê pelos números de execução orçamental”. Por isso, na sua opinião, o Governo tem de compreender que para ultrapassar a actual conjuntura há que conseguir simultaneamente rigor na gestão e relançamento da economia.

LAGOSTA E MALTE UNIDOS NA MESA DO MPLA




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O ex-embaixador da UNITA em Portugal e Espanha, Isaac Wambembe, anunciou hoje, em Luanda, a sua desvinculação deste partido e, é claro, o seu apoio ao MPLA.

Isaac Wambembe diz agora que não se revê na forma como o Presidente da organização, Isaías Samakuva, tem conduzido a organização e “pelos maus tratos de que os quadros são alvo”.

Falando em conferência de imprensa, o médico de profissão, manifestou a sua disponibilidade de servir as comunidades, colocando-se à disposição do Estado angolano.

“Representei o partido com toda dedicação e sofri a pior humilhação humana”, disse, frisando que depois dos acordos de paz do Luena, em 2002, os seus colegas da missão externa foram reinseridos nas embaixadas e noutras actividades, menos ele.

“Consciente da grande tarefa que todos os angolanos devem desempenhar para ajudar no desenvolvimento do nosso país, revejo-me no projecto de sociedade apresentado pelo MPLA”, destacando o programa de combate à fome, à pobreza e as grandes endemias, cujos resultados disse estarem reflectidos positivamente no seio das populações, diz Isaac Wambembe.

Quando, em Março de 2009, vi e ouvi a intervenção no programa Prós e Contras, da RTP, de Isaac Wambembe na sua qualidade de delegado/representante da UNITA em Portugal, escrevi que foi nítida a percepção de que algo ia mal, muito mal, pessimamente mal, no partido fundado por Jonas Malheiro Savimbi.

Apesar de o programa ter sido montado para, com uma outra excepção que confirma a regra, ser mais uma montra de apologia, por vezes demasiado subserviente, do regime angolano, a oportunidade poderia e deveria ter sido aproveitada para mostrar a outra face de Angola.

Não foi isso que aconteceu. E como me diziam alguns portugueses que ao meu lado assistiram ao programa, para além de tudo ser bom em Angola – inclusive a corrupção -, ficou claro que a UNITA não é alternativa e que – cito um deles – “se calhar até deveria ter tido bem menos do que os 10% de votos que teve nas legislativas”.

Como escrevi na altura, se Isaac Wambembe era o melhor que a UNITA tinha para chefiar uma delegação, ou uma representação, em Portugal, o melhor era Isaías Samakuva encerrar por falência intelectual e política essa representação.

Numa altura em que a UNITA precisava de se reafirmar como séria e competente alternativa ao MPLA, assistiu-se ao seu ébrio suicídio. Aguinaldo Jaime, representante oficial do Governo angolano no programa (todo os outros protagonistas principais eram representantes oficiosos), teve aliás a elevação ética de não amesquinhar o seu compatriota da UNITA, o que poderia facilmente fazer se tivesse dirigido qualquer questão a Isaac Wambembe.

O problema não foi – apesar de ter sido – o facto de Isaac Wambembe mostrar que não sabia o que ali estava a fazer. A assistência afecta ao MPLA teve múltiplos orgasmos quando viu que, apesar de não estar em condições psico-somáticas, Isaac Wambembe teimou em falar.

Nem mesmo a insistência de outros elementos afectos à UNITA evitou que Isaac Wambembe levasse à cena aquela burlesca tragicomédia que, por ser de tão fraca qualidade, até mereceu a comiseração do próprio Aguinaldo Jaime.

Até a própria produção do programa deu uma ajuda para remediar os estragos, procurando com café diminuir os visíveis e notórios resultados de alguns excessos da fermentação do malte.

Mas, reconheço, já há muito que Isaac Wambembe se sentia melhor fazendo a política do MPLA. Em entrevista (Março de 2009) ao Correio da Manhã, fez mais pelo regime do que pelos angolanos. Pelos vistos valeu a pena.

À pergunta “O que mais deseja na cooperação com Portugal?”, Isaac Wambembe respondeu: “Apelo ao reforço da cooperação em todas as áreas, mas principalmente nos sectores da Saúde, Educação e Transportes”.

Se calhar o delegado da UNITA pensou (agora percebe-se melhor) que representava o MPLA, ou o Governo, por sinal são uma e a mesma coisa. Ou então, de facto, a UNITA é isso mesmo que esperava de Portugal.

“Que papel desempenha o delegado da UNITA em Portugal?”, perguntou o jornal.

Isaac Wambembe respondeu: “Somos uma delegação e representamos os militantes da UNITA em Portugal. O objectivo é levar os angolanos afectos à UNITA para Angola, para ajudar a desenvolver o país. Temos muitos estudantes que estão a concluir as suas formações e outras pessoas que têm projectos que devem ser incluídos no quadro do desenvolvimento do país. Para regressarmos é preciso saber em que condições serão acolhidos, e tudo isto está a ser tratado com a embaixada e o consulado angolanos em Lisboa”.

Não está mal. O delegado do maior partido da Oposição, do partido que (pensava eu) aspira a ser alternativa, limita-se a um discurso subserviente, não vá o todo poderoso MPLA ficar zangado.

Depois de dizer que o MPLA domina tudo mas que “vai ter de compreender que precisa da ajuda de todos os angolanos”, Isaac Wambembe disse que o que mais o preocupava em Angola “era salvar aquele povo sem voz”.

E como é que isso se faz? Isaac Wambembe responde: “ajudando o governo a criar condições para toda a gente”.

“Aquele povo”? Ajudar o governo? Bom, se – parafraseando Isaac Wambembe – aquela UNITA aguentou tanto tempo este militante como seu representante em Portugal era porque, afinal, estava no mesmo estado.

Acresce que, finalmente, Isaac Wambembe foi bater à porta certa, o MPLA. Não foi o primeiro nem será o último. Tem, contudo, a vantagem de aliar a lagosta ao malte.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: AS ANTERIORES PROMESSAS ELEITORAIS DO MPLA

PARTE IV - A EVOLUÇÃO POLÍTICA DE ÁFRICA E A LUNDA 1884 – 1891




4.- A ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL AFRICANA

4.1.- A CONFERENCIA DE BERLIM E OS INTERESSES DA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONA AFRICANA

Os problemas de África são, e serão, ainda, por muito tempo, o pesadelo da Europa e do Mundo. A Conferência de Berlim (14 de Novembro de 1884 – 26 de Fevereiro de 1885), com o Acto Geral assinado por todos os participantes no próprio dia da clausura, traçou as linhas gerais da maquinação e da manipulação de cerca de 30.000.000 de povos inteiros, desagregação de etnias, tribos e traçado rectilineo de fronteiras em África.

É, neste ambiente de competições desenfreada dos grandes à custa dos pequenos, que se situa a chamada “Questão da Lunda – 1885-1894” que teve o seu inicio com a convenção de 14 de Fevereiro de 1885 em BERLIM.

A Conferencia de Berlim nasceu do Tratado do Zaire (Congo), como já se disse nos textos anteriores, e foi feita para arranjos do Estado Independente do Congo. A Associação Internacional não tomou oficialmente parte nos trabalhos, mas lá estavam os seus agentes, e era constantemente subentendida e mesmo invocada. O barão de Courcel chamava-lhe «LA DAME DE NOS PENSÉES» - como também já se escreveu.

Daí que, da Conferência, tivesse nascido pleno de vigor o Estado Independente do Congo; daí que ela não tivesse sido encerrada sem as Potências o terem reconhecido; daí que a maior parte das resoluções tivessem servido mais as ambições e as exigências de LEOPOLDO II do que Estados, como Portugal, que já tinha manifestado a sua adesão aos princípios depois aceites.

A Alemanha fez, por isso, o Estado do Congo como muito bem quis; o rei dos Belgas não teve outra tarefa senão a de congregar, à sombra de BISMARK, os esforços das várias nações EUROPEIAS para os opor aos interesses das duas únicas Potências prejudicadas: França e Portugal.

A Conferência de Berlim foi, é certo, fértil de resoluções, mas a grande realização, a mais valida que dela saiu, foi o ESTADO INDEPENDENTE DO CONGO. E a prova é que, quando os milhões de Leopoldo começaram a escassear e o Estado Independente teve de estabelecer alfândegas para não se arruinar, os signatários de Berlim, esquecendo os princípios por que tanto se tinham batido, aceitaram um regime aduaneiro diferente.

O rei dos Belgas via esvair-se a sua fortuna pessoal, que, com o aplauso unânime de todos, havia de servir para governar sem imposto o jovem Estado – com então se acreditava.

- Ferreira Amaral, que governou Angola durante quatro anos, conta que, passando por LUANDA a caminho da Europa um oficial Austríaco ao serviço do Estado Independente e perguntando-lhe ele o que se fazia no Congo, este lhe respondeu: «NOUS DÉPENSONS PAISIBLEMENT LE QUINZIÉME MILLION DU ROI LÉOPOLD, ET, AVANT QU’IL LACHE TOUTE SA LAINE, JE VAIS, EN EUROPE, DÉPENSER MES ÉCONOMIES ET LE FELICITER DE SON IDÉE» - Discurso proferido na Câmara dos Deputados na sessão de 30 de Julho de 1891 (Diário das Sessões da Câmara dos Senhores Deputados, sessão n.º29, de 1891, p.9).

Este facto denuncia bem a desordem financeira do novel Estado e as intenções que animavam muitos dos administradores, confiantes no milhão que Leopoldo antes garantira anualmente à Associação Internacional Africana.

O verdadeiro Congo da Associação era incontestavelmente o rei Leopoldo. Quando nos princípios de 1885 ele se desfez de mais um milhão, os administradores da Associação Internacional, que a estavam sentindo em sérios apertos financeiros, pensaram logo em oferecer uma coroa imperial ao irmão da desditosa imperatriz do México, para pagar desse seu último favor. E por pouco não veio a chamar-se imperador da Bacia do .. Congo (Jornal de commercio, n.º 9338, de 11 de Fevereiro de 1885).

4.2.- A CONFERÊNCIA DE BRUXELAS 1889 - 1890

Por isso, Leopoldo II em breve teve de recorrer ao empréstimo e, quando estava reunida a Conferência ANTI-ESCLAVAGISTA de Bruxelas 1889-1890, cuidou ele de aludir às muitas despesas que a sua obra em Africa estava fazendo e de pedir e conseguir a alteração do regime aduaneiro de 1885. Acordarão então os dezasseis Estados que se fizeram representar em Bruxelas, no anexo ao Protocolo XXXIII, em introduzir na Bacia Convencional do Congo (Zaire) os direitos de 10% sobre as importações, exceptuadas que fossem as das bebidas espirituosas, que ficariam sujeitas a um regime especial.

E aqui estava mais uma conferência Internacional que, embora tivesse sido convocada por sugestão feita à Bélgica pela Inglaterra para reprimir a escravatura, se colocara ao serviço dos interesses do Estado Independente do Congo. Evidentemente que o novo regime fiscal destinava-se a servir, em abstrato, todas as Potências que tinham possessões ou exerciam PROTECTORADOS NA BACIA DO CONGO, mas, em concreto, visavam as dificuldades financeiras com que o Estado de Leopoldo se debatia.

Vigoraria durante quinze anos e, findos eles, e no caso de não haver antes acordo, as Potências do velho continente e os EUA ficavam, no entanto, relativamente ao assunto, na posição que aceitaram pelo artigo 4.º do Acto Geral de Berlim, com a faculdade adquirida de cobrar direitos de entrada, cuja percentagem, “AD VALOREM”, não fosse superior a 10%.

- Diz o artigo 4.º: «Les marchandises importées das ces territoires resteront affranchies de droits d’entrée et de transit. Les puissances se réservent de décider, au terme d’une période de vingt années, si la franchise d’entrée sera ou no maintenue». A segunda parte deste artigo seria, portanto, ao cabo dos quinze anos previstos pela Conferência de Bruxelas, considerada caduca.

Relativamente às bebidas espirituosas, os representantes de Portugal obtiveram que os direitos mínimos a cobrar sobre elas, «Quando importadas no continente Africano, não excedesse metade dos direitos gerais então cobrados sobre as mesmas na grande maioria dos portos africanos».

- Discurso proferido pelo então ministro dos negócios Estrangeiros, Conde de VALBOM, na sessão de 25 de Junho de 1891, na Câmara dos Deputados (Diário das Sessões da Câmara dos Senhores Deputados, sessão n.º 23 de 1891, p.11)

A importação das armas de fogo, de pólvora e, de um modo geral, dos álcoois, sofreu restrições por se ter considerado a sua nocividade em Africa.

É, pois, à Inglaterra que o Estado Independente do Congo deve a Conferência de Bruxelas, e Leopoldo II, em quem a audácia industrial fora precedida pela ambição política, deve a salvação da sua fortuna pessoal à anulação da platónica bacia livre do Congo (Zaire).

4.3.- O ACORDO DE PARIS, DE 9 DE FEVEREIRO DE 1891

De harmonia com a declaração de 2 de Julho de 1890, que aprovava tal regime aduaneiro, firmaram, em conjunto, o Estado Livre do Congo, a França e Portugal o acordo que veio a ser assinado em Paris no dia 9 de Fevereiro de 1891.

Por ele, todas as mercadorias importadas da bacia ocidental do Congo (Zaire) passavam a pagar 6% ad valorem, com excepção das armas, das munições, da pólvora e sal, que pagariam 70%. Artigos havia, como as máquinas a vapor ou utensílios para fins industriais ou agrícolas, que pagavam apenas 3%, pois gozavam de regime de favor, mesmo de isenção, como era o caso de instrumentos científicos ou precisão.

O acordo de 9 de Fevereiro, que trouxe para a colonia de Angola ou província ultramarina, uma receita valiosa, foi modificado por protocolo celebrado em Lisboa em 8 de Abril de 1892 e por troca de notas, aqui feita também, em 10 de Maio de 1892.

Vigoraram as tarifas ad valorem, apesar de a título provisório e sob reserva da fixação eventual de uma tarifa especifica até ao limite dos falados 10% da Conferência de Bruxelas.

Aos produtos importados seria aplicada a tarifa de 10% ad valorem, elevada dos então 6%, e respeitar-se-iam as isenções e excepções previstas nos protocolos de 1892. Os produtos exportados manteriam as tarifas anteriormente fixadas.

Foi assim que o regime aduaneiro definiu na segunda parte do artigo 4.º do ACTO GERAL DE BERLIM se foi modificando antes do período de vinte anos previstos para a sua revisão.

«Esta evolução política de Africa em análise, neste período, a LUNDA TCHOKWE ou as terras sob domínio do Muatiânvua, era livres, independentes, embaro já entre 1890 á 1891, Henrique Augusto Dias de Carvalho já ter sido celebrado os tratados de Protectorado com os potentados TCHOKWES 1885-1887, mas ainda assim não havia nenhuma presença EUROPEIA no interior de toda a extensão desde Lualaba até o rio Lui na região do Xá-Muteba ou ao Sul, Muamuxico, Ndoji, Tchissuassua e Kumanongue».

- Comissão do Manifesto Jurídico Sociológico do Protectorado da Lunda Tchokwe


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