Simião Pongoane –
Voz da América
O inquérito à morte
de Machel, num acidente de aviação, foi reaberto a pedido de Moçambique depois
da queda do regime do apartheid na África do Sul
MAPUTO — O
Governo moçambicano mantém-se calado mesmo depois do pronunciamento do antigo
agente do apartheid, Hans Louw, assumindo o seu envolvimento na morte do
Presidente Samora Machel há 26 anos.
O antigo agente disse ao semanário sul-africano Sowetan Sunday World que fez
parte de uma equipa de reserva, armada com mísseis terra-ar, que seriam usados
para matar Samora Machel caso o primeiro plano de fazer cair o avião
presidencial através de engenho falhasse.
Hans Louw disse que participou igualmente na elaboração dos relatórios e
trâmites burocráticos da morte de Samora Machel ocorrida em Outubro de 1986 no
território sul-africano.
Depois da entrevista feita pelo semanário sul-africano na prisão onde o antigo
agente cumpre pena por outros crimes, em Maputo, o filho de Samora Machel
reagiu imediatamente, dizendo que as declarações do ex-agente eram
encorajadoras para as investigações sobre a morte do seu Pai. Samora
Machel Júnior falou para a agência noticiosa Lusa.
O Governo moçambicano não se pronuncia, porque o caso está sob alçada da
Procuradoria-Geral da República.
O porta-voz da PGR, Angelo Matusse, confirma que uma equipa permanente da
Procuradoria está a trabalhar com os sul-africanos na investigação das causas da
morte do Presidente Samora.
“Não podemos falar de pistas-chave. Trata-se de uma investigação muito séria e
não podemos adiantar detalhes sobre as pistas que estão sendo seguidas. Mas as
duas equipas encontram-se sempre que for necessário e trabalham de forma
permanente” – disse Ângelo Matusse à Televisão de Moçambique.
O Presidente Armando Guebuza entregou o dossier sobre a morte de Samora Machel
à Procuradoria-Geral da República há cinco anos.
Do lado sul-africano, as informações começaram a sair a publico em Dezembro
último, forçando a Procuradoria-Geral de Moçambique a quebrar o silêncio em
torno do assunto, mas até agora ninguém está detido nos dois países.
Ângelo Matusse reconhece que o tempo vai matando alguns vestígios, mas garante
que as duas equipas estão a trabalhar com base em todo o dossier tal como foi
iniciado logo depois do acidente em 1986, mas até agora ninguém está detido em
conexão com o caso.
O governo moçambicano acredita que Samora Machel foi vítima do regime do
apartheid, mas uma comissão de inquérito formada na altura apontou erro dos
pilotos soviéticos como causa da queda do avião presidencial.
O caso foi reaberto a pedido de Moçambique depois da queda do regime do
apartheid que nunca assumiu o seu envolvimento na morte do Presidente Samora
Machel.
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