Tiago Mota Saraiva –
Jornal i, opinião
Todos os argumentos
mobilizadores para as manifestações que hoje irão encher as ruas deste país já
terão sido dados. Até entre militantes do PSD a apreciação pública deste
governo é devastadora e a sua demissão é a única solução possível para evitar a
radicalização do confronto.
Mas vejamos quais
são os argumentos invocados para a sua manutenção em funções. Esgotada que está
a tentativa de encontrar dados favoráveis que atestem competência e transmitam
confiança (o que dizer de um Orçamento que com um mês de execução já está em
derrapagem e a exigir medidas extraordinárias?), o governo tem vindo a
entrincheirar-se no argumento da legitimidade democrática e os seus seguidores
no de que não há alternativa.
O primeiro
argumento radica no pecado da soberba. A democracia não corresponde a um acto
isolado de quatro em quatro anos, em que o povo passa um cheque em branco aos
vencedores das eleições. O célebre momento durante a campanha eleitoral em que
uma jovem se dirige a Passos Coelho perguntando se ia roubar o subsídio de
Natal da sua mãe, roubo que o próprio nega veementemente e que passados poucos
meses veio a anunciar, comprometem tanto a democracia como as nossas carteiras.
No dia em que Passos anunciou o roubo, perdeu legitimidade democrática, por
mais deputados que continuem a apoiá-lo.
O segundo argumento
procura sustentar-se na preguiça do eleitorado. Pensa que não há alternativas?
Construam-se. Fazer o contrário é perigoso? Arrisque-se. Não confia “neles”?
Tome a palavra. Dá trabalho, exige esforço e implica coragem. Tal como a 24 de
Abril de 1974, a luta pela democracia confunde-se com o combate pelas nossas
vidas. Tal como a 25 de Abril de 1974, a liberdade está na rua.
Escreve ao sábado
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