sábado, 2 de março de 2013

OBVIAMENTE, DEMITAM-SE




Tiago Mota Saraiva – Jornal i, opinião

Todos os argumentos mobilizadores para as manifestações que hoje irão encher as ruas deste país já terão sido dados. Até entre militantes do PSD a apreciação pública deste governo é devastadora e a sua demissão é a única solução possível para evitar a radicalização do confronto.

Mas vejamos quais são os argumentos invocados para a sua manutenção em funções. Esgotada que está a tentativa de encontrar dados favoráveis que atestem competência e transmitam confiança (o que dizer de um Orçamento que com um mês de execução já está em derrapagem e a exigir medidas extraordinárias?), o governo tem vindo a entrincheirar-se no argumento da legitimidade democrática e os seus seguidores no de que não há alternativa.

O primeiro argumento radica no pecado da soberba. A democracia não corresponde a um acto isolado de quatro em quatro anos, em que o povo passa um cheque em branco aos vencedores das eleições. O célebre momento durante a campanha eleitoral em que uma jovem se dirige a Passos Coelho perguntando se ia roubar o subsídio de Natal da sua mãe, roubo que o próprio nega veementemente e que passados poucos meses veio a anunciar, comprometem tanto a democracia como as nossas carteiras. No dia em que Passos anunciou o roubo, perdeu legitimidade democrática, por mais deputados que continuem a apoiá-lo.

O segundo argumento procura sustentar-se na preguiça do eleitorado. Pensa que não há alternativas? Construam-se. Fazer o contrário é perigoso? Arrisque-se. Não confia “neles”? Tome a palavra. Dá trabalho, exige esforço e implica coragem. Tal como a 24 de Abril de 1974, a luta pela democracia confunde-se com o combate pelas nossas vidas. Tal como a 25 de Abril de 1974, a liberdade está na rua.

Escreve ao sábado

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