Pedro Cordeiro –
Expresso - ontem
Numa moção lida
durante a manifestação critica-se o Governo e os credores internacionais de
Portugal. Noutra, exige-se a demissão do Executivo e ataca-se a conivência do
Presidente da República.
"Estão a
destruir as nossas vidas", acusam os organizadores das manifestações que
hoje juntaram centenas de milhares de pessoas em cidades de todo o país. Os
destinatários desta crítica, contida numa das moções lidas no protesto de
Lisboa, são o Governo e as instituições que compõem a troika de
credores do resgate financeiro a Portugal: Fundo Monetário Internacional,
Comissão Europeia e Banco Central Europeu.
Contra uma
"austeridade criminosa" e um orçamento de Estado que "tudo
destrói e nada constrói", os autores da moção prometem levantar a cabeça e
rejeitar "o silêncio e o convite à emigração". O texto não propõe
qualquer medida concreta, mas censura o FMI por ter afirmado, depois de tanto
sacrifício imposto à população portuguesa, "que ainda é pouco".
O Governo é acusado
de colaborar numa política que leva a "mais desemprego, reformas cada vez
menos dignas, menos serviço público, maior destruição do SNS (serviço nacional
de saúde) e da Escola Pública, mais ruína e mais miséria". "Quando
todo um povo se levanta não há troika que o derrube", garantem, prometendo
combater as "ditaduras financeiras do FMI" em todo o mundo.
Os organizadores da
manifestação consideram que o que aconteceu hoje foi uma "convergência das
várias correntes democráticas anti-troika". Não representam organizações
nem sectores sociais, mas têm um objetivo comum: "o derrube deste Governo
e de todos os governos colaboracionistas com os programas da
troika".
Governo ilegítimo
Além do texto que
explica os motivos da manifestação, outro documento lido no Terreiro do Paço
constitui uma "moção de censura popular" ao Executivo de Passos
Coelho, que, segundo os autores, "não nos representa".
"Obviamente estão demitidos. Que o povo ordene!", é a conclusão da
segunda moção.
O Governo é
"ilegítimo", afirma o texto, porque "foi eleito com base em
promessas que não cumpriu". Em causa estão as garantias de Passos Coelho
de que não aumentaria os impostos nem cortaria os subsídios nem
"extorquiria as pensões". A moção fala mesmo em "roubo" aos
trabalhadores.
A moção de censura
é, afirmam, "expressão do isolamento do Governo". Critica-se ainda o
Presidente da República, que aprova "mesmo o que subverte a Constituição
que jurou fazer cumprir". A solução prescrita é o povo "tomar nas
suas mãos a condução do país".
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