domingo, 3 de março de 2013

Portugal: OBVIAMENTE DEMITIDOS, DIZEM AS MOÇÕES DA MANIF




Pedro Cordeiro – Expresso - ontem

Numa moção lida durante a manifestação critica-se o Governo e os credores internacionais de Portugal. Noutra, exige-se a demissão do Executivo e ataca-se a conivência do Presidente da República.

"Estão a destruir as nossas vidas", acusam os organizadores das manifestações que hoje juntaram centenas de milhares de pessoas em cidades de todo o país. Os destinatários desta crítica, contida numa das moções lidas no protesto de Lisboa, são o Governo e as instituições que compõem a troika de credores do resgate financeiro a Portugal: Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu.

Contra uma "austeridade criminosa" e um orçamento de Estado que "tudo destrói e nada constrói", os autores da moção prometem levantar a cabeça e rejeitar "o silêncio e o convite à emigração". O texto não propõe qualquer medida concreta, mas censura o FMI por ter afirmado, depois de tanto sacrifício imposto à população portuguesa, "que ainda é pouco".

O Governo é acusado de colaborar numa política que leva a "mais desemprego, reformas cada vez menos dignas, menos serviço público, maior destruição do SNS (serviço nacional de saúde) e da Escola Pública, mais ruína e mais miséria". "Quando todo um povo se levanta não há troika que o derrube", garantem, prometendo combater as "ditaduras financeiras do FMI" em todo o mundo.

Os organizadores da manifestação consideram que o que aconteceu hoje foi uma "convergência das várias correntes democráticas anti-troika". Não representam organizações nem sectores sociais, mas têm um objetivo comum: "o derrube deste Governo e de todos os governos colaboracionistas com os programas da troika". 

Governo ilegítimo

Além do texto que explica os motivos da manifestação, outro documento lido no Terreiro do Paço constitui uma "moção de censura popular" ao Executivo de Passos Coelho, que, segundo os autores, "não nos representa". "Obviamente estão demitidos. Que o povo ordene!", é a conclusão da segunda moção.

O Governo é "ilegítimo", afirma o texto, porque "foi eleito com base em promessas que não cumpriu". Em causa estão as garantias de Passos Coelho de que não aumentaria os impostos nem cortaria os subsídios nem "extorquiria as pensões". A moção fala mesmo em "roubo" aos trabalhadores.

A moção de censura é, afirmam, "expressão do isolamento do Governo". Critica-se ainda o Presidente da República, que aprova "mesmo o que subverte a Constituição que jurou fazer cumprir". A solução prescrita é o povo "tomar nas suas mãos a condução do país". 

MOÇÃO DE CENSURA LIDA NO TERREIRO DO PAÇO, EM LISBOA (Porto, Coimbra e noutras cidades de Portugal)

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