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– foto Paulo Novais
O presidente da
UNITA, Isaías Samakuva, disse hoje, em Paris, que as sucessivas remodelações do
Governo angolano são "reflexo de uma agitação política ou até mesmo
administrativa" que o levam a perguntar-se se o Presidente confiará nos
seus colaboradores.
"O direito e o
poder de mudar e fazer as remodelações é do executivo, do Presidente da
República. Constitucionalmente é ele que pode faze-lo. O que nós podemos dizer
é que quando as mudanças são sucessivas e são frequentes parecem não propiciar
estabilidade", disse o líder da UNITA à agência Lusa.
Samakuva deu hoje,
em Paris, uma conferência sobre o tema "Querem saber a realidade da vida
dos angolanos em Angola e a situação política, social e económica do povo de
Angola?", no âmbito de uma digressão que está a fazer por diversos países.
Para o líder da
UNITA (maior partido da oposição em Angola), a recente remodelação
governamental em Angola levanta a dúvida sobre se o Presidente José Eduardo dos
Santos terá confiança nos seus colaboradores, “ou se ele sente que já não
confia naqueles que trabalham com ele".
As mexidas no
Governo passaram pela nomeação do até aqui presidente do Conselho de
Administração do Fundo Soberano de Angola, Armando Manuel, para a pasta das
Finanças.
A presidência do
fundo foi assumida interinamente por José Filomeno dos Santos, filho do
Presidente angolano.
"Esta mudança,
para mim, configura exatamente esta manobra. Portanto, cria-se o fundo soberano
onde o filho do senhor Presidente fica na gestão, mas numa posição subalterna a
outro que, poucos meses depois, sai para uma pasta também das Finanças, e o
outro fica no fundo soberano", disse Isaías Samakuva à Lusa.
"Não é normal.
Mas eu não gosto de especular. Prefiro ver e analisar e certamente dentro de
pouco tempo veremos o que é que se está a passar", acrescentou.
Armando Manuel foi
indigitado na passada segunda-feira para a pasta das Finanças, em substituição
de Carlos Lopes, exonerado no cargo na primeira remodelação após a posse do
Governo, em outubro de 2012.
Nesta remodelação,
foi ainda substituído o ministro da Construção, Fernando Fonseca, para cujo
lugar foi nomeado Waldemar Pires Alexandre, que era coordenador adjunto da
Comissão de Gestão do Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA).
Samakuva afirmou
ainda que "o atual Governo baseado no ‘petrodólar' não serve".
"Uma economia
que se baseia no ‘petrodólar' e se esquece de outros setores da economia, pode
transparecer ser uma economia vibrante, mas na realidade isso é fictício",
afirmou.
Samakuva lembrou
que "as fontes energéticas são esgotáveis".
"Se nós não
aproveitarmos aquilo que temos agora, se não utilizarmos o que provém do
petróleo para dinamizar outros setores da economia, estaremos um dia a ter
dificuldades enormes", sublinhou.
Na conferência,
Samakuva afirmou que "o MPLA deturpou a história", e por isso
procurou desmistificar as verdades de alguns factos da história angolana, desde
a formação da UNITA.
O encontro
realizou-se no âmbito de uma digressão que o líder do principal partido da
oposição em Angola está a fazer por vários países para transmitir a situação em
que o país se encontra.
A comitiva de
Samakuva passou pelos Estados Unidos, Inglaterra, Bélgica, Holanda e Alemanha.
Seguem-se Bordéus, em França, Espanha e Portugal.
Florence Samakuva,
responsável pela UNITA em Paris, considera que esta é uma oportunidade de
Isaías Samakuva "passar a mensagem a todos os angolanos que estão em
França", uma vez que "muitas vezes a informação não chega" à
diáspora, ou "chega deturpada".
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