Tiago Mota Saraiva –
Jornal i, opinião
Paulo Portas
transformou o CDS-PP num partido sectorial. Da democracia-cristã de Freitas, do
liberalismo de Lucas Pires ou da agressividade direitista de Manuel Monteiro,
pouco resta. O CDS comporta-se como uma amiba política deslocando-se para tapar
os buracos deixados vagos por PS ou PSD. Nas últimas eleições, Portas chegou a
declarar que o CDS estaria à esquerda do PSD em matérias sociais, o que, não
deixando de ser verdade, revela a sua profunda desestruturação ideológica e
oportunismo.
Só nos últimos dez
anos o CDS-PP já foi o partido dos agricultores, dos feirantes, dos jovens (nas
últimas eleições Portas repetiu inúmeras vezes que iria restabelecer o que
chamava “elevador social”), dos contribuintes e agora joga tudo em regressar à
formulação que tinha abandonado depois de ter estado no governo de Durão e
Santana Lopes e ter falhado a promessa de aumentar as pensões mais baixas: o
partido dos pensionistas.
A declaração de
Portas contra a “TSU dos pensionistas” – ninguém lhe terá chamado algo tão
cruel – ou foi objecto de acordo prévio entre o governo, hipocrisia que em nada
beneficia o PSD, ou então culminará na queda deste governo, por dissidência de
Portas apoiada por um Cavaco sempre zeloso de tudo o que lhe atinge a carteira.
Com uma nova onda
de manifestações e protestos durante o mês de Maio, a politiquice de quem só
pensa nos seus resultados, poderá ser o haraquiri de um governo que em dois
anos fez disparar o desemprego, a miséria e o endividamento. Por mera
politiquice podemos ir para eleições, na sequência das quais o CDS procurará
manter-se no governo seja com que partido for.
Escreve ao sábado
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