Orlando Castro - William Tonet - Folha 8 – edição
1147 de 22 junho 2013
Como Angola e José
Eduardo dos Santos são uma e a mesma coisa, registe-se que o Presidente foi
homenageado, em Roma, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura(FAO), pelo cumprimento do primeiro Objectivo de Desenvolvimento do
Milénio (ODM), ao reduzir para metade a percentagem da população afectada pela fome
e subnutrição.
A FAO deu como
credível a informação do ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga, que
garantiu que o seu governo – sob a superior direcção de Eduardo dos Santos -
reduziu a taxa de fome e subnutrição em 57,1 por cento durante o período de 1990 a
2012.
O director-geral da
FAO, José Graziano da Silva,visto como tendo sido corrompido, com cerca de 4
milhões de dólares, segundo uma fonte oficial, expressou a sua satisfação pelo
trabalho de Angola no combate à fome, entregou o diploma de reconhecimento ao
ministro angolano da Agricultura que representou na cerimónia o Presidente José
Eduardo dos Santos.
“Nós aqui no
Kunene, estamos a morrer com fome”,disse ao F8, Ilundeguy, que perdeu 4
familiares. Já Manuel acredita que um dos grandes problemas para além da falta de
alimentação, “o que está nos matar também é a falta de sal e isso eu não entendo
pois o Namibe fica aqui perto”, lamentou.
Escondendo este
drama, enquanto ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga destacou que o
Governo angolano está a dar passos significativos no que se refere ao
cumprimento do compromisso de combater a fome e a subnutrição. Segundo o
ministro, e como não poderia deixar de ser, esta proeza deve-se “à visão
estratégica do Chefe do Estado, José Eduardo dos
Santos, que elegeu a segurança alimentar, o combate à fome, à pobreza e o
desenvolvimento rural como prioridades”.Se a mentira matasse, aqui estaria uma forma
de julgamento, pois omitir o que se passa no Kunene, Huíla e Kuando Kubango,
principalmente, é uma ofensa a estes angolanos, que morrem de fome, por falta de um
grão de milho.
“A fome aqui nos
atingiu, porque até o gado não tem água e então está a morrer e ficamos sem nada
para trocar por comida, já que não conseguimos plantar comida devido à seca”,
denuncia Kalinga.
Mas o ministro
explicou que, para alcançar os resultados,o governo angolano sempre sob a
superior e divina égide do Presidente,implementou e continua a implementar um
conjunto de programas nos domínios social e económico-produtivo,
especificamente nos sectores da agricultura, pescas, indústria,emprego,
construção de infra-estruturas, transportes, comércio, desminagem, saúde,
assistência social, educação e ensino, formação profissional, assim como uma boa
(seria mais correcto dizer excelente) governação, que se traduz na gestão
cuidada dos recursos públicos. Se não são
ofensivas as declarações de Canga, ao menos são um insulto à memória daqueles
que todos os dias morrem de fome, devido a uma má política agrícola e de
fomento rural.
O titular da
Agricultura recordou que, logo após o fim do conflito, em 2002, o Governo
implementou com êxito um vasto e complexo programa de reassentamento das
pessoas deslocadas e refugiadas, por causa da guerra, e um programa de
reinserção social, económica e produtiva de milhares de ex-militares. Neste âmbito, disse
o ministro, regressaram para as zonas de origem ou de preferência mais de
quatro milhões de pessoas que começaram a produzir os seus alimentos e deixaram de
depender da ajuda alimentar.
O regresso destes
populares contou mais com a ajuda da comunidade internacional, do que com um plano
gizado, pelo governo, para apoiar a inserção destes refugiados, na vida social do
seu país. Isto porque a maioria dos campos, onde foram colocados, eram e são
terrenos inóspitos, sem água e meios para a produção agrícola.
“Eu estava a sofrer
muito, dois filhos meus ficaram muito doentes e o hospital não tinha nada, o
outros dois não estavam a estudar e isso fez com que, para não morrer, eu regressasse à Zâmbia”, denunciou ao F8, Nzila Tambi, que estava na província do Moxico.
Mas o ministro
Afonso Canga disse que a agricultura familiar foi redinamizada e apoiada técnica e
financeiramente, produzindo alimentos para o consumo e para a renda da família. E
as crianças e jovens nas escolas recebem uma merenda, acrescentou. Para Afonso Canga,
este reconhecimento encoraja (como se isso fosse preciso) o Governo angolano
a prosseguir com mais dinamismo e determinação nos esforços de
reconstrução nacional, visando satisfazer as necessidades e as aspirações justas
dos angolanos, em particular, o direito à alimentação.
“O Executivo
angolano,liderado pelo engenheiro José Eduardo dos Santos, vem aumentando,
anualmente, os orçamentos destinados à segurança alimentar e nutrição, à saúde, à educação,
à assistência social e ao combate à pobreza”, disse o ministro, sublinhando que a
produção alimentar tem conhecido aumentos, os níveis de emprego têm subido, os
índices de pobreza estão a reduzir e a esperança de vida dos angolanos está a
aumentar.
O ministro da
Agricultura lembrou, entretanto, o longo caminho por percorrer para erradicação da
fome e da pobreza, no mundo. Por esta razão, sublinhou, todos os meios e
esforços devem ser mobilizados para a erradicação deste flagelo, que
insistentemente persegue a humanidade, há séculos.
“Esqueceu-se,
seguramente, este senhor ministro, que não deve continuar a brincar e ofender a
vida dos angolanos, mesmo que eles não nos tenham nas suas estatísticas”,
asseverou o economista e político, Ramos Lango, acrescentando, “como pode um governante
consciente, omitir os cerca de 35 mil populares que estão a morrer de fome,
principalmente no Kunene?"
Ora, dando azo à
filantrópica vontade de pôr o mundo em ordem, o ministro de Eduardo dos
Santos reafirmou o compromisso de Angola e do seu Governo de estar na linha da
frente neste combate, ao lado de outros países e organizações, para que ao nível
nacional, regional e internacional se possa alcançar níveis de segurança alimentar
aceitáveis.
“Como atingir esse
desiderato,se Angola não construiu um silo de cereais, não tem uma política de
fomento rural, nem de apoio a quem queira fixar-se no campo. Só mesmo o director da
FAO, quica “competentemente untado”, pode dizer
isso, quando deveria descer aos campos angolano se ver como apodrece a produção
dos camponeses por falta de uma política de promoção dos produtos nacionais”,
disse um engenheiro agrónomo, acrescentando ter vindo de Cuba há mais de 3 anos “e
estou no desemprego, pois não existe uma política de aproveitamento dos quadros
formados. Devíamos ir para o interior, mas o ministério não tem um plano e assim
nós estamos no desemprego, quando os camponeses precisam de nós”, denunciou.
O ministro foi
muito aplaudido quando rendeu uma especial homenagem às mulheres que “são
as principais produtoras de alimentos para a família no meu país e no mundo. Sem a
sua participação e entrega os resultados seriam diferentes”.
Nem mais. Aliás,
por todo o mundo ocidental se sabe que, citando o ministro Afonso Pedro Canga,
são “as mulheres as principais produtoras de alimentos”. A agricultura é, de
facto, uma actividade feminina, como é fácil de constatar na Alemanha, nos EUA,
no Reino Unido, etc.
Ainda a propósito
do reconhecimento de Angola, o representante de Eduardo dos Santos junto da FAO, o
embaixador Florêncio de Almeida, disse que o galardão vem premiar os esforços do
Governo angolano e do… presidente José Eduardo dos Santos. Como todos sabem,
em Angola e cada vez mais no mundo, nada se faz sem a determinação do
Presidente Eduardo dos Santos. Por alguma razão o
camarada Durão Barroso, velho e querido amigo do MPLA e presidente da Comissão Europeia,
também mostrou o seu culto ao felicitar o Presidente pelos seus esforços no
combate à fome e à pobreza. Sim, é verdade.
É o mesmo
Durão Barroso que foi convidado de honra do casamento de uma das filhas do
Presidente José Eduardo dos Santos.
Os Objectivos de
Desenvolvimento do Milénio são oito metas internacionais estabelecidas em 2000, no
termo da Cimeira do Milénio das Nações Unidas, com a adopção da Declaração do
Milénio das Nações Unidas subscrita na altura por todos os Estados-membros da
ONU e pelo menos 23 organizações internacionais, com o compromisso do seu
cumprimento até 2015. A trêsa nos do limite estabelecido, Angola, assim
parece (apenas parece) cumpriu o primeiro.
Entretanto, só para
denegrira obra feita e toda a dinâmica mundial que visa – num elementar acto de
justiça – atribuir a José Eduardo dos Santos pelo menos o Prémio Nobel da Paz,
chegam notícias de que, entre outras, na região da Huíla há quem morra de fome. A
denúncia é, aliás, feita (embora à revelia do Governo) pela Igreja Católica.
Livro inquietante e
mobilizador
A economia de
Angola mantém elevados níveis de pobreza, com flagrante desigualdade na
distribuição da riqueza
produzida, salienta a mais recente análise do Deutsche Bank.
Intitulada “Angola:
Uma economia petrolífera a caminho da diversificação”, a avaliação do Deutsche Bank (DB) prevê que
o crescimento económico ronde os 7% nos próximos anos, depois da média de
11%alcançada na última década.
Representando cerca
de metade do Produto Interno Bruto, 95% das exportações e 75% das receitas,
o sector petrolífero é o mais dinâmico da África a Sul do Saara, devido à
exploração contínua e um ambiente regulador favorável. A produção de petróleo
deverá atingir 2 milhões de barris diários até 2015,bem acima dos 1,75 milhões
de barris diários do ano passado.
Entretanto, diz o
DB, “persiste um elevado nível de pobreza (55% dos angolanos vivem abaixo da
linha de pobreza, com apenas 1,20 dólares disponíveis por dia), uma elevada taxa
de desemprego (cerca de 25%)e aumenta o descontentamento e os protestos de
rua”.
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