terça-feira, 25 de junho de 2013

FAO & GRAZIANO BRINCAM COM FOME DE MILHÕES DE ANGOLANOS




Orlando Castro - William Tonet - Folha 8 – edição 1147 de 22 junho 2013

Como Angola e José Eduardo dos Santos são uma e a mesma coisa, registe-se que o Presidente foi homenageado, em Roma, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura(FAO), pelo cumprimento do primeiro Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM), ao reduzir para metade a percentagem da população afectada pela fome e subnutrição.

A FAO deu como credível a informação do ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga, que garantiu que o seu governo – sob a superior direcção de Eduardo dos Santos - reduziu a taxa de fome e subnutrição em 57,1 por cento durante o período de 1990 a 2012.

O director-geral da FAO, José Graziano da Silva,visto como tendo sido corrompido, com cerca de 4 milhões de dólares, segundo uma fonte oficial, expressou a sua satisfação pelo trabalho de Angola no combate à fome, entregou o diploma de reconhecimento ao ministro angolano da Agricultura que representou na cerimónia o Presidente José Eduardo dos Santos.

“Nós aqui no Kunene, estamos a morrer com fome”,disse ao F8, Ilundeguy, que perdeu 4 familiares. Já Manuel acredita que um dos grandes problemas para além da falta de alimentação, “o que está nos matar também é a falta de sal e isso eu não entendo pois o Namibe fica aqui perto”, lamentou.

Escondendo este drama, enquanto ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga destacou que o Governo angolano está a dar passos significativos no que se refere ao cumprimento do compromisso de combater a fome e a subnutrição. Segundo o ministro, e como não poderia deixar de ser, esta proeza deve-se “à visão estratégica do Chefe do Estado, José Eduardo dos Santos, que elegeu a segurança alimentar, o combate à fome, à pobreza e o desenvolvimento rural como prioridades”.Se a mentira matasse, aqui estaria uma forma de julgamento, pois omitir o que se passa no Kunene, Huíla e Kuando Kubango, principalmente, é uma ofensa a estes angolanos, que morrem de fome, por falta de um grão de milho.

“A fome aqui nos atingiu, porque até o gado não tem água e então está a morrer e ficamos sem nada para trocar por comida, já que não conseguimos plantar comida devido à seca”, denuncia Kalinga.

Mas o ministro explicou que, para alcançar os resultados,o governo angolano sempre sob a superior e divina égide do Presidente,implementou e continua a implementar um conjunto de programas nos domínios social e económico-produtivo, especificamente nos sectores da agricultura, pescas, indústria,emprego, construção de infra-estruturas, transportes, comércio, desminagem, saúde, assistência social, educação e ensino, formação profissional, assim como uma boa (seria mais correcto dizer excelente) governação, que se traduz na gestão cuidada dos recursos públicos. Se não são ofensivas as declarações de Canga, ao menos são um insulto à memória daqueles que todos os dias morrem de fome, devido a uma má política agrícola e de fomento rural.

O titular da Agricultura recordou que, logo após o fim do conflito, em 2002, o Governo implementou com êxito um vasto e complexo programa de reassentamento das pessoas deslocadas e refugiadas, por causa da guerra, e um programa de reinserção social, económica e produtiva de milhares de ex-militares. Neste âmbito, disse o ministro, regressaram para as zonas de origem ou de preferência mais de quatro milhões de pessoas que começaram a produzir os seus alimentos e deixaram de depender da ajuda alimentar.

 O regresso destes populares contou mais com a ajuda da comunidade internacional, do que com um plano gizado, pelo governo, para apoiar a inserção destes refugiados, na vida social do seu país. Isto porque a maioria dos campos, onde foram colocados, eram e são terrenos inóspitos, sem água e meios para a produção agrícola. 

“Eu estava a sofrer muito, dois filhos meus ficaram muito doentes e o hospital não tinha nada, o outros dois não estavam a estudar e isso fez com que, para não morrer, eu regressasse à Zâmbia”, denunciou ao F8, Nzila Tambi, que estava na província do Moxico.

Mas o ministro Afonso Canga disse que a agricultura familiar foi redinamizada e apoiada técnica e financeiramente, produzindo alimentos para o consumo e para a renda da família. E as crianças e jovens nas escolas recebem uma merenda, acrescentou. Para Afonso Canga, este reconhecimento encoraja (como se isso fosse preciso) o Governo angolano a prosseguir com mais dinamismo e determinação nos esforços de reconstrução nacional, visando satisfazer as necessidades e as aspirações justas dos angolanos, em particular, o direito à alimentação.

“O Executivo angolano,liderado pelo engenheiro José Eduardo dos Santos, vem aumentando, anualmente, os orçamentos destinados à segurança alimentar e nutrição, à saúde, à educação, à assistência social e ao combate à pobreza”, disse o ministro, sublinhando que a produção alimentar tem conhecido aumentos, os níveis de emprego têm subido, os índices de pobreza estão a reduzir e a esperança de vida dos angolanos está a aumentar.

O ministro da Agricultura lembrou, entretanto, o longo caminho por percorrer para erradicação da fome e da pobreza, no mundo. Por esta razão, sublinhou, todos os meios e esforços devem ser mobilizados para a erradicação deste flagelo, que insistentemente persegue a humanidade, há séculos.

“Esqueceu-se, seguramente, este senhor ministro, que não deve continuar a brincar e ofender a vida dos angolanos, mesmo que eles não nos tenham nas suas estatísticas”, asseverou o economista e político, Ramos Lango, acrescentando, “como pode um governante consciente, omitir os cerca de 35 mil populares que estão a morrer de fome, principalmente no Kunene?"

Ora, dando azo à filantrópica vontade de pôr o mundo em ordem, o ministro de Eduardo dos Santos reafirmou o compromisso de Angola e do seu Governo de estar na linha da frente neste combate, ao lado de outros países e organizações, para que ao nível nacional, regional e internacional se possa alcançar níveis de segurança alimentar aceitáveis.

“Como atingir esse desiderato,se Angola não construiu um silo de cereais, não tem uma política de fomento rural, nem de apoio a quem queira fixar-se no campo. Só mesmo o director da FAO, quica “competentemente untado”, pode dizer isso, quando deveria descer aos campos angolano se ver como apodrece a produção dos camponeses por falta de uma política de promoção dos produtos nacionais”, disse um engenheiro agrónomo, acrescentando ter vindo de Cuba há mais de 3 anos “e estou no desemprego, pois não existe uma política de aproveitamento dos quadros formados. Devíamos ir para o interior, mas o ministério não tem um plano e assim nós estamos no desemprego, quando os camponeses precisam de nós”, denunciou.

O ministro foi muito aplaudido quando rendeu uma especial homenagem às mulheres que “são as principais produtoras de alimentos para a família no meu país e no mundo. Sem a sua participação e entrega os resultados seriam diferentes”.

Nem mais. Aliás, por todo o mundo ocidental se sabe que, citando o ministro Afonso Pedro Canga, são “as mulheres as principais produtoras de alimentos”. A agricultura é, de facto, uma actividade feminina, como é fácil de constatar na Alemanha, nos EUA, no Reino Unido, etc.

Ainda a propósito do reconhecimento de Angola, o representante de Eduardo dos Santos junto da FAO, o embaixador Florêncio de Almeida, disse que o galardão vem premiar os esforços do Governo angolano e do… presidente José Eduardo dos Santos. Como todos sabem, em Angola e cada vez mais no mundo, nada se faz sem a determinação do Presidente Eduardo dos Santos. Por alguma razão o camarada Durão Barroso, velho e querido amigo do MPLA e presidente da Comissão Europeia, também mostrou o seu culto ao felicitar o Presidente pelos seus esforços no combate à fome e à pobreza. Sim, é verdade.

É o mesmo Durão Barroso que foi convidado de honra do casamento de uma das filhas do Presidente José Eduardo dos Santos.

Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio são oito metas internacionais estabelecidas em 2000, no termo da Cimeira do Milénio das Nações Unidas, com a adopção da Declaração do Milénio das Nações Unidas subscrita na altura por todos os Estados-membros da ONU e pelo menos 23 organizações internacionais, com o compromisso do seu cumprimento até 2015. A trêsa nos do limite estabelecido, Angola, assim parece (apenas parece) cumpriu o primeiro.

Entretanto, só para denegrira obra feita e toda a dinâmica mundial que visa – num elementar acto de justiça – atribuir a José Eduardo dos Santos pelo menos o Prémio Nobel da Paz, chegam notícias de que, entre outras, na região da Huíla há quem morra de fome. A denúncia é, aliás, feita (embora à revelia do Governo) pela Igreja Católica.

Livro inquietante e mobilizador

A economia de Angola mantém elevados níveis de pobreza, com flagrante desigualdade na distribuição da riqueza produzida, salienta a mais recente análise do Deutsche Bank.

Intitulada “Angola: Uma economia petrolífera a caminho da diversificação”, a avaliação do Deutsche Bank (DB) prevê que o crescimento económico ronde os 7% nos próximos anos, depois da média de 11%alcançada na última década.

Representando cerca de metade do Produto Interno Bruto, 95% das exportações e 75% das receitas, o sector petrolífero é o mais dinâmico da África a Sul do Saara, devido à exploração contínua e um ambiente regulador favorável. A produção de petróleo deverá atingir 2 milhões de barris diários até 2015,bem acima dos 1,75 milhões de barris diários do ano passado.

Entretanto, diz o DB, “persiste um elevado nível de pobreza (55% dos angolanos vivem abaixo da linha de pobreza, com apenas 1,20 dólares disponíveis por dia), uma elevada taxa de desemprego (cerca de 25%)e aumenta o descontentamento e os protestos de rua”.

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