O Presidente de
Angola deu uma orientação "clara" sobre uma eventual parceria
estratégica com Portugal, cabendo agora às autoridades de Lisboa pensarem
"no que é essencial", disse hoje o embaixador António Monteiro.
Em declarações à
Lusa, à margem de uma conferência internacional em Lisboa, o diplomata
português considerou que a "orientação" de José Eduardo dos Santos
"é clara" e que agora as autoridades portuguesas têm de,
"calmamente", trabalhar no sentido de criar as "condições"
para que a parceria estratégica com Angola "venha a ser realidade".
Na terça-feira, no
discurso sobre o estado da Nação, o Presidente angolano afirmou que o
"clima político atual" da relação bilateral "não aconselha a
construção da parceria estratégica antes anunciada", lamentando as
"incompreensões ao nível da cúpula" português.
Portugal e Angola
agendaram para fevereiro, em Luanda, a realização da primeira cimeira bilateral
e estimava-se que a parceria estratégica pudesse ser formalizada nessa altura.
Sem desvalorizar as
declarações de José Eduardo dos Santos -- "não acho que seja uma
tempestade num copo de água" -, António Monteiro, que esteve envolvido nas
negociações para os acordos de paz em Angola, não vê nelas um "fechar de
portas" a Portugal.
"Há, de facto,
uma tomada de posição em relação a coisas que se têm passado entre os dois
países e que temos de encarar de frente", disse o diplomata.
"Há aqui
matéria para refletirmos e para pensarmos naquilo que é essencial",
frisou, concretizando que "o essencial" é que as relações entre
Angola e Portugal sejam "privilegiadas".
Reconhecendo que as
relações têm "tido altos e baixos, como têm todos os relacionamentos entre
povos soberanos", o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu que os
dois países "têm de se respeitar mutuamente, têm de se compreender mutuamente
e têm trabalhar em conjunto".
Durante a sessão da
conferência que hoje decorreu na Fundação Gulbenkian sobre a futura agenda do
desenvolvimento, António Monteiro, na pele de moderador, destacou "o
notável progresso alcançado em Angola" nesta matéria, reconhecendo, porém,
que "há imenso para fazer, sobretudo no equilíbrio" e instou o
governo central de Luanda a "olhar para o Interior do país".
Lusa - ontem
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