domingo, 28 de abril de 2013

OS FLIC-FLACS DE PAULO PORTAS




Fernando Santos – Jornal de Notícias, opinião

Tão estapafúrdio como imaginar o fim do Governo pela via de um golpe de Estado é considerar a hipótese da interrupção do seu mandato por moções de censura. Ao dispor de uma maioria absoluta, sufragada para um período de quatro anos, a adoção de políticas erradas, a começar pelo restrito conceito de austeridade, ajuda a alimentar forte erosão do apoio social e o acirrar do discurso das oposições. É muito, mas não o bastante.

Num sistema de normalidade democrática a queda do Governo estava até ao dia 25 de Abril na pendência exclusiva da vontade de três personagens - Cavaco Silva, Passos Coelho e Paulo Portas. Por entre avales contraditórios dados, o discurso do presidente da República nas comemorações da Revolução "cravejou" o condicionamento, afunilando-o à disposição dos líderes da coligação.

O país está nesse ponto - só caminha para eleições ou outra fórmula de Executivo em função do comportamento do primeiro-ministro e do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.

É, então, essencial proceder à leitura de todas as movimentações de Passos Coelho e Paulo Portas.

A capitulação voluntária do primeiro-ministro é pouco crível e o descontentamento público e notório dos alegados barões e baronesas do PSD é só fumaça - nenhum deles quer ir a jogo. Ora, enquanto a máquina partidária estiver sob controlo, dificilmente haverá uma implosão.

Aqui chegados, dispondo do beneplácito do presidente da República, a preocupação essencial de Passos Coelho será muito mais a de gerir os flic-flacs de Paulo Portas.

O líder do CDS-PP é a charneira entre a durabilidade do Governo e/ou o seu fim. Bastam os elogios saídos nos últimos dias da boca de muitos dirigentes socialistas a Portas para afastar dúvidas. E Portas tem a mestria bastante para gerir o ciclo político, ora deglutindo "kompensan" para anular os efeitos divergentes do seu afamado programa de menos impostos e resistência a maior fiscalidade e cortes nos direitos de pensionistas e reformados, ora dando conta da insatisfação por interpostas pessoas - ou gerindo ausências.

Em sentido figurado, agora que se aproxima a época balnear, o Governo depende mais do fio dado às estrelas por Passos Coelho e Paulo Portas do que de uma Oposição de discurso forte na vacuidade das propostas.

Paulo Portas, até ver, administra habilmente o seu espaço político, procurando minimizar a sua associação a uma política duríssima. A pasta dos Negócios Estrangeiros e a diplomacia económica dão-lhe o espaço necessário para tentar passar por entre os pingos da chuva. Espanto dos espantos: Passos Coelho dá-lhe margem de manobra, talvez apostando na aversão dos populares a eleições fora de prazo nas quais correm o risco de voltar a ser o partido do táxi....

Paulo Portas dificilmente cometerá, pois, o erro de bater com a porta. Mas pode acontecer....

Passos Coelho tem entretanto (ainda) margem de manobra para o manter preso à coligação.

Por um lado, bem pode vir a organizar o Conselho de Ministros de modo a acabar com horas e horas de reuniões infrutíferas e das quais passa a ideia de falta de planificação e discordância de Portas. Por outro lado, dispõe do poder de reformatar a coligação, deixando, por exemplo, cair Vítor Gaspar - se a troika lhe der licença. Reduzir as birras de Portas e acalmar outros ministros, a começar por PSD, é sempre um campo alternativo. Antes do fim.

CAVACO SILVA, “UM VÓMITO COMO PRESIDENTE E COMO PESSOA”




O 25 DE ABRIL E O DISCURSO DO SR. SILVA


Durante o dia 25 de Abril tive a felicidade de reencontrar amigos mas também de conhecer outros que só conhecia virtualmente aqui do blog ou do facebook. Vem isto a propósito de uma amiga, que entre o discurso do Cavaco e os bonecos aqui do blog me disse que imaginava o Sr. Silva assim como uma espécie de Carmen Miranda com um grande chapéu na cabeça. Pareceu-me uma boa ideia sobretudo se esse chapéu pudesse mostrar que ele é um Presidente que continua a fazer o jogo politico do seu partido. Ainda pensei em bananas, mas isso ficaria melhor no João Jardim, mesmo sendo o Sr. Silva bem mais banana que o outro, ou num melão mas ai o personagem teria de ser obrigatoriamente o Seguro do PS. 

Este Presidente não presta para nada, é uma vergonha para a democracia, como aliás já tinha demonstrado quando foi primeiro-ministro. Um palhaço e um intriguista, uma porcaria que nenhum tira nódoas conseguirá alguma vez limpar. Desdenha dos portugueses em nome dos mercados e prefere obedecer à Troika e aos banqueiros que à vontade dos cidadãos. Um vómito como pessoa e como presidente.

Brasil - Comissão da Verdade: FOLHA FINANCIAVA OPERAÇÕES NA DITADURA MILITAR




Pragmatismo Político

Folha financiava operações na ditadura e Frias era amigo de Fleury. Detalhes sobre o caso conhecido como ‘chacina da Lapa’ indicam a participação do dono da Folha de S. Paulo e de outros empresários no apoio à repressão

O ex-delegado da Polícia Civil Claudio Guerra (23) fez uma série de revelações nesta terça-feira (23), em depoimento à Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, sobre episódios da ditadura militar. Detalhou o caso conhecido como ‘chacina da Lapa’ e tratou da participação do dono da Folha de S.Paulo e de outros empresários no apoio financeiro à repressão.

O ex-delegado da Polícia Civil Claudio Guerra afirmou nesta terça-feira (23), à Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, que foi o autor da explosão de uma bomba no jornal O Estado de S.Paulo, na década de 1980, e afirmou que a ditadura, a partir de 1980, decidiu desencadear em todo o Brasil atentados com o objetivo de desmoralizar a esquerda no País.

“Depois de 1980 ficou decidido que seria desencadeada em todo o País uma série de atentados para jogar a culpa na esquerda e não permitir a abertura política”, disse o ex-delegado em entrevista ao vereador Natalini (PV), que foi ao Espírito Santo conversar com Guerra.

No depoimento, Guerra afirmou que “ficava clandestinamente à disposição do escritório do Sistema Nacional de Informações (SNI)” e realizava execuções a pedido do órgão.

Entre suas atividades na cidade de São Paulo, Guerra afirmou ter feito pelo menos três execuções a pedido do SNI. “Só vim saber o nome de pessoas que morreram quando fomos ver datas e locais que fiz a execução”, afirmou o ex-delegado, dizendo que, mesmo para ele, as ações eram secretas.

Guerra falou também do Coronel Brilhante Ustra e do delegado Sérgio Paranhos Fleury, a quem acusou de tortura e assassinatos. Segundo ele, Fleury “cresceu e não obedecia mais ninguém”. “Fleury pegava dinheiro que era para a irmandade (grupo de apoiadores da ditadura, segundo ele)”, acusou.

O ex-delegado disse também que Fleury torturava pessoalmente os presos políticos e metralhou os líderes comunistas no episódio que ficou conhecido como Chacina da Lapa, em 1976.

“Eu estava na cobertura, fiz os primeiros disparos para intimidar. Entrou o Fleury com sua equipe. Não teve resistência, o Fleury metralhou. As armas que disseram que estavam lá foram ‘plantadas’, afirmo com toda a segurança”, contou.

Guerra disse que recebia da irmandade “por determinadas operações bônus em dinheiro”. O ex-delegado afirmou que os recursos vinham de bancos, como o Banco Mercantil do Estado de São Paulo, e empresas, como a Ultragas e o jornal Folha de S. Paulo. “Frias (Otávio, então dono do jornal) visitava o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), era amigo pessoal de Fleury”, afirmou.

Segundo ele, a irmandade teria garantido que antigos membros até hoje tivessem uma boa situação financeira.

‘Enterrar estava dando problema’

Segundo Guerra, os mortos pelo regime passaram a ser cremados, e não mais enterrados, a partir de 1973, para evitar “problemas”. “Enterrar estava dando problema e a partir de 1973 ou 1974 começaram a cremar. Buscava os corpos da Casa de Morte, em Petrópolis, e levava para a Usina de Campos”, relatou.


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Brasil: MEDIDAS PARA RETOMAR ECONOMIA NÃO SÃO UNÂNIMES ENTRE ECONOMISTAS




Correio do Brasil, com ABr - de Brasília

Com a previsão de crescer 3% neste ano, segundo as instituições financeiras, a economia brasileira dependerá das medidas de estímulo lançadas pelo governo para atingir essa expectativa. Economistas ouvidos pela Agência Brasil, no entanto, divergem sobre a eficácia das ações tomadas até agora pelo governo, voltadas para a redução de impostos para determinados setores da economia e o aumento dos gastos públicos.

Para Carlos Eduardo Freitas, ex-diretor do Banco Central, o foco das medidas econômicas está errado. Segundo ele, o Brasil não está crescendo pouco por causa da falta de demanda, mas da baixa taxa de investimento. “Estimular o consumo, como o governo está querendo fazer, só pressiona a inflação, enquanto o real problema está do lado da oferta“, diz.

De acordo com Freitas, o baixo crescimento dos últimos anos foi provocado pela baixa taxa de investimento. Para ele, isso se deve à mudança de política econômica do governo, que provocou temor nos empresários em relação ao futuro do país e restringiu os investimentos. “O empresário olha para o futuro na hora de tomar decisões. O grau de intervenção do governo na economia tem assustado o empresariado e o investidor brasileiro e estrangeiro”, diz.

Na avaliação do ex-diretor do Banco Central, a taxa de investimentos só voltará a aumentar se o governo voltar a se comprometer com os três pilares que guiaram a política econômica brasileira desde o fim dos anos 1990: superávit primário forte, câmbio livre e cumprimento da meta de inflação.

Professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Reinaldo Gonçalves também acredita que as medidas estão no rumo errado, mas por diferentes motivos. Para ele, é necessário estimular a demanda em tempo de crise, mas as medidas devem beneficiar toda a economia, não apenas determinados setores com poder de barganha escolhidos pelo governo.

- O empresário só investe se tiver certeza de que terá demanda para seus produtos. Seria muito mais eficaz o governo reduzir o imposto para toda a população, que poderia consumir o produto que quiser – critica. “O governo só tem reduzido tributos para determinados segmentos da economia, o que transformou a política econômica em um balcão de negócios.”

Apesar das críticas, há economistas que acreditam que o governo está no rumo certo. Para Newton Marques, professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), as medidas de estímulo têm cumprido o objetivo de evitar que o país caia em recessão. “As desonerações beneficiam setores com contribuição importante para o PIB. Se o governo não tivesse feito nada, o país estaria em recessão, em vez de ter crescido 0,9% no ano passado”, diz.

Marques lembra que o governo não tem agido apenas para estimular o consumo e reduzir a folha de pagamento das empresas, mas também tem incentivado os investimentos por meio das linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da concessão de rodovias, ferrovias e aeroportos. “O governo tem feito a sua parte. O grande mistério é saber por que os empresários não estão investindo”, diz.

ESQUERDA BRASILEIRA REAGE AO GOLPE DO GOVERNO DILMA NAS COMUNICAÇÕES





Se ainda havia dúvidas quanto à decisão do Palácio do Planalto de enterrar, de vez, o projeto de Lei formulado na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por Franklin Martins, jornalista e ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, para o estabelecimento dos marcos regulatórios da mídia, elas acabaram neste sábado, em uma nota na revista semanal de ultradireita Veja. O colunista Otávio Cabral comemora, com o título:Censura enterrada, a notícia na qual o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirma:

– O projeto de Franklin Martins está enterrado.

“O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, participou de uma reunião na Fundação Perseu Abramo, na semana passada, sobre controle da imprensa. Ele foi incisivo: nenhuma proposta que ameace a liberdade de expressão será apoiada pelo governo Dilma Rousseff. ‘O projeto de Franklin Martins está enterrado’, afirmou, em relação à iniciativa do ex-ministro de Lula que buscava cercear os meios de comunicação. Dirigentes petistas que estavam no encontro, como Valter Pomar, atacaram o ministro e o acusaram de ter mais afinidade com as grandes redes de TV do que com o partido. Bernardo respondeu que apenas cumpre as orientações da presidente”, diz a nota na revista.

A ideia de uma mídia hegemônica e monopolizada por “seis famílias”, como o próprio ex-presidente Lula classificou o setor, no Brasil, porém, não passará por setores progressistas no país. O professor Marcos Dantas, titular da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em artigo publicado na revista do Instituto Telecom, traduz a resistência de segmentos independentes e alternativos como a única opção contra a força do capitalismo sobre um governo que, em tese, seria de esquerda. No recente lançamento do Núcleo-Rio de Janeiro do Instituto de Estudos da Mídia Barão do Itararé, Dantas já havia adiantado que o Executivo não terá a iniciativa de questionar o cartel da mídia no Brasil. A alternativa que resta à sociedade, “cada vez mais consciente”, afirmou, de que o setor das comunicações vive sob um regime oligárquico, volta-se para o Legislativo.

– Há um projeto de lei de iniciativa popular em curso, a exemplo daquele que instituiu o “ficha limpa”, que dispõe sobre os marcos regulatórios da mídia no Brasil. Ele vai ganhar as ruas, dentro em breve – adiantou.

Conservadores

“Nos últimos 15 anos, o campo político-econômico das Comunicações passou por profundas mudanças em todo o mundo, como parte mesmo das transformações operadas no próprio sistema capitalista mundial. Não foram meras reformas “neo-liberais”, respostas superestruturais às transformações em curso. Foram mudanças de natureza econômica e política, por um lado impulsionadas pelo, e, por um lado, impulsionadoras do reordenamento geral de todo o sistema. A esquerda nunca entendeu muito bem esse processo, resistiu por um bom tempo até mesmo a admiti-lo, jamais conseguiu formular-lhe um projeto político alternativo”, afirma o professor Dantas, no artigo que segue, na íntegra:

“O resultado, como tem dito o filósofo István Meszáros, é termos hoje, ao menos nas democracias liberais ocidentais, dois partidos de direita, aquele que se diz Conservador (ou denominações similares) e faz políticas conforme; e aquele que se diz “Social-Democrata” ou “Socialista” e faz política conforme… a dos conservadores.

“O PT, no Brasil, não escapou à sina dos partidos socialistas europeus, na última década. Na Europa, através dos “indignados” – que nada podem fazer além de manifestar indignação – estamos vendo onde chegou esse impasse. O Brasil que aguarde a sua vez.

“Salvo no êxito de seus programas focados e compensatórios, programas estes teorizados e formulados pelos neoliberais aos quais faltava, porém, disposição política e substrato social para implementá-los, o PT, no governo Lula e, agora, neste início de governo Dilma, apenas deu continuidade, em alguns casos aprofundou, as políticas herdadas do governo FHC. Foi assim na macroeconomia, foi assim nas políticas industrial-tecnológicas, energéticas, educacionais, agrícolas… foi assim nas Comunicações.

“Durante 60 ou 70 anos, até os anos 1980, ao longo do padrão capitalista então dominante, alcunhado “fordista”, as políticas de Comunicações, em todo o mundo, eram pautadas por um princípio básico: serviço público. Mesmo nos Estados Unidos, onde o setor era oligopolisticamente controlado por grandes corporações empresariais (AT&T, NBC, ABC, CBS), prevalecia a idéia de que esta era uma área que deveria estar submetida ao interesse público, existindo uma agência de governo encarregado de zelar por isso: a FCC (Federal Communications Comission). Nos demais países, em geral, o setor era, todo ele, diretamente estatizado. No Brasil, as telecomunicações eram estatais, e a radiodifusão dependia de concessões públicas.

“Nos países capitalistas avançados, o regime público atingiu um dos seus principais objetivos: a universalização dos serviços. Estatísticas dos anos 1970 mostravam que em todos os países europeus ocidentais, nos Estados Unidos, no Japão, praticamente 100% das residências possuíam tanto receptores de televisão quanto linhas telefônicas, sem falar, claro, do atendimento às indústrias, estabelecimentos comerciais, bancos e, também, escolas e demais serviços públicos. Não era o caso do Brasil. Só então começávamos a expandir a nossa planta telefônica e o acesso à televisão. Na década 1990, menos de 20% das nossas residências tinham linhas telefônicas e menos de 80%, televisão (uma desigualdade que, vis-à-vis os países centrais, fala por si).

“Então o capitalismo mudou, logo mudaram as Comunicações. Reestruturam-se as corporações multinacionais, nisto as redes de comunicação ganham novas e estratégicas funções nos circuitos de acumulação. Emergem, em menos de duas décadas, grandes conglomerados mediáticos globais, incorporando telecomunicações e produção/programação de conteúdos em um mesmo modelo de negócios que, logo, aspira também, para o seu interior, a nascente internet. O antigo telefone de voz começa a ser substituído por novos meios tecnológicos e práticas sociais de intercâmbio e interação que essas corporações comandam. A antiga televisão aberta começa a desaparecer, substituída por centenas de canais pagos de acesso fixo ou móvel, e pela internet. Em alguns países, a exemplo da Holanda, ela já sumiu das estatísticas. Em outros está prestes, inclusive nos Estados Unidos. O Brasil também vai chegar lá.

“Era uma época de hegemonia política neoliberal. Atendendo aos interesses emergentes e aos velhos interesses que se reinventavam, políticos de direita, diante da perplexidade paralisante da esquerda, introduziram reformas nas leis que regulavam as Comunicações que, em uma palavra, delas eliminavam o princípio do regime público. Caberia exclusivamente ao mercado, desde então, comandar a evolução futura desse setor, um setor essencial, tanto econômica, quanto política, quanto cultural, quanto ideologicamente. Sobretudo ideologicamente.

“No Brasil, a reforma foi feita em 1997-1998, no governo FHC, através da Lei Geral de Telecomunicações e da privatização esquartejada da Telebrás. Reforma parcial: FHC não ousou mexer com os ainda poderosos interesses globais, quer dizer, da Rede Globo.

“A LGT, seguindo aliás receituário mundial, dividiu os serviços de telecomunicações em dois modos: regime público e regime privado. E também seguindo o receituário mundial (vide leis dos EUA, da França e da Alemanha, todas de 1996), reconheceu que a velha telefonia fixa, ainda muito importante no Brasil, deveria seguir sendo prestada em regime público. Tudo o mais, isto é, tudo o que iria começar a se expandir a partir de 1997-1998, seria colocado em regime privado.

“Considerando-se as enormes desigualdades sociais e regionais do Brasil e, não menos importante, a crença que ainda se podia alimentar de que um partido como o PT faria uma política realmente de esquerda em nosso país, era de se esperar que, uma vez no governo, ele trataria de reverter aquele projeto de entregar exclusivamente ao mercado o futuro das Comunicações brasileiras. Teve uma primeira oportunidade em 2003, quando foram renegociados os contratos de concessão assinados em 1998 com a Oi, Telefônica, Brasil Telecom e Embratel.

“Ao invés de fortalecer o regime público, o governo Lula, com apoio da Federação dos Trabalhadores em Telecomunicações (FITTEL-CUT), passou a advogar que a “competição” iria expandir as comunicações. Para isto, baixou o decreto 4.733 de 2/06/2003, onde incorporava todas as ilusões competitivas que então eram advogadas, entre nós, pela Embratel, apostando em soluções que nunca funcionaram em lugar nenhum do mundo. Mais tarde, a Embratel, sob nova direção, acabou resolvendo os seus problemas associando-se à NET, isto é, adquirindo a sua própria infraestrutura capilarizada, enquanto o decreto, por inexeqüível, tornava-se letra morta.

“O PT teve uma segunda oportunidade agora, neste limiar de governo Dilma. Não apenas porque, mais uma vez, os contratos seriam renegociados, de novo num momento em que um governo inicia mandato respaldado pelas urnas, mas sobretudo porque, desta vez, está absolutamente claro que o futuro das Comunicações, de todas as Comunicações, inclusive da televisão, encontra-se nisto que se convencionou chamar banda larga, ou seja, numa infraestrutura que permita tráfego de dados em altas velocidades.

“O problema não se limita à internet. O problema trata das corporações mediáticas que hoje produzem, programam, transportam e distribuem notícias, entretenimento, publicidade, espetáculos em todo o mundo. O problema não se limita à Oi ou Globo, grupos periféricos no contexto mundial. O problema se chama Time-Warner, Disney, Vivendi, News Corp., Google, Microsoft, Apple, AT&T e que tais.

“Tratava-se de reconverter ao regime público essa infraestrutura essencial para a democracia, justiça social, educação, cultura e até para a soberania nacional. O governo Dilma optou por curvar-se aos lobbies, tratou o assunto fragmentariamente, ignorando a chamada “convergência”, e reduziu-o a mais uma política compensatória, esta que dará às camadas sociais de renda baixa condições de obter algum acesso a uma banda algo alargada, vista como solução melhor do que acesso nenhum. Assim como sabemos, o telefone móvel pré-pago usado pela metade parece também melhor do que celular nenhum…

“Antes que expirem, em 2025, os contratos de concessão agora renovados, a telefonia fixa já terá deixado de existir. Com ela, o regime público. A televisão aberta, também em regime público, igualmente estará moribunda, tão logo a maioria dos lares brasileiros tenham aderido à televisão paga (leia-se Fox, TNT, HBO, CNN, ESPN, Cartoon Network etc.) – o que deve igualmente acontecer nos próximos 20 anos, se não antes. E a infraestrutura de comunicações (voz, imagem, dados, televisão, internet etc., etc.), fixa ou móvel, com menos ou com mais de 1Mb, estará toda nas mãos de três ou quatro corporações estrangeiras, até porque, pelo andar da carruagem, mesmo a nacional Oi não demorará a mudar-se para Lisboa…

“A não ser que até lá, no clamor da indignação, a esquerda ressuscite”.

Na foto: O ministro das Telecomunicações, Paulo Bernardo, deu o golpe de misericórdia no projeto de lei.

Primeira exportação de gás natural angolano ainda sem data e dependente de testes




EL – GC - Lusa

Luanda, 27 abr (Lusa) - A primeira exportação de gás natural angolano continua sem data marcada e dependente dos testes de processamento em curso, noticiou hoje o Jornal de Angola.

Segundo o diário estatal angolano, que cita o diretor do Desenvolvimento do Projeto Angola LNG, Modesto Laurentino Silva, os resultados dos testes de processamento que decorrem na fábrica, localizada no município do Soyo, província do Zaire, estão a condicionar o primeiro carregamento de gás natural liquefeito.

O jornal não avança mais detalhes.

A primeira exportação de gás natural tem sofrido sucessivos adiamentos.

O projeto constitui o maior investimento feito após a independência em Angola, no valor global de oito mil milhões de euros.

Em janeiro de 2012, em comunicado de imprensa, a Sonangol anunciou que o projeto Angola LNG devia começar a produzir gás até ao final do primeiro trimestre e que os equipamentos já se encontravam na fase de testes.

Cerca de três meses depois, a nova data foi avançada pelo ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, que remeteu a primeira exportação para finais de junho.

Botelho de Vasconcelos disse então que o teste do primeiro carregamento seria efetuado em maio.

Os planos iniciais de exportação do gás natural angolano apontavam para o mercado norte-americano, mas as recentes descobertas deste combustível nos Estados Unidos obrigaram Angola a redirecionar o mercado de exportação, tendo optado pelo asiático, dada a competitiva diferença de preços.

No caso dos Estados Unidos, cada unidade BTU (British Termal Unit) seria vendida a dois dólares, enquanto no mercado europeu os valores já subiriam para os seis a oito dólares, mas o mercado asiático, designadamente o Japão, permitirão vender cada BTU acima dos 13 dólares.

Lançado em 2007 para aproveitar o gás natural resultante da exploração petrolífera, evitando a sua queima, o projeto Angola LNG reúne a Chevron (36,4 por cento), Sonangol (22,8 por cento), BP Exploration (13,6 por cento), ExxonMobil (13,6 por cento), e Total (13,6 por cento) e representa um investimento de 10 mil milhões de dólares (cerca de 8 mil milhões de euros).

O projeto Angola LNG deverá garantir a entrada de Angola no Fórum de Países Exportadores de Gás (GECF), que tem apenas cinco membros africanos, nomeadamente Argélia, Egito, Guiné Equatorial, Líbia e Nigéria.

Angola: Sonangol vai leiloar mais 54 blocos para exploração de hidrocarbonetos




EL – SB - Lusa

Luanda, 28 abr (Lusa) - A petrolífera angolana Sonangol vai leiloar mais 54 blocos para exploração de hidrocarbonetos, anunciou hoje o diário estatal Jornal de Angola.

O diário, que cita o presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Francisco de Lemos, disse que os blocos, nas bacias do Kwanza, Congo e Namibe, serão lançados até 2015.

Francisco de Lemos fez o anúncio na passada quinta-feira em Madrid, durante o Fórum Económico Angola-Espanha, em que falou sobre a "Produção e aproveitamento do gás: oportunidades e desafios".

Segundo o presidente da Sonangol, o Governo angolano já autorizou o início da licitação de 15 blocos 'onshore' na bacia do Kwanza, estando-se agora a completar os procedimentos legais para que se possa iniciar as diligências que vão levar à promoção pública e à apresentação das propostas para a adjudicação em concurso.

Segundo o Jornal de Angola, Francisco Lemos adiantou que foi desenvolvido um programa específico para aplicar na licitação, que permitirá às companhias angolanas que forem selecionadas e que demonstrem ter capacidade, entrem em operações no setor petrolífero.

"Existem seis zonas diferentes de presença de gás natural. O que iremos fazer este ano é a adjudicação destas zonas através de um concurso público ou um concurso mais limitado ou restrito, para acelerar a comprovação dos recursos o mais cedo possível", explicou.

Em fevereiro passado, Francisco Lemos anunciou que dos 15 blocos a leiloar este ano, 10 situam-se na bacia do Kwanza, e os restantes na bacia do Congo.

Na mesma ocasião, Francisco Lemos, anunciou que a empresa prevê produzir diariamente dois milhões de barris em 2017.

Angola é atualmente o segundo maior produtor de petróleo da África subsariana, a seguir à Nigéria.

O Fórum Económico Angola Espanha, realizado quinta e sexta-feira na capital espanhola, juntou empresários espanhóis e angolanos e contou com a presença dos ministros da Economia, Abraão Gourgel, e da Agricultura, Pedro Canga.

EX-PM ANGOLANO MARCOLINO MOCO NÃO DESCARTA CANDIDATURA PRESIDENCIAL




EL – APN - Lusa

Luanda, 26 abr (Lusa) - Marcolino Moco, antigo primeiro-ministro angolano e militante de base do MPLA, partido no poder, disse hoje em Luanda que não descarta uma candidatura presidencial, mas reconhece ser ainda muito cedo para se pensar no assunto.

"Tenho procurado ser um traço de união. Continuo a dizer que sou do MPLA e estou aberto a todas as forças, porque eu considero que a reconciliação no país não foi feita. Então talvez uma figura mais velha, como eu, com alguma visibilidade possa fazer esse papel, porque infelizmente aqui (em Angola) há muito pouca gente interessada", disse.

Marcolino Moco, que falava à imprensa no final da sessão de abertura da II Convenção Nacional Extraordinária do Bloco Democrático, partido angolano sem representação parlamentar, tem sido o denominador comum, na qualidade de convidado, em reuniões magnas de forças da oposição.

Desafiado a dizer se estava disponível para colocar o seu capital político e visibilidade ao serviço de uma candidatura presidencial respondeu: "poderá acontecer um dia ou não poderá acontecer. Isso não me preocupa absolutamente nada", disse.

"Acha que é o momento para pensarmos em presidenciais? Eu não tenho essa preocupação. Eu não estou a trabalhar para ser plataforma da oposição. Eu estou a trabalhar na plataforma nacional, a fazer um apelo para que esse país desperte", acrescentou.

Marcolino Moco, que foi o primeiro secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e secretário-geral do MPLA, voltou a criticar o regime do Presidente José Eduardo dos Santos, que disse apresentar-se como "democrático".

"Temos um regime que se apresenta como democrático, mas que tem uma atração que não se distancia muito dos regimes autoritários ou até mesmo ditatoriais", acentuou.

Somente numa ocasião os eleitores angolanos votaram para eleger um Presidente da República por voto direto.

Foi em 1992, e a segunda volta não se chegou a realizar, porque Jonas Savimbi e a UNITA recusaram os resultados das legislativas e da primeira volta das presidenciais, após o que se reiniciou a guerra civil angolana.

Em 2008, na segunda vez que os angolanos foram às urnas num sistema multipartidário, apenas foi eleita a Assembleia Nacional.

Em agosto de 2012, foi novamente eleita uma nova Assembleia Nacional, e o Presidente da República foi eleito por via indireta.

José Eduardo dos Santos, por ser o primeiro nome da lista apresentada pelo MPLA pelo círculo nacional, em que foi o partido mais votado, tornou-se automaticamente Presidente da República.

As próximas eleições gerais em Angola estão agendadas para 2017.

Bubo Na Tchuto preso em águas da Guiné-Bissau, garante jovem que esteve presente




FP - MB – VM - Lusa

Bissau, 26 abr (Lusa) - Vasco Nacia, membro das Forças Armadas da Guiné-Bissau, disse ter acompanhado Bubo Na Tchuto quando este foi preso pelas forças dos Estados Unidos, e garantiu que a detenção se deu no arquipélago dos Bijagós, em águas guineenses.

Os Estados Unidos anunciaram no início do mês a detenção de Bubo Na Tchuto em águas internacionais, perto de Cabo Verde. O antigo chefe da Marinha da Guiné-Bissau era procurado pelos Estados Unidos por alegado envolvimento no tráfico internacional de droga, sobretudo cocaína oriunda da América do Sul.

O segundo tenente Vasco Nacia terá acompanhado a situação que levou à prisão de Bubo, com quem trabalhou quando o oficial agora detido era o chefe da Marinha, conforme contou à televisão da Guiné-Bissau, TGB.

Na entrevista, disse que o seu envolvimento no caso começou no dia 01 de abril, quando Bubo lhe terá dito que estava a montar uma empresa, chamada Boston Lda, e lhe falou de que os sócios iam chegar à Guiné-Bissau e que já estavam em alto mar, pelo que lhe pediu apoio para, como piloto, ir ajudar a colocar o navio em Bissau.

Bubo, acrescentou, contactou-o de novo na madrugada de dia 02 de abril para ir para Cacheu, norte de Bissau, com um empresário chamado Pedro. No mesmo carro para Cacheu seguiam também Tchami Yala e Papis Djemé, ambos posteriormente detidos.

Em Cacheu, todos seguiram num bote para o navio onde supostamente viajava o empresário, tendo Vasco Nacia sido apresentado como a pessoa para dar assistência para levar a embarcação até Bissau.

"Ao chegar ao navio, o Pedro apresentou-nos a um outro senhor, chamado Alex, que teria feito todos os contactos com Bubo Na Tchuto, como sendo seu sócio",contou Vasco Nacia à TGB, acrescentando que o suposto sócio de Bubo achou estranha a sua presença e disse que apenas queria falar com Bubo, até porque trouxera alguns empresários que queriam falar pessoalmente com o antigo chefe militar.

Contactado Bubo, este dispôs-se a ir ter com eles e foi Vasco quem conduziu o bote até à praia de Suru (perto de Bissau) para nele embarcar Bubo Na Tchuto, que só apareceu mais de duas horas depois, precisou o entrevistado.

Alex terá falado então a Bubo dos empresários que com ele queriam falar, a bordo do navio, tendo seguido todos até ao referido navio, atracado ao largo da ilha de Caravela. "O Bubo foi detido nas águas interiores da Guiné-Bissau, nem sequer estamos a falar das 12 milhas marítimas. Ele foi detido na zona de Caravela", garantiu.

Na entrevista, Vasco Nacia contou que a bordo do navio, num "salão VIP", lhes foram servidos sumos e que Alex disse que ia arranjar champanhe no camarote, onde na verdade estavam cerca de 50 polícias "bem armados e fardados".

"De cada lado das portas do camarote estavam 25 homens armados. Na operação, o primeiro homem que se dirigiu a nós, gritou logo: Polícia. Vinham logo em nossa direção com armas em punho. Raptaram-nos logo. Meteram-nos as algemas, deitaram-nos no chão e meteram-nos panos na cabeça. Na altura nem sequer sabíamos para onde é que nos estavam a conduzir", disse.

Vasco Nacia disse também que viu duas polícias de Cabo Verde e que durante o percurso até à ilha do Sal foram identificados e questionados se tinham dinheiro para pagar a advogados.

No Sal, Vasco e outro elemento, civil, foram levados pela Polícia Judiciária de Cabo Verde e Bubo, Tchami e Papis ficaram no navio. A polícia cabo-verdiana ter-lhes-á dito que eram inocentes e que ninguém podia ser capturado se o seu nome não constasse "da lista". Regressaram à Guiné-Bissau via Senegal.

A Lusa tentou sem sucesso falar com Vasco Nacia. De acordo com o jornal "Última Hora", de Bissau, Vasco está detido porque as chefias militares querem esclarecer os pormenores da sua participação no caso.

UE APOIA LUTA CONTRA CÓLERA NA GUINÉ-BISSAU COM 200 MIL EUROS




FP – GC - Lusa

Bissau, 27 abr (Lusa) - A União Europeia vai apoiar a luta contra a cólera na Guiné-Bissau com mais 130 milhões de francos (quase 200 mil euros), que serão entregues à Organização Mundial de Saúde (OMS).

Segundo um comunicado hoje divulgado em Bissau pela delegação da União Europeia, o financiamento destina-se a fortalecer a deteção, gestão e acompanhamento de casos de cólera, seis meses depois de ter havido uma epidemia da doença no país.

Na altura, afirma o comunicado, a União Europeia envolveu-se numa "resposta de emergência" mas hoje "ainda persistem casos residuais e há receios de uma reaparição da doença".

Desde outubro de 2012 foram detetados quase quatro mil caos de cólera, diz a União Europeia, que acrescenta que o "pico da epidemia" já passou mas há receios de aumentos de casos com a chegada da época das chuvas (maio).

"O objetivo principal deste financiamento é permitir à OMS de melhorar a sua capacidade de intervenção na luta contra a cólera", disse o embaixador Joaquín González-Ducay, chefe da delegação da União Europeia na Guiné-Bissau.

Já no ano passado a União Europeia tinha apoiado a UNICEF nos esforços para garantir o fornecimento de água potável e melhorar as condições de higiene e saneamento nas zonas de maior risco.

"A ajuda da União Europeia faz parte de uma estratégia a nível da sub-região para a capacitação sobre a prevenção, a deteção e o tratamento de casos endémicos de cólera, especialmente ao longo da costa Oeste Africana, onde a bactéria da cólera dispõe de um terreno fértil à sua propagação", diz o comunicado.

Nos últimos 10 anos a cólera tem vindo a aumentar na África Ocidental, com cerca de 300 mil pessoas diretamente atingidas e 36 mil mortes a cada ano, acrescenta.

Divida externa de São Tomé e Príncipe é "um obstáculo ao desenvolvimento" - Banco Central




MYB – GC - Lusa

São Tomé, 28 abr (Lusa) - A governadora do Banco Central de São Tomé e Príncipe (BC), Maria do Carmo Silveira disse que o peso da divida externa "constitui um obstáculo para o programa de desenvolvimento" do seu país.

"É uma situação que eu considero preocupante e que deve preocupar todos os dirigentes são-tomenses. Porque o peso da divida é realmente um obstáculo para o desenvolvimento do país", disse Maria do Carmo Silveira.

O mais preocupante é que a tendência, segundo a governadora do banco central é de cada vez mais endividamento e as alternativas são poucas.

"O país não produz o suficiente para suportar as suas despesas e naturalmente que o recurso ao endividamento externo tem sido uma medida corrente", explicou a governadora do banco central são-tomense.

Em entrevista sábado a televisão publica (TVS), Maria do Carmo Silveira fala no crescimento, nos últimos anos da divida externa de São Tomé e Príncipe, reconhece que não há outra alternativa senão endividar-se, mas defende que é necessário encontrar-se "estratégias" para esse endividamento.

"O que temos que fazer necessariamente é adotar uma estratégia de endividamento. Isso quer dizer que, se no passado nós endividávamos para pagar salários, os recursos provenientes da divida externa têm que ser utilizados para potenciar o crescimento do setor produtivo para que possa gerar rendimentos futuros para poder permitir que nós paguemos essa divida", defendeu a governadora.

São Tome e Príncipe tinha uma divida externa de 380 milhões de dólares. Em 2007, mais de 200 milhões de dólares desta divida foi perdoada pelo Banco Mundial no âmbito multilateral. Outros cerca de 80 milhões foram perdoados a nível bilateral.

Cinco anos depois o ritmo de crescimento "foi galopante", segundo a dirigente e atualmente a dívida representa cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB).

A maior parte da riqueza produzida é consumida pelo serviço da divida, uma situação que a governadora do BC considera de "insustentável".

Maria do Carmo Silveira sublinhou que a economia nacional não tem o nível de liquidez que permita aos bancos assumir o seu financiamento.

MORALISTAS, VELHOS DECRÉPITOS E MULHERES FEIAS CONTRA MISS TIMOR-LESTE




Beatriz Gamboa

Anda polémica no ar e na sociedade timorense sobre Timor-Leste participar em concursos de misses. É o caso de Miss Timor-Leste que se possa balançar e concorrer ao certame mundial de Miss Mundo. A discussão é acesa. Aquela discussão, a polémica, não é mais nem menos que uma parolice. Uns porque manifestam-se fanáticamente contra o tal certame, outros porque alimentam a polémica ao se declararem também fanáticamente a favor. É assunto que não merece polémica. Existe um certame mundial e os países devem e merecem ser representados. No caso é de misses. Pois bem, as jovens timorenses são potenciais vencedoras. Beleza nas jovens timorenses é o que não falta. Então por que razão não devem representar o seu país e as mulheres de Timor-Leste?

Que é um certame fútil. Dizem os contra. Talvez seja. Não é. Dizem os a favor. Talvez não seja. Útil, não fútil. Digo eu. Que mal tem em encher o ego das jovens timorenses que se revejam com a representação no certame? As mulheres timorenses não sofreram já mais que o suficiente para que agora experienciem fazer parte do mundo? Não podem ser belas e mostrar-se ao mundo, competir? Quem está contra? Os falsos moralistas (padrecas pedófilos) e velhos decrépitos, senis, sexualmente disfuncionais e impotentes? Mulheres gordas e feias?

Pois, “mas é uma despesa do país que se deve evitar, porque Timor-Leste é um país onde há fome, muito desemprego, muita miséria, muitas carências em coisas básicas e essenciais como no caso da saúde, habitação, água potável, esgotos, educação, infraestruturas, etc.,etc.” – argumentam os que estão contra as misses.

Então o problema é as verbas aplicadas pelo estado timorense nas misses. Porque essas verbas podem reverter para o bem-estar da população. Tal argumento seria pertinente se por mero acaso não houvesse uma elite timorense e internacional que se impôs e que rouba descaradamente o que é de todos os timorenses. É vê-los. Mas como é que uns quantos enriqueceram em tão curto espaço de tempo? Já eram ricos? Não. Muitos até eram paupérrimos e andavam com uma mão atrás e outra à frente no tempo indonésio e depois… Até à fase da “chuva” de milhões da comunidade internacional e dos dinheiros do petróleo ou do que quer que fosse que os enriqueceu por obra e graça de um espírito santo ladrão, corrupto, desonesto e digno das labaredas do inferno. Apliquem-se a sério na caça aos ladrões e aos corruptos. Deixem a juventude em paz. Deixem a juventude concretizar os seus sonhos. É ela que é o futuro de Timor-Leste e não os sevandijas que se apoderaram dos poderes num misto de intenções puras e impuras, patrióticas e anti-patrióticas  Além disso não privem aqueles que no mundo apreciam a beleza de se regalar a olhar e apreciar as mulheres timorenses formosas, dignas de serem misses, tal qual o sonho que alimentam e que a sociedade timorense lhes deve.

Ser misse significa viajar, aprender, socializar com outras culturas, cultivar-se, desinibir-se, conhecer melhor o certo e o errado, deixar-se sensibilizar pela necessidade de prestar  solidariedade que estes ou aqueles seres humanos – aquele povo martirizado ou doentes – precisam. Ser misse pode significar a abertura de várias portas e janelas para o mundo e o preenchimento de mulheres que se revejam na jovem que as representa, que representa o seu país e que lhe leva prestigio. Ser misse pode ser o modo que aquela ou aquelas jovens adquirem para deixarem de olhar somente para o seu próprio umbigo e sentirem-se cidadãs do mundo em representação do seu país e das suas compatriotas.

A propósito de olharem só para o seu próprio umbigo… Não será que está a acontecer isso mesmo com a elite timorense e também com mais uns e umas quantas iluminados(as)? Preconceitos, racismos e xenofobias, nacionalismos egoístas  depravados e bacocos, manias, não foi o que levou a solidariedade internacional dos povos do mundo a contribuir para a luta dos valorosos resistentes timorenses. Foi o internacionalismo e os valores humanos. A beleza não é um dos valores humanos? Ainda mais se uma jovem, uma mulher, uma pessoa, fizer o pleno: bela por fora e por dentro. Expondo-nos e conhecendo outros no mundo de certeza que somos muito mais belos como seres humanos. Nem que apesar disso tenhamos de pagar um preço mais ou menos alto pela exposição e pela lição, pelo prazer ou pela mágoa e pela desilusão. É assim que crescemos, que aprendemos. Aprender, aprender sempre. Se isso é ser fútil… 

Deixem as misses em paz. Tenham vergonha e reformulem-se. Declarem caça efetiva aos ladrões, aos corruptos, aos pedófilos, aos proxenetas… Têm imensas frentes de batalha para lutar, vencer e fazer valer a justiça, e assim também erradicar a miséria. Porque são esses que devem caçar que são os grandes causadores da fome e de todos os tipos de carências que vitimam a maioria dos timorenses. Não são as misses nem manifestações culturais ou desportivas.  São os que roubam, os que ludibriam o povo… Mas em quem muitas vezes até votam (quase sempre) e elegem-nos. Cada vez dou mais razão à minha santa mãe: “ser timorense é muito complicado”.

Publicado em Timor Lorosae Nação

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A QUEDA




Fernanda Mestrinho - Jornal i, opinião

Toca o telefone em casa dos meus pais. Duas da madrugada. “Vem trabalhar. Começou a Revolução.” Lá fui, jovem, no meu carocha para o “Diário de Lisboa”. Não falarei, desta vez, dos vencedores, mas dos vencidos.

Cadeia de Caxias (escrevi isto na altura). Uma enfermeira fardada aproxima-se do director da cadeia, já sob prisão: “Venho solicitar autorização para abandonar o serviço.” Resposta: “Não vê que eu já não mando?” O respeitinho ainda se mantinha.

26 de Abril de 74, entrevisto a presidente do Movimento Nacional Feminino, Supico Pinto. A pergunta provocadora era se não ia para a rua apoiar os soldados, como fazia na guerra colonial. Era uma mulher em pânico. Em qualquer dos casos, o mundo desabava, entre o medo e a perplexidade.

O poder, quando perde a ligação à realidade, vive em circuito fechado e pensa que não tem fim, isto em ditadura. Em democracia faz-me impressão, nomeadamente quando dispõe de media e opinião pública informada.

É um pouco o que se está a passar em Portugal. Jardins da Presidência em Belém fechados no 25 de Abril, residência oficial do primeiro-ministro com trancas à porta e mesmo na Assembleia as galerias bem controladas. Ressalvo: o bom discurso da presidente do parlamento, Assunção Esteves. Conseguiu representar todos os portugueses.

Vive-se um clima de queda. Os dirigentes com discursos desconexos e desorientados dizem que vão mudar a política para que tudo fique na mesma. Os cidadãos não confiam. Tal como no 25 de Abril, o impasse não pode durar sempre.

Jornalista/advogada - Escreve ao sábado

Portugal - Congresso PS: SEGURO PEDE MAIORIA ABSOLUTA MAS NÃO EXCLUI ALIANÇAS




João Pedro Henriques/Miguel Marujo – Diário de Notícias

António José Seguro encerrou hoje o XIX congresso nacional do PS, em Santa Maria da Feira, pedindo maioria absoluta para o seu partido nas próximas eleições legislativas.

Contudo, afirmou, tendo essa maioria poderá à mesma fazer alianças. "Mesmo com maioria absoluta não vamos dispensar acordos ao nível parlamentar e com os parceiros sociais.Mesmo com maioria absoluta não descarto coligações governamentais. Mesmo com maioria absoluta não desistirei de acordos de incidencia parlamentar", disse.

E isto porque - justificou - "o estado de emergência não dispensa ninguém".

Seguro aproveitou para desautorizar os discursos mais violentos contra o Presidente da República aqui e ali se fizeram ouvir no conclave socialista.

"Aqui há respeito pelos órgãos de soberania, mesmo quando discordamos das suas opiniões. Quem esperava deste congresso um PS radical, facilitista, irresponsável, que promete tudo a toda a gente - enganou-se."

Garantiu, por outro lado - e de forma mais clara do que nunca - que os portugueses não poderão esperar desapertar o cinto com o PS no governo:"Rigor orçamental, sacrifícios, contenção orçamental, são palavras que não desaparecerão do léxico do PS. Podemos perder votos mas não vendemos ilusões." "Nós não temos uma passadeira vermelha à nossa frente. Não vai ser fácil. O país tem muitos problemas."

O líder do PS anunciou também que vai lançar uma "Convenção para um novo rumo de Portugal", aberta a independentes, onde o partido irá preparar as bases gerais do seu programa eleitoral.

Será, no essencial, o retomar de uma velha prática dos socialistas dinamizada por António Guterres com os "Estados Gerais para uma Nova Maioria", que prepararam o programa com que o PS regressou ao poder em 1995, depois de dez anos na oposição.

Embora garantindo que consigo a primeiro-ministro a austeridade irá continuar, Seguro explicou que "há uma diferença entre austeridade e política de austeridade".

"A austeridade do rigor e da contenção orçamental, essa é a austeridade com que o PS está de acordo", disse. Acrescentando que já a "a política de austeridade de cortes cegos e de empobrecimento é a austeridade que o PS rejeita". Neste contexto, voltou a defender que o Governo tem que "parar com cortes, não avançar com o corte de 4000 milhões de euros" na despesa pública. "Parar, parar, parar!"

Num intervenção muito dedicada a apresentar soluções alternativas de governação, Seguro explicou como se poderiam obter 12,5 mil milhões de euros em receita: três mil previstos pelo memorando da troika para a recapitalização da banca e que não foram usados; cinco mil de contratos com o Banco Europeu de Investimentos; e 4,5 mil milhões em crédito à economia pela diminuição em um ponto percentual no "ratio" de capital dos bancos.

Neste aspeto, explicou que os bancos em Portugal têm uma exigência de 10% nesse 'ratio', contra 9% em Espanha e 8% na Alemanha. Ora "isto significa muito dinheiro parado". "Queremos apenas que as mesmas regras da Espanha e da Alemanha se apliquem a Portugal", acrescentou. E sendo óbvio que "não há nenhuma varinha mágica", a verdade é que, segundo disse, "quando se quer é possível concretizar".

Seguro disse também que, de acordo com as mais recentes informações de que dispõe, Portugal deveria ainda receber do BCE seis milhões de euros, que o banco capitalizou a explorar a dívida portuguesa, os quais abateriam à dívida pública nacional.

Explicitando, por outro lado, a sua defesa de uma renegociação de "parte da dívida", defendeu que deveria ser dada a Portugal uma moratória "até 2020 sem pagar os juros". Quanto ao memorando em geral, reafirmou:"O programa em vigor não é realista, não pode ser cumprido. Precisamos de mais tempo e de outras condições."

Ao abrir o discurso, afirmou que o XIX congresso do PS será recordado "como o congresso da união e do pluralismo das ideias". E também "como um congresso virado para o país" e "para a apresentação de propostas concretas". "A mensagem que todos os portugueses escutaram é que o PS é a alternativa e a esperança que renasce de novo em Portugal" e "só o PS está preparado para uma governação alternativa".

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