sábado, 29 de junho de 2013

Documentos de Snowden mostram que CIA espiou representações da UE nos EUA - Der Spiegel



Lusa

A CIA espiou a União Europeia, revela a edição de domingo da revista alemã Der Spiegel, que cita documentos do ex-colaborador da Agência Central de Inteligência norte-americana Edward Snowden, acusado pelos EUA de espionagem.

De acordo com a revista, um documento da CIA de setembro de 2010, classificado como "extremamente confidencial", descreve como a secreta norte-americana espiava a representação diplomática da União Europeia (UE) em Washington: o método usado implicava não só o uso de microfones instalados no edifício, mas também o recurso à infiltração na rede informática, que lhe permitia ler correios eletrónicos e documentação interna.

A representação da UE nas Nações Unidas também foi espiada da mesma maneira, segundo os documentos da CIA, nos quais os europeus são designados explicitamente como "alvos a atacar".

A revista adianta que, há mais de cinco anos, peritos em segurança da UE descobriram um sistema de escutas na rede telefónica e de Internet da sede do Conselho da União Europeia, em Bruxelas.

DAMASCO: A ENCRUZILHADA DOS PROFETAS (II)



Rui Peralta, Luanda (Ler a 1ª parte)

VI - O pretexto das armas químicas pode ainda não ser suficiente para a tomada de posição aberta dos USA, mas está a ser utilizado para justificar ajuda militar ao ELS e aos restantes bandos armados. A tentativa de criar uma zona de interdição de voo é arriscada, devido ao sistema russo S-300 SAM, russo, utilizado pela Síria pelo que a única opção é o rearmamento da oposição militar e aguardar por um melhor momento, que possa pelo menos permitir uma “intervenção humanitária”.

Para além do rearmamento do ELS, a NATO utiliza o financiamento dos estados do golfo e treina qualquer tipo de forças, inclusive da ramificação da al-Qaeda, a Ferente al-Nusra. Este é um período em que o papel preponderante cabe á propaganda, na frente externa, concernente a acções de manipulação da opinião pública internacional e á logística, na frente interna.

A Jordânia tornou-se um importante ponto logístico, para a NATO e ocupa o segundo lugar, em termos de importância, a seguir á Turquia. Recentemente foram criados campos de treino na Jordânia e foram criadas infraestruturas logísticas, na zona fronteiriça com a Síria. Quanto aos formadores, parecem ser todos de nacionalidade norte-americana, mas pertencentes ao sector privado, o que engloba os novos contractos comerciais efectuados entre o Pentágono e as companhias israelitas do sector da segurança.

Atendendo às entrelinhas dos relatórios da ONU, é bastante provável que alguns grupos estejam a ser treinados no manuseamento de armas químicas, o que comprova que os serviços secretos ocidentais estão a fabricar uma ocorrência que possa servir de ponto de viragem na situação e proporcionar a intervenção directa, com a cobertura total da comunidade internacional, neutralizando alguns aliados da Síria, como a Rússia e obter um avale da China (o que com os chineses não é difícil, atendendo ao que já aconteceu noutras ocasiões. Dinheiro e negócios obrigam e os chineses negoceiam com qualquer um, desde que a sua posição comercial saia fortalecida. As suas posições de força, são meras técnicas de venda).

Que opção química é já aplicada, é o que confirma a apreensão de 2 Kg de gás sarin, pela polícia turca, este mês, na cidade de Adana. O gás estava na posse de uma célula da Frente al-Nusra, que utiliza a Turquia como um dos seus pontos logísticos, com a cobertura dos serviços secretos turcos. A polícia apreendeu ainda diversas armas de fogo e equipamento digital. Foram identificados doze membros desta célula, mas a polícia turca já não procedeu á sua detenção, pois foram rapidamente colocados fora do país (a cobertura dos serviços secretos turcos).  
        
Este é um jogo perigoso e que pode degenerar num cenário incontrolável,

VII - O Departamento de Estado emendou o Foreign Terrorist Organization (FTO) e a Executive Order (E.O.) 13224 com as designações da al-Qaeda no Iraque (AQI) a fim de incluir os seguintes novos pseudônimos: al-Nusra Front, Jabhat al-Nusra, Jabhet al-Nusra, The Victory Front, e Al-Nusra Front for the People of the Levant e acrescenta a Frente al-Nusra como nova denominação para a Al Qaeda. O conselho do Departamento de Estado reconhece que de Novembro de 2011 a Dezembro de 2012, a al-Nusra reivindicou aproximadamente 600 ataques – dos quais 40 foram ataques suicidas - em centros de cidade principais incluindo Damasco, Alepo, Hamah, Dara, Homes, Idlib e Dayr al-Zawr. Durante estes ataques numerosos sírios inocentes foram mortos e confirma que os USA colocam a Frente Al Nusrah na lista negra do terrorismo internacional. Apesar de tudo isto a CIA, o Pentágono e a NSA, continuam a apoiar, em todos os níveis, a Frente al-Nusra. Será uma desobediência á legislação, ou apenas uma excepção, feita para confirmar a regra?

Um dos personagens capazes de responder a esta questão é o general de brigada Salem Idriss, que depois de abandonar as fileiras governamentais sírias, tornou-se o Chefe do Supremo Conselho Militar do ELS. É ele quem canaliza, utilizando o ELS como “central de compras”, as armas e equipamentos fornecidos por Washington e pelos aliados, para além dos financiamentos dos estados do golfo (que pagam os salários ao ELS) para a al-Nusra.

Salem Idriss está em ligação permanente com os comandos militares da al-Nusra e mantem uma rede em tudo idêntica ao modelo paquistanês, utilizado por Zia Ul Haq, quando era presidente do Paquistão, para financiamento e abastecimento aos grupos que combatiam os soviéticos no Afeganistão. Ainda no início deste mês, Idriss reuniu-se com o senador John McCain, na Síria, junto á fronteira turca, afirmando-se como um homem que goza da confiança de Washington. Idriss, apesar de se ocupar apenas do aparelho militar, pode vir a ser um “cavalo de corrida” futuro, para ser usado pelos norte-americanos, em alternativa aos incompetentes e patéticos líderes políticos do CNS. 

Mesmo com as decisões legislativas do departamento de Estado e com a inclusão, em Maio ultimo, da al-Nusra na lista de sanções do Conselho de Segurança da ONU, USA, França e Grã-Bretanha, três membros permanentes do conselho, continuam a ajudar a organização, desafiando o direito internacional.

VIII - Perante os reveses militares, o ELS e a al-Nusra, optaram por realizar atentados indiscriminados, A polícia síria foi vítima de um atentado, este mês, em Damasco, na praça Marjeh, que provocou 14 mortos e 31 feridos. Mas os “amigos da Síria” estão preocupados com a situação militar e com as consequências da ofensiva do governo. O governo francês, que durante este mês esteve frenético e ansioso com a questão militar síria, anunciou, através do porta-voz do Exterior Philippe Lalliot que “não se pode deixar a oposição nesta situação”.
   
Só que as coisas não são assim tão simples como os franceses desejam. Os grupos militares oposicionistas têm sido acusados de graves violações dos direitos humanos e de crimes de guerra. As execuções que estes grupos realizaram nas zonas que ocuparam, até á chegada das forças armadas sírias, são aos milhares. Os executados não eram apenas os militares, ou os agentes da segurança, os responsáveis governamentais, etc. A grande maioria das execuções foram motivadas por acusações como “apostasia” e blasfémia”. Na província oriental de Deir Ezzor, os bandos armados atacaram um bairro xiita, assassinando grande parte dos seus habitantes, que foram degolados. O mesmo se passou em Hatlah, na mesma província, onde mais de meia centena de xiitas foram degolados.
 
Estes são apenas alguns dos milhares de exemplos de crimes realizados pelos bandos armados, que nas últimas semanas decidiram proceder a ataques às aldeias xiitas, acusados de “aliados do regime”, “blasfemos e amigos dos infiéis” em represália contra o Hezbollah e as milícias xiitas sírias que apoiam o governo sírio. Em vários vídeos, podem ser vistos os bandos armados fascistas-sunitas, como a Brigada al-Sadeq al-Amine, a espalharem o terror naos bairros xiitas, casas incendiados, corpos degolados e pessoas espancadas.

São também visíveis as tensões entre o ELS e a al-Nusra, para além da crescente actividade de novos grupos como o Liwa al-Tawid, Ahrar al-Sham e o Suqoor al-Sham, todos de orientação sunita e financiados pelo Qatar, Koweit e Arábia Saudita, respectivamente. Muitos destes grupos estão melhor equipados que o ELS e recorrem a frequentes ataques suicidas em Damasco, para alem de serem os responsáveis pelas operações contra as localidades xiitas.
 
É também de destacar os confrontos entre estes grupos e as Unidades Curdas de Protecção (UCP), na região de Afrin. Apesar dos acordos entre os curdos e o ELS, os curdos favoreceram as forças armadas sírias e colocaram as suas milícias ao serviço do governo, na última ofensiva. Após os confrontos entre forças governamentais e milícias curdas em Alepo, no passado mês de Abril, o governo sírio efectuou um acordo com as milícias curdas, através da mediação do Hezbollah e das milícias xiitas sírias, estando os curdos a ter um importante papel na ofensiva “Tormenta do Norte” levada a cabo pelo governo sírio, para repor a administração governamental nas áreas ocupados pelo ELS e outros bandos armados.        

IX - No plano internacional, é relevante a recente posição egípcia. O presidente egípcio, Mohamed Mursi declarou, este mês, o corte de relações diplomáticas com a Síria, acto que Damasco considerou “irresponsável”. A decisão egípcia surge depois de uma conferência internacional islâmica de apoio á oposição síria, efectuada no Cairo. Mas não contente com a decisão de suspender as relações, o presidente Musri, apelou ainda ao Conselho de Segurança da ONU que imponha uma zona de exclusão aérea, na Síria.

Pobre Musri. Chegou tarde e a más horas. O sistema de defesa área síria, equipado pelos S-300 russos, torna esta medida ineficaz, por isso ela ainda não ter sido tomada, pelos riscos que implica. A própria Turquia, que inicialmente defendia a exclusão aérea de forma acérrima, moderou as suas posições nesta matéria. Mas Musri parece não ter lido todos os capítulos da novela.

Esta posição do governo egípcio vai agravar as suas relações com o Hezbollah, no Líbano e com o Hamas, em Gaza. Com estes últimos, as relações têm sido difíceis. O Egipto aposta numa política de asfixia de Gaza, em colaboração com Israel, o que origina um latente conflito na fronteira entre o Egipto e Gaza. Os Egípcios tentam impor uma direcção “moderada” ao Hamas, o que obviamente provoca a desconfiança desta organização em relação ao novo governo egípcio. Com esta medida sobre a Síria, Musri acaba por cavar ainda mais o fosso com o Hamas, que sempre teve na Síria um aliado. 
    
Significativa foi também a decisão do governo iraniano, tomada nas vésperas das eleições que determinaram Hassan Rohani como novo presidente da Republica Islâmica do Irão, de movimentar um contingente de 4 mil efectivos da Guarda Revolucionaria Islâmica do Irão para a região fronteiriça com o objectivo de apoiar o governo sírio. Esta posição reflecte-se também na política interna iraniana, particularmente nas tensões entre “moderados” e “radicais”. A Guarda Revolucionaria Islâmica, assim como os serviços de inteligência iranianos, são dois pontos de referência controlados pelos “radicais”. A vitória de Rohani, um “moderado” reconhecido, representa uma nova fase nas tensões internas iranianas e os “radicais” tentam assegurar os seus referenciais na política iraniana, reforçando as suas posições internas.

X - Por fim, Israel. Durante grande parte dos últimos dois anos, Israel manteve-se, aparentemente, á margem do conflito sírio, numa enigmática posição esfíngica, sendo difícil de adivinhar as suas intenções. Mas essa inacção terminou e os sionistas optaram pela interferência aberta e pela agressão. Lançou dois ataques aéreos contra posições sírias, no passado mês e fez acusações sobre o uso de armas químicas por parte de Damasco. Circularam nos meios dos serviços secretos ocidentais, suspeitas de que os israelitas estavam a actuar no interior da Síria, o que foi desmentido pelo primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, que as considerou “absurdas”. Por outro lado os sinais que vêm de Israel são contraditórios, variando entre as ameaças de “derrotar Assad” e de declarações de “não interferência nos assuntos internos sírios”. No fundo a incógnita israelita sobre a Síria, mantem-se. Deixou de ser inactiva e silenciosa passou a ser neurótica e palavrosa, mas sempre enigmática. De qualquer forma é preciso ver que quaisquer que sejam os resultados do conflito sírio, as dores de cabeça para Israel vão continuar.

Hafez al-Assad e agora, Bashir, asseguraram, durante décadas, a linha de separação entre sírios e israelitas, apos a ocupação dos Montes Golã pelos israelitas, em 1967. Esta foi sempre a fronteira mais tranquila de Israel. Em 2011 os israelitas puderam observar o que se passaria, caso o governo sírio caísse, quando mais de um milhar de palestinianos juntou-se na terra de ninguém, separadora dos dois lados dos Montes Golã, enquanto a atenção das forças sírias se concentrava na repressão dos protestos populares, que rebentaram nesse ano nas principais cidades sírias. Desses cerca de mil palestinianos, perto de uma centena atravessaram a fronteira para Israel e um deles chegou a Telavive.

Quando as forças sírias reocuparam a cidade de Quneitra e os capacetes azuis austríacos abandonaram o terreno, os bandos armados juntaram os seus grupos mercenários islâmicos perto da cidade, para a tentarem reconquistar. Centenas de mercenários, desejosos de ajustar contas com Israel ficaram concentrados ali, na fronteira, o que levou um alto responsável israelita a afirmar que “Israel prefere o diabo que já conhece que os demónios que por ali rondam.”  

Fala-se em divergências profundas entre o gabinete de Netanyahu e os militares e entre estes e a MOSSAD, devido ao conflito sírio. Os militares propõem uma acção idêntica á da primeira invasão do Líbano, na década de oitenta, ocupando uma área de segurança e entregar o assunto, do lado de lá da área de segurança, a testas de ferro. Isto não deu bons resultados no Líbano e Netanyahu já disse que não, mas a MOSSAD já encetou uma outra via e colocou-a em práctica, o que deixou Netanyahu enfurecido e os militares em polvorosa.

Segundo o New York Times, de 23 de Maio, os israelitas estão a recrutar aldeões sírios, que não são partidários do governo, nem vêm com bons olhos os mercenários islâmicos da oposição, gente de aldeias maioritariamente cristãs maronitas, drusas e alauitas não afectos ao presidente e que desconfiam das intenções do ELS, para aí lançar as bases de uma eventual zona de segurança e construir um tampão fronteiriço. Os serviços secretos sírios e o presidente Bashir já mencionaram por diversas vezes que os israelitas estão a criar a sua própria força, no interior da zona fronteiriça síria.

Mas se o futuro parece pouco prometedor para Israel, caso Bashir saia, com a sua presença e com um Estado Sírio forte e bem estruturado, as dores de cabeça não serão menores. Uma Síria forte representa um pilar de resistência á hegemonia israelita na região. Representa, também, um Irão mais fortalecido, um Hezbollah dominante, no Líbano e uma frente comum demasiado forte para os israelitas. O formidável historial guerrilheiro do Hezbollah, no Líbano, impediu a ocupação efectiva de Israel do sul do Líbano. O Hezbollah, por outro lado, é a força que limita a agressão israelita ao Irão, devido às suas movimentações junto á fronteira do norte de Israel e á facilidade com que o Hezbollah bombardeia o território israelita.

Por tudo isto Israel opta por aquela que é a sua única garantia: que o conflicto sírio permaneça por muitos anos. Esta é a única forma do regime sírio permanecer enfraquecido, mas evitando o descalabro da Síria se tornar um centro de terrorismo islâmico, mesmo nas fronteiras israelitas. Mas esta opção tem custos, daí as divergências entre Netanyahu, militares e MOSSAD. Netanyahu tem de satisfazer os compromissos internacionais e jogar com eles. OS militares não estão interessados nesses compromissos e a MOSSAD é a única que sabe contorná-los, sem cedências. 

O cenário óptimo para os israelitas é a divisão da Síria em três estados separados, ficando Bashir e os alauitas em Damasco, até ao litoral, mais dois estados islâmicos, um sunita e outro xiita, ou laico. Uma Síria dividida é uma Síria enfraquecida, logo ficando o caminho aberto para o Irão e tornar possível a neutralização do Hezbollah no Líbano.

E é no meio destes cálculos que os sionistas permanecem, enigmáticos, como a esfinge.

XI - Cem anos depois de Sykes-Picot, fala-se no redesenhar das fronteiras da Asia ocidental. Só que qualquer alteração dos limites da região levará ao redesenhar dos mapas nas regiões adjacentes, gerando um efeito de cascata. As novas fronteiras sectárias, étnicas, que querem impor, transcenderão a região em que forem demarcadas e gerarão as mais diversas guerras, implantando a instabilidade mundial, no Atlântico, no Indico e no Pacifico.

A Síria vive sob uma invasão estrangeira indirecta, realizada através de intermediários e agentes locais. Esta intervenção, mesmo sendo indirecta, espalha a instabilidade para além das fronteiras com a Síria, conforme o que acontece actualmente, com o Iraque, Afeganistão e Líbano, mas também com fortes reflexos na Turquia (estes com tendência a gravar-se devido á questão curda nesse pais, mas também devido ao período de forte tensão social e politica na sociedade turca, gerada principalmente, pela politica irresponsável do seu governo).

Ao apoiarem grupos como a Jabhat Al-Nusra, um grupo filiado na Al-Qaeda, com uma ideologia semelhante e cujos membros vivem na Síria, Iraque, Líbano e Jordânia e outros países árabes e muçulmanos, cujo principal objectivo é estabelecer um Estado islâmico de acordo com a sua interpretação do Islão, os ocidentais estão a contribuir para a fragmentação de um mosaico que é fundamental para a paz e estabilidade mundial. A ideia central do pensamento político da al-Nusra é a doutrina Wahhabi, a doutrina oficial da Arábia Saudita.

É evidente que há muito para mudar no Medio Oriente, a começar pelos estados do golfos e pelos seus regimes decrépitos, violadores dos princípios mais básicos dos Direitos Humanos. Mas a mudança tem de vir das forças da região, não pode ser imposta pelo exterior. A mudança é, também, a forma como estes países se vão reposicionar perante o mercado mundial e na política global: de cócoras, subservientes, não dando voz á soberania popular e entregando a soberania nacional aos ocidentais, acumulando a experiencia neocolonialista; ou de pé, assentes na soberania dos seus povos, orgulhosos, contribuindo em circunstâncias de igualdade para um mundo melhor e para uma humanidade mais próspera.

Fontes
New York Times, May, 23, 2013

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Renamo defende "um acordo político" entre Armando Guebuza e Afonso Dhlakama



Voz da América

Partido da oposição reuniu-se com os líderes religiosos para fazer a defesa das suas posições e forçar a cedência do governo

A Renamo defendeu hoje "um acordo político" entre o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, e o seu líder, Afonso Dhlakama, para solucionar a crise político-militar em Moçambique, que causou nove mortos.

Fernando Mazanga, porta-voz do partido da oposição que disse ser necessário "um encontro entre o Presidente da República e o presidente Afonso Dhlakama", evocou a importância do encontro tido hoje com os líderes religiosos.

Na segunda-feira, durante a sétima ronda de conversações entre as partes sobre a crise politico-militar, o governo da Frelimo  e a oposição não se entenderam sobre a proposta de revisão pontual da lei eleitoral a ser remetida a aprovação do parlamento.

"O nosso país tem as mesmas dimensões e mesma divisão administrativa de sempre que não podemos nos dar ao luxo de nos escaparmos uns com os outros. Pior ainda, ninguém pode escapar ao chefe de Estado", afirmou Fernando Mazanga.

Entretanto o presidente Armando Guebuza recebeu em audiência líderes religiosos, que também defenderam um encontro entre o chefe de Estado moçambicano e o líder da Renamo.

Angola: PROFESSORES NA LUNDA NORTE MANTÊM GREVE



Coque Mukuta no Cafunfo – Voz da América

Governador ameaçou despedimentos em massa

Apesar de ameaças de despedimento em massa os professores na Lunda Norte mantêm-se firmes em continuar a sua greve que dura há mais de um mês.

Subsídios que não recebem desde 2011, e acerto de categorias estão entre as reclamações dos professores que decretaram greve para toda Província da Lunda Norte.

Os professores  dizem que Ernesto Muangala, governador da Lunda-Norte os ameaçou de expulsão caso não voltassem ao trabalho até à passada quinta-feira.

 Tentamos o contacto com o Governador desta Província mas sem sucesso.

José António do ensino primário na região do Dundo diz que a greve só terá o seu fim quanto o governo de Muangala dialogar e resolver os problemas que afectam os professores  da Lunda Norte.

“O fim da greve depende do governo provincial” disse.

O PODER EM ANGOLA CONCENTRADO NAS MÃOS DE UMA FAMÍLIA



AFP - Agence France-Presse

A nomeação de um dos filhos do presidente José Eduardo dos Santos para o comando do novo fundo soberano angolano, alimentado pelos recursos obtidos com o petróleo, mostra o controle crescente da família presidencial sobre todas as esferas do poder.

"Esta nomeação confirma a onipresença da família dos Santos em Angola, mas mostra também que a campanha para fazer do filho do presidente seu sucessor já começou", disse Marcolino Moco, ex-primeiro-ministro e uma das poucas figuras do partido no poder que fala sobre a vida política.

A imprensa angolana apenas comentou essa nomeação, que foi anunciada na sexta-feira em um comunicado do fundo soberano após várias semanas de rumores, e a Presidência se negou a fazer comentários a respeito.

O presidente angolano, que está há trinta e três anos no poder, controla totalmente o Exército, o partido majoritário (Movimento Popular para a Libertação de Angola - MPLA) e todas as instituições estatais.

Em seu círculo mais íntimo, quase todos são membros de sua família: seu vice-presidente, Manuel Vicente, considerado o número dois do regime, é o padrinho de sua filha mais velha, Isabel; e seu conselheiro econômico, Armando Manuel, se tornou em maio ministro das Finanças.

"A lógica de José Eduardo dos Santos consiste em controlar o dinheiro para manter o poder, o que explica que coloque membros de sua família ou pessoas próximas em postos importantes, onde está a riqueza", disse Justino Pinto de Andrade, economista e membro de um pequeno partido de oposição.

Sua filha Isabel, conhecida como "princesa", foi apresentada no início do ano na lista da Forbes como a africana mais rica, graças as suas participações em empresas angolanas e portuguesas.

Só em Angola, Isabel dos Santos, de 40 anos, possui 25% do capital do banco BIC, o que representa algo em torno de 160 milhões de dólares, e 25% do da Unitel, uma das duas empresas de telefonia do país, cerca de 1 bilhão de dólares, segundo a revista americana.

Com 35 anos, seu irmão José Filomeno de Sousa dos Santos, mais conhecido como "Zenu", assume agora a Presidência do fundo soberano criado em outubro de 2012 com 5 bilhões de dólares para investir no desenvolvimento do país, e receberá 3,5 bilhões adicionais por ano procedentes dos recursos obtidos com o petróleo.

A esposa do presidente, a ex-aeromoça Ana Paula Cristóvão de Lemos dos Santos, controla, segundo a imprensa local, várias empresas, principalmente de comércio de diamantes, enquanto uma ex-mulher de dos Santos, Maria Luisa Abrantes, dirige a poderosa Agência Nacional de Investimentos Privados(Anip).

Controle da imprensa e da cultura

"A partir de um certo volume de negócios, é impossível para um estrangeiro se estabelecer no país sem que esteja ligado a alguém próximo ao poder. Todos os bancos, sem exceção, estão vinculados ao regime", disse Justino Pinto de Andrade.

"Membros da família presidencial estão presentes em todas as grandes empresas do país: Sonangol (petróleo), Endiama (diamantes), TAAG (companhia aérea)... Mas o poder também consegue ter influência no mundo intelectual, sobretudo, por meio da Fundação José Eduardo dos Santos e da Fundação Lwini, da primeira-dama", disse Lindo Bernardo Tito, vice-presidente do jovem partido opositor Casa.

A imprensa e a cultura também não escapam a este controle. Outra filha do presidente, Welwitschia dos Santos -conhecida como "Chizé" e casada com um empresário português- dirige uma rede de televisão pública (TPA 2) e duas revistas de celebridades.

Chizé e seu irmão José Paulino, "Coreon Du" seu nome artístico, também presidem uma das principais empresas de produção audiovisual do país, a Semba Comunicação, que elabora grande parte da publicidade e dos programas para a televisão pública.

"Quanto mais tempo seu chefe permanecer no poder, maior será a onipresença da família", disse Fernando Baxi, chefe de redação da revista satírica Folha 8.

Quando chegou ao poder em 1979, José Eduardo dos Santos era marxista, formado na então União Soviética.

PESQUISADORA ADVERTE PARA CRESCENTE USO DE GÁS LACRIMOGENEO




Em entrevista à Carta Maior, a pesquisadora Anna Feigenbaum, que investiga a história política do gás lacrimogêneo na Universidade de Bournemouth, no Reino Unido, fala sobre o crescente uso dessa arma pelas polícias contra manifestantes civis. Na Espanha, enquanto ocorreram cortes nas áreas da saúde, educação e seguridade social, o gasto com esses materiais disparou de 173 mil euros para mais de 3 milhões de euros em 2013. Por Marcelo Justo, de Londres.

Marcelo Justo - Carta Maior

Londres - A desocupação do Parque Gezi, em Istambul, e a repressão no Rio de Janeiro têm em comum o mesmo que a maioria das manifestações de 2013, seja pela violação de uma pessoa na Índia, por reivindicações estudantis no Chile ou trabalhistas no México ou contra a austeridade na Europa: o gás lacrimogêneo. No orçamento da Espanha, uma das raras exceções aos cortes foram os gastos com material anti-distúrbio. Enquanto ocorreram cortes nas áreas da saúde, educação e seguridade social, o gasto com esses materiais disparou de 173 mil euros para mais de 3 milhões de euros em 2013. No Oriente Médio, a Primavera Árabe resultou em uma panaceia para a indústria da segurança: no ano passado, o mercado da segurança interna alcançou os 6 bilhões de euros, um aumento de 18%.

É um mercado de paradoxos e discursos duplos. No momento em que os Estados Unidos aprovaram o fornecimento de armas aos rebeldes na Síria, com o argumento de que foram atacados com armas químicas, ninguém lembra que o gás lacrimogêneo é com siderado uma arma química pela ONU e que as empresas estadunidenses são dominantes no mercado, com a crescente competição de empresas chinesas e da brasileira Condor Non-Lethal Technologies. O próprio Departamento de Estado defende abertamente seu uso dizendo que é uma arma “não letal” que “salva vidas e protege a propriedade”. Carta Maior conversou sobre esse tema com Anna Feigenbaum, que investiga a história política do gás lacrimogêneo na Universidade de Bournemouth, no Reino Unido.

A história do gás lacrimogêneo parece ter sido reescrita nas últimas décadas. É uma arma química ou não? É uma arma letal ou não?

Nos protocolos de guerra da ONU é uma arma química. O que ocorre é que, ao final da Primeira Guerra Mundial, vários países, em especial os Estados Unidos, se lançaram em uma ofensiva para manter sua produção em tempos de paz. Os EUA lançaram uma estratégia específica de marketing com a polícia e a guarda nacional, realizando inclusive exibições especiais na Casa Branca para demonstrar sua utilidade. Assim criaram a demanda pelo produto. Pelo lado da oferta, ou seja, da produção, a indústria do gás lacrimogêneo modernizou o complexo industrial-militar que havia começado a se desenvolver no início do século aceitando a cooperação entre químicos da universidade, militares, a burocracia estatal e as corporações privadas.

Mas hoje esse produto foi rebatizado. Não se fala de “arma química” como na Primeira Guerra Mundial. Isso causaria pavor. O que temos é uma arma “não letal”.

Este jogo com a linguagem ocorre desde o início. Por um lado, se oferecia o gás lacrimogêneo como uma arma de multiuso, para ataque e defesa, que no princípio teve como principal aplicação enfrentar greves. Ao mesmo tempo se enfatizava que não era “tóxico” e que não produzia nenhum dano duradouro. Foi uma grande iniciativa de relações públicas que acabou exposta por uma investigação em 1939.

Em que momento se “universaliza” o uso de gás lacrimogêneo para o que se chama de controle de multidões?

Nos anos 30 se começa a exportar o produto para colônias e países periféricos. Os Estados Unidos o utilizam nas Filipinas e no Panamá, o governo britânico o usa na Índia. Ele também é utilizado no Oriente Médio nessa época, ainda que haja certa discordância entre os historiadores a respeito.

Na década de 60, ele se tornou parte habitual da paisagem das manifestações na América Latina.

Essa é uma das coisas mais perigosas que aconteceram porque se naturalizou o uso de gás lacrimogêneo quando, na verdade, trata-se de um veneno que, do ponto de vista médico, causa uma série de danos comprováveis muito mais sérios do que se admite em nível oficial. Ele é particularmente perigoso para pessoas com problemas respiratórios ou com problemas epilépticos. Do ponto de vista político, também é muito perigoso, porque está se naturalizando um tipo de resposta repressiva contra o direito de livre expressão e reunião.

O argumento da indústria e dos governos é que ele é preferível às armas para o controle de manifestações e distúrbios. São chamados de não letais e o Departamento de Estado diz que “salvam vidas”.

Na Turquia, no Egito, no Bahrein, o gás lacrimogêneo está sendo utilizado como se fosse uma arma, ou seja, é usado em lugares fechados e, às vezes, como munição que se dispara contra alguém. A ideia de que é melhor que outro tipo de arma, como arma de fogo, tem dois problemas básicos. O primeiro é que, do ponto de vista dos direitos civis, coloca-se que a alternativa é entre uma arma de fogo ou o gás lacrimogêneo, ao invés de se concentrar na possibilidade de mediação, diálogo e solução dos problemas que motivaram o protesto. A opção passa a ser: ou os metralhamos ou os envenenamos com gás lacrimogêneo. O segundo problema é que o gás lacrimogêneo é usado normalmente com outras formas de controle de massas como os carros hidrantes ou as balas de borracha. Isso faz parte de sua origem militar.

Na Primeira Guerra Mundial, o gás lacrimogêneo foi desenhado como um precursor de outras formas de ataque já que obrigava os soldados a sair de suas trincheiras e os expunha a outras armas mais letais. Algo similar ocorre nas manifestações. O gás lacrimogêneo cria caos, impede que as pessoas possam se proteger e as expõe a outras formas de ataque.

Você tem um mapa do uso em nível mundial do gás lacrimogêneo em 2013. É notável que, na Europa da Austeridade, há vários países que o utilizaram, desde a Alemanha e a Bélgica até a Espanha e a Grécia.

Houve um aumento dos protestos desde o estouro financeiro de 2008 e outro aumento desde que começaram as medidas de austeridade. Paralelo a isso, temos visto uma resposta cada vez mais violenta aos protestos. Nestes protestos mais recentes temos visto um maior uso de gás lacrimogêneo, balas de borracha e o resto do material anti-distúrbios. Também estamos vendo um novo deslizamento semântico com a crescente importância da indústria antiterrorista desde 2001. Nos últimos anos tem ocorrido uma confluência entre a indústria antiterrorista e os métodos para lidar com protestos. 

Recentemente, uma especialista israelense em políticas policiais comentou-me que estava sendo utilizado contra os militantes israelenses a tecnologia, o tipo de treinamento e de forças que se utilizam para casos de terrorismo. É o uso de táticas militares para o treinamento da polícia. Isso também faz parte da naturalização dos métodos de repressão.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Brasil: O CONTRAGOLPE DE DILMA



Rui Martins, Berna – Direto da Redação

Berna (Suiça) - Estava tudo preparado – mais alguns dias de agitação e, no 1 de julho, com a greve nacional, um pilantra acionaria o Supremo Tribunal Federal argumentando que diante da confusão reinante, das perdas do Brasil com a depreciação do real diante das outras moedas e da impossibilidade de se governar só havia uma solução – o impeachment da presidenta.

Joaquim Barbosa faria um sorriso de envaidecido, já sonhando com a faixa presidencial, e daria provimento imediato à demanda. E o STF que, no caso Battisti, queria mas não pôde enquadrar o ex-presidente Lula, assumiria o controle político do país, retirando Dilma do poder.

Para garantir o golpe, legal como foi o do Paraguai, haveria a rede da grande mídia, com a Globo caprichando nos closes dos ministros togados favoráveis ao impeachment.

E a Veja lançaria a capa sacralizando o golpe – o “STFcassa (ou caça ?) Dilma”. Em letras grandes, as primeiras medidas a serem tomadas por quem assumisse o poder – acabar com as bolsas escola e família, abrogar a lei em defesa das domésticas, privatizar a Petrobrás, acabar com as cotas universitárias em favor de negros e índios, privatizar o ensino e a saúde, acabar com a maioria dos ministérios e secretarias de governo dentro de um plano neoliberal de reduzir o Estado ao mínimo e abrindo nossas fronteiras a todo e qualquer capital estrangeiro, numa espécie de suk ou mercado livre de nossas riquezas.

Só que Dilma foi rápida na reação, impedindo que as manifestações iniciadas com justos protestos contra o aumento de passagens de transportes públicos, acabassem sendo recuperadas por setores menos interessados pelo povo e mais por assumir o poder, a fim de reverter todas as conquistas sociais dos últimos anos.

Muitos dos reclamos dos manifestantes correspondiam às necessidades da população e constituíam falhas cometidas pelo governo, no afã de construir uma base governável. Feita a autocrítica, tomada a palmada na bunda, era preciso, e logo, garantir terem sido ouvidos os protestos.

O plebiscito por uma assembléia constituinte evita que fique com o STF a decisão sobre quem governa, e restitui ao povo sua soberania. É um sabor de democracia participativa ou de democracia direta, que os suíços utilizam com frequência.

O povo nas ruas fez uma série de reivindicações que serão catalogadas para se transformarem em lei por uma assembléia constituinte.

É verdade que, depois do encontro da presidenta Dilma com a direção da OAB, surgiram dúvidas no Planalto, se o caminho a seguir é realmente o de se convocar uma Constituinte, capaz de mudar a Constituição, dentro do projeto de Reformas políticas.

O ideal seria a presidenta Dilma não ceder à OAB, que embora tenha ações louváveis e de vanguarda em diversos setores, não deixa de ser o lobby do atual establishment jurídico brasileiro, cujo emaranhado dificulta o combate à corrupção no Brasil. Principalmente quando Dilma diz querer tornar a corrupção num crime hediondo.

Como aplicar uma Reforma política sem uma Constituinte? Tão logo seja submetido o plebiscito ao povo e aceito, o governo Dilma deveria convocar a assembléia. Como nosso regime presidencialista não permite a dissolução do parlamento, a Constituinte se faria com os atuais parlamentares. Haveria o risco de entraves e mesmo de algumas leis serem desvirtuadas, mas esse é o risco da democracia direta.

Mas não se pode esquecer que feitas as Reformas na atual Constituição, teriam de ser aprovadas num referendo submetido ao povo. Se as reformas aprovadas não corresponderem aos anseios populares, elas poderão ser rejeitadas.

Em todo caso, seja qual for a decisão tomada, o Brasil, que evita reprimir as manifestações e que aceita discutir soluções com os manifestantes, dá uma grande prova de democracia para o mundo. Mesmo a Europa não tem esse jogo de cintura com os manifestantes.

*Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder emigrante, membro eleito do Conselho Provisório e do atual Conselho de emigrantes (CRBE) junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça. Escreveu o livro Dinheiro Sujo da Corrupção sobre as contas suíças secretas de Maluf. Colabora com o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress.

Brasil: DILMA EM QUEDA NÃO VAI À FINAL DAS CONFEDERAÇÕES POR TEMER VAIAS




Dilma Rousseff desce 27 pontos percentuais desde início das manifestações - sondagem

A popularidade da presidente do Brasil caiu 27 pontos percentuais (de 57 para 30 por cento) desde que começaram as manifestações pela melhoria dos serviços públicos e contra a corrupção, indica uma sondagem divulgada hoje.

A sondagem do instituto Datafolha revela também que um quarto dos brasileiros (25 por cento contra nove por cento na anterior sondagem de 6 e 7 de junho) classifica o governo de Dilma Rousseff de “mau ou muito mau”.

No início de junho, a anterior sondagem Datafolha já indicava uma queda de oito pontos na taxa de popularidade de Dilma Rousseff, candidata a um segundo mandato nas eleições do final de 2014.

Em março, a presidente brasileira ainda gozava de uma popularidade significativa, registando uma taxa de 65 por cento.

A popularidade de Dilma Rousseff caiu em todas as regiões do Brasil, de acordo com a sondagem realizada junto de 4.717 pessoas em 196 cidades. A margem de erro da sondagem é de dois por cento.

PAL // PJA

Dilma Rousseff ausente da final da Taça das Confederações

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, não vai à final da Taça das Confederações em futebol, no Rio de Janeiro, segundo a sua agenda oficial, por recear ser vaiada, segundo o site do Correio Braziliense.

Da agenda oficial de Dilma Rousseff não consta a final da Taça, que vai ser disputada entre as seleções do Brasil e de Espanha o domingo, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.
Na abertura deste torneio, há duas semanas, em Brasília, a Chefe de Estado foi vaiada e não proferiu o discurso que tinha preparado.

Segundo o site noticioso, Dilma Rousseff foi convidada pela FIFA para participar na cerimónia de entrega dos troféus da final da Taça das Confederações, mas ainda não tinha decidido se iria.

“O temor é de ser hostilizada durante a entrega das medalhas aos atletas”, lê-se na notícia.

A Secretaria de Comunicação chegou a confirmar a presença da presidente antes da divulgação da agenda oficial, o que aconteceu sexta-feira à noite.

PL // PJA

*Título PG

OBAMA GO HOME, GRITAM EM ÁFRICA E POR TODOS OS PAÍSES POR ONDE PASSA




Desde há uns dias que Obama anda a visitar diversos países de África. Tem dito umas loas aqui e ali. Certo é que procura esconder as suas verdadeiras intenções. As verdadeiras intenções dos EUA relativamente a África. Já de nada serve procurar ocultar porque sabemos ao que vem ou ao que vai. O seu propósito é consolidar o domínio de África pelos EUA e assim melhor explorar as suas riquezas naturais e os seus povos. Como outros, Obama, que se diz de raízes africanas, mais não faz e fará que trair África e os africanos. Trair a Paz, a Democracia, os Direitos Fundamentais. Tal como está a trair os vastissimos milhões que acreditaram nele pelo mundo.

Obama deslumbrou-se com o Poder e de alegado pacifista e ecologista (democrata) passou a guerreiro terrorista (fascizante). Não menos que isso tem acontecido por todo o mundo que os EUA ocupam a vários níveis como se tudo fosse deles. A potência EUA vai granjeando cada vez mais ódios entre os povos do mundo, mais reprovações, maiores negações aos EUA democráticos e país de sonhos realizáveis. As consequências de tais políticas criminosas estão a recair sobre os cidadãos inocentes dos EUA que qualquer dia já não podem viajar para nenhum país do mundo sem temer atentados. Têm morrido os inocentes pelos criminosos, o que de todo não está certo nem é aceitável. 

É evidente que tem de ser o povo e eleitores norte-americanos a pôr cobro a esta ascenção de violência e domínio que tem vindo a gerar tanto ódio e mais violência. Só por isso os EUA já comportam a guerra no seu território. Urge resolverem esta espiral de destruição e assassinatos de inocentes, não só nos EUA mas também nos países em que criminosos a soldo e ao engano das políticas dos EUA, de Obama, arrasam vilas e cidades, assassinam homens, mulheres e crianças inocentes, declarando com prosápia e falso arrependimento que são “danos colaterais”. Assassínios é o que são. Dizem com verdade os cidadãos do mundo que se sentem ludibriados por Obama e pelos atos e políticas da sua administração.

Não se julgue que são só os muçulmanos a reprovar os EUA. Nem que os terroristas sejam só esses. O terrorismo está a ser alimentado e desenvolvido em grande percentagem pelos EUA em todo o mundo. E disso há notícias que até cansam. O respeito pela vida, pela natureza e pelos Direitos Humanos quase que também era pátria dos EUA e agora é pelos EUA que tudo isso está a ser espezinhado. Pela paz e pela vida também será a melhor opção dos norte-americanos. (AV- PG)

Manifestantes protestam contra visita de Obama à África do Sul

Fábio Zanini, enviado especial a Pretória – Folha de São Paulo - ontem

Uma manifestação convocada por sindicatos e ativistas de esquerda passou na noite de quinta-feira pelo centro da capital da África do Sul, Pretória, para protestar contra a chegada do presidente dos EUA, Barack Obama, programada para a noite desta sexta.

Havia cerca de mil pessoas na caminhada que terminou em frente à embaixada americana. Muitos eram pertencentes a organizações que apoiam ou fazem parte do governo, o anfitrião de Obama. Mas isso não impediu os manifestantes de gritar palavras de ordem e mostrar cartazes com mensagens fortes de repúdio ao americano.

"Não, você não pode...escutar nossas conversas", dizia um deles, parodiando o slogan de campanha de Obama ("sim, nós podemos") e fazendo referência ao recente escândalo de monitoramento de telefones e emails pelo governo americano.

Diversos muçulmanos participaram da manifestação, que não teve incidentes. Vestindo véu islâmico, a urbanista Aatika Deedat mostrava um cartaz contra o uso de drones (aviões-robôs) pelo governo americano contra alvos em países como Iêmen e Paquistão.

"Eles matam como se fossem donos do mundo", disse ela. "Obama não fechou a prisão de Guantánamo, ele apoia Israel, toma diversas atitudes contra os muçulmanos. Não vejo diferença entre ele e [o ex-presidente George] Bush", afirmou.

Palavras de ordem foram gritadas contra a "exploração econômica" dos EUA e em defesa dos palestinos. Houve também vários cantos em apoio ao ex-presidente Nelson Mandela, que está internado em um hospital em estado grave perto da rota da marcha.

Na frente da manifestação, um grupo se vestiu com o uniforme laranja dos prisioneiros de Guantánamo, base em Cuba em que os EUA mantêm encarcerados suspeitos de terrorismo, num limbo jurídico. Obama já disse que quer fechar a prisão, mas até hoje não cumpriu a promessa.

"Obama não é bem-vindo aqui pela simples razão de que ele oprime as pessoas", afirmou um dos fantasiados, Lucky Maseko.

O presidente fará uma visita de três dias ao país, que tende a ser ofuscada pela preocupação com a saúde de Mandela. Ele não deve encontrar o líder antiapartheid, mas fará uma visita ao local onde ele ficou a maior parte do tempo preso, Robben Island, na Cidade do Cabo.

JULIAN ASSANGE PERGUNTA: “QUEM TRAIU OS EUA?”



Edward Snowden e Bradley Mannig, que revelaram mega-espionagem sobre cidadãos? Ou Obama, que prometeu fazer governo mais transparente da História

Julian Assange*, Wikileaks - Tradução Vila Vudu – Outras Palavras

Faz agora um ano que entrei nessa embaixada, buscando refúgio porque estava sendo perseguido. Resultado dessa decisão, tenho conseguido trabalhar em relativa segurança, protegido contra os agentes dos EUA que investigam uma acusação de espionagem. Mas hoje, está começando o suplício de Edward Snowden.

Dois perigosos processos foram postos em movimento na última década, com consequências fatais para a democracia. O sigilo dos governos expandiu-se numa escala aterrorizante. E, simultaneamente, a privacidade dos seres humanos foi erradicada, em segredo. Há poucas semanas, Edward Snowden revelou ao mundo a existência de um programa secreto – que envolve o governo Obama, a comunidade de inteligência e gigantescas empresas que vendem serviços de internet – para espionar todos, em todo o mundo. Resposta automática, como mecanismo de um relógio: Edward Snowden foi acusado de crime de espionagem pelo governo Obama.

O governo dos EUA espiona todos e cada um de nós… Mas é Edward Snowden quem é acusado de espionagem, porque nos alertou. Estamos chegando ao ponto em a honra internacional por serviços prestados à humanidade não recai sobre quem tem um prêmio Nobel da Paz. Recai, isso sim, sobre quem seja acusado de espionagem pelo Departamento de Justiça dos EUA.

Edward Snowden é o oitavo vazador de informação secreta a ser acusado de espionagem no governo do presidente Obama. Na segunda-feira, o julgamento-show de Bradley Manning entrará na quarta semana. Depois de uma lista enorme de crimes e perversidades cometidas contra ele, o governo dos EUA tenta condená-lo por “ajudar o inimigo”.

A palavra “traidor” foi muito usada nos últimos dias. Mas quem é realmente o traidor, aqui? Quem prometeu “esperança” e “mudança” a uma geração, para imediatamente trair as próprias promessas, dando à população só miséria crescente e estagnação? Quem jurou defender a Constituição dos EUA, para imediatamente se pôr a alimentar a besta-fera de uma lei secreta, que vai devorando viva a Constituição dos EUA, de dentro para fora?

Que fim levou a promessa de fazer o governo mais transparente da história, mas que não faz outra coisa que perseguir um vazador depois do outro, nessa sequência macabra, esmagando-os sob o peso de acusações de espionagem? Quem assumiu, com mão de ferro, no Executivo, os poderes de acusador, juiz e carrasco, tentando fazer-se de dono do planeta, sobre o qual vai impondo todos esses poderes ilegítimos? Quem se arroga o poder de espionar o planeta inteiro – cada um de nós – e, quando é apanhado com as mãos sujas de sangue, explica que “teremos de escolher”? Quem é esse homem? Não pode haver dúvida alguma sobre quem declaramos “traidor”.

Edward Snowden está conosco. É um de nós. Bradley Manning é um de nós. São jovens interessados em tecnologia, inteligentes: são a própria geração que Barack Obama atraiçoou, traiu. São da geração que cresceu na Internet, modelada pela Internet.

O governo dos EUA sempre carecerá de analistas de inteligência, de administradores de sistemas, e terá de buscá-los nessa geração e nas gerações posteriores. Um dia, essa geração comandará a Agência de Segurança Nacional, a CIA e o FBI. Não é fenômeno passageiro. É absolutamente inevitável. Ao tentar esmagar esses jovens vazadores, acusando-os de espionagem, o governo dos EUA ataca mortalmente uma geração inteira. E essa batalha, os EUA perderão.

Acusar, prender, matar, não é o modo certo de consertar coisa alguma. O único modo de consertar o que deva ser consertado é: mudem suas políticas! Parem de espionar o mundo. Ponham fim às leis secretas. Ponham fim à prisão por tempo indefinido, sem processo e sem acusação. Parem de matar gente. Parem de assassinar. Parem de invadir países e de mandar milhares de jovens norte-americanos para matar e ser mortos. Parem de ocupar terras de outros. Ponham fim às guerras clandestinas. Parem de destruir os jovens: Edward Snowden, Barrett Brown, Jeremy Hammond, Aaron Swartz, Gottfrid Svartholm, Jacob Appelbaum e Bradley Manning.

A acusação formalizada contra Edward Snowden visa a intimidar qualquer país que esteja pensando em ajudá-lo a defender seus direitos. Não se pode admitir que essa monstruosidade se consume.

Todos temos de intensificar os esforços para encontrar país que dê asilo a Edward Snowden. Que país valoroso o defenderá, reconhecendo o inestimável serviço que prestou à humanidade? Diga ao seu governo, onde você estiver, que se apresente. Apresente-se você mesmo. Defenda Snowden!

*Editor-chefe do Wikileaks foi agraciado com o Amnesty International New Media Award em 2009 e o Sydney Peace Foundation Gold Medal, o Walkley Award for Journalism e o Martha Prize em 2011. Colaborador original da lista de discussão Cypherpunk, criou inúmeros projetos de software alinhados com a filosofia do movimento, inclusive o sistema de criptografia rubberhose e o código original para o Wikileaks. É coautor, com Suelette Dreyfus, de Underground, uma história do movimento internacional de hackers.

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