terça-feira, 8 de julho de 2014

LIBERDADE DE EXPRESSÃO EM MACAU PODE ESTAR EM RISCO




Associação de Jornalistas de Macau está apreensiva com repressão contra académicos e elevado número de casos de abusos contra jornalistas

Cláudia Aranda – Ponto Final (mo)

A Associação dos Jornalistas de Macau (AJM), que representa cerca de 200 jornalistas, a maioria a trabalhar em meios de comunicação em chinês, está preocupada com a situação da liberdade de expressão em Macau, que “pode estar em risco”. A associação tenciona tomar uma posição pública ainda esta semana para atrair a atenção do Executivo para a situação.

Em questão estão os casos do despedimento do professor Éric Sautedé, da Universidade de São José, e da suspensão de Bill Chou, da Universidade de Macau, devido aos seus comentários políticos, assim como o número elevado de incidentes de agressão ou interferência no trabalho dos jornalistas locais.

“Temos receio que o que aconteceu com aqueles dois académicos seja apenas o princípio, que não sejam os últimos casos”, disse ao PONTO FINAL Connie Pang, presidente da AJM, acrescentando que estes exemplos podem ser sinal de que a liberdade de expressão pode estar a diminuir.  A associação está também apreensiva com o número de casos de censura e abusos contra jornalistas e a liberdade de imprensa.

“Há muitos incidentes que aconteceram nestes seis meses, desde o início do ano. Podemos dizer que a liberdade de imprensa em Macau está pior do que antes”, disse Connie Pang. “Instamos o Governo de Macau a dar mais atenção à necessidade de se proteger a liberdade de expressão”.

A associação tenciona reunir-se esta semana e só depois tomará uma decisão quanto ao tipo de acção a tomar. “A nossa posição é muito clara: estamos muito preocupados com a situação da liberdade de expressão em Macau. Como é que os cidadãos vão obter informação equilibrada se a maioria dos académicos que falarem com os media tiverem posições pró-Governo?”, questiona.

A associação está desde Fevereiro a recolher informação sobre casos de censura e de interferência contra jornalistas ocorridos nos últimos cinco anos  e espera poder apresentar um relatório dentro de poucos meses.

Um dos casos de prepotência das autoridades contra uma jornalista da MASTV quando esta tentava abordar o Chefe do Executivo, Chui Sai On, ocorrido a 3 de Maio,  foi objecto de uma petição apresentada pela AJM ontem ao Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). A AJM lamenta a “inconsistência” da explicação da CPSP e do seu director-adjunto, Mui San Meng que, em 30 de Maio, justificou na Assembleia Legislativa a acção da polícia, sem oferecer repostas “conclusivas” no sentido de repor a verdade sobre o incidente. Mui San Meng disse na assembleia que o grupo de segurança de Chui Sai On não agrediu a jornalista, que os polícias apenas estavam a proteger o Chefe do Executivo com o seu corpo, resposta considerada inaceitável pela AJM.

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