Associação
de Jornalistas de Macau está apreensiva com repressão contra académicos e
elevado número de casos de abusos contra jornalistas
Cláudia
Aranda – Ponto Final (mo)
A
Associação dos Jornalistas de Macau (AJM), que representa cerca de 200
jornalistas, a maioria a trabalhar em meios de comunicação em chinês, está
preocupada com a situação da liberdade de expressão em Macau, que “pode estar
em risco”. A associação tenciona tomar uma posição pública ainda esta semana
para atrair a atenção do Executivo para a situação.
Em
questão estão os casos do despedimento do professor Éric Sautedé, da
Universidade de São José, e da suspensão de Bill Chou, da Universidade de
Macau, devido aos seus comentários políticos, assim como o número elevado de
incidentes de agressão ou interferência no trabalho dos jornalistas locais.
“Temos
receio que o que aconteceu com aqueles dois académicos seja apenas o princípio,
que não sejam os últimos casos”, disse ao PONTO FINAL Connie Pang, presidente
da AJM, acrescentando que estes exemplos podem ser sinal de que a liberdade de
expressão pode estar a diminuir. A associação está também apreensiva com
o número de casos de censura e abusos contra jornalistas e a liberdade de
imprensa.
“Há
muitos incidentes que aconteceram nestes seis meses, desde o início do ano.
Podemos dizer que a liberdade de imprensa em Macau está pior do que antes”,
disse Connie Pang. “Instamos o Governo de Macau a dar mais atenção à
necessidade de se proteger a liberdade de expressão”.
A
associação tenciona reunir-se esta semana e só depois tomará uma decisão quanto
ao tipo de acção a tomar. “A nossa posição é muito clara: estamos muito
preocupados com a situação da liberdade de expressão em Macau. Como é que os
cidadãos vão obter informação equilibrada se a maioria dos académicos que
falarem com os media tiverem posições pró-Governo?”, questiona.
A
associação está desde Fevereiro a recolher informação sobre casos de censura e
de interferência contra jornalistas ocorridos nos últimos cinco anos e
espera poder apresentar um relatório dentro de poucos meses.
Um
dos casos de prepotência das autoridades contra uma jornalista da MASTV quando
esta tentava abordar o Chefe do Executivo, Chui Sai On, ocorrido a 3 de Maio,
foi objecto de uma petição apresentada pela AJM ontem ao Corpo de Polícia
de Segurança Pública (CPSP). A AJM lamenta a “inconsistência” da explicação da
CPSP e do seu director-adjunto, Mui San Meng que, em 30 de Maio, justificou na
Assembleia Legislativa a acção da polícia, sem oferecer repostas “conclusivas”
no sentido de repor a verdade sobre o incidente. Mui San Meng disse na
assembleia que o grupo de segurança de Chui Sai On não agrediu a jornalista,
que os polícias apenas estavam a proteger o Chefe do Executivo com o seu corpo,
resposta considerada inaceitável pela AJM.
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