quarta-feira, 6 de agosto de 2014

“RISCO DE ÉBOLA EM CABO VERDE É REAL" - dizem autoridades de saúde




Com o vírus a propagar-se em vários países da África Ocidental, as autoridades sanitárias cabo-verdianas deixam o alerta: o perigo do vírus ébola entrar no país é real.

Cabo Verde ainda não registou nenhum caso de ébola, mas as autoridades do país temem que, com o alastramento do vírus da febre hemorrágica a alguns países da África Ocidental, a doença chegue ao arquipélago. O diretor-geral da Saúde, António Pedro Delgado, já deixou o aviso, em entrevista à Rádio de Cabo Verde: o risco de o vírus da ébola entrar no país é real.

“O risco existe pelo fato de os países vizinhos apresentarem casos”, justifica, acrescentando que “ainda não se verificou uma diminuição consistente para se poder falar no controlo da situação”. “Não se sabe a que momento pode uma pessoa contagiada, ainda sem doença, vir para Cabo Verde fazer a sua vida normal e, de repente, criar um foco da doença”, considera António Pedro Delgado.

Portos e aeroportos sob vigilância

As autoridades cabo-verdianas já reforçaram as equipas sanitárias de controlo e prevenção nos aeroportos internacionais e nos portos que têm ligação com os países oeste-africanos. Neste momento, as principais atenções estão viradas para os portos e aeroportos internacionais do país, de acordo com declarações da ministra da Saúde, Cristina Fontes Lima.

“Há pessoas a movimentar-se nesta zona, temos passageiros que circulam e, por isso, estamos a tomar precauções e a verificar os dispositivos”, afirma a ministra. Algumas medidas que estão a ser tomadas passam pelo acompanhamento das pessoas com sinais visíveis de mal-estar. Quando necessário, pode recorrer-se à análise sanguínea aos passageiros oriundos dos países afetados logo nas fronteiras do país.

“São instruções que já foram dadas ao pessoal navegante, por exemplo”, explica António Pedro Delgado, “para estar atento, a bordo, a qualquer pessoa que manifeste doença ou que apresente algum sintoma”. Desta forma, a situação poderá ser comunicada “com antecedência aos serviços de saúde, para que se possam ser tomadas medidas para se fazer um diagnóstico, se se trata de uma situação que encaixa neste quadro de ébola, ou se é outra doença febril que possa aparecer”.

Triagem de passageiros vindos das regões afetadas

As residências dos passageiros oriundos dos países afetados também podem ser passadas a pente fino pelos agentes sanitários.“Fazemos a triagem das pessoas que vêm de ou passaram em zonas epidémicas, com a intervenção da polícia de fronteira e com o nosso pessoal de saúde”, revela o diretor-geral da Saúde. Esta listagem, de acordo com António Pedro Delgado, permite “saber para onde vão estas pessoas e comunicar aos serviços de saúde da área, para se estabelecer com elas uma relação mais próxima”.

Devido ao surto do vírus ébola, a Federação Cabo-verdiana de Basquetebol cancelou a deslocação da seleção nacional à Guiné-Conacri para cumprir a fase preliminar da zona II da Taça de África das Nações.

Aumenta o número de casos

O vírus ébola já matou cerca de 900 pessoas na África Ocidental, segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado nas últimas horas. O mesmo relatório refere que já foram notificados 1.600 casos na Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa e Nigéria.

A OMS afirma que aumentou para quatro o número de pessoas infectadas com ébola na Nigéria, o país mais populoso de África, com 170 milhões de habitantes. Uma das pessoas infectadas é um dos médicos que tratou Patrick Sawyer, a primeira pessoa a morrer no país, na cidade de Lagos, devido à febre hemorrágica.

A informação foi avançada pelo ministro da Saúde do país, Onyebuchi Chukwu, que garante ainda que das 70 pessoas que se encontram em observação oito "estão de quarentena, numa ala isolada, fornecida pelo governo estatal de Lagos".

O vírus manifesta-se em poucos dias através de febre hemorrágica, seguida de dores musculares, náusea, vómito e diarreia. A taxa de mortalidade pode ir de 25 a 90%, consoante as estirpes. A doença transmite-se por contacto direto com o sangue, secreções, órgãos ou fluídos corporais de pessoas infetadas.

Deutsche Welle - Autoria: Nélio dos Santos (Cidade da Praia) – Edição: Maria João Pinto / Cristiane Vieira Teixeira

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