quinta-feira, 16 de outubro de 2014

PROTESTOS EM HONG KONG TÊM A MÃO DA CIA PARA DESESTABILIZAR A CHINA



Mário Motta, Lisboa

Não há dúvidas sobre a legitimidade dos anseios e protestos das populações nas chamadas RAE na ChIna (Regiões Administrativas Especiais), como é exemplo Hong Kong e Macau. Não só estas regiões especiais mas toda a China precisam de muito mais democracia, contudo nota-se que vem em crescendo a manipulação de forças opostas a uma democracia real. Forças opostas, encabeçadas pelos EUA e seus satélites anglófonos e mais uns quantos países servis e de dúbio patriotismo que vêem no crescimento e globalização da China como enorme potência um entrave já presente mas principalmente futuro ao poder hegemonico dos EUA e seus aliados ocidentais – caso da União Europeia de Merkel.

O regime chinês, de partido político único, tem muitos defeitos. Pequim domina com mão-de-ferro um país imenso, o maior do mundo e o mais populoso do mundo. Ainda há poucos anos abriu-se consideravelmente ao exterior e a uma economia mista que, como ensaio, aparenta estar a resultar e a dar os frutos esperados a um ritmo deslumbrante. A China cresce como grande potência. É a China que empresta e doa aos EUA dólares, não o contrário. A grandeza dos EUA e seus pares incondicionais anglófonos mirra a olhos vistos. Os crimes que os EUA têm praticado no interior do país e por todo o mundo assolam cada vez mais as consciências dos cidadãos deste planeta. Como qualquer império ao longo da história, os EUA estão na fase do canto do cisne, fazendo um grande esforço para que tal não aconteça. Esse esforço tem resultado em várias frustrações. Uma delas é ter vindo a criar cada vez mais adversários e até fanáticos inimigos. Algo que por tabela também contempla outros países, como Inglaterra, a Austrália, Canadá e boa parte da Europa Ocidental. Os aliados.

Importa salientar que não devemos esquecer a importância dos EUA no derrube da loucura samurai do Japão na segunda guerra mundial, assim como a febre fascista de Hitler na Europa Ocidental e em África, principalmente. Japão e Alemanha eram os aliados do Eixo e conseguiram contar para a história dos anos 30 a 40 com a maior mortandade pelo mundo durante imensos anos. Nada que agora os EUA com as suas frequentes guerras, Vietnam, Iraque e muitas outras, não tenha já superado em número de vítimas civis. Os EUA e os seus três principais aliados: Canadá, Austrália e Inglaterra, levando por arrasto países da União Europeia cujos dirigentes estão sempre dispostos a curvarem a coluna vertebral e a usarem a histórica servidão congénita e lambe-botas. O chamado Ocidente.

É esse Ocidente hipócrita - ao querer dar ares de muito boas intenções - que tem vindo a procurar hipnotizar a gigantesca China e dali tirar o máximo de vantagens quase sem deixar contrapartidas. Debalde o tem conseguido. Pequim não se tem deixado hipnotizar. Então, o melhor modo é o tradicional: enfraquecer a China, causar ali problemas internos, manipular a população chinesa e proporcionar-lhe a podridão ocidental da atualidade e de costumes insanos que negam a justiça. E sem justiça não existe democracia. Justiça social, política, económica e comportamental. Essa postura de ausência do mais básico da democracia é doença do Ocidente. Tão bem orquestrada que ilude a maioria dos cidadãos através de perspicazes lavagens ao cérebro inseridas em discursos políticos eivados de mentiras e através da comunicação social apossada por grandes corporações ao serviço do capitalismo dos mercados. No ocidente vimos famílias reais, presidentes da república, primeiros-ministros, ministros, deputados, senadores, partidos políticos vendidos ao grande capital. Vendidos por parcas côdeas que para eles, corruptos e gananciosos, significam bastante. Democracia? Justiça? Onde? No Ocidente? Não. O que vimos é autêntico banditismo. Parceiro de muitos ditadores e regimes pseudo-democráticos de África, Ásia ou América Latina, mas com uma sofisticação deslumbrante, inteligente, suja e monstruosamente desumana e antidemocrática. Contudo, os cidadãos ocidentais do globo terrestre julgam viver em democracia, quando afinal vivem numa pseudodemocracia.

A experiência chinesa de abertura ao exterior e à democracia tem sido e vai ser muito complicada. Ainda mais por o Ocidente tudo fazer para se intrometer. É evidente que não pode abrir todas as portas que por imensos séculos contiveram a liberdade e a democracia, a real. Tem de fazê-lo com as devidas precauções para interesse geral dos chineses e do país. Mas não pode fazê-lo tão lentamente quanto está a fazê-lo, principalmente nas chamadas regiões administrativas especiais como o caso de Macau e Hong Kong. A China tem de saber que conter por tempo demasiado as aspirações justas das populações pode resultar em perdas terríveis para o seu projeto de grande potência e grande nação. Pequim, ao radicalizar-se contra as aspirações da população de Macau e de Hong Kong abre as portas a interferências dos seus adversários económicos e políticos – principalmente os EUA e satélites anglófonos como a Inglaterra e Austrália. Daí à infiltração e consequente manipulação da população por parte de agências norte-americanas é um ápice que dificilmente pode ser contido. É aquilo que já está a acontecer em Hong Kong. Os protestos em Hong Kong já têm a mão da CIA com o propósito de desestabilizar a China. E disso a maioria da população nem se apercebe, infelizmente, como aconteceu e acontece noutros países em situações mais ou menos idênticas.

É evidente que Pequim sabe disto e como num jogo de xadrez está a pensar e a fazer as suas jogadas, mas jamais acabará com a mão da CIA em Hong Kong e, a seguir, em Macau, se teimar em conter as aspirações justas da população. Na realidade não faz sentido ser Pequim a nomear quem governa os macaenses ou os hongkonguenses, sendo que ambas as regiões têm por definição a autonomia. São as populações que devem tomar em mãos a decisão de eleger quem os governa. Cabe a Pequim, ao governo da China, aproveitar ambas as regiões para ensaiar e realizar uma democracia real totalmente dissemelhante da pseudodemocracia do Ocidente. Esta é uma grande oportunidade da China dar uma lição ao mundo de podridão do ocidente. Beneficiando sobretudo o regime e os seus cidadãos.

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