domingo, 6 de abril de 2014

Portugal: 007 CONTRA GOLD VISA




Temos de ser mais agressivos a disputar os investidores estrangeiros às prisões chinesas, caso contrário este país não avança

Ricardo Araújo Pereira – Visão, opinião

O caso do cidadão chinês com visto gold que foi preso na semana passada envergonha Portugal. Um homem é condenado a dez anos de prisão por fraude, na China, e nem o facto de possuir um visto de residência em Portugal o consegue livrar de ser detido. Nesse caso, para que serve residir em Portugal? Os vistos gold oferecem vários benefícios aos seus titulares, incluindo o acesso à autorização de residência permanente e até à nacionalidade portuguesa. No entanto, parece que não conseguimos deixar de tratar estes estrangeiros como portugueses de segunda. Entregar a um estrangeiro um documento que lhe dá praticamente todas as vantagens de ser português excepto a de escapar à prisão, roça a xenofobia. Para este chinês não houve prescrição de coimas, recursos sucessivos em processos judiciais eternos nem anulação de provas por causa de detalhes técnicos. Foi mesmo julgado, condenado e preso - apesar de já ser mais ou menos português há cerca de seis meses. Houve justiça para Xiaodong Wang, o que significa que não houve justiça para Xiaodong Wang. Se o estatuto jurídico-legal dos estrangeiros ricos é equivalente ao dos portugueses pobres, não vale a pena investir no nosso país.

O que Portugal faz a estes vigaristas de luxo é, na verdade, uma vigarice de luxo. É uma burla de Estado. Portugal é o Frank Abagnale dos países. Leva os vigaristas a acreditar que são, para todos os efeitos, cidadãos portugueses, e depois frustra-lhes as expectativas retirando-lhes um dos direitos fundamentais. Bem sei que não há honra entre ladrões, mas isto é capaz de ser demais.

O visto gold é atribuído a quem exerça pelo menos uma das seguintes actividades de investimento: aquisição de um imóvel no valor mínimo de meio milhão de euros; transferência de capital no montante mínimo de um milhão de euros; ou criação de, pelo menos, dez postos de trabalho. Até ao fim de 2013, 0 (zero, aquele número imediatamente anterior ao um) vistos foram concedidos por causa da criação de empregos. Xiaodong Wang obteve o seu depois de ter adquirido uma vivenda de luxo com dinheiro que, ao que parece, não lhe pertencia. Mas, se lhe tivessem dado tempo e oportunidade, poderia ter juntado ao investimento a criação de dez empregos, contratando uma equipa jurídica formada por uma boa dezena de advogados. E ainda hoje Xiaodong Wang estaria a investir em Portugal. Temos de ser mais agressivos a disputar os investidores estrangeiros às prisões chinesas, caso contrário este país não avança.

Portugal: MORREU O MILITAR DE ABRIL GUILHERME CONCEIÇÃO E SILVA




Guilherme George Conceição e Silva, licenciado em Direito, foi professor da Escola Naval e, após o 25 de Abril chefiou a comissão de extinção da PIDE/DGS

O comandante Guilherme George Conceição e Silva, que chefiou a comissão de extinção da PIDE/DGS e fez parte dos governos de Vasco Gonçalves, morreu hoje, anunciou a Associação 25 de Abril.

Oficial da Marinha, este militar de Abril encontrava-se, em março de 1961, a bordo da fragata Nuno Tristão em Angola, no início da guerra, “e comandou a força de desembarque que protegeu as populações do Ambriz e Ambrizete”, recorda a associação.

Guilherme George Conceição e Silva, licenciado em Direito, foi professor da Escola Naval e, após o 25 de Abril chefiou a comissão de extinção da PIDE/DGS.

Foi Secretário de Estado da Comunicação Social nos governos de Vasco Gonçalves, quando o ministro da pasta era o comandante Correia Jesuíno.

O funeral de Guilherme George Conceição e Silva realiza-se na segunda-feira, estando o seu corpo na capela do Cemitério Inglês.

Lusa, em jornal i

Portugal – Igreja: Novo bispo do Porto diz que "os pobres não podem esperar"




O novo bispo do Porto, António Francisco dos Santos, disse hoje que "os pobres não podem esperar" e realçou que a cidade pode ser um exemplo a nível nacional para fazer face a uma crise "por demais arrastada".

Na cerimónia de entrada de António Francisco dos Santos como novo bispo da cidade, que contou com a presença dos secretários de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, Agostinho Branquinho, e do Desenvolvimento Regional, Castro Almeida, António Francisco dos Santos mostrou-se aberto para dialogar com todos, perante uma audiência que incluía ainda diversas figuras da cidade, desde o presidente da Câmara, Rui Moreira, ao reitor da Universidade do Porto, Marques dos Santos.

"Sejamos ousados, criativos e decididos sempre, mas sobretudo quando e onde estiverem em causa os frágeis, os pobres e os que sofrem. Esses devem ser os primeiros porque os pobres não podem esperar! Temos na história da Igreja do Porto 'modelos de caridade' que nos podem guiar neste caminho", afirmou numa Catedral cheia e que tinha no Terreiro da Sé centenas de pessoas a assistir através de um monitor.

O novo bispo do Porto salientou a "grande quantidade e geral qualidade" das mais variadas instituições da cidade e disse que "o mesmo se revela na grande capacidade de criar, empreender e inovar, com que em tanto lado se tem conseguido resistir e até superar as grandes dificuldades que (...) atingem nesta crise por demais arrastada".

"Temos todos nós características próprias de povo consistente e nortenho, consolidado por uma longa história de dificuldades e vitórias, em que preponderou a tenacidade e a criatividade das nossas gentes. A história e o trabalho deram ao Porto e à comunidade humana que somos alguns traços de caráter que, sendo reconhecidos, são também motivo de esperança forte para o nosso futuro comum", disse o natural de Cinfães.

António Francisco dos Santos reconheceu não estar acompanhado de "planos prévios ou antecipados programas de ação pastoral", que surgirão "à medida do sonho de Deus e da sua vontade divina para a Igreja do Porto".

"A tudo e a todos quero atender, acompanhar e interligar cada vez mais, respeitando a índole própria de cada qual, neste trabalho em rede diocesana, vicarial e paroquial", referiu ainda, antes de se dirigir à porta da Catedral, onde o saudaram centenas de pessoas por entre muitos gritos de "Porto" e alguns de "Aveiro", onde foi também bispo.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal: SG do PCP diz que elitização do ensino faz lembrar tempos do fascismo




O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou hoje que nos últimos três anos o Governo promoveu uma elitização do ensino que faz lembrar os tempos do fascismo e um mercado de mão de obra barata.

No encerramento do 10.º Congresso da JCP, na Faculdade de Medicina Dentária, em Lisboa, Jerónimo de Sousa falou numa "brutal ofensiva" contra os jovens, que incitou a organizarem-se e defenderem as conquistas do 25 de Abril nas fileiras da juventude comunista.

Segundo o secretário-geral do PCP, o balanço dos últimos três anos de governação PSD/CDS-PP, com Portugal submetido a um programa de resgate, "é de uma violência brutal", e inclui "emigração forçada, milhares de estudantes afastados do ensino superior, alterações profundas nas escolas do ensino básico e secundário, com um exponencial crescimento das vertentes profissionalizantes do ensino, milhares de jovens empurrados para a desesperança".

De acordo com Jerónimo de Sousa, "o sistema de educação dual que está a ser imposto à juventude portuguesa em todos os níveis" tem conduzido "à elitização do acesso ao conhecimento".

"Trata-se de um sistema que, correspondendo às necessidades do sistema capitalista de mão de obra barata, tem vindo a ver aprofundada a clivagem entre o ensino geral e o profissional, um regresso a um passado longínquo a fazer lembrar os tempos do fascismo, dos liceus para os jovens da elite e as escolas técnicas para os filhos dos trabalhadores", acrescentou.

No seu discurso, Jerónimo de Sousa sustentou que a História deitou por terra a tese de que "a luta de classes tinha acabado" e deu razão aos que insistiram que "o socialismo continuava a ser a alternativa de fundo a um capitalismo cada vez mais explorador, agressivo, predador e opressor".

Dirigindo-se às centenas de jovens que enchiam a sala, declarou: "Somos o partido da juventude. Se alguém duvida do futuro deste partido, devia pôr os olhos neste Congresso".

Lusa, Notícias ao Minuto

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WALL STREET E O GOLPE ECONÔMICO DO SÉCULO




Se a lei Johnson-Crapo passar, os pagadores de impostos dos EUA serão responsáveis por qualquer resgate considerado necessário pelos reguladores

Mike Whitney, para o CounterPunch – Carta Maior

Os líderes do Comitê Bancário do Senado dos EUA, os senadores Tim Johnson e Mike Crapo, lançaram no último domingo um projeto de lei que proveria garantias explícitas por parte do governo sobre títulos lastreados em hipotécas (MBS, em inglês) gerados por bancos privados e instituições financeiras. Um giganteco lucro para Wall Street colocaria a corda no pescoço dos pagadores de impostos norte-americanos pelos 90% de perdas dos MBS envenenados, como aqueles que quebraram o sistema financeiro em 2008 e atolaram a economia no maior pântano desde a Grande Depressão. Defensores da lei dizem que as novas regras feitas pelo Escritório de Proteção ao Consumidor (CFPB, em inglês) - que coloca padrões para o que seria uma “hipoteca qualificada” - garantem que aqueles que pegarem emprestado terão condições de pagar suas dividas, o que reduziria as chances de uma nova quebra do sistema no futuro. No entanto, estas regras foram feitas por lobistas e advogados da indústria dos bancos, que acabaram com requerimentos rigorosos - como as tabelas FICO e os 20% de pagamentos adiantados - com o intuito de emprestar livremente a pessoas que talvez fossem menos capazes de pagar suas dividas. Além disso, uma cláusula particularmente letal foi inserida na lei e provê uma cobertura geral a todos MBS (tanto se estiverem dentro ou fora dos padrões da CFPB) caso outra crise financeira ocorra. Eis o parágrafo:

Sec. 305. Autoridade para proteger os pagadores de impostos em condições de mercado incomuns...

Se a Corporação, o Chefe da Reserva Federal dos Governadores e o Secretário do Tesouro, em acordo com o Secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano, determinarem que circunstâncias incomuns e exigentes ameaçam a disponibilidade do crédito hipotecário junto ao mercado habitacional norte-americano, o FMIC pode prover cobertura sobre títulos que não estejam dentro dos requisitos da seção 302, incluindo aqueles da perda em primera posição dos acionistas do mercado privado.” (“Freddie And Fannie Reform – The Monster Has Arrived”, Zero Hedge)

Em outras palavras, se a lei passar, os pagadores de impostos dos EUA serão responsáveis por todo e qualquer resgate considerado necessário pelos reguladores citados acima. E, tendo em vista que estes reguladores estão no bolso dos lobistas de Wall Street, não há dúvida do que eles farão quando este tempo chegar: vão resgatar os endinheirados e deixar os prejuízos ao povão.

Se você não consegue acreditar no que está lendo ou se pensa que o sistema é tão corrupto que não poderia ser corrigido, você não está sozinho. Esta última afronta apenas confirma que o Congresso, o Executivo e todos os reguladores são meras marionetes que fazem qualquer coisa pedida pelos chefões de Wall Street.
  
O objetivo da lei Johnson-Crapo é a de “inspecionar” as gigantes da hipoteca como a Fannie Mae (Federal National Mortgage Association - Associação Federal das Hipotecas, em português)  e a Frediie Mac (Federal Home Loan Mortgage Corporation, Coporação Federal de Empréstimos Imobiliários Hipotecários, em português) para que “o capital privado possa ter o papel principal nas finanças.” (foi assim que Barack Obama resumiu isso.) É claro que este não é o verdadeiro propósito. O objetivo real é que o domínio dos mecanismos de lucratividade esteja com os bancos privados (Fannie e Freddie têm nadado no dinheiro nos últimos três anos) enquanto os prejuízos sejam passados ao público. Isto é o que está ocorrendo de fato.
 
De acordo com o Wall Street Journal, a lei irá “Construir e elaborar uma nova plataforma na qual um certo número de entidades do setor privado, junto de aparelhos públicos administrados por empresas privadas e reguladas federalmente, substituiriam o papel chave desempenhado há tempos pela Fannie e Freedie(N.E: que são entidades públicas)…”
 
“A legislação substitui as gigantes das finanças hipotecárias por um novo sistema onde o Governo continuaria a desempenhar um papel significativo nas dividas habitacionais norte-americanas.” (“Plan for Mortgage Giants Takes Shape”, Wall Street Journal)
  
“Papel significativo”? Que papel significativo? (E aqui fica mais interessante.)
 
Ainda segundo o Wall Street Journal: “A lei do Senado ainda redirecionaria as reguladoras das empresas como uma nova “Corporação de Federal de Segurança das Hipotecas” (FMIC, em inglês) e atribuiria a esta agência a capacidade de aprovar que novas empresas possam transformar empréstimos em títulos. Estas empresas poderiam ter garantias federais de pagamento aos seus investidores. A FMIC asseguraria os títulos hipotecários quase da mesma forma que a Corporação Federal de Segurança dos Depósitos provê segurança aos depósitos bancários.”
  
Isto é inacreditável. Então eles querem transformar a Fannie e Freddie em uma companhia de seguros que protegeria as hipotecas quebradas criadas pelos mesmos bancos que acabaram de roubar de todos nós trilhões de dólares na mesma fraude maldita?  
  
Mais no Wall Street: “seriam necessários avalistas das hipotecas para manter uma margem de capital de 10% contra perdas antes que o seguro federal fosse acionado.”
 
10%?? E que raio de diferença fazem 10%? Isto é uma gota no oceano. Se os bancos vão oferecer hipotecas a quem não pode pagá-las, então eles mesmos devem cobrir suas perdas ou não deveriam ser bancos, certo?
  
Isso é um roubo tão grande que deveria ser impossível. Estes palhaços deveriam ser colocados pra fora do Senado. Mas a lei está seguindo adiante, e o Presidente Duas-Caras nem está se importando. Há algum tipo de atividade ilícita feita por baixo da mesa que esse presidente não apóia?
 
Não quando ela vem da parte de algum de seus grandes amigos banqueiros. Confiram este trecho do economista Dean Baker. Baker está se referindo a lei Corker-Warner, mas a Crapo-Johnson é quase a mesma coisa
 
“A lei Corker-Warner faz muito mais do que eliminar a Fannie e Freddie. Em seu lugar, ela estabeleceria um sistema onde as instituições financeiras privadas poderiam emitir títulos hipotecários segurados (MBS) que teriam uma garantia do governo. No caso de que um grande número de MBS dessem errado, os investidores perderiam apenas 10% de seu valor, depois disso quem arcaria com as dívidas seria o governo.”  

Se você acha que isto parece um sistema razoável, então você não deve ter estado por perto durante a crise imobiliária e a crise financeira que a seguiu. No pico da crise nos anos de 2008 e 2009, a pior MBS era vendida entre 20 e 40 centavos de dólar. Isso significa que o governo arcaria com uma parte enorme dos custos sob o sistema Corker-Warner, mesmo se os investidores tivessem sido forçados a arcar com 10% do preço das MBS
 
A estrutura financeira pré-crise deu aos bancos um enorme incentivo para fazer pacotes de MBS de baixa qualidade ou até mesmo fradulentas. Um sistema baseado na lei Corker-Warner faria com que eses incentivos fossem ainda maiores. (“The disastrous idea for privatizing Fannie and Freddie”, Dean Baker, Al Jazeera)  

Apenas pondere esta última parte por um minuto: “a lei faria com que estes incentivos fossem ainda maiores.”
 
Você realmente acha que deveríamos criar incentivos ainda maiores para que continuem a nos roubar? Mais um trecho de Baker:
 
“As mudanças na regulação financeira também não devem prover muita proteção. Logo quando a crise começou, havia demandas para que as seguradoras mantivessem uma participação substancial nas hipotecas que eleas colocassem nos seus lotes, para que tivessem um incentivo de segurar apenas boas hipotecas. Alguns reformadores estavam demandando algo em torno de 20% de participaçção para cada hipoteca.

Durante o debate sobre a lei Dodd-Frank, as regras subsequentes sobre esta participação se tornaram ainda menores. Ao invés de 20%, ficou decidido que as seguradoras teriam de manter 5% de participação. E para hipotecas de certos padrões elas não teriam de ter participação alguma. 

Originalmente, apenas hipotecas nas quais o proprietário da casa tivesse pagado adiantado 20% ou mais da hipoteca é que poderiam ser consideradas deste bom padrão. Este corte fez com que esta pocentagem fosse para 10% e depois para 5%. Mesmo que as hipotecas como apenas 5% de pagamento adiantado tenham 4 vezes mais chances de não serem pagas, não será requisitado que as seguradoras mantenham nenhuma participação ao colocá-las em uma MBS.”

Espere aí, Dean. Você quer dizer que Dodd Frank não colocou as coisas de “maneira certa”? Eu pensava que “novas regras mais duras” nos asseguravam que os bancos não explodiriam o sistema de novo em 5 anos. Isso era conversa fiada?

Sim, claro que era. 100% conversa fiada. Uma vez que os bancos soltaram seu exército de advogados e lobistas em Capital Hill, as novas regulações não tiveram a menor chance. Transformaram Dodd Frank em comida de rato e agora estamos de volta onde começamos. 

E não espere que as agências de classificação de risco irão ajudar, porque elas ainda agem como antes da crise, sem mudança alguma. Elas continuam sendo pagas por caras que emitem os títulos hipotecários, o que é como se você pagasse o salário do cara que dá sua nota em um concurso. Você não acha que isso turvaria seu julgamento? Claro que iria: e pagar as agências de classificação é garantir que você ganhará a nota que quiser. O sistema todo é horrível.

Os bancos desempenharam um papel no rascunho destes novos padrões de “Hipotecas Qualificadas” também, que não é na verdade padrão algum, mesmo porque nenhum emprestador de respeito jamais usaria o mesmo critério para emitir um empréstimo ou uma hipoteca. Por exemplo, nenhum banqueiro vai dizer, “puxa, Josh, nós não precisamos das suas pontuações de crédito, nós não precisamos de nenhum pagamento adiantado. Somos amigos, certo? Então, velho, quanto você precisa para essa hipoteca? $300.000? $400.000? $500.000? Pode dizer, o céu é o limite.”

Sem pagamentos adiantados? Sem pontuações de crédito? E eles têm a audácia de chamar isso de hipoteca qualificada?

Qualificada para que? Para ser paga pelo pagadores de impostos? O propósito real das hipotecas qualificadas é o de proteger os bancos de seus próprios negócios matreiros. Isto lhes oferece “porto seguro” no caso de falta de pagamento. E o que isso significa?
 
Significa que o governo não pode pegar seu dinheiro de volta se os empréstimos explodirem. A hipoteca qualificada protege na verdade os bancos, não os consumidores. E aí está a farsa, como Dodd Frank é uma farsa. Nada mudou. De fato, tudo isso piorou. Agora estamos com a corda no pescoço para qualquer perda dos bancos. 

Deixaremos a última palavra com Dean Baker, pois parece que ele é o único cara nos Estados Unidos que percebeu o que está acontecendo:

“Resumindo, o plano de Corker-Warner de privatizar a Fannie e Freddie é essencialmente uma proposta para reinstituir a estrutura de incentivos que nos deu a bolha imobiliária e a crise financeira, mas desta vez aumentando à garantia explícita do governo sobre as MBS. Se isso não soa como uma grande ideia para eles, então você não dispendeu tempo suficiente junto com os poderosos de Washington.”

A lei Johnson-Crapo não tem nada a ver com o encerramento da Fannie e Freddie ou uma vistoria da industria das hipotecas. Isso é um roubo na cara dura feito por dois senadores que estão colocando o país sob os riscos de Wall Street

Isto é o golpe do século.  

Tradução de Roberto Brilhante - Créditos da foto: Wall Street, via Wikimedia Commons

Israel bombardeia vários pontos em Gaza em resposta a disparo de foguetes




Ninguém foi atingido, segundo fontes palestinas e do Exército israelense; primeiro-ministro alerta para possibilidade de "ação unilateral"

Opera Mundi, São Paulo

Aparelhos da aviação israelense bombardearam na madrugada deste domingo (06/04) várias posições na Faixa de Gaza que não causaram vítimas, em resposta ao disparo de foguetes contra seu território, informaram fontes palestinas e do Exército israelense.

As testemunhas disseram ter escutado várias explosões no norte e no sul da faixa, após ter observado vários aviões de combate que sobrevoaram a região depois da meia-noite.

De acordo com fontes de segurança do movimento islâmico Hamas, que controla Gaza desde junho de 2007, quatro bombardeios aéreos sucessivos foram realizados contra um posto de treinamento de milicianos no norte e outro no sul do território.

O porta-voz do serviço de urgências do Ministério da Saúde do Hamas em Gaza, Ashraf al Qedra, disse que os ataques não causaram vítimas.

O Exército israelense informou em comunicado que os bombardeios foram a resposta "aos incessantes ataques com foguetes provenientes de Gaza" e corroborou que foram atingidos "quatro pontos terroristas no norte da faixa territorial e um adicional no sul".

Horas antes, milicianos palestinos tinham lançado um projétil contra solo israelense que caiu sem provocar danos ou vítimas em Ashkelon.

Ação unilateral

Segundo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Israel pode promover "ações unilaterais" contra os palestinos depois de o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, ter assinado a documentação para fazer parte de 15 tratados e convênios internacionais. 

"Ações unilaterais por parte dos palestinos serão respondidas com ações unilaterais da nossa parte", disse Netanyahu em sua reunião semanal com seu gabinete. Ele culpa os palestinos pelo impasse atual em relação às conversas de paz mediadas pelos EUA. Ele afirmou ainda que Israel não tem medo de uma intervenção da ONU e que a Palestina tem "muito a perder" se querem reconhecimento de organismos da ONU, algo que foi barrado no último ano em troca da libertação de 104 presos palestinos. 

Ainda não há indícios de quais ações unilaterias Israel pode tomar, mas, segundo o jornal Yedioth Ahronoth, as medidas podem incluir a retenção de impostos coletados por Israel da ANP. A última vez que Israel fez isso foi em 2012, o que provocou agitação na parte da Cisjordânia ocupada por eles. 

(*) Com Agência Efe

Turquia - Eleições: Oposição pede recontagem dos votos por suspeita de fraude




A oposição da Turquia pediu hoje a anulação do resultado das eleições em Ancara, realizadas no passado fim de semana, alegando fraude eleitoral por parte do Partido da Justiça e Desenvolvimento, no poder.

O Centro Eleitoral de Ancara já rejeitou um pedido de recontagem dos votos pedido pelo Partido Republicano Popular (CHP) das eleições do passado domingo que deu a vitória na cidade de Ancara ao Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), liderado pelo primeiro-ministro turco.

O dirigente do CHP, Mansur Yavas, já disse entretanto que o resultado da votação registado em Ancara "é o mais duvidoso de toda a história do país".

"Temos o dever sagrado de proteger os votos de Ancara. Estamos aqui para derrotar aqueles que ensombram a nossa democracia", acrescentou o dirigente da oposição durante uma conferência de imprensa realizada hoje.

Yavas acrescentou que o partido está preparado para levar o assunto ao Tribunal Constitucional e mesmo ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, "se for necessário".

O partido no poder, o AKP, conseguiu a vitória a nível nacional, incluindo em Ancara e Istambul, nas eleições autárquicas que foram vistas como um sinal de apoio ao primeiro-ministro Racep Tayyip Erdogan.

Os partidos da oposição têm afirmado durante a semana que a votação ficou marcada por irregularidades, incluindo roubo de votos, cortes de energia elétrica durante a contagem dos boletins, além de divulgação falsa de resultados.

As eleições autárquicas de 30 de março foram as primeiras depois dos escândalos de corrupção que têm afetado o Governo de Erdogan desde dezembro e que atingem o círculo mais próximo do próprio primeiro-ministro.

De acordo com os resultados divulgados, as eleições em Ancara foram muito disputadas com o presidente da Câmara do AKP, no poder há 20 anos, a conseguir 44,79% dos votos, contra os 43,77% do candidato da oposição.

O presidente da câmara reeleito já rejeitou as acusações de irregularidades.

A nível nacional, os resultados foram contestados em 41 cidades e na maior parte dos casos em que se procedeu à recontagem dos votos o resultado final provou, de facto, irregularidades que obrigaram mesmo à mudança dos autarcas entretanto empossados.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Cabul: “FRAUDES E IRREGULARIDADES” EM ELEIÇÕES NO AFEGANISTÃO




Os três candidatos considerados favoritos nas eleições presidenciais do Afeganistão apontaram hoje "problemas", "irregularidades" e "fraudes" na votação que decorreu no sábado, ao mesmo tempo que saudaram os eleitores por participarem.

Apesar das ameaças dos talibãs e dos receios de uma grande abstenção, as autoridades afegãs disseram que as eleições registaram "uma enorme participação".

"Foi um grande dia para a democracia no Afeganistão", afirmou hoje Zalmai Rassoul, um dos três favoritos, numa conferência de imprensa em Cabul.

"Mas, manifestamente houve problemas em determinados locais", acrescentou o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, considerado como o candidato do presidente cessante, Hamid Karzai.

"Estes problemas foram transmitidos à comissão que regista as queixas eleitorais e é dever desta dar resposta para que não haja votos falsos", afirmou, sem precisar a natureza dos "problemas".

"Um presidente eleito com fraudes não seria aceite", insistiu.

O seu adversário Ashraf Ghani, um antigo ministro das Finanças, afirmou no Twitter que "há relatos de fraudes graves em vários locais", adiantando que essas informações serão encaminhadas para a referida comissão.

Abdullah Abdullah, o terceiro candidato apontado como favorito, disse que as eleições foram "um grande sucesso", mas não esteve "livre de irregularidades".

Nas presidenciais de 2009, Abdullah foi o segundo mais votado e denunciou fraudes em massa no escrutínio.

Após a votação, a comunidade internacional saudou a mobilização dos eleitores e considerou que a participação é um sinal dos progressos alcançados no país após o afastamento dos talibãs do poder, em 2001.

Os resultados preliminares da primeira volta serão conhecidos a 24 de abril e uma possível segunda volta decorrerá a 28 de maio.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Índia – Eleições: Indianos vão amanhã a votos com intenção de mudar rumo do país




A Índia, a maior democracia do mundo, inicia na segunda-feira as eleições gerais do país com um eleitorado a exigir mudanças depois de nos últimos anos o 'milagre indiano' ter perdido força e quando a população espera mais dos seus líderes.

As sondagens dão ao hindu Narendra Modi, principal candidato do partido da oposição, o Bharatiya Janata Party (BJP), o favoritismo para dirigir o destino dos 1.210 milhões de indianos para que o país recupere o dinamismo que o converteu em país emergente.

Longe da euforia vivida na primeira década deste século, o gigante asiático atravessa um período de algum pessimismo com a desaceleração do crescimento económico, a ausência de postos de trabalho, escândalos de corrupção e uma aparente falta de liderança no topo da hierarquia governamental.

Cidadãos e analistas apontam a culpa dos problemas ao Partido do Congresso e à dinastia Nehru-Gandhi que depois de dez anos no poder chega agora às eleições muito desgastada.

O chefe da campanha do Partido do Congresso, Rahul Gandhi, não irá, pelo menos agora, seguir a tradição familiar do bisavô, avó e pai, que exerceram cargos de primeiros-ministros no país asiático.

Aos 43 anos, o delfim da dinastia que governou a Índia na maior parte do tempo da sua história após a independência em 1947 não convence os eleitores devido a uma imagem de inexperiência, mensagem confusa e falta de carisma.

À frente do dinástico Rahul surge Modi, de 63 anos, que tem origens familiares humildes, trabalhou com vendedor quando criança e transmite uma mensagem forte e de liderança, tem experiência e consegue chegar às 'massas'.

O seu trabalho na liderança do estado de Gujarat nos últimos 12 anos permitiram-lhe conquistar reputação de bom gestor, forte caracter e apoiante da economia de mercado, o que lhe valeu apoios oriundos das grandes fortunas e dos empresários do país.

A aposta de Narendra Modi é o desenvolvimento económico, um slogan que 'assenta bem' num país que no passado recente crescia a uma média de 8% ao ano e que no último exercício fiscal não foi além dos 5%, o menos ritmo de crescimento da última década.

Apesar de diferentes investigações judiciais o terem absolvido, Narendra Modi tem, contudo, um problema com as minorias étnicas que temem um líder que surgiu associado à aceitação da matança de um milhar de muçulmanos mortos por radicais hindus em 2002 em Gurajat, o seu estado.

Entre Rahul e Modi está ainda Arvind Kejriwal, que lidera o partido do Homem Comum, que obteve surpreendentes resultados na sua estreia eleitoral em dezembro, aquando das municipais em Nova Deli, cidade que governou durante 49 dias, afastando do poder, de forma 'humilhante', os homens do Partido do Congresso que lideravam a cidade há 15 anos.

Nas eleições de 2014, 100 milhões de novos eleitores chegam às urnas numa votação que pode acolher 814 milhões de votos.

A maratona eleitoral prolonga-se por 36 dias, até 12 de maio, sendo que os resultados deverão ser conhecidos a 16 de maio.

Por todo o país estão preparados 930.000 colégios eleitorais, mais 12% do que há cinco anos, e estão disponíveis 1,4 milhões de urnas eletrónicas.

Com 11 milhões de pessoas envolvidas no processo eleitoral, a logística para o exercício do direito de voto é transportada para todo o país por mar, ar e terra, com recurso, em zonas mais remotas a mulas e elefantes que percorrem as zonas mais sinuosas.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Timor-Leste: Fretilin explica a militantes "pacto de regime" com Governo de Xanana Gusmão




Díli, 06 abr (Lusa) - A Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente reuniu-se durante o fim de semana para explicar aos militantes a nova postura política do partido, que passou pela criação de um pacto de regime com o Governo de Xanana Gusmão.

"Desde o ano passado que a Fretilin tem adotado uma nova postura política de fazer oposição por um lado, mas intervir no processo de governação, para começar a mudar uma série de coisas e os resultados são evidentes: baixámos a inflação e o crescimento económico para ser mais sustentável", afirmou hoje à agência Lusa Mari Alkatiri, secretário-geral do partido.

Segundo Mari Alkatiri, que falava no final da primeira Conferência Nacional da Fretilin, nas bases do partido "havia muitas dúvidas sobre a nova postura", não só porque as "pessoas não entendiam", mas também devido à "propaganda que dizia que já não existia oposição".

"Tivemos que explicar a nova postura, quais são as razões desta nova postura e quais são os propósitos, o que se pretende atingir", explicou Mari Alkatiri.

A Fretilin foi o segundo partido mais votado nas legislativas de 2012 e é a única força partidária com assento parlamentar que não faz parte da coligação no Governo, liderada por Xanana Gusmão, presidente do Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste, que venceu as eleições.

Tanto em 2013, como este anos, o partido votou a favor no parlamento dos orçamentos de Estados, fazendo com que tenham sido aprovados por unanimidade.

Questionado pela Lusa sobre qual é nova postura política da Fretilin, Mari Alkatiri disse que foi encontrado um "pacto de regime, no qual as medidas estruturantes do Estado devem encontrar consenso".

"É isso que estamos a fazer, não é matar a democracia. É acima de tudo querer reforçar o Estado, tornar o Estado sustentável como instituição e com um Estado forte e sustentável poder criar a Nação", salientou o antigo primeiro-ministro timorense.

"Estar à espera de um regime autocrático para fazer isso em democracia é pouco possível, estar à espera, outra vez, do regime monárquico para substituir o republicano é impossível, um regime de ditadura ninguém quer, portanto há que se encontrar um pacto de regime, no qual as medidas estruturantes do Estado devem encontrar consenso", disse.

Antes do encerramento da conferência, os militantes da Fretilin tiveram também oportunidade de ouvir algumas palavras proferidas pelo primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, através de um telefonema.

"Telefonou-me, falou em direto por telefone ao microfone e fez declarações inesperadas quando disse que em Timor-Leste o sucesso da Fretilin é o sucesso de todos, incluindo os outros partidos. Ficamos contentes que haja este reconhecimento por quem já foi também líder da Fretilin", disse Mari Alkatiri.

MSE // MSF - Lusa

PRIMEIRO-MINISTRO TIMORENSE INICIOU VISITA À CHINA




Pequim, 06 abr (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, chegou hoje a Pequim, primeira etapa de uma visita de uma semana à China que inclui a participação no Fórum Boao para a Ásia, com mais sete chefes de governo da região.

Alem do homólogo chinês, Li Keqiang, Xanana Gusmão vai encontrar-se com o presidente da Republica, secretário-geral do Partido Comunista, Xi Jinping, e o presidente da Assembleia Nacional Popular, Zhang Dejiang, que são as três primeiras figuras da hierarquia chinesa.

O governante timorense viajará a seguir para a ilha de Hainan, no sul da China, onde decorre a conferência anual do Fórum Boao, de 08 a 10 de abril, e visitará depois as cidades de Fuzhou e Changsha, disse fonte diplomática à agência Lusa em Pequim.

No Fórum Boao para a Asia estarão também presentes os primeiros-ministros da Austrália, China, Coreia do Sul, Cazaquistão, Laos, Namíbia e Paquistão.

Proposto no final da década de 1990 por vários estadistas asiáticos, o Fórum Boao define-se como "uma organização não-governamental empenhada em promover e aprofundar o intercâmbio económico, coordenação e cooperação dentro de Ásia e entre a Ásia e outras partes do mundo".

AC/MSE // PJA - Lusa

Macau vacina gratuitamente jovens até 18 anos contra cancro do colo do útero




Macau, China, 06 abr (Lusa) -- A Administração de Macau está a vacinar, gratuitamente, as crianças e jovens do sexo feminino com idade inferior a 18 anos com a vacina do cancro do colo do útero, o qual provocou a morte a nove mulheres em 2013.

Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, os Serviços de Saúde de Macau explicam que perante o despacho do Chefe do Executivo de 2013 que inclui a vacina no lote do programa local de vacinação gratuita para mulheres até aos 18 anos, os mesmos serviços iniciaram a vacinação de alunas do sexto ano de escolaridade tendo já sido vacinadas 1.600 de um total de 1.800 alunas previstas.

Para todo o grupo de crianças e jovens que podem ser vacinadas, a administração deverá investir cerca de dez milhões de patacas (cerca de um milhão de euros), tendo em conta as despesas efetuadas com o primeiro grupo de quase duas mil alunas.

Às crianças e jovens serão administradas gratuitamente as três doses da vacina.

Os dados dos Serviços de Saúde indicam ainda que, em 2013, foram registados em Macau 31 casos de cancro do colo do útero, nove dos quais fatais.

O cancro do colo do útero ocupa entre o quarto e o sexto lugares dos tumores malignos mais comuns entre as mulheres de Macau e corresponde a uma percentagem de 3% a 7% dos cancros em doentes do sexo feminino.

JCS // PJA - Lusa

Campanha anticorrupção na China investiga mais de 80 quadros desde maio




Pequim, 05 abr (Lusa) - Mais de 80 funcionários, nove dos quais com categoria igual ou superior a vice-ministro, foram investigados nos últimos dez meses pela direção do Partido Comunista Chinês (PCC) por suspeita de corrupção, anunciou na sexta-feira a imprensa oficial.

"Muitos daqueles funcionários foram investigados com base em indícios encontradas pelos inspetores", adiantou a Comissão Central de Disciplina do partido (CCDI), sem precisar o número nem divulgar nomes.

A inspeção, lançada em maio passado, incidiu em governos provinciais, ministérios, instituições públicas e empresas estatais tuteladas pelo Governo central, indicou a mesma fonte.

Uma das empresas foi a China Three Gorges (CTG), o maior acionista da EDP (Energias de Portugal).

No dia 24 de fevereiro, a agência noticiosa oficial Xinhua anunciou que os inspetores da CCDI detetaram várias "irregularidades", nomeadamente "abuso de poder em licitações e contratos de projetos", "falta de transparência no processo de decisão da companhia" e "ineficiências na comunicação entre funcionários com cargos importantes".

Um mês depois, o presidente da CTG, Cao Guangjing, e o diretor-geral, Chen Fei, foram substituídos, mas a empresa não relacionou a mudança com a inspeção nem responsabilizou pessoalmente os dois antigos lideres pelas "irregularidades".

Ouvido na altura pela agência Lusa, Cao Guangjing declarou que "a mudança de quadros entre as grandes empresas estatais e instituições governamentais é um fenómeno muito comum na China", considerando a sua saída da CTG "um passo normal".

Cao Guanjing, 50 anos, é membro suplente do Comité Central do PCC e segundo uma comunicação interna da CGT, foi nomeado vice-governador da província de Hubei, no centro da China.

No início desta semana, a Comissão Central de Disciplina do PCC lançou uma ronda idêntica de inspeções, e que inclui até uma das mais prestigiadas universidades do país, situada em Xangai.

O Partido Comunista Chinês assumiu há muito o combate à corrupção como "uma luta de vida ou de morte" para a sua permanência no poder, mas a atual campanha é considerada mais persistente e ampla do que era habitual.

Numa recente entrevista à agência Bloomberg, o professor Andrew Wedeman, autor do ensaio 'Double Paradox: Rapid Growth and Rising Corruption in China' (2012), considerou-a "a mais sustentada" do género "desde o advento das reformas económicas, no início da década 1980".

O novo secretário-geral do PCC e Presidente da República, Xi Jinping, assegurou que a luta anticorrupção visaria ao mesmo tempo as "moscas" e os "tigres, numa explícita alusão aos líderes do partido que "violarem a disciplina".

"Se não conseguirmos controlar essa questão, isso poderá ser fatal para o Partido e até causar o colapso do Partido e a queda do Estado", alertou o antecessor de Xi Jinping, Hu Jintao, no XVIII Congresso do PCC, em novembro de 2012.

AC // MSF - Lusa

PASSAGEIROS DO AVIÃO DESAPARECIDO ESTÃO REFÉNS EM BASE MILITAR DOS EUA?




São várias as operações de busca pelo avião da Malásia que supostamente caiu no Oceano Índico. As notícias de esperança e desesperança vão e vêm e com isso são os familiares dos passageiros desaparecidos que sofrem. Agora foi um navio chinês que captou um sinal da caixa negra do referido avião lá pela zona do Índico. Mais uma vez a Austrália, senhora daqueles mares do sul, já está a envidar esforços na busca, segue em baixo a notícia da Lusa com origem na cidade australiana de Perth.

À margem, ou talvez não, as teorias da conspiração são imensas. Há uma que parece mais verosimil que todas as outras – para além da possivel queda do avião por avaria. Os EUA possuem uma base militar de que quase nada se sabe no meio do Oceano Índico, Diego Garcia. Poucos dias depois do desaparecimento do avião vários alegados fatores apontavam para a responsabilidade dos EUA da nefasta ocorrência.

Desde alegarem na internet que o referido avião foi abatido pela USAF ao aproximar-se de uma base aérea dos EUA (Diego Garcia) até ao sequestro do avião e dos passageiros nessa mesma base do Índico. É essa a alegação constante no site de Laura Botelho, em que se pode ler sob o título “Novidade” sobre o voo MH370 Malasia” que “Um passageiro do vôo MH370 conseguiu fazer contato com um jornalista por telefone em 18 de março. Ele teria enviado o seguinte texto de onde está mantido em cárcere: “Eu sou refém por militar não identificado (pessoalmente) manteve após meu voo foi sequestrado (olhos vendados) Eu trabalho para a IBM e consegui esconder meu celular entre as nadegas. Eu estava separado dos outros passageiros e eu estou sentado em uma cela. Meu nome é Philip Wood. Acho que eu estava muito atordoado e não pude pensar com clareza." 

Laura Botelho acrescenta em outro parágrafo que "O local de origem da mensagem e uma imagem em anexo totalmente escura, sem resolução, ficam gravados no aparelho – no caso o seu  iPhone5 - com as coordenadas de local de origem digitadas no Google Earth chega-se a um prédio na base militar de Diego Garcia, como eu havia escrito em texto anterior." E desenvolve o texto que pode ler aqui.

O mais provavel é que sobre este desaparecimento nunca seja conhecida publicamente a verdade. Ou talvez seja mesmo verdade que após avaria o referido avião caiu no mar. Porém isso não explica as mudanças tão acentuadas de rota, nem muitas outras incongruências que carregam de mistérios o que na realidade aconteceu ao avião e respetivos passageiros. Enquanto isso a mídia ao serviço das versões oficiais continua a trazer as “novidades” que, neste caso, a Lusa reporta e compilamos já a seguir. (Redação PG - CT)

Austrália envia meios para investigar sinais "encorajadores" nas buscas por avião da Malásia

06 de Abril de 2014, 17:12

Perth, Austrália, 06 abr (Lusa) - A Austrália enviou hoje aviões e navios para investigar sinais submarinos detetados por um navio chinês, considerados "uma descoberta importante e encorajadora" nas buscas pelas caixas negras do avião da Malásia desaparecido.

Angus Houston, o chefe australiano da missão, disse que um outro sinal está a ser analisado a 300 milhas náuticas de distância, no oceano Índico, quando se aproxima o limite de um mês de vida útil para as baterias que alimentam os sinais emitidos pelas caixas negras.

Ele revelou que o navio China Haixun 01 detetou por duas vezes um sinal subaquático numa frequência usada para transmitir dados de voo e gravadores de voz do cockpit - uma vez durante 90 segundos no sábado e uma outra mais rápida na sexta-feira -, a uma curta distância.

"Esta é uma descoberta importante e encorajadora, mas que devemos continuar a tratar com cuidado. Estamos a trabalhar num grande oceano e dentro de uma área muito grande de pesquisa", disse Houston a jornalistas, destacando que se devem evitar a "especulação e os relatos não confirmados", porque "colocam os familiares dos passageiros sob um stress terrível".

O navio britânico HMS Echo e o navio australiano Ocean Shield - ambos equipados também com detetores de caixas negras - e aviões da força aérea australiana foram enviados para a área para ajudar a descartar ou confirmar os sinais, disse Houston.

O Ocean Shield também estava a investigar um sinal que detetou hoje, na sua atual localização, a cerca de 300 milhas náuticas a norte do Haixun 01, em águas distantes da costa oeste da Austrália.

Houston disse que a missão estava a levar ambas as deteções "muito a sério", embora tenha descrito a descoberta chinesa como a mais promissora.

"Eu acho que o fato de que nós termos tido duas deteções, dois eventos acústicos naquele local, oferece alguma promessa que requer uma investigação completa", disse.

As caixas-pretas, equipadas com um farol que é ativado em caso de imersão, são a principal esperança dos investigadores para encontrar os destroços do Boeing 777 e explicar as circunstâncias de seu desaparecimento em desacordo com o seu plano de voo.

No entanto, o tempo está a passar e estes gravadores têm uma vida de cerca de quatro semanas: a caixa negra do voo MH370, se ainda emite, deve em breve ficar completamente em silêncio.

Um total de dez aeronaves militares, dois aviões civis e 13 navios devem continuar a patrulhar hoje uma grande área marítima de 216 mil km2, a cerca de 2.000 quilómetros a oeste da cidade australiana de Perth (oeste).

RCS // PJA - Lusa

OS PLANOS DA CIA NA VENEZUELA E NO MUNDO - Revelações de um ex-agente da CIA



Raúl Capote

Raúl Capote é cubano. Mas não um cubano qualquer. Na sua juventude foi cooptado pela Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos. Ofereceram-lhe uma quantidade sem limite de dinheiro para conspirar contra Cuba. Mas surgiu algo inesperado para os EUA. Capote, na realidade trabalhava para a segurança nacional cubana. Desde então, actuou como um agente duplo. Conheça a sua história através de uma entrevista exclusiva com Chávez Vive, que concedeu em Havana. 

"EU ERA O LÍDER DE UM MOVIMENTO ESTUDANTIL E A CIA CAPTOU-ME" 

Como foi o seu processo de recrutamento ? 

Foi um processo de muitos anos, de vários de anos de preparação e de cooptação. Eu era o líder de um movimento de juventude em Cuba que, na época, deu origem a uma organização, a Associação Cultural de Hermanos Saiz, uma associação de jovens criadores, jovens pintores, escritores, artistas. Eu trabalhava numa cidade do sul de Cuba, centro-sul de Cuba, Cienfuegos, cujas características, para o inimigo, eram muito interessantes, porque era uma cidade onde na época se estava construindo um grande centro industrial. Estava-se construindo uma central eléctrica, a única que se ia instalar em Cuba e havia muitos jovens a trabalhar na obra. Uma cidade com muitos jovens engenheiros formados na União Soviética. Estamos falando do final dos anos oitenta, quando houve todo aquele processo da perestroika. Muitos engenheiros cubanos, que chegaram a Cuba naquela época, graduados lá, eram pessoas que vinham com a ideia de perestroika. Portanto, era um território interessante, onde havia muita gente jovem. E o facto de eu ser um jovem líder de uma organização cultural, que movimentava um sector importante dos engenheiros que estavam interessados nas artes, foi interessante para os americanos que começaram a frequentar as reuniões a que nós assistíamos. Nunca se identificando como inimigos, nem como agentes da CIA. 

Eram vários ou sempre a mesma pessoa? 

Vários. Nunca se apresentavam como agentes da CIA nem como pessoas que viessem para prejudicar. 

- E quem vocês supunham que fossem? 

Apresentavam-se como pessoas que vinham nos ajudar no nosso projecto, e que tinham a possibilidade de financiá-lo. Que tinham a capacidade de o tornar realidade. A proposta, como tal, parecia interessante porque, bem, um projecto no mundo da literatura exige que se conheça um editor, que se tenham relações editoriais. É um mercado muito complexo. E vinham em nome de editoras. O que acontecia é que durante o processo de contacto connosco, parecia bastante claro o que eles realmente queriam. Porque, uma vez que faziam o contacto, uma vez que começavam a frequentar as nossas reuniões, que começavam a prometer os financiamentos, vinham, em seguida, as condições para sermos financiados. 

A CIA TEM UM ORÇAMENTO INFINITO 

Que condições exigiam? 

Diziam-nos: temos a capacidade de colocar o mercado à vossa disposição, de levá-los ao mercado do livro, ou do filme, ou das artes plásticas ou qualquer outra coisa, mas queremos a verdade, porque o que se vende no mercado é a imagem de Cuba. A imagem de Cuba tem que ser uma visão realista, das dificuldades, do que acontece no país. Queriam viciar a realidade de Cuba. O que estavam pedindo é que fizéssemos uma critica da revolução, com base nas linhas de propaganda contra Cuba, que eles manejavam. 

A quanto pode ascender o orçamento dessa gente? 

Eles vinham com uma quantidade infinita de dinheiro, porque a origem do dinheiro, é claro, com o tempo conseguimos saber de onde vinha. Por exemplo, havia a USAID, que era o maior patrocinador, a maior contratadora de todo o orçamento, que era canalizado através de ONGs, que muitas vezes eram inventadas para Cuba. Eram ONGs que não existiam, que foram criadas exclusivamente para esse tipo de trabalho em Cuba e estamos a falar de milhares e milhares de dólares. Eles não trabalhavam com orçamentos pequeninos. Para dar um exemplo, num dado momento, a mim ofereceram-me dez mil dólares, apenas para incluir elementos de propaganda contra Cuba no romance em que eu estava trabalhando. 

De que ano estamos falando? 

Estamos em 1988, 89. 

Quantas pessoas poderiam ter sido contactadas por essa gente ou cooptadas? 

Realmente não tiveram muito sucesso, porque em Cuba havia uma cultura de confronto para tais coisas e as pessoas tinham muito presente que poderia haver algo por trás dessa história de querer-nos ajudar. Não era novo na história do país e, por isso, era muito difícil chegarem a nós. Num dado momento, já em 92, tivemos uma reunião com todos os membros da organização e foi decidido expulsá-los. Não permitir mais a assistência a qualquer das nossas reuniões. Essa gente, que já estava chegando com propostas concretas e também condicionando a ajuda financeira que nos estavam dando. O que acontece é que, quando fizemos isso e os rejeitámos, os expulsámos da sede da associação, em seguida, começaram a particularizar. Começam a visitar-me, a mim em particular e a alguns camaradas jovens. Com alguns foram bem sucedidos, ou seja, alguns deles conseguiram, inclusive, levá-los para fora do país. 

Que perfil procuravam eles, mais ou menos, se se pode especificar um perfil? 

Eles queriam, especialmente naquela época, apresentar Cuba como um país que estava no caos. Que o socialismo em Cuba havia falhado em atender às necessidades da população e que Cuba era um país que o socialismo levara à pobreza absoluta e que, como modelo, não agradava. Foi a chave para o que se pretendia, especialmente naquela época. 

NA VENEZUELA TRABALHOU UMA AGENTE EXPERIENTE EM DERRUBAR GOVERNOS 

Quanto tempo esteve como agente da CIA? 

Estivemos nessa história até ao início do ano de 94. Porque em 94 eu venho para Havana, volto para a capital e aqui, vou trabalhar no Sindicato dos Trabalhadores da Cultura, um sindicato que representa os trabalhadores da cultura na capital, o que me tornou ainda mais interessante para eles, porque deixava de ser um líder de uma organização de jovens com 4.000 membros, para passar a liderar uma organização sindical com 40.000 membros. Ou seja, uma união com 40.000 membros, apenas na cidade de Havana. Então isso tornou-se muito mais interessante. Eles continuaram os contactos. Naquele momento apareceu um novo professor universitário que veio com a missão de promover a produção de meu trabalho literário, para se tornar o meu agente, para organizar eventos. 

Pode dar o nome ? 

Não, porque usavam pseudónimos. Nunca nomes reais. E esse tipo de trabalho, de me promover como escritor, era no que eles estavam muito interessados, porque queriam tornar-me uma personalidade dentro desse mundo. Promovendo-me agora, e comprometendo-me com eles de maneira não directa. E então, em 2004, chega aqui a Havana uma pessoa que é bem conhecida na Venezuela, Kelly Keiderling . Kelly chega a Havana para trabalhar como Chefe do Gabinete de Imprensa e Cultura. Preparam uma reunião. Preparam um cocktail e neste cocktail eu tenho uma reunião com doze funcionários norte-americanos e europeus. Não eram só americanos. Todos pessoas que tinham experiência, alguns com experiência mesmo dentro da própria União Soviética, outros tinham participado em acções de formação e preparação de gente na Jugoslávia, nas Revoluções coloridas, e estavam ansiosos por me conhecer. Kelly torna-se uma pessoa muito próxima. Começa a preparar-me. Começa a instruir-me. Eu começo a receber dela uma formação muito sólida: a criação de grupos alternativos, a criação de grupos independentes, a organização e formação de jovens líderes, especialmente em projectos culturais, mas que foram sempre alternativos, que não participaram nos trabalhos das instituições culturais. Isso foi no ano de 2004-2005. Kelly sai praticamente de cena em 2005-2006. E começo a trabalhar, ela apresenta-me, coloca-me em contacto directo com funcionários da CIA. Supostamente, eu já estava comprometido com eles, estava pronto para a próxima missão, e colocam-me em contacto com Renee Greenwald, um responsável da CIA que começa a trabalhar comigo directamente, e com um senhor chamado Mark Waterhein que era, naquele tempo, o chefe do Projecto Cuba, da Fundação Pan-americana para o Desenvolvimento. 

CENTENAS DE JOVENS VENEZUELANOS FORAM COOPTADOS PELA CIA

Esse senhor Mark , além de dirigir o Projecto Cuba, tinha uma ligação directa com Cuba, na questão do financiamento de projectos contra a Revolução e também estava envolvido em tarefas contra a Venezuela. Quero dizer, ele era um homem que, como muitos de sua equipe, funcionários do famoso projecto, também trabalhou contra a Venezuela na época. Eles estavam intimamente ligados. Às vezes tinha dificuldade em diferenciar quem trabalhava com Cuba, e quem não, pois muitas vezes alternavam. Por exemplo, havia venezuelanos que vinham trabalhar comigo, que trabalhavam em Washington, que estavam subordinados à Fundação Pan-Americana e à CIA e vinham a Cuba para treinar-me e trazer suprimentos. Daí sai a ideia de criar uma fundação, um projecto, que se chamou Génesis. 

Génesis é, talvez, a matriz, como ideia, de muitas das coisas que aconteceram no mundo de hoje, agora mesmo, porque Génesis é um projecto destinado a estudantes universitários cubanos. Estavam fazendo algo semelhante na Venezuela. Porque, o que acontece? A ideia era transformar as universidades – que sempre tinham sido revolucionárias, que tinham produzido revolucionários, de onde haviam saído muitos dos revolucionários de ambos os países – e convertê-las em fábricas de reaccionários. Então, como fazer isso? Formando líderes. O que começaram a fazer na Venezuela? Enviavam estudantes para a Jugoslávia, financiados pelo Instituto Republicano Internacional (IRI) , que era financiado pela USAID e pelo Instituto Albert Einstein, enviados em grupos de dez, com o seu professor. 

Conhece os nomes dos venezuelanos? 

Não, estamos falando de centenas. Eu falava com o professor e via que um grupo se seguia a outro. Porque eles estavam trabalhando a longo prazo. O plano era o mesmo contra Cuba. Génesis promovia, dentro da universidade, um sistema de bolsas para a formação de líderes para alunos cubanos e professores cubanos. O plano era muito similar. Mesmo em 2003, eles prepararam, aqui em Havana, um curso na Secção de Interesses dos Estados Unidos, chamado "Derrubando um líder, derrubando um ditador", que se baseava na experiência da Otpor para afastar Milosevic do poder. E é a ideia, dentro da universidade cubana, de que estão trabalhando a longo prazo, porque todos esses projectos sempre têm um longo prazo, para ter resultados. Por isso, também começaram cedo na Venezuela. Eu acho, embora não tenha provas, mas acredito, que na Venezuela começou antes do governo Chávez, porque o plano de transformar as universidades latino-americanas, que sempre foram centros de processos revolucionários em universidades reaccionárias, é mais velho que o processo venezuelano para reverter a situação e criar uma nova direita. 

A CIA TRABALHA EM TODA A VENEZUELA 

A CIA só trabalha em Caracas? 

Não, em toda a Venezuela. Naquela época, Génesis tinha em Cuba um plano de bolsas para formar líderes. Propunham aos estudantes uma bolsa de estudos numa universidade dos EUA, ou uma grande universidade europeia para os treinar como líderes, com tudo pago. Pagavam as despesas, pagavam bolsas completas. Estamos falando do ano de 2004-2005. Era muito evidente. Então, esses líderes voltariam para a universidade em algum momento. São estudantes. Vão acabar a sua carreira. Esses líderes, quando terminem as suas carreiras, vão ocupar diferentes cargos, diferentes possibilidades, como engenheiros, como graduados em diferentes sectores da sociedade cubana, mas outros vão ficar constantemente preparando líderes dentro da universidade. Uma das missões mais importantes dos líderes da universidade, era ocupar a liderança das principais organizações de jovens. No caso de Cuba, nós estamos falando da União de Jovens Comunistas e da Federação Estudantil Universitária, ou seja, não se tratava na época da criação de grupos paralelos, mas tornarem-se líderes de organizações que já existiam em Cuba. Simultaneamente, formar um grupo de líderes nas estratégias de golpe suave. Ou seja, treinar gente para quando o momento fosse oportuno, no momento certo, poder efectuar as famosas revoluções coloridas ou guerras não violentas que, como se sabe muito bem, de não violentas, não têm nada. 

Que perfil procuram num professor, para ser cooptado? 

Professores é muito fácil. Identificar na universidade professores que eram pessoas descontentes com a instituição, pessoas frustradas, por considerarem que a instituição não lhes garantia, ou não reconhecia o seu mérito. Se eram mais velhos, ainda melhor. Não especificavam. Escolhem pessoas mais velhas, para que as selecciones. Se lhe envias um plano de bolsas de estudo, ou ele recebe um convite para participar de um grande congresso internacional de determinada ciência ele vai ficar-te eternamente grato, porque foste o único que descobriu o seu talento, que nunca havia sido reconhecido pela universidade. Então, a esse homem que tu, que estás na sua universidade, levaste a estudar fora, a participar de um grande evento e lhe vão publicar a obra e lhe constroem um currículo, quando esse homem voltar para Cuba, regressa com um enorme currículo, porque ele participou de um evento científico de primeira classe, passou em cursos nas principais universidades e o seu currículo quase atingiu o tecto, portanto, a influência que poderia ter na universidade era maior, porque poderia ser reconhecido como uma figura no seu campo, embora na prática o homem fosse um ignorante. 

REALMENTE EU NÃO ERA UM AGENTE DA CIA, ERA UM AGENTE DA SEGURANÇA CUBANA 

E qual a eficiência e eficácia de tais cooptações, dessas missões que eles vinham promover aqui? 

No caso de Cuba, não lhes deu muito resultado. Primeiro, porque havia uma razão importantíssima: quem estava liderando o projecto era eu e eu realmente não era um agente da CIA, era um agente da Segurança Cubana, portanto, todo o projecto passou pelas minhas mãos, e deveria ser o único a executá-lo e o plano passava sempre pelo trabalho que eu podia fazer e o que fizemos foi entorpecê-lo ao máximo ao termos conhecimento do que estava sendo planeado. Mas note-se que eles estavam calculando o fim do seu plano para o momento em que desaparecessem as figuras históricas da Revolução. Eles estavam calculando um período de cinco ou dez anos, para Fidel desaparecer da cena política e desaparecerem de cena Raul e as figuras históricas do país. Era esse o momento que estavam à espera e quando acontecesse eu devia sair da universidade, com todo o apoio da imprensa internacional e com o total apoio de ONGs, USAID e todas essa gente que trabalhava em torno do dinheiro norte-americano da CIA, e emergiria uma organização para se apresentar ao público como uma alternativa ao que estava fazendo a Revolução. Isso é o que estava acontecendo com a Fundação para a Liberdade Génesis. 

Que Fundação é essa? 

A Fundación Génesis para la Libertad devia ter um discurso aparentemente revolucionário, porque a ideia era confundir as pessoas. A ideia era dizer que eram revolucionários, que queriam fazer mudanças no governo, mas quando se ia para a prática, quando se ia para a essência do projecto, quando se perguntava, o que é o projecto? O discurso e o projecto eram exactamente os mesmos que os da direita tradicional, porque as mudanças que promoviam eram as mudanças que a direita, até há algum tempo, estava promovendo no país. Na prática, quase se lhes dá uma grande oportunidade, no critério deles, em 2006, quando saiu a notícia na televisão de que Fidel, por causa da doença, deixava as responsabilidades que tinha no governo e eles sempre tinham dito que a Revolução Cubana caia no dia em que Fidel morresse. Porque a Revolução era Fidel e no dia em que Fidel não estivesse cá, se morresse ou deixasse o Governo, no dia seguinte, a Revolução caía, e calcularam que haveria confrontos internos, que ia haver descontentamento com isto e com aquilo. Cálculos, que não sei de onde raio os tiraram, mas em que acreditavam. E nesse momento eles acreditavam que era hora de começar a agir. 

CIA: O MELHOR QUE PODE ACONTECER É QUE MATEM UM OPOSITOR 

Estamos falando de 2006. E qual era o plano? 

Chamam-me automaticamente. Reunimo-nos, o chefe da estação da CIA, aqui em Havana, também apareceram funcionários diplomáticos e um disse-me: "Vamos organizar uma provocação. Vamos organizar um levantamento popular num bairro no centro de Havana, que haja uma pessoa disposta a erguer-se pela democracia, e vamos executar um conjunto de provocações, em lugares diferentes, de modo a que as forças de segurança cubanas sejam forçadas a actuar contra essa gente e então vamos montar uma grande campanha de imprensa". E começa explicando como tudo isso iria funcionar. A coisa interessante e que chamava muito a atenção, era como seria possível que um funcionário da Secção de Interesses dos Estados Unidos tivesse o poder de convocar a imprensa e que as pessoas obedecessem com esse servilismo. Foi muito marcante. A ideia era, e eu disse-lhe mesmo, "o que estás dizendo é um disparate. Quero dizer, esse homem que me mencionaste, chamado Alci Ferrer – o jovem que tinham escolhido; um agente jovem, médico, tinha sido escolhido para ser o líder da revolta – eu disse que esse rapaz não moverá ninguém. Ninguém se vai levantar no centro de Havana. A data escolhida é, nada mais nada menos, que o aniversário de Fidel e querem esse dia! Olha amigo, se esse homem, nesse dia, aparece fazendo proclamações, ou a querer levantar alguma coisa no centro de Havana, as pessoas vão reagir forte, inclusive, é possível que esse homem seja morto. Porque, como é num bairro de trabalhadores humildes, para fazer essas coisas, os vizinhos..." E ele diz-me, literalmente, "a melhor coisa que nos pode acontecer, a nós, é que o homem seja morto; se matam esse homem, será perfeito", e explica o que vai acontecer. "Só é preciso que ele provoque. Que saiam à rua e haja aí um confronto. Se isso acontecer, a imprensa será encarregada de construir o resto". E disse, "vamos montar uma grande campanha de mediática para mostrar que em Cuba há caos, que em Cuba há ingovernabilidade, que em Cuba Raul é incapaz de manter as rédeas do governo, que está matando civis, que está reprimindo os estudantes na rua, as pessoas na rua e a polícia está cometendo crimes". Qualquer semelhança com a Venezuela, não é por acaso. É assim. 

Então, o que deveria acontecer em tais circunstâncias? 

Uma vez criadas todas as matrizes de opinião e que todos os meios de comunicação tivessem construído essa imagem, que o mundo inteiro tivesse a visão de que em Cuba havia uma grande confusão e estavam matando as pessoas, que estava acabando tudo, então, a minha organização deveria cumprir a tarefa final. 

A CIA TRABALHA DIRECTAMENTE COM AS EMBAIXADAS DOS EUA NA AMÉRICA LATINA 

Qual era a tarefa final? 

Bem, chamar a imprensa internacional e, na minha qualidade de professor universitário, na minha condição de escritor, na qualidade de líder dessa organização, eu vinha publicamente pedir ao Governo dos Estados Unidos a intervenção em Cuba, para garantir as vidas de civis e para trazer paz e tranquilidade ao povo cubano. Falar ao país em nome do povo cubano. Imagine-se! 

Esse plano fracassa. Não deu resultado, mas é quando se vê, mais tarde, como se arma a guerra na Líbia e a maneira como ela é construída. Mais de 80% da informação que vimos, foi construída, foi fabricada. Fazem o mesmo na Síria e o mesmo estão a fazer na Ucrânia. Eu tive a oportunidade de conversar com muitos ucranianos, que estavam na base. Pessoas que são a favor da adesão à Europa. Procurei falar com eles nesses dias. Procurando, perguntando, como são esses processos? E eles ficaram impressionados com as imagens que o mundo transmitiu. O que passou em Miami, e eles mesmos dizem, nós estávamos reclamando aí, mas essas coisas que aparecem na televisão, isso era um grupo, ou seja, havia sectores, havia lugares onde havia grupos de direita, de muito extrema direita, onde havia este tipo de incidentes e onde se incendiava, mas a maioria das manifestações, não tinha tais características. Ou seja, esta é, mais uma vez, a repetição do esquema, usando todos os meios de comunicação. 

Então a relação entre a CIA e as embaixadas dos respectivos países são directas? 

Sim, completamente. Em cada embaixada na América Latina, todas as embaixadas americanas têm agentes da CIA trabalhando dentro delas, usando a fachada de funcionários diplomáticos. 

Pelo que conhece, onde há maior presença da CIA na região? 

Bem, num determinado momento, o Equador foi uma potência forte na matéria onde havia uma forte concentração e, claro, Venezuela, porque em 2012, quando eu assisto à Feira do Livro em Caracas, toda essa gente que tinha trabalhado comigo em Cuba, todos esses agentes da CIA, incluindo Kelly Keiderling, estavam em Caracas nesse momento. E eu participo num programa de televisão, na Venezolana de Televisión, onde discutimos esta questão, tendo muito cuidado, porque estávamos falando de dois países que têm relações. Esse não é o caso de Cuba, ou seja, Cuba não tem relações com os Estados Unidos. Esse é um inimigo declarado. Mas estávamos falando de funcionários que tinham relação diplomática e era muito complicado fazê-lo, sem ter provas concretas que pudesse apresentar. No entanto, a entrevista foi realizada e a denúncia do que estava acontecendo foi feita. Kelly Keiderling é uma especialista neste tipo de guerra. Eu não tenho a menor dúvida. Basta ver o percurso que ela tem. Os países onde esteve e quando esteve nesse tipo de conflito. 

AS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS DE NOTÍCIAS SÃO INFILTRADAS PELA CIA 

Ela tem um percurso por uma série de países onde ocorreram situações semelhantes à que tentou criar na Venezuela. E quando se analisa a Venezuela e o que aconteceu nos dias de hoje e a forma como eles agiram, eu acho que na Venezuela a característica é que eles têm sido extremamente agressivos na manipulação da informação. A tal ponto que há imagens que são óbvias que não são na Venezuela. Eu estava olhando para uma muito famosa, onde aparece um soldado com um jornalista com uma câmara, que são coreanos. Esta é uma imagem da Coreia. São asiáticos. Não se parecem nada com venezuelanos. Até pelos uniformes usados. Eles têm sido muito agressivos com a imagem que é projectada para o mundo sobre o que está acontecendo na Venezuela. Eles controlam a comunicação. A imagem que maioria das pessoas no mundo está vendo é a imagem que eles estão interessados em dar. 

Eles controlam os meios de comunicação. Você conhece algum caso de algum jornalista, conhecido ou desconhecido, que tenha visto nos processos de treino? 

Não. 

CNN , por exemplo? 

Não. Houve um individuo que teve um vinculo comigo num dado momento, que serviu de ligação para conhecer um agente da CIA, que foi Antony Golden, que era da Reuters, mas um membro independente da Reuters. A CNN sempre esteve intimamente ligada a todas estas coisas. A CNN, desde o seu primeiro período de trabalho, especialmente nesta última etapa, e, especialmente, a CNN em espanhol, foi uma ferramenta inestimável para o trabalho dessa gente, mas o problema é que tem que se entender uma coisa, para compreender o que está acontecendo: para montar uma campanha destas, hoje, não existe nenhuma cadeia de televisão que actue por si só. Existem conglomerados e grupos de comunicação. Quem os dirige? Quem é o proprietário, por exemplo, da Time Warner e AOL e todos essas grandes empresas de comunicação, TV cabo, filmes de televisão, televisão em geral? Ah! é a Westinghouse, é a General Electric. As mesmas que fabricam um avião de combate. A mesma indústria de armas dos EUA são os mesmos que possuem hoje as cadeias de televisão, das produtoras de cinema, dos jornais, a gente que produz livros. Então, os mesmos tipos que produzem um avião de combate, um doce que vais comer à noite, que te apresenta um artista, são os mesmos que dirigem os jornais em todo o mundo. A quem responde essa gente? 

Quando você vê o que está acontecendo na Venezuela e compara com o que se planeou aqui, a que conclusão pode chegar? 

É uma estratégia nova, que foram desenvolvendo com a experiência que tiveram no mundo, mas eu estou convencido que só lhes deu resultado nos lugares onde as pessoas não apoiavam a revolução. Conseguiram-no com Milosevic, porque Milosevic era um líder na Jugoslávia que tinha muito fraca imagem, pelas coisas que haviam acontecido na Jugoslávia. É o mesmo na Ucrânia, porque Yanukovich era um homem que tinha muito pouco apoio popular e deu resultado em outros lugares, pelo fraco apoio que tinham os governantes. Onde quer que tenha havido um governo legítimo, um governo forte e pessoas para defender a revolução, o plano falhou. 

EUA CONTINUARÃO CONSPIRANDO E APERFEIÇOANDO A SUA CAPACIDADE DE DESTRUIR 

E que fase se segue quando esse plano falhar? 

Vão continuar a fazê-lo, vão continuar a aperfeiçoar. Nós somos o inimigo. Por outras palavras, Venezuela, Cuba, tudo o que está sendo feito na América Latina como alternativa. Nós somos os dissidentes do mundo. Vivemos num mundo onde o capitalismo domina. Onde domina esta nova maneira de ser do capitalismo, que já nem sequer se pode chamar imperialista, é algo novo, algo que vai muito além do que os estudiosos do marxismo escreveram, anos atrás. É algo novo, uma novidade. É um poder praticamente global, das grandes transnacionais, dos megalopólios que foram criados. Então, o inimigo somos nós. Estamos apresentando um projecto alternativo. A solução que o mundo nos propõe não é isso. Sabemos como fazê-lo e Cuba, Venezuela, os países da ALBA, têm demonstrado que se pode fazer. A Revolução Cubana tem 55 anos de existência. Está validada por 55 anos de existência e, com vontade política, tem conseguido coisas que os EUA, mesmo com todo o dinheiro do mundo, não conseguiram fazer. Então, isso é um mau exemplo. 

Eu dizia aos meus alunos "vocês imaginam que os Indignados da Espanha, que milhares e milhões de trabalhadores que não têm trabalho em Espanha, que os gregos, que todas as pessoas em todo o mundo, sabem o que estamos fazendo? Imaginam que as pessoas sabiam quem era Chávez? Ou, quem é Fidel? Ou as coisas que estamos fazendo aqui? E as coisas que estamos fazendo com tão poucos recursos, apenas com a vontade de fazer a revolução e repartir a riqueza? O que aconteceria com o capitalismo? Quanto duraria o capitalismo, que tem que gastar milhares de milhões de dólares todos os dias, para construir a sua imagem e enganar as pessoas? E se as pessoas soubessem quem realmente somos? O que é realmente a Revolução Cubana e o que é, realmente, a Revolução Venezuelana?" Falas com um espanhol e perguntas por Chávez e ele dá uma opinião péssima de Chávez, porque é o que construíram na sua mente; e encontras uma pessoa desempregada que diz que Chávez é um tipo terrível, porque a Comunicação Social o tem convencido que assim é, mas se as pessoas soubessem o que é realmente... Então eles não podem permitir que inimigos tão formidáveis, como nós, possam estar ali à porta. 

Do ponto de vista da soberania nacional dos nossos povos, como se pode travar o trabalho da CIA? Já falámos da consciência do povo, que é fundamental neste tipo de acção, mas, em concreto, como se pode prever o trabalho da CIA? O que se pode fazer? Que recomendações faria ? 

Eu acho que há uma coisa que disse Chávez, e Fidel sempre disse, que é a chave para derrotar o Império, que é a unidade. Não é um slogan, é uma realidade. É a única maneira que se tem de derrotar um projecto como este. Projecto surgido a partir dos Serviços Especiais e surgido a partir do capitalismo. Somente se pode conseguir com a unidade do povo. 

Estaríamos falando do cívico-militar ? 

Sim, a unidade em todos os sentidos. A unidade baseada na diversidade, nos povos, mas a unidade como nação, a unidade como projecto. Onde quer que as pessoas estejam divididas, há outra realidade. 

KEIDERLING COMO AGENTE DA CIA CHEGOU BEM LONGE NA VENEZUELA 

Onde temos que nos concentrar? Em que área terá que se concentrar a força para nos defendermos deste tipo de acções, desse tipo de ataque? 

O exército para derrotá-lo é o povo. Eu acho que a experiência cubana o ensinou muito bem. Há experiências no mundo que marcam muito. O que aconteceu no mundo quando o povo não foi o protagonista da defesa da revolução? E quando os povos têm sido o protagonista, o que aconteceu? É o caso de Cuba. Conseguimos derrotar a CIA e o Império milhões de vezes, porque o povo tem sido o protagonista. 

A CIA usa as bases de dados de redes sociais e esse tipo de coisas, para definir os seus planos ? 

Eles são os proprietários. Bem, aí estão as denúncias de Snowden e tudo o que saiu do Wikileaks, que não são segredo para ninguém, porque se suspeitavam, mas agora está demonstrado. Mostra-se que os servidores internet, são deles. Todos os servidores do mundo acabam por morrer nos servidores norte-americanos. São a mãe da Internet e todas as redes e serviços são controlados por eles. Eles têm acesso a toda a informação. E não se perecebe no momento da gravação. O Facebook é uma base de dados extraordinária. As pessoas colocam tudo no Facebook. Quem são os amigos, o que gostam, que filmes vêem, o que bebem. E isso é uma fonte de informações em primeiríssima mão. 

Já esteve em contacto com Kelly Keiderling depois do que aconteceu na Venezuela? 

Não, não tive contacto com ela. Não sei qual foi o seu destino final depois do que aconteceu (Foi expulsa da Venezuela por reunir-se e financiar terroristas). 

Com a experiência que ela tem, até que ponto poderia ter penetrado na Venezuela e nas universidades venezuelanas? 

Eu tenho a certeza de que chegou bem longe. É uma agente muito inteligente, muito bem preparada, muito capaz e muito convencida do que está fazendo. Kelly é uma pessoa convencida do trabalho que está sendo realizado. Convencida da justeza, do seu ponto de vista, do que está fazendo. Porque é uma representante incondicional do capitalismo. Porque provem da elite do capitalismo. É parte da acção que está fazendo. Não há nenhuma contradição. E, com base na experiência do seu trabalho, na sua capacidade, eu tenho a certeza de que chegou muito longe, conseguiu ir muito longe e deu continuidade a um trabalho que não é novo, é um trabalho que vem fazendo desde há muito tempo para reverter o processo nas universidades venezuelanas. Até que ponto o conseguirão, a longo prazo, é o que vai mostrar o processo bolivariano, à medida que as pessoas estejam cientes do que pode acontecer. Se essa direita fascista se tornar incontrolável, vai alcançar o poder novamente. 

TEMOS QUE TREINAR OS NOSSOS LÍDERES 

Qualquer pessoa com contactos, que tenha como chegar ao povo, como um activista de um movimento, pode ser cooptado pela CIA? 

Vão encontrá-lo, vão tentar fazê-lo. Se é jovem e é um líder, vão tentar cooptá-lo para os seus interesses. Temos que formar os nossos líderes. Não podemos deixar isso à espontaneidade, nem podemos deixar isso para o inimigo. Se deixarmos isso ao inimigo é o inimigo que ocupa os espaços. Projecto alternativo que nós deixemos sem vigilância, projecto alternativo que não estejamos conscientes da necessidade de abordá-lo, é um projecto em que o inimigo vai tentar, por todos os meios, que seja feito por ele. Usando a grande quantidade de dinheiro que tem para isso, que não tem limite, em termos de recursos para usar, porque se eles estão jogando o futuro, sobretudo, os jovens são a chave. 

A coisa boa é que os jovens são o presente da América Latina. A revolução latino-americana que está aí, que está em toda parte, é jovem. Se não, bem, nunca iria resultar e se conseguires que esses jovens pensem diferente, se conseguires que estes jovens acreditem que este capitalismo selvagem é a solução para todos os seus problemas, então não há revolução para a América Latina. Tão simples como isso.

Ver também: 

O original encontra-se em www.aporrea.org/actualidad/n247624.html . Tradução de Guilherme Coelho. 

Esta entrevista encontra-se em http://resistir.info/ 

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