domingo, 22 de junho de 2014

Copa2014: PORTUGAL 2 - EUA 2 - resultado final



TSF

Já é conhecido o "onze inicial" de Paulo Bento. Bruno Alves era a grande dúvida, mas recuperou e vai ser titular na defesa. Siga o jogo na emissão especial da TSF e em futebol em direto.

Onze oficial de Portugal: Beto, João Pereira, Bruno Alves, Ricardo Costa, André Almeida, Migurl Veloso, João Moutinho, Raul Meireles, Nani, Hélder Postiga e Cristiano Ronaldo.

Onze oficial dos EUA: Tim Howard, Fabian Johnson, Geoff Cameron, Matt Besler, DaMarcus Beasley, Jermaine Jones, Kyle Beckerman, Michael Bradley, Alejandro Bedoya, Graham Zusi e Clint Dempsey.

Grafismo em TSF

O jogo começou exatamente às 23 horas em Lisboa. Pontapé de saída para os EUA.

Atualizações na hora

Golo! Portugal! Aos 5 minutos de jogo. Nani! PORTUGAL 1 - EUA 0

Portugal, 1 - Estados Unidos, 0 (intervalo)

TSF

Portugal marca aos 5 minutos por Nani e Nani quase ampliava mesmo a terminar a primeira parte (bola no poste). Postiga sai lesionado aos 15 minutos e entra Éder. Siga o jogo na emissão especial da TSF e em futebol em direto.

Intervalo em Manaus;

44' - Nani envia ao poste; na recarga Éder permite grande defesa a Tim Howard;
38' - Pausa para os jogadores se refrescarem; jogo recomeça com bola ao solo;
30' - Depois do golo, Portugal não voltou a ter oportunidades claras de golo; os Estados Unidos parecem mais perigosos, nesta altura;
15' - Saiu Postiga, lesionado, e entrou Éder;
5' - Nani, dentro da área, atirou e marcou;

Início da 2ª parte

Substituição de André Almeida por se encontrar lesionado. Wiliam Carvalho entra em jogo.

Golo dos EUA aos 19 minutos da 2ª parte por intermédio de Jermaine Jones. Golo merecido devido à superioridade da equipa dos EUA. A seleção de Portugal está uma sombra do habitual, as lesões são imensas, a paragem de Ronaldo devido a lesão tem afetado o rendimento do melhor jogador do mundo. Dentro das possibilidades Portugal tem conseguido a entrega ao esforço, ao sofrimento e ao jogo. A bola é redonda as evidências são flagrantes e nem o 11, nem o selecionador de Portugal têm conseguido fazer melhor.

Portugal 1 - EUA 1

Registe-se. O empate interessa à equipa dos EUA. Não a Portugal.

Portugal 1 - EUA 2

Assim, Portugal pode dizer hoje adeus ao Campeonato do Mundo.

Portugal 2 - EUA 2

Varela marca o 2º golo de Portugal já em tempo de compensação. Deste modo não está ainda eliminado. Contudo é indesmentivel que está numa situação muito periclitante.

*Para além dos textos compilados da TSF esta postagem contém atualizações com origem na redação PG.

Copa: Com desfalques, Portugal enfrenta EUA para seguir vivo no Grupo G



Gazeta Esportiva, Manaus

Coadjuvantes em uma chave que tem a Alemanha como grande favorita a conquistar a primeira colocação, Portugal e Estados Unidos farão um confronto direto pela segunda posição no Grupo G da Copa do Mundo. O jogo do próximo domingo, às 19 horas, na Arena da Amazônia, válido pela segunda rodada, tornou-se ainda mais crucial para os portugueses, que foram goleados, por 4 a 0, na estreia diante da equipe bávara e figuram na lanterna.

Já os norte-americanos estão mais tranquilos, uma vez que venceram Gana no primeiro duelo, por 2 a 1, e no momento encontram-se na vice-liderança do grupo. Uma vitória contra os lusitanos pode significar a classificação antecipada aos comandados do técnico Jurgen Klinsmann.

Além da obrigação de vencer, o time do melhor do mundo Cristiano Ronaldo tem muitos desfalques para a partida. O goleiro Rui Patrício, o lateral Fábio Coentrão e o atacante Hugo Almeida estão machucados e não enfrentam a seleção americana. Coentrão, inclusive, foi cortado e não disputa mais o Mundial. Outro jogador que vai desfalcar a zaga é o zagueiro Pepe, que foi expulso diante dos alemães e cumpre suspensão automática.

Além da obrigação de vencer, o time do melhor do mundo Cristiano Ronaldo tem muitos desfalques para a partida. O goleiro Rui Patrício, o lateral Fábio Coentrão e o atacante Hugo Almeida estão machucados e não enfrentam a seleção americana. Coentrão, inclusive, foi cortado e não disputa mais o Mundial. Outro jogador que vai desfalcar a zaga é o zagueiro Pepe, que foi expulso diante dos alemães e cumpre suspensão automática.

Como os treinos comandados pelo técnico Paulo Bento, na maioria das vezes, são abertos à imprensa somente nos primeiros 15 minutos, não há uma certeza quanto aos substitutos desses atletas. As chances maiores são que o goleiro Beto, o lateral André Almeida, o volante William Carvalho e o atacante Éder substituam os jogadores machucados. No último treino, na sexta-feira, antes de embarcar para Manaus, Cristiano Ronaldo usou uma proteção no joelho esquerdo, mas não preocupa para o jogo, enquanto o defensor Bruno Alves nem participou das atividades. O zagueiro apresenta uma mialgia no músculo adutor da coxa esquerda e ficou em tratamento com os médicos no hotel, onde a seleção portuguesa fica hospedada em Campinas, mas não deve ser problema para a “decisão”.

Já os Estados Unidos vão mais inteiros para o confronto. Sem problemas para montar a equipe, o técnico alemão Jurgen Klinsmann tem em Dempsey, Bradley, Beasley e Altidore o grupo de jogadores que podem comandar a vitória e a vaga às oitavas de final da Copa. Outro fator que pode ajudar a seleção norte-americana é a torcida. De acordo com o Consulado dos Estados Unidos em São Paulo, 90 mil americanos desembarcaram no Brasil para apoiar o time do “Tio Sam” e muitos deles devem empurrar Dempsey e companhia contra o time de Cristiano Ronaldo, na Arena Amazônia.

Contra Gana, a torcida americana fez muito barulho e foi fundamental no triunfo dos Estados Unidos. O meia Graham Susi espera contar com apoio massivo mais uma vez: “Foi incrível a torcida que tivemos em Natal. Não só dos americanos, mas também de brasileiros que gostaram do nosso jeito de jogar, da nossa entrega em campo. Tenho certeza de que seremos maioria em todos os jogos, apenas não contra o Brasil”.

O retrospecto entre as duas seleções é bastante equilibrado. Foram cinco jogos em toda a história, com duas vitórias para cada lado e um empate. O número que cada time balançou as redes do adversário também é idêntico: cinco gols para ambos.

Em caso de vitória norte-americana no sexto duelo entre os times, os Estados Unidos irão aos seis pontos e, dependendo do resultado do jogo entre Gana e Alemanha, encaminharão a classificação à segunda fase da Copa. Já um triunfo português reascende as esperanças lusitanas na briga por uma vaga às oitavas de final e, com três pontos, Portugal dependerá de só mais uma vitória contra Gana na última rodada.

Na foto: Astro de Portugal, Cristiano Ronaldo treinou com uma proteção no joelho esquerdo na sexta-feira, no Centro de Treinamento da Ponte Preta - AFP

FICHA TÉCNICA
Portugal X Estados Unidos
Local: Arena da Amazônia , em Manaus (AM)
Data: 22 de JUNHO de 2014, domingo
Horário: 19 horas (de Brasília)
Árbitro: Nestor Pitana (ARG)
Assistentes: Hernan Maidana (ARG) e Juan Pablo Belatti (ARG)
Portugal: Beto; João Pereira, William Carvalho , Bruno Alves e André Almeida; Miguel Veloso , Raul Meireles e João Moutinho; Nani, Cristiano Ronaldo e Eder
Técnico: Paulo Bento
Estados Unidos: Howard; Johnson, Cameron, Besler e Beasley; Beckerman, Jones, Bradley, Dempsey e Bedoya ; Altidore
Técnico: Jurgen Klinsmann

Brasil: PARTICIPAÇÃO SOCIAL, O NOVO FANTASMA DAS ELITES




Reação feroz dos conservadores ao decreto de Dilma revela incapacidade de compreender sociedades atuais e interesse de manter política como monopólio dos “representantes”

Ladislau Dowbor – Outras Palavras

O texto na nossa Constituição é claro, e se trata nada menos do que do fundamento da democracia: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Está logo no artigo 1º, e garante portanto a participação cidadã através de representantes ou diretamente. Ver na aplicação deste artigo, por um presidente eleito, e que jurou defender a Constituição, um atentado à democracia não pode ser ignorância: é vulgar defesa de interesses elitistas por quem detesta ver cidadãos se imiscuindo na política. Preferem se entender com representantes.

A democracia participativa em nenhum lugar substituiu a democracia representativa. São duas dimensões de exercício da gestão pública. A verdade é que todos os partidos, de todos os horizontes, sempre convocaram nos seus discursos a que população participe, apoie, critique, fiscalize, exerça os seus direitos cidadãos. Mas quando um governo eleito gera espaços institucionais para que a população possa participar efetivamente, de maneira organizada, os agrupamentos da direita invertem o discurso.

É útil lembrar aqui as manifestações de junho do ano passado. As multidões que manifestaram buscavam mais quantidade e qualidade em mobilidade urbana, saúde, educação e semelhantes. Saíram às ruas justamente porque as instâncias representativas não constituíam veículo suficiente de transmissão das necessidades da população para a máquina pública nos seus diversos níveis. Em outros termos, faltavam correias de transmissão entre as necessidades da população e os processos decisórios.

Os resultados foram que se construíram viadutos e outras infraestruturas para carros, desleixando o transporte coletivo de massa e paralisando as cidades. Uma Sabesp vende água, o que rende dinheiro, mas não investe em esgotos e tratamento, pois é custo, e o resultado é uma cidade rica como São Paulo que vive rodeada de esgotos a céu aberto, gerando contaminação a cada enchente. Esta dinâmica pode ser encontrada em cada cidade do país onde são algumas empreiteiras e especuladores imobiliários que mandam na política tradicional, priorizando o lucro corporativo em vez de buscar o bem estar da população.

Participação funciona. Nada como criar espaços para que seja ouvida a população, se queremos ser eficientes. Ninguém melhor do que um residente de um bairro para saber quais ruas se enchem de lama quando chove. As horas que as pessoas passam no ponto de ônibus e no trânsito diariamente as levam a engolir a revolta, ou sair indignadas às ruas. Mas o que as pessoas necessitam é justamente ter canais de expressão das suas prioridades, em vez de ver nos jornais e na televisão a inauguração de mais um viaduto. Trata-se aqui, ao gerar canais de participação, de aproximar o uso dos recursos públicos das necessidades reais da população. Inaugurar viaduto permite belas imagens; saneamento básico e tratamento de esgotos muito menos.

Mas se para muitos, e em particular para a grande mídia, trata-se de uma defesa deslavada da política de alcova, para muitos também se trata de uma incompreensão das próprias dinâmicas mais modernas de gestão pública.

Um ponto chave, é que o desenvolvimento que todos queremos está cada vez mais ligado à educação, saúde, mobilidade urbana, cultura, lazer e semelhantes. Quando as pessoas falam em crescimento da economia, ainda pensam em comércio, automóvel e semelhantes. A grande realidade é que o essencial dos processos produtivos se deslocou para as chamadas políticas sociais. O maior setor econômico dos Estados Unidos, para dar um exemplo, é a saúde, representando 18,1% do PIB. A totalidade dos setores industriais nos EUA emprega hoje menos de 10% da população ativa. Se somarmos saúde, educação, cultura, esporte, lazer, segurança e semelhantes, todos diretamente ligados ao bem estar da população, temos aqui o que é o principal vetor de desenvolvimento. Investir na população, no seu bem estar, na sua cultura e educação, é o que mais rende. Não é gasto, é investimento nas pessoas.

A característica destes setores dinâmicos da sociedade moderna é que são capilares, têm de chegar de maneira diferenciada a cada cidadão, a cada criança, a cada casa, a cada bairro. E de maneira diferenciada porque no agreste terá papel central a água; na metrópole, a mobilidade e a segurança e assim por diante. Aqui funciona mal a política centralizada e padronizada para todos: a flexibilidade e ajuste fino ao que as populações precisam e desejam são fundamentais, e isto exige políticas participativas. Produzir tênis pode ser feito em qualquer parte do mundo, coloca-se em contêiner e se despacha para o resto do mundo. Saúde, cultura, educação não são enlatados que se despacham. São formas densas de organização da sociedade.

Eu sou economista, e faço as contas. Entre outras contas, fizemos na Pós-Graduação em Administração da PUC-SP um estudo da Pastoral da Criança. É um gigante, mais de 450 mil pessoas, organizadas em rede, de maneira participativa e descentralizada. Conseguem reduzir radicalmente, nas regiões onde trabalham, tanto a mortalidade infantil como as hospitalizações. O custo total por criança é de 1,70 reais por mês. A revista Exame publica um estudo sobre esta Organização da Sociedade Civil (OSC), porque tenta entender como se consegue tantos resultados com tão poucos recursos. Não há provavelmente instituição mais competitiva, mais eficiente do que a Pastoral, se comparada com as grandes empresas, bancos ou planos privados de saúde. Cada real que chega a organizações deste tipo se multiplica.

A explicação desta eficiência é simples: cada mãe está interessada em que o seu filho não fique doente, e a mobilização deste interesse torna qualquer iniciativa muito mais produtiva. Gera-se uma parceria em que a política pública se apoia no interesse que a sociedade tem de assegurar os resultados que lhe interessam. A eficiência aqui não é porque se aplicou a última recomendação dos consultores em kai-ban, kai-zen, just-in-time, lean-and-mean, TQM e semelhantes, mas simplesmente porque se assegurou que os destinatários finais das políticas se apropriem do processo, controlem os resultados.

As organizações da sociedade civil têm as suas raízes nas comunidades onde residem, podem melhor dar expressão organizada às demandas, e sobre tudo tendem a assegurar a capilaridade das políticas públicas. Nos Estados Unidos, as OSCs da área da saúde administram grande parte dos projetos, simplesmente porque são mais eficientes. Não seriam mais eficientes para produzir automóveis ou represas hidroelétricas. Mas nas áreas sociais, no controle das políticas ambientais, no conjunto das atividades diretamente ligadas à qualidade do cotidiano, são simplesmente indispensáveis. O setor público tem tudo a ganhar com este tipo de parcerias. E fica até estranho os mesmos meios políticos e empresariais que tanto defendem as parceiras público-privadas (PPPs), ficarem tão indignados quando aparece a perspectiva de parcerias com as organizações sociais. O seu conceito de privado é muito estreito.

Eu, de certa forma graças aos militares, conheci muitas experiências pelo mundo afora, trabalhando nas Nações Unidas. Todos os países desenvolvidos têm ampla experiência, muito bem sucedida, de sistemas descentralizados e participativos, de conselhos comunitários e outras estruturas semelhantes. Isto não só torna as políticas mais eficientes, como gera transparência. É bom que tanto as instituições públicas como as empresas privadas que executam as políticas tenham de prestar contas. Democracia, transparência, participação e prestação de contas fazem bem para todos. Espalhar ódio em nome da democracia não ajuda nada.

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Presidência da CPLP vai impulsionar a língua portuguesa em Timor-Leste




Díli, 21 jun (Lusa) - O linguista timorense Benjamim Corte Real afirmou hoje em entrevista à agência Lusa que a presidência de Timor-Leste da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai impulsionar o interesse pela aprendizagem da língua portuguesa no país.

"Penso que é preciso dar uma nova dinâmica a todo o sistema e a presidência da CPLP durante os dois próximos anos vai servir de propulsor para todos os componentes da sociedade e as diversas instâncias do Estado fazerem da língua portuguesa uma língua do dia-a-dia, uma língua não só falada, mas também dominada na escrita e sobretudo nas escolas, torná-la um instrumento de trabalho eficaz para não mais se invocar a ideia de que uma língua estrangeira está a ser forçada às nossas crianças", afirmou.

Para o diretor do Instituto Nacional de Linguística, a língua portuguesa "tem de ser tida com uma língua própria dos timorenses e que as crianças devem aprender com toda a naturalidade".

Questionado pela Lusa sobre como classifica a atual situação da língua portuguesa em Timor-Leste, o antigo reitor da Universidade Nacional de Timor-Leste afirmou que o país "poderia ter andado mais rápido se tivesse escolhido as políticas adequadas".

"Não o fez porque no momento em que o país se começou a organizar outras prioridades ganharam a atenção dos governantes e a parte da reintrodução da língua portuguesa ficou um bocado marginal e à mercê de escolhas individuais das escolas e dos diretores das escolas", salientou.

Para Benjamim Corte Real, a política não foi implementada de forma nacional e uniformizada, mas hoje as pessoas "começaram a ganhar consciência".

"Hoje em dia parece que temos um sistema bem montado e falta acioná-lo. O facto de o Estado vir assumir a presidência e de ter estabelecido uma comissão que começou a disseminar o que é a CPLP na sociedade, sobretudo nos meios académicos, tudo isso acabou por ser um argumento mais forte, mais alto do que propriamente uma lei, uma legislação a obrigar as pessoas a falar a sua língua oficial", explicou.

Segundo o professor, a ideia de que Timor-Leste é "parte de uma comunidade, assente numa plataforma de história comum, laços de amizade e de solidariedade nos momentos mais difíceis" convence mais as pessoas a aprenderem a língua.

Por outro lado, Benjamim Corte Real salientou que as pessoas também já assumem com "certa naturalidade que o Estado está a fazer andar aquilo que é de facto constante dos desideratos mais consagrados na Constituição e na vida da Nação, não é nada vindo de fora como antigamente se ouvia dizer pelos corredores de muitas estruturas em Díli que a liderança política estava a tomar medidas contraditórias com a realidade do país".

"Hoje em dia a situação começou a inverter-se. As pessoas assumem por si, com lógica, quando vivem o seu processo de luta pela libertação, vivem o sofrimento do povo quando vivem a projeção que os líderes políticos estão a dar o país ai entendem que afinal devem começar a aprender a língua", disse.

"Os mais adultos, mais velhos talvez vão com pouca vontade, mas não vejo essa atitude, quando se trata da educação dos filhos. Um taxista preocupa-se muito em colocar o filho ou a filha numa escola que garanta a aprendizagem nas línguas oficiais, incluindo a língua portuguesa", concluiu.

Timor-Leste tem consagrado na Constituição como línguas oficiais o português e o tétum.

Segundo o Ministério da Educação, no país apenas falam português cerca de 25 por cento da população, ou seja, os mais velhos e alguma elite económica, política e social.

Os censos de 2010 revelam que, dos cerca de um milhão de timorenses, apenas 56,1 por cento fala, escreve e lê em tétum.

O bahasa é falado por 45,3% da população. Só depois aparece o português, com 25,2%, e o inglês, com 14,6%.

Timor-Leste vai assumir a presidência da CPLP durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo de Díli, que se vai realizar a 23 de julho.

MSE // VM - Lusa

Mais de 4.000 famílias de Macau beneficiaram da ajuda do banco alimentar




Macau, China, 22 jun (Lusa) -- Mais de 4.000 famílias, ou um universo superior a 7.000 pessoas, beneficiaram da ajuda do banco alimentar em Macau desde setembro de 2011, disse agência Lusa o secretário-geral da Caritas.

A gestão do banco alimentar, criado pelo executivo de Macau em 2009 para proporcionar alimentos de primeira necessidade aos mais desfavorecidos, foi entregue à Cáritas em setembro de 2011.

O Instituto de Ação Social (IAS) prolongou, no ano passado, a gestão do serviço de apoio alimentar de curto prazo pela Caritas até ao final de 2014.

A fim de chegar a mais famílias que se encontram à margem da rede de subsídios ajudando-as a fazer face à inflação -- que atingiu 5,89% em maio último --, o IAS foi alargando o prazo do apoio -- atualmente é de dez semanas -- e reviu em alta o apoio alimentar diário 'per capita' de 32 para 36 patacas (de 3 para 3,3 euros).

Nas Linhas de Ação Governativa para 2014, o chefe do executivo de Macau, Fernando Chui Sai On, também anunciou o aumento do montante do limite máximo de rendimentos de 1,7 vezes para 1,8 vezes relativamente ao valor do índice mínimo de subsistência, a fim de alargar o universo de elegíveis.

A partir de 01 de julho, o valor do índice mínimo de subsistência vai passar de 3.670 para 3.800 patacas (de 332 para 334 euros) no caso de um agregado composto por um elemento.

No caso de agregados familiares compostos por oito ou mais pessoas, por exemplo, o valor é atualizado de 17.160 para 17.730 patacas (de 100 para 123 euros).

Além do Plano de Apoio Alimentar de Curto Prazo -- designação oficial do programa --, a Caritas presta outro tipo de apoios aos mais carenciados.

Atualmente, gere oito lares, quatro dos quais destinados a idosos, a sem-abrigo, contando mais de 40 que retirou das ruas, bem como a jovens e a portadores de deficiências, dispondo, entre outros serviços, de uma linha telefónica para aconselhamento intitulada "Life Hope", que funciona 24 horas por dia.

Segundo Paul Pun, no ano passado, a linha registou 16.460 chamadas.

Os fundos continuam a ser o principal desafio da Caritas que, em 2013, recebeu donativos no valor de 1 milhão de patacas (cerca de 92 mil euros).

Fundada em 1951, a Caritas Macau dá trabalho a cerca de 700 pessoas e conta com um universo de aproximadamente 500 voluntários.

DM // VM - Lusa

Macau não cumpre padrões mínimos no combate ao tráfico de seres humanos




Macau, China, 21 jun (Lusa) - Apesar dos "esforços significativos", Macau continua a não cumprir em pleno os padrões mínimos no combate ao tráfico de seres humanos, de acordo com o relatório anual do Departamento de Estado norte-americano, divulgado esta sexta-feira.

"As autoridades de Macau não cumprem totalmente os padrões mínimos para a eliminação do tráfico, no entanto, têm vindo a envidar esforços significativos", refere o documento, em que se indica que, no ano passado, foram investigados 34 casos de tráfico para fins de exploração sexual - contra 15 em 2012 - no âmbito dos quais foram sinalizadas e assistidas 38 vítimas.

Do universo de vítimas identificadas - mais 13 do que em 2012 -, 36 são do interior da China e duas da Ucrânia, incluindo 24 com idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos.

No documento publicado pelo Departamento chefiado por John Kerry, que avalia o cumprimento dos padrões contra a "escravatura dos tempos modernos" em mais de 180 países e territórios, constata-se que não houve nenhuma condenação, por oposição às nove registadas em 2012.

Além dos três casos de tráfico para exploração sexual que resultaram em processos judiciais (mais um do que em 2012), as autoridades de Macau reportaram também terem investigado quatro casos suspeitos de recrutamento fraudulento, os quais acabaram arquivados por falta de provas.

Macau não reportou, por outro lado, nenhum caso de tráfico para trabalho forçado ou acusações ou condenações a este nível pelo nono ano consecutivo.

No capítulo da proteção das vítimas, o Departamento de Estado norte-americano assinala "os crescentes esforços", elencando que o Instituto de Acão Social (IAS) prestou assistência e ofereceu abrigo a todas as vítimas em cooperação com organizações não-governamentais, disponibilizando 21 camas para mulheres num abrigo gerido pelo organismo e canalizando o equivalente a cerca de 375.480 dólares norte-americanos (276.000 euros), acima dos 250.000 dólares (184.000 euros) de 2012.

Embora anote os "moderados" esforços, o Departamento de Estado norte-americano aponta que a aplicação da lei, cuja moldura penal prevê penas de prisão entre os três e os 15 anos, e os constrangimentos ao nível da capacidade judicial mantêm-se como os principais desafios.

Aos olhos de Washington, Macau continua a figurar como destino e, embora em muito menor grau, como "fonte" de mulheres e crianças para o tráfico sexual e trabalho forçado. As vítimas são, na sua maioria, do interior da China, mas há também mulheres oriundas da Mongólia, Vietname, Ucrânia e Rússia. Muitas, descreve o relatório, são iludidas por falsos anúncios de emprego nos casinos e outros trabalhos legítimos, acabando por serem forçadas a prostituírem-se à chegada.

Outras, refere-se no documento, assim que pisam o território ficam nas mãos de grupos locais de crime organizado, mantidas em cativeiro e forçadas à servidão sexual, havendo casos em que ficam confinadas a casas de massagens e bordéis ilegais, onde são vigiadas de perto, forçadas a longas horas de trabalho e tratadas com violência, além de verem os seus documentos de identificação confiscados.

Washington aponta que redes criminosas chinesas, russas e tailandesas estarão envolvidas no recrutamento de mulheres para a indústria do sexo de Macau. Alegadamente, acrescenta o Departamento de Estado norte-americano, há também menores sujeitos ao tráfico sexual nos casinos de Macau.

Aumentar os esforços para que crimes de tráfico para exploração sexual sejam julgados e os infratores punidos, continuar a implementar métodos proactivos de identificação das vítimas e levar a cabo campanhas de prevenção configuram recomendações do Departamento de Estado norte-americano que propõe a realização de um inquérito que permita compreender a vulnerabilidade do universo dos trabalhadores migrantes ao tráfico.

DM // VC - Lusa

Autoridades chinesas revelam ter abatido 13 "bandidos" em Xinjiang




Pequim, 21 jun (Lusa) -- As autoridades chinesas anunciaram terem abatido 13 "bandidos" que dirigiram um veículo a uma esquadra de polícia em Xinjiang e provocarem uma explosão.

De acordo com informações na página da internet da administração local, 13 pessoas dirigiram um carro contra o edifício policial de Kargilik, na província de Xinjiang, tendo provocado uma explosão e levado as autoridades a reagir.

A polícia encetou uma resposta tendo abatido 13 "bandidos".

Entre os agentes, três homens ficaram feridos, mas não se registaram quaisquer perdas de vidas.

A região de Xinjinag é palco de vários confrontos entre os uigures e a etnia chinesa han.

JCS // JCS - Lusa

China "tem provas" de apoio externo a atos terroristas




Pequim, 22 jun (Lusa) -- As autoridades chinesas "têm provas" de que os grupos terroristas que atuam no interior do país contam com o apoio de organizações no exterior, especialmente oriundos de países como o Paquistão e Afeganistão.

De acordo com o vice-presidente da Universidade de Segurança Pública da China, um centro especializado na formação das forças de segurança do país, Li Jianhe, a maioria das pessoas que organizam ou participam em atentados terroristas dentro das fronteiras da República Popular "foram treinadas no exterior".

"Também fornecem as 'ferramentas' necessárias, os conhecimentos e até financiamento para encetarem os taques", assegurou o perito numa conferência de imprensa no seio da terceira edição do Fórum Mundial da Paz, que decorre este fim-de-semana na capital chinesa.

O mesmo responsável explicou que, "atualmente não existe nenhum grupo terrorista bem organizado dentro das fronteiras da China" e garantiu que o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental -- a organização a que as autoridades chinesas atribuem a maioria dos ataques na China -- "é influenciado pela Al-Qaida e tenta infiltrar-se no país".

Nos últimos anos a China sofreu numerosos ataques e atentados dentro do seu território, especialmente na região autónoma de Xinjiang, noroeste do país, onde segundo Pequim há grupos extremistas, muitos deles dirigidos por membros de etnia uigure que reivindicam a independência do território.

Nos últimos cinco anos o número de vítimas relacionadas com confrontos com as autoridades e estes grupos ou por ataques é de cerca de 400.

No entanto, nos últimos meses alguns ataques aconteceram fora da região autónoma de Xinjiang o que levou as autoridades a lançar uma campanha antiterrorista e a aumentar a vigilância no país.

Li Jianhe defendeu, por isso, maior cooperação internacional para combater o problema, sublinhou que o Governo chinês faz o possível para acabar com atividades terroristas e considerou que "se falhar a cooperação internacional" não pode ser descartada a existência de grupos organizados no interior da China.

JCS // JCS - Lusa

Mais de meio milhão já votou em referendo à democracia em Hong Kong




Hong Kong, China, 21 jun (Lusa) - Mais de meio milhão de pessoas participaram no referendo sobre a reforma eleitoral em Hong Kong, uma votação não oficial lançada num clima de tensão, com a ala democrata a temer que Pequim recue na sua promessa de sufrágio universal.

Às 17:00 locais (10:00 em Lisboa) 514.996 pessoas tinham participado no "referendo civil" informal em que se pede aos residentes de Hong Kong para escolherem um de três métodos de votação para o próximo chefe do Executivo de Hong Kong, em 2017.

A adesão massiva superou já as expectativas dos organizadores do "referendo", no qual podem participar todos os residentes permanentes de Hong Kong com mais de 18 anos.

A votação 'online' arrancou na sexta-feira e prolonga-se até ao próximo dia 29.

A plataforma de votação eletrónica tem, contudo, sido alvo de ataques informáticos, os quais estão a ser investigados pela polícia de Hong Kong, segundo garantiu o Secretário para a Segurança, Lai Tung-kwok, em declarações citadas pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

O arranque da votação 'online' foi ainda assim bem-sucedido, depois de o sistema ter sido bombardeado por milhões dos chamados ataques por negação do serviço durante um período anterior de pré-registo.

O "Occupy Central", um movimento local pró-democracia que organiza a votação, considera que uma elevada taxa de participação iria demonstrar a determinação de Hong Kong em conquistar o "verdadeiro" sufrágio universal para a Região Administrativa Especial chinesa.

A implementação do sufrágio universal para a eleição do chefe do executivo, em 2017, e para o Conselho Legislativo (parlamento), em 2020, figura como o grande "cavalo de batalha" da ala pró-democrata da antiga colónia britânica.

O chefe do executivo de Hong Kong é escolhido por um colégio eleitoral formado por 1.200 membros, representativos dos vários setores da sociedade, dominado por elites pró-Pequim.

A China prometeu sufrágio direto nas próximas eleições para o chefe do Executivo em 2017, mas condicionadas a uma triagem, ou seja, a população poderá escolher o seu representante máximo mas apenas entre o universo de candidatos escolhidos numa pré-seleção por um comité.

Muitos democratas em Hong Kong temem que Pequim escolha os candidatos a fim de assegurar a eleição de alguém que seja do seu agrado.

Os residentes têm exercido o seu voto 'online' e através de aplicações de 'smartphones', mas a organização planeia espalhar, este domingo, urnas em toda a cidade.

As autoridades chinesas advertiram que qualquer referendo em Hong Kong sobre o método de eleição do seu líder não terá qualquer base jurídica, pelo que será considerado ilegal e inválido.

Para 01 de julho, data da transferência de soberania de Hong Kong para a China, está prevista, como habitualmente, uma manifestação.

Os organizadores da marcha pró-democracia esperam a participação de pelo menos 100 mil pessoas.

A Frente Civil de Direitos Humanos considera 2014 um ano crucial para Hong Kong por causa da reforma política, pelo que apenas uma elevada adesão ao protesto pode garantir que o desejo do povo por verdadeira democracia é recebido em Pequim.

DM // VC - Lusa

MNE australiana pede libertação de jornalista preso no Egito




Sydney, Austrália, 22 jun (Lusa) -- A ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Julie Bishop, pediu hoje a libertação do jornalista australiano Peter Greste que segunda-feira vai ouvir a sentença de um tribunal penal do Egito.

Peter Greste, e outros jornalistas da Al Jazira, poderão ser condenados a penas de prisão entre os 15 e os 20 anos por, alegadamente, terem distorcido a imagem do Egito e colaborado com a Irmandade Muçulmana, considerada pelo Governo como "grupo terrorista".

"Falei com o ministro dos Negócios Estrangeiros esta noite. Acaba de ser nomeado depois das eleições presidenciais e reiterei a nossa preocupação por Peter Greste e pelo facto de estar detido desde o ano passado", disse Julie Bishop ao salientar ser o único jornalista estrangeiro naquelas circunstâncias e a apelar a que fosse enviado para a Austrália.

Já a família do jornalista salientou que qualquer decisão do tribunal que não seja a absolvição "é impensável".

Após a queda de Mohamed Morsi em julho do ano passado, as autoridades do Egito encerraram as instalações da Al Jazira no país e acusaram a cadeia de favorecer a Irmandade Muçulmana.

JCS // JCS - Lusa

SEMPRE A VALE EM MOÇAMBIQUE…



Verdade (mz) – em Tema de Fundo

Nas regiões onde a empresa brasileira Vale Moçambique se estabelece multiplica-se o desgosto das populações. Para além do mau encaminhamento dos processos de reassentamento para dar lugar a vários empreendimentos económicos e da falta de entendimento entre as partes no que diz respeito às indeminizações, imperam as falhas de comunicação entre a firma, o Executivo e as famílias, situação em que, não raras vezes, os governos locais saem em defesa desta multinacional. As promessas de uma vida melhor a pessoas removidas das suas terras são, nalguns casos, cumpridas depois de muitas batalhas por parte dos lesados e, na pior das hipóteses, as compensações não passam de letra-morta.

Na província de Tete, por exemplo, o desentendimento entre mais de duas centenas de oleiros, a Vale Moçambique e o governo do distrito de Moatize arrasta-se há anos e está longe de ter um desfecho. O problema começou na madrugada de 10 de Janeiro de 2011, quando mais de 700 famílias reassentadas pela mineradora para dar lugar à exploração do carvão, no bairro de Cateme, no distrito de Moatize, protestaram contra as precárias condições de vida a que estavam sujeitas desde finais de 2009.

Para além das dificuldades de acesso à água, à terra e à energia, do incumprimento de promessas feitas pela firma – com o executivo local a defender a companhia – e da infiltração de água nas casas construídas pela empresa em causa no período chuvoso, um grupo de oleiros ainda reivindica compensações justas. O caso já se encontra em tribunal.

As fragilidades ou o desleixo do Governo no acompanhamento da transferência das famílias de uma zona para outra verificam-se, também, quando se trata de construção de rodovias e ferrovias a cargo do próprio Executivo. A falta de usufruto das mesmas condições anteriores ou melhores nas regiões de reassentamento tem sido um dos principais problemas que geram conflitos e centenas de cidadãos ficam na miséria em virtude da perda dos seus meios de subsistência, tais como machambas. Com a construção de uma estação ferroviária em Muezia, a cerca de 40 quilómetros da capital provincial de Nampula, tudo parecia uma dádiva de Deus para os habitantes daquele povoado.

Porém, todas as expectativas da população caíram por terra quando a China Railway Corporation Group, empresa contratada pela Vale Moçambique para proceder à reabilitação da linha férrea que liga Moatize a Nacala-a-Velha, começou a destruir parte dos produtos agrícolas e fruteiras ao longo da via, sem aviso prévio e, muito menos, garantia de indemnização. Presentemente, a mineradora brasileira sacode a água do capote e endossa a responsabilidade à companhia chinesa, deixando os populares na incerteza.

No passado dia 25 Maio, 61 famílias dos bairros de Naculue e Manquilina, algumas das quais dependentes da actividade agrícola para sobreviverem, foram afectadas pelo projecto de reabilitação da linha férrea entre Moatize, província central de Tete, e Nacala-a-Velha, em Nampula. A situação está a gerar um conflito entre a população e a empresa Vale Moçambique, entidade responsável pelas obras. A controvérsia começa quando alguns técnicos dos patronos do projecto se deslocaram àquela região, supostamente para efectuarem o registo das pessoas abrangidas, para uma eventual indemnização.

Acontece que, na altura, havia sido acordado que o processo de destruição de propriedades e bens que se encontram ao longo da ferrovia e o pagamento aos proprietários iria ser efectuado tendo em conta um perímetro de 15 metros, com a observância dos critérios previamente estabelecidos. Perante a presença das lideranças locais, os fiscais garantiram aos camponeses que os seus campos de cultivo seriam destruídos, depois da colheita dos produtos, como forma de evitar prejuízos e eventuais focos de insegurança alimentar na zona.

Além de não terem sido efectuadas as compensações, a população continua preocupada com a invasão de outras áreas, uma vez que os operadores das máquinas estão a estender a zona de actuação para um perímetro que abrange cerca de 100 metros. Caliha Nipuitho, uma anciã de aproximadamente 70 anos de idade, detentora de um bananal e um pequeno campo de produção agrícola em Naculue, faz parte das vítimas. A visada reside numa casa de construção precária que se localiza nas imediações da linha férrea. Ela foi contemplada no processo de compensações mas, até este momento, ainda não ouviu falar de qualquer plano de pagamento.

“Estou muito aflita com a situação. Eles destruíram os meus produtos agrícolas, sem qualquer garantia de indemnização e não tenho a quem recorrer”, disse, visivelmente constrangida com a situação. Habibo Manuel Chiporro também viu o seu campo de cultivo de batata-doce, mandioca e feijões totalmente destruído. Dos cajueiros, mangueiras, bananeiras e outras árvores de fruta e de sombra, só restaram troncos. Segundo o nosso interlocutor, todos os seus sonhos foram frustrados e, por isso, exige que se faça justiça.

Reacção das lideranças

As autoridades comunitárias locais estão preocupadas com a destruição dos produtos dos camponeses e pedem a quem de direito para a tomada de medidas, o mais breve possível, uma vez que algumas famílias ameaçam fazer justiça com as próprias mãos. Américo António, chefe da zona de Muezia, falou sobre a alegada falta de transparência no processo de levantamento das famílias que seriam compensadas em virtude da destruição das suas casas, existindo alguns cidadãos cujas machambas foram pura e simplesmente excluídas pelo pessoal encarregue de efectuar o trabalho de registo de propriedades.

Compensação no CDN gera polémica

Está instalado um clima de tensão entre as famílias afectadas no processo de compensação no âmbito do reassentamento da população que se encontra num raio não acima dos 15 metros da linha férrea ao longo do Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN) e a empresa Vale Moçambique, concessionária da linha, devido à falta de transparência em todo um conjunto de promessas acordadas no acto do estudo. A população sente-se lesada e ameaça protagonizar actos de sabotagem das actividades em curso.

De acordo com os visados, depois do estudo feito pela empresa China Railway Corporation Group, com recurso a equipamento pesado, as suas culturas alimentares nas hortas abertas na presente campanha agrícola estão a ser destruídas sem um pré-aviso e antes das anunciadas compensações, não havendo outra alternativa para a sobrevivência das famílias afectadas. Por outro lado, os queixosos denunciaram, igualmente, que, para além do perímetro de 15 metros acordados no acto do estudo, estão a ser devastadas terras numa área de cerca de 100 metros de raio, onde algumas residências também não foram poupadas.

Armando Siveleque, um dos cidadãos abrangido pelo processo, residente no posto administrativo de Mutuali, distrito de Malema, em Nampula, disse que foi forçado pelos fiscais a aceitar o valor estimado em 19 mil meticais, alegadamente em compensação pela destruição da sua residência com dimensões de sete por cinco metros. Mas este discorda, afirmando que o montante não corresponde aos custos reais da sua edificação. “Ainda não recebi o dinheiro, só me foi dado uma senha que faz menção de que terei o valor de 19 mil meticais e não sei com que base fizeram os cálculos”, disse agastado.

O nosso entrevistado denunciou, igualmente, o facto de alguns fiscais se envolverem em esquemas fraudulentos, comprando casas nas redondezas muito antes do estudo, e, chegado o período das compensações, cujos valores rondavam 400 mil meticais, estes foram os primeiros a beneficiarem das indeminizações. Siveleque disse ainda que existem alguns fiscais que têm vindo a cobrar valores na ordem de 100 mil meticais para facilitar o acesso a compensações chorudas.

Sobre este facto, o @Verdade apurou que alguns funcionários da mineradora brasileira têm estado a vender informações sobre os locais estratégicos por onde a linha férrea, ora em construção, passará a indivíduos que, posteriormente, obrigam os habitantes a cederem os seus espaços mediante o pagamento de valores que variam entre sete mil e 20 mil meticais. O objectivo por detrás dessa iniciativa é obter indemnizações estimadas em mais de 300 mil meticais por parte da Vale Moçambique.

De acordo ainda com Siveleque, devido à morosidade no processo de compensação, a população vive num mar de incertezas e receia que todas as pessoas envolvidas no processo não venham a receber o dinheiro a que têm direito. “Tentámos por várias vezes contactar os fiscais com o intuito de nos inteirarmos do pagamento prometido, mas eles dizem que tudo depende dos chefes. Eles forneceram- nos números de telefone, mas quando os contactamos não recebemos respostas satisfatórias”, lamentou.

Os cemitérios não escapam

Paralelamente à compensação pela perda dos terrenos das populações que se encontram ao longo da linha férrea do CDN, decorre o processo de destruição de alguns cemitérios e da exumação de corpos que jazem nos locais a que nos referimos. No âmbito das obras em curso na ferrovia do CDN, foi, igualmente, contratada a Agência Funerária Deus, sediada na cidade de Nampula, para que proceda à exumação de corpos nalguns cemitérios que se encontram ao longo da linha, seguindo os mesmos trâmites relativos a compensações.

O coordenador da funerária, identificado apenas por Izidine, confirmou ao @Verdade que uma equipa da sua empresa já se encontra desde o dia 31 de Maio, na vila sede de Monapo, onde os trabalhos de exumação de corpos irão decorrer. Mas o mesmo ainda não aconteceu devido à ausência duma empresa denominada Diagonal, subcontratada pela Vale Moçambique, no âmbito da fiscalização destas obras.

Izidine não especificou o número de cemitérios até aqui identificados, tendo apenas precisado que todos os que se encontram ao longo da área abrangida serão removidos. O gestor da Agência Funerária Deus assegurou que, durante a realização destes trabalhos, serão acautelados todos os rituais tradicionais. Para o efeito, já foi criada uma equipa multissectorial constituída por líderes comunitários, pessoal da Saúde, agentes da Polícia da República de Moçambique e funcionários da administração local.

“Já foi feito um mapeamento de todos os locais a serem abrangidos. A instrução que temos é a de levar as ossadas para depositá-las num outro lugar, nas mesmas condições encontradas, o que, eventualmente, pode levar a que se construam campas num espaço já com vedação, entre outras condições a serem acordadas com os familiares”, sublinhou. O nosso interlocutor distanciou-se do processo de compensação, tendo afirmado que a sua agência só foi contratada para a exumação de corpos e transferi-los para locais seguro.

“A culpa é dos chineses”

A China Railway Corporation Group, empresa chinesa contratada pela Vale Moçambique, no âmbito da reabilitação da linha férrea no Corredor de Nacala, deverá responsabilizar- se, o mais rápido possível, pelo pagamento das compensações aos camponeses da região de Muezia, em Nampula-Rapale, cujos campos de produção foram destruídos há cerca de duas semanas.

Em comunicado enviado à nossa Redacção, a Vale Moçambique refere que, em função da execução do projecto da linha férrea, algumas famílias, dentro da faixa de segurança da ferrovia, são indemnizadas no processo de compensação antes do início das obras. No caso específico de Muezia, foram afectadas áreas fora da faixa de segurança da linha pela empresa contratada pela Vale, prejudicando campos agrícolas da população.

O comunicado sublinha que, por se tratar de uma acção indevida, as populações proprietárias dessas zonas serão devidamente compensadas pela China Railway Corporation Group num breve espaço de tempo. Refira-se que as comunidades de Naculue e Manquilina contam com cerca de 900 habitantes que, directa ou indirectamente, estão abrangidas pelo projecto de reconstrução da linha férrea e poderão enfrentar uma crise de fome, na sequência da destruição dos produtos alimentares, parte dos quais em fase de colheita.

As obras não param

Apesar do litígio que faz com que a multinacional Vale e a população de Muezia estejam de costas voltadas, as obras de reabilitação da ferrovia a cargo da empresa China Railwaiy Corporation Grupo estão a ganhar forma no terreno, onde decorrem, também, actividades de desbravamento, terraplanagem, entre outras. Mais de 70 porcento do equipamento que será utilizado na empreitada já se encontram nos respectivos locais por onde vai passar a linha, com destaque para os dormentes e as vigas que estão a ser fabricados no país.

Paralelamente a estas acções, foi reactivado o funcionamento da pedreira de Cuamba que deverá fornecer pedras ao projecto, para além da conclusão de construção de centrais de betão. No território malawiano, as obras compreendem a construção de 138 quilómetros de linha e a reabilitação de outros 99 para ligar Moatize, em Tete, à região de Lagos, no Niassa.

A edificação da linha férrea para o escoamento do carvão mineral, ligando a zona mineira de Moatize a Nacala-a-Velha, compreende uma extensão de 912 quilómetros, e espera-se que entre em funcionamento em Setembro do ano em curso. A construção desta ferrovia deve- se ao facto de a de Sena, que liga Moatize ao porto da cidade da Beira, na província de Sofala, não conseguir responder à demanda de escoamento de minerais a partir de Tete.

Com a conclusão da linha de Nacala, espera-se a circulação de 20 comboios diários de transporte e escoamento de carvão de Moatize a Nacala-a-Velha. De acordo com as projecções, com a entrada em funcionamento da nova via- -férrea, a capacidade de escoação irá aumentar dos cerca de 11 milhões de toneladas anuais para cerca de 13 milhões em 2015.

A Vale, os Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM), o Corredor de Desenvolvimento do Norte e outros accionistas concessionários desta importante infra-estrutura pretendem assegurar que haja uma capacidade de escoamento superior a 11 milhões de toneladas anuais até finais de 2015. Para o efeito, serão realizados investimentos para a expansão da linha de modo que se possa atingir 13 milhões de toneladas até 2015 e chegar-se a 18 milhões em 2017.

O porto de Nacala-a-Velha, actualmente em construção, terá capacidade para manusear 18 milhões de toneladas de carvão mineral anualmente e cerca de cinco mil toneladas de embarque por hora. Refira-se que a construção da linha férrea que liga Moatize a Nacala visa criar uma alternativa de escoamento do carvão mineral produzido na província de Tete que, presentemente, é feito através da ferrovia de Sena.

Doadores de Moçambique afastam-se e criam problema político




Alguns dos principais doadores de Moçambique anunciaram que vão deixar de dar apoio directo ao orçamento do estado.

Miguel Ramos – Voz da América

A retirada do apoio directo ao orçamento moçambicano por parte de alguns doadores internacionais, devido à corrupção e falta de transparência, poderá ter implicações num ano de eleições, sobretudo para o partido no poder, porque parte do seu potencial eleitorado poderá não ter acesso a serviços básicos.

Alguns dos principais doadores de Moçambique, entre os quais a Espanha, Noruega, Bélgica, Ingalterra e Holanda, anunciaram que vão deixar de dar apoio directo ao Orçamento do Estado, devendo a assistência baixar de 400 milhões de dólares para 275 milhões.

O coordenador do Pilar de Receitas e Despesas Públicas no Centro de Integridade Pública-CIP, uma instituição de promoção da transparência e integridade, Stélio Bila disse à VOA que a saída de alguns parceiros que financiavam o Orçamento do Estado(OE), significa que "vamos ter menos dinheiro para financiar as necessidades sociais".

Bila disse, entretanto, que existem alternativas para financiar este orçamento, que neste momento é deficitário, que é procurar outros parceiros, para além daqueles que já são tradicionais.

"Podemos olhar para a China, uma grande economia neste momento e que tem grande interesse em investir em África, em Moçambique em particular, - e que na verdade já iniciou este exercício - e o que pode fazer é incrementar este tipo de ajuda", disse.

Ele referiu que a outra alternativa para financiar o OE seria pela via de impostos, mas que não é prática por causa das implicações sociais, uma vez que seria mais dinheiro a sair do bolso do cidadão comum.

Mas há uma terceira alternativa, que não oferece uma solução imediata, que é por via dos megaprojectos e dos recursos naturais, que, na verdade, ainda não começaram a dar os seus retornos para aquilo que são os desafios do País.

Segundo Bila, "há muitas implicações do ponto de vista social e do ponto de vista económico e até do ponto de vista político, porque o OE é uma ferramenta de gestão, mas é também um instrumento de governação. Repare que há muitas expectativas do eleitorado que esperam a resposta do ponto de vista das necessidades sociais que são emanadas do orçamento".

Afirmou existir uma lista enorme de necessidades sociais em relação às quais o Governo se compromete a realizar e que com menos recursos já não será possível, realçando que haverá sectores sociais que vão ficar com menos dinheiro e menos pessoas a terem acesso aos recursos para satisfazerem as suas necessidades, como sejam os sectores da educação, saúde e infra-estruturas.

A uma pergunta se Moçambique ainda precisa do apoio internacional para financiar o seu Orçamento de Estado, Stélio Bila respondeu: " Moçambique continua sendo um país com excelentes promessas de desenvolvimento, mas os recursos de que tanto se fala ainda não começaram a dar os resultados, pelo que não se pode afirmar categoricamente que não precisamos mais de financiamentos do exterior".

Na opinião daquele especialista, o que há-de acontecer é que os parceiros tradicionais estão a ter outras perspectivas, estão a ter outro nível de interesses, aquilo que era o campo político de negociação se altera com a emergência de novas economias, como a China porque o Governo encontra neste parceiro uma ligação estratégica e menos exigente.

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