terça-feira, 1 de julho de 2014

ELEIÇÕES E ESCRAVOS NA MAURITÂNIA DE HOJE




Em finais o ano passado uma ONG australiana calculava que existiam ainda na Mauritânia 150 mil escravos, cerca de quatro por cento da população – embora outras estimativas elevem essa percentagem para 10 ou 20 por cento. Essa escravatura atinge maioritariamente as comunidades negras, populações originárias da zona do rio Senegal que permanecem largamente excluídas do poder político e económico, controlado pela minoria árabe-berbere.

Sem surpresas, o presidente mauritaniano Mohamed Ould Abdelaziz foi reeleito com quase 82% dos votos nas eleições de sábado, 21, boicotadas pela maior parte da oposição.

Em segundo lugar, a larga distância, com menos de 9%, ficou o candidato anti-esclavagista Biram Ould Abeid, numa votação em que a taxa de participação foi de 56% (estavam inscritos um milhão e 300 mil eleitores) e que decorreu sem incidentes. Os restantes candidatos – Boidiel Ould Houmeid, do partido El-Wiam, Ibrahima Moktar Sarr, representante da comunidade negro-mauritaniana, e Lalla Mariem Idriss, gestora e a única mulher concorrente – obtiveram votações residuais.

General reformado, de 57 anos, Abdelaziz chegou ao poder em 2008 através de um golpe de estado militar, apoiado pela França de Sarkozy. Um ano depois, organizou eleições, denunciadas como uma farsa pelos seus opositores, e «legitimou» a liderança com um mandato de cinco anos.

Em finais de 2013, em eleições legislativas igualmente boicotadas por parte da oposição, a UPR (União para a República), o partido do presidente, conquistou larga maioria parlamentar.

Agora, depois de nova vitória sem adversários, Abdelaziz prometeu ser «o presidente de todos os mauritanianos» e garantiu «os direitos de todos os cidadãos, a sua igualdade perante a lei e perante os serviços do Estado». Com belas palavras, renovou o compromisso de prosseguir políticas de reforço da unidade nacional, de independência da Justiça, de luta contra as desigualdades sociais, de redução da pobreza e de melhor redistribuição da riqueza nacional.

Os resultados eleitorais não convenceram a oposição, agrupada no Fórum Nacional para a Democracia e Unidade (FNDU), que tinha apelado ao boicote do escrutínio, organizado por «um poder ditatorial». Segundo ela, a fraca participação foi uma condenação popular do presidente reeleito, das suas políticas e do regime.

O líder oposicionista, Sidi Ould Babamine, considerou que o presidente Abdelaziz, apesar de ter concorrido «quase sozinho», foi «mal eleito», com apenas 80% «de um quarto do eleitorado». Para a FNDU, a votação estava viciada desde o início do processo, já que metade dos cidadãos não foi inscrita nos cadernos eleitorais.

O escrutínio foi acompanhado por 700 observadores, 200 dos quais estrangeiros. A missão da União Africana foi dirigida por um antigo primeiro-ministro tunisino, Béji Essebsi, que não encontrou irregularidades e exortou a continuação do diálogo nacional.

Aliado do Ocidente

Com uma população que não chega aos quatro milhões de habitantes, a Mauritânia é um enorme país onde o deserto desagua no Atlântico… Situado estrategicamente entre o Magrebe e a África sub-sahariana, faz fronteira com o Sahara Ocidental (ocupado por Marrocos), a Argélia, o Mali e o Senegal.

Antiga colónia francesa, independente desde 1960, a Mauritânia iniciou em 2006 a exploração de petróleo, actividade económica a que se junta a pesca e a extracção de minério de ferro. O presidente Abdelaziz apresenta como balanço dos últimos anos um significativo crescimento (mais 6% do PIB em 2013), a baixa da taxa de inflação para menos de 5% e uma política de «ajuda aos mais pobres». No plano securitário, com a ajuda de Paris e Washington, o regime militarizado erradicou a actividade da Al-Qaida do Magrebe Islâmico (Aqmi), muito activa no país antes de 2008. Daí que a Mauritânia do general Mohamed Abdelaziz seja considerada um firme aliado do Ocidente na luta contra o «terrorismo» no Sahel.

A par destes «êxitos» económicos e políticos, a Mauritânia é hoje um dos países africanos em que persiste a escravatura, questão que a maioria dos media estrangeiros prefere ignorar.

Em finais o ano passado, uma ONG australiana, a Walk Free, calculava que existiam ainda na Mauritânia 150 mil escravos, cerca de quatro por cento da população – embora outras estimativas elevem essa percentagem para 10 ou 20 por cento.

Essa escravatura atinge maioritariamente as comunidades negras, populações originárias da zona do rio Senegal que permanecem largamente excluídas do poder político e económico, controlado pela minoria árabe-berbere.

As leis que desde 1981 puseram fim à escravatura e, a partir de 2007, penalizam a sua prática, têm pouca eficácia real. Assim, não é de estranhar que o combate abolicionista ainda faça todo o sentido na Mauritânia, onde há uma ONG como a SOS Escravos e um movimento como a Iniciativa para o Ressurgimento Abolicionista (IRA). O líder desta organização, Biram Ould Abeid, foi a votos nas recentes eleições presidenciais precisamente para chamar a atenção para a luta contra a escravidão no seu país.

*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2117, 26.06.2014

Angola: CLÃ PRESIDENCIAL METE A MÃO NAS NOVAS LINHAS DE CRÉDITO



Folha 8 – 28 junho 2014

Académicos, políticos e analistas angolanos dizem exis­tir falta de transparên­cia nas linhas de crédito estrangeiras concedidas ao Governo de Eduardo dos Santos. Nada de novo mas que, agora, revele a crescente onda dos que questionam a opacidade do regime em benefício próprio. Como há muito aqui se tem escrito, trata­-se de uma variante de uma velha metodologia autoritária em que, como sempre, os beneficiários são os mesmos de sempre, ou seja o clã presidencial e o seu séquito de bajulado­res.

O docente da Universi­dade Católica de Angola, Justino Pinto de Andrade, defende que as linhas de crédito estrangeiro, ao contrário do que deveria acontecer num Estado de Direito, têm servido para o enriquecimento da elite política no poder, dizendo que tal acontece por falta de fiscalização.

A nova abertura de uma li­nha de crédito de dois mil milhões de dólares para investimentos na cons­trução civil e energia em Angola, anunciada pela Presidente brasileira, Dil­ma Rousseff, durante uma visita do chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, ao Brasil, fez ressuscitar uma antiga preocupação da classe política e acadé­mica: a transparência na concessão e aplicação das linhas de crédito obtidas pelo Governo angolano.

Mais uma vez, segundo uma tradição dos tem­pos de partido único e da florescente ditadura, em­bora agora mascarada de democracia, o Presidente da República é apontado como o grande beneficiá­rio das linhas de crédito estrangeiras, nomeada­mente através dos seus testas-de-ferro, mesmo que não pertençam ao clã por laços familiares.

Justino Pinto de Andrade diz que essas linhas de cré­dito têm servido para enri­quecer a elite política no poder, em detrimento de benefícios para o país, por falta de transparência, uma tese que aliás é advogada por diversas organizações internacionais que avaliam a impávida e impune cor­rupção que tomou conta do nosso país.

“As relações entre Estados têm uma grande compo­nente económica. Não há mal em obterem-se linhas de crédito no exterior, até é normal, agora tem de haver transparência nesse tipo de relacionamentos e sobretu­do não transformar esses mecanismos em mecanis­mos de enriquecimento ilícito”, refere Justino Pinto de Andrade, explicando que, “infelizmente, é isso que acontece em Angola”.

Uma das razões que faz com que o docente da Universidade Católica de Angola olhe com descon­fiança para a obtenção dos vários empréstimos efectuados pelo Governo angolano reside no facto de nunca ter sido ouvida a opinião da Assembleia Nacional sobre a matéria. Aliás, este órgão da nossa suposta democracia, ma­nietado pela maioria parla­mentar do MPLA, só serve para ampliar as posições do regime, pouco mais sendo que uma das muitas correias de transmissão de propaganda e de bajulação ao regime.

“É por isso mesmo que se age de costas viradas para o Parlamento, pre­cisamente para se poder agir sem qualquer fiscali­zação, sem qualquer con­trolo por causa da falta de transparência. São envol­vidos grandes valores e os grandes beneficiários são os mesmos de sempre. Naturalmente, não estão interessados em que haja uma acção fiscalizadora por parte do Parlamen­to”, explica Justino Pinto de Andrade numa análise que, apesar de crítica, é benevolente quanto ao pa­pel decorativo da Assem­bleia Nacional.

Por sua vez Alberto Ngala­nela, deputado da UNITA, pensa que é preciso limitar os poderes do Presidente José Eduardo dos Santos sob pena de se endividar o país através de linhas de crédito “duvidosas”. As linhas de crédito até nem são duvidosas. Duvi­doso – isso sim – é o seu uso exclusivo e privado por um regime que deveria prestar contas, nomea­damente através do Parlamento, do seu uso.

“Há uma gran­de concentra­ção do poder do titular executivo em relação aos ou­tros órgãos. É preciso limitar os poderes do Pre­sidente da República, para que todos os actos que envolvem Angola sejam devidamente autorizados pela Assembleia Nacional, aqueles que representam o povo, para podermos ex­plicar ao povo que Angola beneficiou de uma linha de crédito para determina­dos programas”, sustenta Alberto Ngalanela.

Em declarações à TPA, o ministro das Finanças, Ar­mando Manuel, disse que a nova linha de crédito eleva para 7,83 mil milhões de dólares o valor da dívi­da pública de Angola para com o Brasil.

Palop: UNIDADE E CONCERTAÇÃO



Jornal de Angola, editorial

Os Países Africanos  de Língua Oficial Portuguesa reuniram-se ontem, em Luanda,  para a constituição de um Fórum que vai traçar novos  rumos  para  a sua cooperação futura, que pretendem cada vez mais dinâmica, em face  dos novos desafios ao nível de África  e do mundo.

Em virtude  da emergência  de novos processos no campo das relações internacionais , os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa entendem ser necessário  assumir  posições concertadas  que se ajustem à realidade do mundo actual, marcado por problemas complexos, como os conflitos armados, o terrorismo internacional e  os crimes  transfronteiriços , como o tráfico de drogas e de seres humanos.

Num mundo em constante mudança e com grandes desafios, faz sentido que o Fórum  dos PALOP, pela  sua experiência  e pelo papel activo que  os  países que o compõem  já têm desempenhado  no domínio da diplomacia,  queira ser parte activa na busca de soluções para os graves problemas contemporâneos, dando o seu contributo, juntamente com outras organizações internacionais, regionais e sub-regionais,  à paz e à segurança  e ao desenvolvimento.

Acredita-se que o Fórum dos PALOP, que estão unidos por laços históricos, vai constituir-se em mais um espaço  em África para  ajudar  o continente  a  superar  os seus  problemas políticos, económicos e sociais , definindo estratégias que vão ao encontro da satisfação dos seus interesses.

Como disse o Presidente José Eduardo dos Santos, na abertura da cimeira constitutiva do Fórum dos PALOP, “apesar do longo caminho percorrido, enfrentamos novos desafios que exigem a preservação da nossa unidade de pensamento e de acção, tendo em conta as transformações ocorridas na conjuntura internacional, caracterizada sobremaneira pela globalização, em que se destaca o papel crescente das novas tecnologias de informação e comunicação e dos transportes e a proeminência dos mercados financeiros."

O Fórum ora constituído parte para uma nova era com muita experiência  acumulada, e uma redefinição de estratégias de actuação vai certamente traduzir-se em novos modelos de intervenção na vida política internacional, para que seja uma mais valia, não só para os Estados que dele fazem parte, como para todo o continente africano.

A dinamização das  relações entre os PALOP, no quadro do Fórum,  é justificada  pela necessidade de um aumento da sua força e influência no mundo em espaços mais alargados onde se discutam os problemas e se procuram soluções em prol das causas africanas.

Os PALOP têm problemas comuns e desejam revitalizar  um espaço em que possam  concertar posições  para enfrentar, com instrumentos próprios, os desafios que a todos dizem respeito. A unidade e a concertação regular dentro dos PALOP vão permitir que esta organização esteja em condições de igualmente ser uma força capaz de fazer ouvir a sua voz em África e no mundo, sempre em acelerada marcha em vários domínios.

O Chefe de Estado angolano,  que vai  presidir ao Fórum até 2016, estabeleceu já no acto de constituição desta organização uma grande prioridade para os PALOP, que é a paz e o desenvolvimento sustentado, que , na opinião de José Eduardo dos Santos, "deve merecer toda a nossa atenção e atrair os nossos esforços".

A conquista da paz e a luta contra o subdesenvolvimento são condições para colocar os países membros do Fórum na rota da construção do progresso social, fazendo recurso às suas potencialidades e a acções  que estejam voltadas para, segundo palavras do Presidente José Eduardo dos Santos, fazer face à “obstáculos que têm de vencer no domínio da erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da igualdade do género, da redução da mortalidade infantil, do combate ao HIV, à malária e outras doenças e garantir a sustentabilidade ambiental".

Foi acertada  a ideia  de fazer com que os PALOP estejam  próximos dos grandes problemas africanos e mundiais, a fim de, com o seu saber e experiência, poderem  reforçar o conjunto de países que luta por um mundo melhor, sem guerras, e em que os povos possam desfrutar de bem-estar e de uma vida digna.

Que os PALOP continuem a ser defensores de valores universais e que o Fórum seja um espaço e um exemplo de defesa dos direitos do homem, da promoção da boa governação e da consolidação do Estado Democrático de Direito.

Os  complexos  problemas  que existem em África e no mundo obrigam a novas dinâmicas, pelo que  não admira que os dirigentes dos PALOP queiram empenhar-se  em construir um espaço sólido que pode servir os interesses dos povos de África.

Angola: BENTO KANGAMBA LIVRE DE ACUSAÇÕES




A justiça federal brasileira ordenou o encerramento do processo e a suspensão dos efeitos do mandado de captura que impendia sobre o empresário Bento Kangamba.

A ordem foi encaminhada para a Polícia desse país, que por sua vez notificou as suas congéneres pelos 190 países signatários do Pacto da Interpol e o secretariado desta instituição, que já fez despoletar o processo de retirada do nome do empresário angolano da lista de pessoas procuradas.

Com sede na cidade de Lyon, França, a Interpol é a polícia internacional encarregada de crimes que não se restringem às fronteiras de um só país. Com 190 países filiados, é a segunda maior organização internacional, atrás apenas da Organização das Nações Unidas, que tem 193 países.

Jornal de Angola - Foto: Nuno Flash

ANGOLA LIDERA FÓRUM DOS PALOP



Kumuênho da Rosa – Jornal de Angola

O Chefe de Estado angolano foi eleito ontem presidente do Fórum dos Países de Língua Oficial Portuguesa (FORPALOP) para o período 2014-2016.

José Eduardo dos Santos vai assim liderar o processo de reforma da organização de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, com o objectivo de reforçar a unidade entre os Estados membros e facilitar a concertação de posições sobre problemas de interesse comum.

No discurso que proferiu na abertura da Cimeira, o Chefe de Estado angolano considerou a institucionalização do FORPALOP um passo que vai permitir uma melhor afirmação e promoção dos interesses dos Estados membros no contexto das organizações internacionais, regionais e sub-regionais.

“Os PALOP têm problemas específicos comuns que requerem instrumentos diferenciados de intervenção fora do contexto da CPLP”, defendeu o líder angolano, para quem só a harmonia entre as nações africanas de língua portuguesa pode determinar a força e influência nas tomadas de decisões em foros mais alargados onde se discutam os problemas e se procuram soluções, em prol das causas africanas.

Apelo à unidade

O Chefe de Estado angolano disse ainda que os novos desafios dos países africanos exigem a preservação da “unidade de pensamento e de acção”, tendo em conta as transformações ocorridas na conjuntura internacional. “Quanto mais próximos e unidos estivermos, trocando ideias e experiências, mais facilmente conseguiremos encontrar respostas adequadas para realização desses objectivos”, defendeu.

O Presidente angolano referiu-se à “herança pesada do colonialismo”, agravada, como disse, por “conflitos de índole diversa e por tentativas de neocolonização de potências estrangeiras”. “São muitos ainda os obstáculos que temos de vencer nos domínios da erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da igualdade de género, da redução da mortalidade infantil, do combate ao VIH, à malária e outras doenças e garantir a sustentabilidade ambiental”, sublinhou.

Prioridade para a Paz

O líder do FORPALOP também destacou os desafios de natureza política, como a paz, a segurança, a consolidação da democracia e do estado democrático de direito, a promoção dos direitos humanos e a boa governação. José Eduardo dos Santos considerou a paz e o desenvolvimento sustentado como a “grande causa africana” e primeira prioridade do Fórum dos PALOP. “Ela é a nossa prioridade, tendo em linha de conta que todos os outros factores giram em torno desse eixo fundamental”.

A Guiné-Bissau mereceu um destaque especial na intervenção do Presidente angolano, que elogiou a forma como decorreram as eleições naquele país. José Eduardo dos Santos, ao dirigir-se ao Presidente José Mário Vaz, disse estar certo de que a vitória eleitoral representa um primeiro passo para a completa normalização da ordem constitucional da Guiné-Bissau e para a plena reinserção no concerto das nações africanas e de todo o mundo. “A República de Angola é sempre solidária com os povos irmãos que integram a nossa organização na preservação da paz e da ordem constitucional”, sublinhou.

Momento ímpar

O Presidente de Cabo Verde também saudou a eleição de José Mário Vaz como Presidente da Guiné-Bissau.

Um facto de relevo no actual contexto dos PALOP, que cria o Fórum de concertação política e diplomática, logo a seguir à Cimeira da União Africana em Malabo, Guiné Equatorial, e antes da Cimeira da CPLP, que se realiza em Dili, Timor-Leste.

Jorge de Almeida Fonseca particularizou as mudanças registadas nos últimos anos na cena internacional e nas próprias sociedades africanas de língua oficial portuguesa, razão primeira do desejo dos países africanos de expressão portuguesa de operarem uma viragem na organização. Para o Presidente cabo-verdiano é de esperar que a conversão da organização em Fórum PALOP, organismo dotado de uma agenda de alcance operacional e estratégico mais amplo que o do figurino anterior, impulsione as consultas políticas, de concertação e formação de posições comuns e de interesse das nações que integram o espaço PALOP.

Para um Fórum PALOP mais robusto, coeso, interveniente e eficaz, disse Jorge de Almeida Fonseca, é necessário que os seus integrantes se revejam e se realizem nas suas dimensões estratégicas e programáticas. 

O líder cabo-verdiano considerou fundamental que no processo de redefinição da sua identidade, para evitar sobreposição ou colisão com outras organizações, como a CPLP, o FORPALOP se coíba de “avançar em direcção a domínios que estejam a ser abordados e tratados por outros espaços, favorecendo os mesmos objectivos e destinatários\".

Os líderes dos PALOP encorajaram o Presidente angolano a prosseguir com os esforços na materialização de “acções identificadas e não concluídas”, no quadro da cooperação dos cinco Países Africanos de Língua Oficial portuguesa, “com vista a uma actuação conjunta cada vez mais significativa e influente”.

Os Chefes de Estado recomendaram a revisão dos acordos e protocolos de cooperação existentes entre os cinco países, assim como a identificação de outras áreas de cooperação futura, com particular realce para a vertente empresarial, tendo em vista o reforço dos programas de cooperação em torno dos objectivos comuns e partilhados.

Os líderes dos cinco Países Africanos de Línguaq Oficial Portugesa congratularam-se pela “forma ordeira e pacífica\" como decorreram as recentes eleições gerais na Guiné-Bissau e felicitaram José Mário Vaz pela sua eleição para o  cargo de Presidente da República. Apelaram à comunidade internacional a prestar à Guiné-Bissau apoio aos programas de desenvolvimento e ao fundo de emergência.

Os Chefes de Estado do FORPALOP reiteraram o seu apoio à candidatura de Angola a membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para o período 2015-2017, e agradeceram ao Presidente José Eduardo dos Santos pelo “acolhimento caloroso e fraternal\" que lhes foi reservado e às suas delegações, durante a sua estada em Luanda, assim como pelas excelentes condições criadas que proporcionaram os resultados alcançados pela Cimeira. Esta Cimeira estava agendada de início para ter lugar em Cabo Verde. Durante a Cimeira de Luanda foi analisada a situação política prevalecente nos PALOP, tendo os Chefes de Estado manifestado a sua satisfação pelo actual nível das relações políticas e de cooperação. Reafirmaram os laços profundos que os unem e a sua disposição de contribuir activamente para que os cinco países possam desenvolver as suas enormes potencialidades.

Em relação à situação regional e internacional, os Chefes de Estado e de Governo manifestaram a sua preocupação quanto às situações de conflito que prevalecem nalguns países do continente africano e a crescente ameaça do terrorismo internacional em África.

Neste sentido, reiteraram a necessidade da resolução pacífica de crises, através do diálogo e negociação, permitindo deste modo que sejam preservados os direitos fundamentais dos cidadãos. Os estadistas reafirmaram, deste modo, o apoio dos seus países aos esforços da comunidade internacional na luta contra o terrorismo, tráfico de drogas e de seres humanos e outros crimes transfronteiriços. A próxima Cimeira do Fórum PALOP tem lugar em 2016, em Cabo Verde.

Conver
sa de irmãos

A ministra dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades de São Tomé e Príncipe, Natália Umbelina, deixou claro que o Fórum dos Países de Língua Oficial Portuguesa (FORPALOP), constituído ontem em Luanda, não vem substituir a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A chefe da diplomacia são-tomense, que falava à imprensa, momentos antes da institucionalização do FORPALOP, lembrou que os países africanos de língua oficial portuguesa têm laços e histórias comuns, razão pela qual também devem resolver em conjunto os seus problemas comuns.

“A CPLP é uma organização inter-regional (Europa, América, África e Ásia), mas o FORPALOP é um espaço exclusivo de africanos, onde vão conversar e discutir como africanos sobre o futuro do continente. Portanto, é expectável que tenhamos um espaço de conversa, diálogo franco entre irmãos, como são os nossos Estados\", disse Natália Umbelina, ao justificar a criação do FORPALOP.

A ministra são-tomense deplorou a letargia em que se encontravam os PALOP, cujos Chefes de Estados se reúnem pela primeira vez, depois de cerca de 20 anos. Natália Umbelina disse desconhecer as reais causas da apatia dos PALOP, mas afirmou que o mais importante é que os Chefes de Estado dos países lusófonos africanos reuniram-se em Luanda para traçar um novo rumo para a organização.

 O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação de Moçambique, Henrique Banze, sublinhou que, apesar de não ter havido encontros regulares entre os PALOP, as relações bilaterais entre cada um dos Estados nunca foi posta de parte. “Não me parece que tenha havido dificuldades. Parece-me que situações específicas de cada país (dos PALOP) provavelmente tenham feito com que os países estivessem mais virados para si mesmos, porque, de uma forma ou de outra, a cooperação sempre existiu\", disse.

Henrique Banze revelou que o trabalho para a formalização do FORPALOP durou cerca de quatro anos, congratulando-se mais adiante com o facto de ter sido possível ontem formalizar o acto constitutivo e os estatutos, que estabelecem a regularidade, formalidades e procedimentos que devem ser seguidos pelos países africanos falantes da língua portuguesa.

Foto: Francisco Bernardo

PAPA FRANCISCO ESTUDA VIAGEM A TIMOR-LESTE



01 de Julho de 2014, 14:38

O presidente da Conferência Episcopal de Timor-Leste, Dom Basílio do Nascimento, bispo de Baucau, revelou à agência ECCLESIA que se vai encontrar novamente com o Papa Francisco, no Vaticano, após tê-lo convidado a visitar o país lusófono.

O encontro, que vai decorrer esta semana, servirá, entre outros assuntos, para “vêr da possibilidade da ida do Santo Padre a Timor”, referiu o bispo de Baucau.

O prelado está em Portugal, após participar na ordenação episcopal de D. Francisco Senra Coelho, seu antigo aluno, este domingo, em Évora.

“Uns dias antes de sair (de Timor), recebi uma carta do cardeal Ouellet (prefeito da Congregação para os Bispos, da Santa Sé), a dizer que o Santo Padre queria encontrar-se comigo”, disse o presidente da Conferência Episcopal Timorense, à agência ECCLESIA.

A 17 de março, Francisco recebeu os três bispos de Timor-Leste e recordou o “nascimento” da nação timorense, em 2002.

O Papa argentino poderia, assim, ser o primeiro pontífice a visitar Timor-Leste desde a sua independência; João Paulo II passou por Díli, a 12 de outubro de 1989, durante a ocupação indonésia.

Após o encontro de março, D. Basílio do Nascimento revelou que convidou Francisco a visitar o país em 2015, ano da comemoração dos 500 anos da chegada dos portugueses a Timor-Leste.

O Papa vai visitar a Coreia do Sul em agosto e, em janeiro do próximo ano, fará nova viagem à Ásia, com passagens previstas pelas Filipinas e o Sri Lanka.

“A Igreja na Ásia é uma promessa”, disse Francisco, numa entrevista ao jornal italiano ‘Il Messagero’, publicada este domingo.

SAPO TL com agência ECCLESIA 

Timorenses dizem que situação económica do agregado familiar melhorou




Díli, 01 jul (Lusa) - Uma sondagem realizada em Timor-Leste, a pedido da Asia Foundation, demonstrou que mais timorenses acreditam que a situação económica do agregado familiar melhorou nos últimos dois anos, refere em comunicado hoje divulgado pela organização.

A sondagem, realizada pela organização não-governamental Belun junto de 820 adultos espalhados por todo o país, demonstrou também que, para melhorar a sua qualidade de vida, as pessoas pedem acesso a água potável na sua área de residência e a reabilitação de estradas.

Segundo o comunicado, dos entrevistados, 54 por cento considerou a situação económica do seu agregado familiar como um "bocado melhor" e nove por cento como "muito melhor".

O comunicado acrescenta que a aquele número aumentou cinco pontos percentuais em relação à última sondagem.

A sondagem revelou igualmente que 46 por cento das pessoas apontou a melhoria das estradas como essencial para a sua qualidade vida, enquanto 33 por cento considerou fundamental o acesso à água potável.

Esta é a terceira sondagem pedida pela Asia Foundation com o objetivo de mostrar o que a população timorense pensa sobre questões importantes, nomeadamente o desempenho do governo, as condições de vida e confiança no futuro.

"A sondagem é uma ferramenta importante para o Governo, decisores políticos e outras partes interessadas, para ouvirem a opinião pública e as suas aspirações", afirmou Susan Marx, representante da Asia Foundation em Timor-Leste.

Os dados da sondagem foram recolhidos entre março e maio pela organização não-governamental Belun nos 13 distritos de Timor-Leste.

MSE // ARA - Lusa

Timor-Leste: Formação da língua portuguesa aos docentes



01 de Julho de 2014, 11:48

O Diretor do serviço cooperativo, no ministério da educação (ME), António Pires disse que, o governo continua a formar os docentes na língua portuguesa aos docentes para ensinar os estudantes

Esta formação está a decorrer tanto no país como fora do país, baseada no plano do ministério da educação, na necessidade de ter os docentes a lecionar a língua portugesa e tetum.

Estas duas línguas devem ser dominadas e está alocada no orçamento do Estado, disse António Pires.

Esta formação começou no ano passado e está a decorrer agora. O sistema da formação depende de cada universidade que envia os seus docentes. Alguns docentes estão a frequenter formação no exterior e outros no interior que ganharam bolsas de estudo. O Orçamento de bolsa foi preparado pelo ME.

O vice Reitor do Instituto de Superior Cristal (ICS) António Guterres disse que seguindo o plano do ME, que começou a aplicar desde o ano passado até ao momento. Neste momento alguns já estão a lecionar a língua portuguesa e outros ainda estão a seguir formação. Entre estes docentes há alguns que estão também no exterior e no país para finalizar o doutoramento e o mestrado.

O Reitor Interino de IOB (Institute of Business) José Villa Nova disse que muitas pessoas estão a questionar sobre a qualidade da educação. O mesmo indica que para responder a essa qualidade da educação, o IOB está a observar primeiro os recursos humanos, da capacitação dos docentes em todas áreas.

José Villa Nova disse o método que está a ser preparado pelo IOB. Envio de docentes na capacitação, o que já acontece, alguns estão a fazer formação no estrangeiro como na Indonésia e na Austrália tanto a nível mestrado como no doutoramento.

Sapo TL com STL  

Empresários dos PALOP querem fundo de coesão económica dentro da CPLP




Luanda, 01 jul (Lusa) - Os representantes dos empresários dos cinco Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) reivindicaram hoje a criação de um fundo de coesão económico e social com vista à "diminuição das assimetrias" dentro da CPLP.

A posição foi transmitida em Luanda, em conferência de imprensa, pela direção da nova Confederação Empresarial dos PALOP, cuja constituição formal será feita a 16 de julho.

"Aliás, nem diria criar [esta comunidade], nós estamos a confirmá-la", referiu o presidente da comissão instaladora, Francisco Viana, a propósito dos quase 40 anos de atividade política ao nível dos PALOP.

Entre os objetivos da nova confederação, explicou, sobressai o "desenvolvimento de esforços" para criar um fundo de coesão "capaz de contribuir para a diminuição da assimetria dentro da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]", nomeadamente "fortalecendo a classe empresarial africana e a sua independência económica".

O dirigente defende que este fundo serviria para atenuar as "diferenças" entre o tecido empresarial da África lusófona face ao Brasil e a Portugal, situação que leva a "uma vida a duas velocidades" dentro da mesma comunidade, desde a sua criação, há 18 anos.

"Essa situação perdura até hoje. Daí estarmos a falar de um fundo de coesão económico e social", disse o dirigente, igualmente presidente da Associação Empresarial de Viana (Luanda), comparando este mecanismo aos fundos estruturais que a União Europeia atribui para desenvolvimento dos Estados-Membros.

A Confederação Empresarial dos PALOP envolve, além de Angola, representantes do setor privado empresarial de Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, surgindo depois de constituído igualmente na capital angolana, na segunda-feira, o fórum político deste grupo de países africanos, na presença dos respetivos Chefes de Estado e de Governo.

O I Fórum Económico dos PALOP, organizado por esta entidade, está já agendado para 17 de julho, na capital angolana, e prevê a presença de uma delegação da Guiné Equatorial, face à perspetiva de adesão do país à CPLP.

O encontro servirá para recordar que este grupo de cinco países assinala em 2015 os 40 anos da independência do domínio colonial português, mas ao mesmo tempo para apontar que a independência económica ainda está distante.

"Sabemos que o investimento estrangeiro é sempre bem-vindo, qualquer nação que se queira desenvolver precisa e dá as boas-vindas ao investimento estrangeiro. Mas também é verdade que nenhuma nação se consegue desenvolver sem a colaboração dos seus filhos, empresários, jovens, das suas mulheres empresárias. O nosso objetivo é afirmar a classe empresarial africana no âmbito dos PALOP", enfatizou Francisco Viana.

A capacitação das associações e do empresariado africano nas suas vertentes material, financeira, de recursos humanos, tecnologias e técnicas de gestão, é igualmente objetivo da desta nova confederação, que pretende ainda fomentar a "internacionalização" das empresas dos PALOP.

"Porque se não nos cuidarmos, daqui a dez anos pode ser tarde demais", rematou o dirigente.

PVJ // EL - Lusa

CPLP: Moçambique faz votos que Timor-Leste aumente o prestígio da organização




Lisboa, 01 jul (Lusa) - O Presidente moçambicano prometeu hoje apoio a Timor-Leste, que no final deste mês assumirá a presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e fez votos que as autoridades timorenses trabalhem para "aumentar o prestígio" da organização lusófona.

Moçambique, que atualmente preside à CPLP, prepara-se para passar o testemunho a Timor-Leste, na cimeira de chefes de Estado e de Governo que decorrerá em Díli a 23 de julho.

"No caso da CPLP, continuaremos a trabalhar e queremos agradecer o apoio que Portugal nos concedeu na nossa presidência", declarou hoje Armando Guebuza, no final de uma receção e reunião de trabalho no Palácio de Belém, no âmbito da visita oficial a Portugal, a convite do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

O chefe de Estado moçambicano garantiu que Moçambique, bem como Portugal, vão "dar o apoio necessário", com base na experiência, a Timor-Leste, para que este país "possa conduzir" a comunidade no quadro dos "objetivos comuns" das nações que a integram, "aumentando sempre o prestígio" da organização.

Nas declarações aos jornalistas, Cavaco Silva dirigiu "uma palavra de congratulação a Moçambique pela forma como tem exercido a presidência da CPLP, contribuindo para a projeção internacional" desta organização e "apostando também na internacionalização da língua portuguesa".

"Uma prova do interesse internacional da CPLP está no número de países que manifestam interesse em ser observadores desta organização", referiu.

A CPLP é atualmente composta por oito países - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste -, estando prevista para a cimeira uma decisão sobre a adesão da Guiné Equatorial.

Namíbia, Turquia e Geórgia deverão ser aceites como observadores associados da CPLP na cimeira de Díli.

JH/ACL // VM - Lusa

Cavaco Silva quer CPLP a apoiar reformas na Guiné-Bissau




Lisboa, 01 jul (Lusa) - O Presidente da República, Cavaco Silva, defendeu hoje que é "fundamental" que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) apoie os novos dirigentes da Guiné-Bissau ao nível económico e financeiro, mas também reformas a realizar naquele país.

O Chefe de Estado português falava no Palácio de Belém, em Lisboa, durante uma conferência de imprensa conjunta com o Presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza, que se encontra de visita a Portugal.

"Tivemos oportunidade também de falar das eleições que tiveram lugar na Guiné-Bissau. Foram um sucesso. É fundamental que a CPLP, que os países que a compõem, apoiem os novos dirigentes da Guiné-Bissau, legitimados pelo povo", afirmou Cavaco Silva perante o Presidente de Moçambique, país que preside à CPLP.

Segundo o Presidente português, "é fundamental" que os novos dirigentes da Guiné-Bissau sejam apoiados "não apenas do ponto de vista económico e financeiro, mas também nas reformas que devem ser feitas no dom da segurança, da defesa, da administração pública e no domínio da justiça".

O Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, nomeou no mês passado Domingos Simões Pereira primeiro-ministro do país.

O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), antigo secretário-executivo da CPLP, assumiu o cargo de primeiro-ministro depois daquele partido ter vencido com maioria absoluta as eleições legislativas de 13 de abril.

Os novos órgãos de soberania eleitos em abril e maio sucedem às autoridades de transição, que tinham sido nomeadas depois do golpe de Estado militar de 12 de abril de 2012.

ACL(LFO) // SMA - Lusa

Presidente de Moçambique aplaude eleições na Guiné-Bissau




O Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, aplaudiu hoje a eleição de um novo Presidente e Governo na Guiné-Bissau, após dois anos de autoridades de transição, defendendo o apoio internacional, mas também cautela no respeito pela Constituição.

"Devíamos todos festejar o momento que a Guiné acaba de ter, com a cautela necessária, mas devíamos festejar", declarou hoje o Presidente, em Lisboa, destacando que o resultado das eleições naquele país representou "uma vitória".

No entanto, a situação "exige sempre a cautela de termos a certeza de que tudo vai continuar a respeitar as normas e a Constituição daquele país irmão", disse.

Armando Guebuza prometeu o apoio de Moçambique e de outros países, incluindo Portugal, às novas autoridades da Guiné-Bissau.

"Nós estaremos juntos, com Portugal, nessa batalha de apoio e com os outros países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e eu creio, também, com a própria União Africana", declarou.

O Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, nomeou na semana passada Domingos Simões Pereira primeiro-ministro do país.

O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), antigo secretário-executivo da CPLP, assumiu o cargo de primeiro-ministro depois daquele partido ter vencido com maioria absoluta as eleições legislativas de 13 de abril.

Os novos órgãos de soberania eleitos em abril e maio sucedem às autoridades de transição, que tinham sido nomeadas depois do golpe de Estado militar de 12 de abril de 2012.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Moçambique: Candidato da Frelimo às presidenciais promete erradicar belicismo e pobreza




O candidato da Frelimo, partido no poder em Moçambique, às presidênciais de 15 de outubro, Filipe Nyusi, prometeu hoje em Chimoio, Manica, centro do pais, erradicar em simultâneo e de forma "inalterável" o belicismo e a pobreza.

Nyusi - que significa Abelha na língua local (Chiuté) -, prontificou-se a "produzir mel" para "dar sabor" à vida dos moçambicanos, e desafiou a população a ser unida e patriótica nas iniciativas para acabar com a fome e a guerra.

"O partido Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique] escolheu uma Abelha fabricante de mel, para fazer mel e dar ao povo", disse Filipe Nyusi, de forma divertida em alusão à sua escolha, durante um comício em Chimoio, capital de Manica, no âmbito da sua apresentação pública e pré-campanha eleitoral.

Para acabar com a guerra, que embaraça o desenvolvimento, defendeu Filipe Nyusi, "é essencial a paz", que "transcenda o calar das armas", para criar um ambiente de tolerância e diálogo entre os moçambicanos.

"Paz é aceitar a razão dos outros, deitar fora as facas e catanas, não matar o vizinho rico, mas mais que tudo calar as armas", precisou Filipe Nyusi, que se comprometeu a "trocar e a acolher ideias exequíveis da oposição" para unificar o país.

Filipe Nyusi era ministro da Defesa Nacional antes da escolha para candidato presidencial da Frelimo, e tutelava as forças armadas quando ordenou o ataque a Sadjundjira (Gorongosa), em outubro do ano passado, que desalojou Afonso Dhlakama, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição em Moçambique, com quem vai disputar às presidenciais.

Desde então, a região centro do país vive um conflito militar entre as duas partes, que se intensificou no último mês.

Além da cessação do conflito, Filipe Nyusi garantiu que vai transformar os milhares de hectares de terras aráveis inexplorados de Manica em campos para a agricultura comercial, que possam gerar empregos e indústrias de processamento da produção local, para alimentar o pais e exportar excedentes.

Lusa, Notícias ao Minuto

Guebuza: Renamo há de "juntar-se à pacífica família moçambicana"




O Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, insistiu hoje que a solução para a instabilidade política no seu país passa pela "mesa do diálogo" e manifestou-se convicto que a Renamo, maior partido da oposição, há-de "juntar-se à pacífica família moçambicana".

"Obviamente nós não gostamos nada dos ataques que a Renamo faz às populações", disse hoje em Lisboa o chefe de Estado moçambicano, no final de uma receção e reunião de trabalho com o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, no âmbito de uma visita oficial a Portugal, que se prolonga até quinta-feira.

"Obviamente nós sabemos que a solução para tal deve ser encontrada na mesa do diálogo e nós estamos na mesa do diálogo empenhados em trabalhar e acreditamos mesmo que o dia virá em que a outra parte vai compreender que é bom juntar-se à pacífica família moçambicana na construção do desenvolvimento que faz falta para todos nós", declarou.

Esta segunda-feira, o Governo moçambicano e a Renamo voltaram a encontrar-se em Maputo, ao fim de duas semanas sem negociações e em plena escalada do conflito militar na região centro do país, mas novamente sem alcançar um acordo.

O Governo recusa aceitar a paridade das forças armadas e a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) não concorda com o desarmamento do partido.

Lusa, em Notícias ao Minuto

.Moçambique: Cavaco enaltece esforços de Guebuza para "paz e conciliação política"




O Presidente da República, Cavaco Silva, elogiou hoje os esforços do Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, em prol da "paz e a conciliação política" naquele país, patente na abertura ao diálogo com a Renamo.

"Quero também dirigir uma palavra ao Presidente Guebuza pelos esforços que tem vindo a desenvolver para alcançar a paz e a conciliação política em Moçambique, na abertura que tem manifestado ao diálogo com a Renamo, para que as eleições que se aproximam se desenvolvam num quadro de perfeita normalidade", afirmou Cavaco Silva.

"Estou convencido que as duas partes acreditam que este é o melhor caminho para o desenvolvimento, para o progresso de Moçambique, para o bem-estar das populações", defendeu Cavaco Silva.

O Chefe de Estado português falava no Palácio de Belém, em Lisboa, durante uma conferência de imprensa conjunta com o Presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza, que se encontra de visita a Portugal.

O Presidente português dirigiu-se ao seu homólogo moçambicano para lhe garantir que "contará sempre com Portugal, para estar ao seu lado nos esforços que tem feito para consolidar a paz e as instituições democráticas em Moçambique".

O Presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza, está de visita a Portugal até quinta-feira, a convite de Cavaco Silva.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal - João Semedo: Bloco diz que redução do desemprego é "virtual"




O coordenador do Bloco de Esquerda (BE), João Semedo, disse hoje que os dados que apontam para uma redução do desemprego em Portugal são virtuais e não têm correspondência com a realidade do país.

"É uma redução virtual e artificial que não tem correspondência nos postos de trabalho", advogou João Semedo, que comentava os dados desta manhã do Eurostat, onde é revelado que a taxa de desemprego em Portugal voltou a recuar em maio, para 14,3%, contra 14,6% em abril, menos 2,6 pontos percentuais do que um ano antes (16,9%), a segunda maior descida homóloga da União Europeia (UE).

O coordenador do Bloco falava aos jornalistas no final de um encontro de mais de uma hora com uma delegação da CGTP liderada pelo secretário-geral da central sindical, Arménio Carlos.

Os números do desemprego, realça o bloquista, "têm uma componente virtual muito grande" e "era bom comparar a taxa de desemprego com a criação de emprego".

As informações do Eurostat, prosseguiu ainda, refletem os muitos trabalhadores portugueses que emigraram, os que não têm emprego mas sim uma "ocupação" e não têm em conta também os reais "critérios" sobre quem está inativo e ativo no mercado de trabalho.

De acordo com os dados hoje avançados pelo gabinete oficial de estatísticas da UE, o desemprego tem estado assim a recuar de forma ininterrupta em Portugal no corrente ano, ainda que com ligeiras descidas, pois era de 15% em janeiro, 14,9% em fevereiro, 14,8% em março e 14,6% em abril.

Sobre o encontro com a CGTP, Semedo realçou a "grande convergência de pontos de vista e opiniões" entre o Bloco e a central sindical "quer na análise quer nas soluções" para melhorar a vida de trabalhadores e reformados e tirar o país da crise.

O coordenador do BE apontou ainda um estudo recente que aponta para que a crise tenha tirado 3,6 mil milhões aos rendimentos do trabalho e entregue 2,6 mil milhões ao capital, "ficando assim provado o quão desigual têm sido os sacrifícios impostos aos portugueses".

Lusa, Notícias ao Minuto

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Portugal: QUANDO PEDRO ANULOU PAULO



Eduardo Oliveira Silva – jornal i, editorial

A crise de há um ano foi péssima, mas Passos superou-a e o governo deve cumprir o mandato até ao fim

Um ano depois da sua demissão irrevogável, Paulo Portas está no governo como vice-primeiro-ministro, mas sem que o CDS tenha ganho mais peso nas decisões, como se tem visto pela evolução dos impostos, por exemplo.

A crise da irrevogável saída de Portas teve basicamente efeitos no reforço da sua posição pessoal e institucional. Permitiu também introduzir no governo um homem ligado às empresas, Pires de Lima, que agrada a investidores e empresários, embora não tenha ainda tido um caso de grande sucesso. Seja como for, Pires de Lima gere bem a sua área, tem peso político e pode ver-se nele um candidato à sucessão de Paulo Portas se este decidir não permanecer à frente do CDS em função dos resultados das legislativas de 2015, às quais evidentemente Portas se apresentará como líder do partido. É nesse sentido que se deve analisar o protagonismo do ministro da Economia dos últimos dias. Para já, o delfim é ele.

Quanto ao governo, nada de novo, a não ser a confirmação de que não há reforma do Estado mas mais do mesmo, nomeadamente cortes nas reformas, nas pensões e nos apoios e prestações sociais. Apenas uma coisa mudou um ano depois da crise que custou milhões a Portugal, aumentando significativamente os juros durante semanas até que a conjuntura europeia alterou o ciclo num sentido positivo para todos os países da Europa. Trata-se da expectativa de duração do executivo. É agora consensual que o governo irá até ao fim sem se desfazer. Estamos, todavia, na fase das manobras entre partidos da coligação, com o CDS a fazer valer a sua posição de charneira para não se comprometer em excesso com alianças futuras.

A estabilidade conseguida há um ano tem muito a ver com a resiliência política de Passos Coelho, que logo afirmou que não se demitia e não desistia do seu mandato. Onde muitos falhariam, Passos soube usar de uma firmeza que serviu de exemplo à cúpula do CDS, que também pressionou Portas para ficar. Este percebeu mesmo que corria o risco de o partido ficar no governo sem ele, embora objectivamente hoje o CDS até tenha menos peso na coligação.

Por essa altura, a crise foi tão grave que até o Presidente estava disposto a convocar eleições antecipadas (as quais hoje já teriam ocorrido) se houvesse um quadro de entendimento futuro dos partidos do arco da governabilidade. Agora essa hipótese está arredada e quando muito poder-se-á retocar o calendário antecipando as legislativas para não termos três eleições sucessivas, embora seja duvidoso que Passos aceite o cenário.

Se Seguro tivesse aceitado a disponibilidade de Cavaco, hoje chefiaria um governo, mesmo que de coligação. Se tivesse avançado, não estaria agora a braços com uma guerra interna no PS, apesar de ter vencido duas eleições. Como há dias ironizava Alberto João Jardim, assistimos à curiosidade de o partido vencedor estar a discutir a liderança e isso não acontecer no partido perdedor. Também na política se pode aplicar aquela máxima dos jogadores e treinadores de futebol quando perdem um jogo depois de o dominar: o futebol é mesmo assim.

A política também.

Portugal: António Campos acusa Seguro de “trair o passado do PS”



Luís Claro – jornal i

António Campos foi um dos 25 fundadores que subscreveu uma declaração de apoio a Costa e acusa Seguro de "querer apagar a história do PS"

Nos tempos de Mário Soares, António Campos foi o principal responsável pela organização do PS. A crise no partido motivou-o para deixar a posição recatada que já tinha assumido e voltar a ter uma intervenção activa na vida do PS.

Conhece há muitos anos o PS e os seus militantes. Esta disputa interna provocada por António Costa era desejada pela maioria dos militantes?

Na história do PS nunca houve um levantamento das bases com a dimensão do actual, o que demonstra a grande insatisfação existente.

O que é que faltou a António José Seguro para unir o partido e para não estar hoje a ser contestado internamente?

Faltou-lhe capacidade de liderança e procurou apagar a história do partido. Na política não é líder quem quer, é preciso ter capacidade e força para o ser.

No Facebook escreveu que na política não cabem os medrosos. O PS tem tido um líder medroso?

Quem recebe um desafio para uma boa batalha política interna e não a vê como uma prenda para se afirmar ou não é um líder ou é um medroso.

Um facto é que o PS venceu as eleições europeias e já tinha vencido as autárquicas. Isto não chega para manter o actual rumo?

São duas eleições completamente diferentes. A que conta para a análise política, porque são nacionais, são as europeias. Nessas ficou mais que provada a incapacidade do PS em aglutinar os votos perante o governo mais reaccionário da democracia. Marinho e Pinto, com um partido completamente desconhecido, alimentou-se da incapacidade do PS.

O PS vai ter eleições primárias no dia 28 de Setembro. Acha que esta demora prejudica o partido ?

É óbvio que prejudica imenso o partido. O protelar, acusar ou modificar regras não são formas de engrandecer a democracia interna.

Com o país em crise, o PS não deveria evitar radicalizar a discussão interna? Tem havido insultos e até confrontos físicos entre militantes.

A radicalização só é possível porque o mecanismo de solução foi negado aos militantes. Adiar a solução é radicalizar a situação, com custos políticos incalculáveis. É uma irresponsabilidade que degrada a política.

Uma das discussões que nunca largou o PS desde que saiu do governo é como é que deve encarar a herança de Sócrates. É sabido que existia algum distanciamento da actual direcção em relação aos governos de José Sócrates. O PS não deve fazer uma reflexão sobre o que fez no governo?

Um dos graves erros desta direcção foi querer apagar a história do PS. Sócrates foi o único líder a conseguir uma maioria absoluta e vítima da maior crise que assolou a União Europeia. Sócrates já fez história e o tempo o julgará.

Mas não é verdade que a governação do PS levou o país a pedir uma intervenção externa, como não se cansa de repetir o governo?

A actual direcção, ao não repor a verdade histórica, alinhando com a direita reaccionária e com a esquerda radical, traiu o passado. A rejeição do PEC 4 teve custos que a história julgará, o silêncio da direcção do PS tornou-o conivente com os agentes políticos que provocaram um resgate financeiro que destruiu a vida de milhões e milhões de portugueses. Recordo que na Itália e Espanha, em pior situação do que a nossa, ninguém perdeu direitos, foram apenas congelados alguns. Sócrates, após o chumbo e a demissão teve de assinar um acordo que as regras democráticas impunham. Sócrates avisou das consequências, esta direcção esqueceu-as.

O PS só conseguiu uma vez atingir a maioria absoluta e na ausência dela ou governou em minoria ou se aliou ao PSD e ao CDS. Se não conseguir a maioria absoluta deve aliar-se à direita ou à esquerda?

Com António Costa podemos repetir uma maioria absoluta.

O PS aliou-se sempre à direita. Hoje há condições diferentes para uma eventual convergência de esquerda?

A história leninista do PCP considera o PS o seu principal inimigo. O que faz contra a direita é só fumaça. O Bloco, ou muda e participa nas soluções nacionais ou morre.

E os novos partidos como o Livre e o MPT de Marinho e Pinto?

O Livre e o Partido da Terra são uma incógnita. Há uma lição que já aprendemos, governos minoritários não são solução para Portugal.

O país continua numa situação difícil e condicionado pela obrigatoriedade de cumprir algumas metas. Um governo PS não irá aplicar medidas de austeridade?

O problema é outro, ou a União muda de política ou esse grande sonho vai estiolando até morrer.

É possível, sem sair do euro e no actual contexto europeu, governar à esquerda e não cortar nos funcionários, nos pensionistas e ao mesmo tempo não aumentar os impostos?

É possível se o BCE seguir uma política idêntica à do FED. Se continuar a impor a austeridade mata a união, mas mais grave é que a violência e o extremismo tomam conta da Europa.

Quem era o socialista que gostava de ver candidatar-se a Belém?

António Guterres.

Espera uma actuação diferente do próximo Presidente daquela que tem sido a prática de Cavaco Silva?


Claro, hoje a presidência não existe. É um departamento do governo e dos menos interventivos.

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