sexta-feira, 22 de agosto de 2014

ANONYMOUS ATACAM NOVO BANCO E BANCO DE PORTUGAL




Os Anonymous voltaram a atacar. Segundo o Público, o Banco de Portugal, o recém-criado Novo Banco e o Ministério da Agricultura terão sido atacados pelo grupo.

Piratas informáticos ligados aos Anonymous divulgaram esta sexta-feira uma longa lista de contactos do Banco de Portugal e do Novo Banco, revela o Público. O site do Ministério da Agricultura também terá sido atacado.

Visitando a página de Facebook Anonymous Portugal é possível ler os objetivos do ataque: aproveitando o facto de o grupo disponibilizar cerca de 200 emails à disposição dos cidadãos, os hackers sugerem que os interessados “façam bom proveito para reclamar à vontade”, pode ler-se.

O Público adianta que contactou o Banco de Portugal, que se recusou a comentar a situação. Já o Novo Banco indicava que não tinha informação de ter ocorrido um ataque informático nem de que se tenham verificado problemas. “Está tudo a funcionar corretamente”, terá adiantado ao jornal o assessor de comunicação da instituição, Paulo Tomé. Não se sabe também se foram abertos inquéritos relativamente a estes alegados ataques informáticos.

Numa altura em que o Novo Banco aposta na sua nova imagem, tentando afastar-se da crise que afetou o BES e o Grupo Espírito Santo, os Anonymous designam este ataque, como ‘operação novo sangue’.

Conta ainda o Público que também o Ministério da Agricultura terá sido atacado, com cerca de 2700 dados relativos a endereços de correio eletrónico, senhas de acesso, números de telemóvel e ainda dados de funcionários terão sido retirados pelos piratas do sistema informático do ministério.

Notícias ao Minuto

Timor-Leste: Primeiro-ministro ainda não falou com PR sobre remodelação do governo



22 de Agosto de 2014, 16:01

O primeiro ministro (PM) Xanana Gusmão ainda não se encontrou com o presidente da república para discutir sobre a questão da remodelação do V governo constitucional, segundo o jornal Suara Timor Lorosa’e.

O secretário geral do partido Fretilin, Mari Alkatiri, referiu que o número de membros do V Governo Constitucional é maior que a instituição das Falintil-Força Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) por isso deve haver uma remodelação, reestruturação e reajustamento para que se possa desenvolver o país.

O mesmo sublinha que o seu partido continuará a apreciar as coisas boas que o governo tem feito, mas não deixará de fazer críticas ao que não acharem bem.

O ex-presidente da república de Timor-Leste e prémio nobel da paz, José Ramos Horta, já disse numa entrevista ao STL que o PM Xanana Gusmão tem stressado e até mesmo adoecido devido a algumas atitudes, ou a falta delas, dos membros do Governo que são preguiçosos e não sabem trabalhar, nem seguir as indicações feitas pelo primeiro ministro.

De relembrar que durante a conferência nacional extraordinária, realizada pelo partido Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), no centro convenção de Díli, o próprio primeiro ministro aceitou o pedido do seu partido de se manter no seu mandato até 2017, preparando a nova geração, remodelando desta forma o atual governo.

SAPO TL com STL 

GOVERNO TIMORENSE APROVA LISTA DE NOMES PARA NOVAS CHEFIAS MILITARES




Díli, 22 ago (Lusa) - O governo de Timor-Leste anunciou hoje a aprovação de uma lista de nomes para as novas chefias militares das forças armadas, segundo um comunicado de imprensa.

A decisão foi tomada no Conselho de Ministros de terça-feira, precisa o comunicado.

"O Conselho de Ministros decidiu sobre a lista de militares a propor ao Presidente da República para os cargos de chefe de Estado-Maior e comandantes das componentes", lê-se no comunicado, que não identifica os nomes.

Segundo o governo, a decisão surge na sequência da entrada em vigor do Estatuto dos Militares das Forças de Defesa, em março passado.

"Segundo o Estatuto dos Militares das F-FDTL o exercício dos cargos de Chefe de Estado-Maior General das F-FDTL, de vice-Chefe de Estado-Maior General das F-FDTL, Chefe de Estado-Maior das F-FDTL e Comandantes das Componentes, passaram a ter uma duração temporal limitada", refere o comunicado.

No caso dos oficiais generais, o desempenho do cargo tem a duração de quatro anos.

Em outubro de 2011, o antigo Presidente timorense José Ramos-Horta empossou o brigadeiro-general Lere Anan Timur como Chefe de Estado-Maior General das Forças de Defesa timorense, após o pedido de demissão do atual chefe de Estado do país, Taur Matan Ruak.

Na mesma cerimónia, foram empossados como vice-chefe do Estado Maior-General das Forças de Defesa, o brigadeiro-general Filomeno Paixão, e chefe de Estado-Maior das Forças de Defesa, o coronel Falur Rate Laek.

MSE // EL - Lusa

ONU AJUDA TIMOR-LESTE A GARANTIR QUALIDADE DOS PRODUTOS ALIMENTARES




Díli, 22 ago (Lusa) - O Ministério do Comércio, Indústria e Meio Ambiente de Timor-Leste e a ONU assinaram hoje um acordo para apoiar a diversificação da economia e garantir a qualidade dos produtos alimentares, produzidos no país.

"A necessidade de desenvolver uma política industrial pró-ativa, ambientalmente correta, de acordo com a globalização, e garantir a defesa do consumidor é um elemento essencial para o crescimento económico do país", afirmou António da Conceição, ministro do Comércio, Indústria e Meio Ambiente timorense.

O acordo prevê que o Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) ajude o governo de Timor-Leste a melhorar a segurança e a qualidade dos produtos alimentares disponíveis no mercado interno e da qualidade dos produtos timorenses destinados à exportação.

Enquanto o governo trabalha para estabelecer a infraestrutura necessária para testar todos os produtos alimentares, o PNUD vai prestar serviços de assessoria política no ministério para estabelecer um sistema nacional de garantia de qualidade alimentar que vai proteger os consumidores locais e estabelecer normas.

"Este acordo sinaliza a determinação do governo para desenvolver um ambiente político favorável para apoiar as empresas a alcançar a diversificação económica e, em última instância, a prosperidade do povo timorense", salientou Knut Ostby, coordenador residente da ONU e representante do PNUD em Timor-Leste.

O acordo prevê também a partilha de custos, competindo ao governo timorense participar com 140 mil dólares (cerca de 105 mil euros).

O Ministério do Comércio, Indústria e Meio Ambiente de Timor-Leste e o PNUD iniciaram em 2012 uma colaboração para dinamizar e mobilizar o setor privado timorense.

No âmbito daquela parceria, e com o apoio da Coreia do Sul, iniciaram também um projeto para desenvolvimento da indústria do sal no país, que apenas garante 30 por cento das necessidades nacionais.

MSE // SB - Lusa

Presidente de Timor-Leste apela aos jovens para estudarem e trabalharem com rigor




Díli, 22 ago (Lusa) - O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, apelou hoje aos jovens timorenses para estudarem e trabalharem com rigor para ajudarem a contribuir para o desenvolvimento da economia do país.

"O Presidente da República apela a todos os jovens para estudarem o mais que puderem", afirmou Taur Matan Ruak, num discurso de abertura do encontro Jovens para Cristo, organizado pela igreja timorense, no âmbito dos 500 anos de chegada do cristianismo ao país, que se assinala em 2015.

"Aproveitem o conhecimento para melhorar as vossas vidas, para melhorar a economia familiar, para ajudarem a educar melhor os irmãos mais novos, para ajudarem os vossos pais a melhorarem a saúde da família e a qualidade do ambiente nas aldeias", pediu o Presidente timorense.

Taur Matan Ruak afirmou também que a economia precisa de cidadãos com conhecimento e rigor no trabalho.

"Estudar e trabalhar com rigor serve dois interesses ao mesmo tempo, serve o vosso interesse individual e serve o interesse do país e o desenvolvimento da economia nacional", sublinhou o chefe de Estado.

No encontro, Taur Matan Ruak pediu ainda aos jovens para levarem os seus apelos aos restantes jovens do país.

MSE // JMR - Lusa

População de Macau quer "mais fiscalização", diz presidente da Assembleia Legislativa




Macau, China, 22 ago (Lusa) -- Melhorias no papel de fiscalizador da Assembleia Legislativa de Macau (AL) foram hoje defendidas pelo presidente do órgão, Ho Iat Seng, ao sublinhar que esta é uma exigência cada vez maior da população.

"A população está a exigir mais fiscalização, e a Assembleia Legislativa também tem de enfrentar a população. Esperamos colaborar com o Governo", afirmou.

Ao observar o "maior dinamismo" das comissões permanentes e de acompanhamento, Ho Iat Seng disse que sempre que são detetados problemas ao nível jurídico devem ser apresentadas sugestões ao Governo, e que esses mesmos relatórios e pareceres sobre o processo legislativo devem ser considerados individualmente pelo Executivo.

"O meu desejo é que sejam apresentadas melhorias ao Governo e que este dê a devida atenção ao conteúdo dos relatórios feitos, senão o trabalho de fiscalização não passa de um trabalho artificial", disse.

Para Ho Iat Seng, "a produção de leis pelos próprios serviços competentes é viável, porque só os próprios serviços compreendem as suas necessidades, mas falta um mecanismo de coordenação legislativa".

O presidente da AL considerou ainda que na passada sessão legislativa "verificou-se um certo desperdício de tempo", e disse esperar "que o Governo possa corrigir essa questão", ao referir que há leis já poderiam ter sido aprovadas na especialidade, mas que não o foram porque o Executivo não entregou as versões finais das propostas atempadamente.

Por outro lado, reconheceu que a AL "retirou ensinamentos" com a polémica proposta de lei intitulada "Regime de garantia dos titulares do cargo de chefe do Executivo e dos principais cargos a aguardar posse, em efetividade e após cessações de funções".

"Quando estão em causa grandes interesses, a AL tem de ter prudência sobre o 'feedback' e a reação da população", afirmou a propósito da proposta de lei aprovada na generalidade em dezembro, e retirada por iniciativa do governo, a 29 de maio, na sequência do maior protesto da população em Macau desde a transição da administração portuguesa, em 1999.

Na sessão legislativa 2013/2014 foram apenas submetidos seis projetos de lei, todos apresentados pelo deputado José Pereira Coutinho, a título individual, ou com o colega de bancada, Leong Veng Chai, e todos chumbados.

Questionado sobre a iniciativa dos deputados, Ho Iat Seng reconheceu que o número de projetos de lei apresentados "não é suficiente", mas que compete aos parlamentares avaliarem as suas iniciativas legislativas e procurarem debater os temas e recolher o apoio dos seus pares.

Acrescentou que "a AL tem as suas limitações, mas que "não pode recusar ou escolher as propostas de lei submetidas pelo Governo à AL. "Quanto o Governo entende que é preciso legislar, de acordo com a Lei Básica (mini-constituição do território) temos de aceitar. Mas vamos, passo a passo, recuperar e conquistar a confiança da população", concluiu.

Durante o primeiro ano da V legislatura, que terminou a 15 de agosto, foram admitidas 16 propostas de lei, das quais nove foram aprovadas, uma foi retirada por iniciativa governamental, e seis transitam para a próxima sessão legislativa.

Entre as propostas de lei que transitam, estão o Regime jurídico do tratamento de litígios decorrentes do erro médico, o Salário mínimo para os trabalhadores de limpeza e de segurança na área de administração de propriedades, e o Regime de prevenção e repressão dos atos de corrupção no comércio externo.

FV // EL - Lusa

Chinês condenado à morte declarado inocente e libertado após reexame do caso




Pequim, 22 ago (Lusa) - Um chinês, condenado à morte há seis anos por duplo homicídio, foi hoje declarado inocente por um tribunal que reexaminou o caso, uma decisão muito rara na China, anunciou o tribunal.

"Nenhuma das provas apresentadas neste caso pode ser verificada de forma adequada", explicou o tribunal de Fujian (leste), que ordenou a libertação de Nian Bin, atualmente com 38 anos.

Nian Bin, proprietário de uma barraca de rua, de venda de alimentos, foi acusado de ter envenenado duas crianças da vizinhança, que morreram de uma intoxicação com veneno de ratos. Em 2008, foi condenado à pena capital e aguardava a execução na prisão.

Os advogados interpuseram vários recursos, sempre rejeitados, em que alegaram a ausência de provas e afirmaram que a polícia torturou Nian Bin para conseguir uma confissão.

Este tipo de decisão é extremamente rara na China, onde a justiça continua a ser controlada pelo Partido Comunista. Mais de 99,9% dos suspeitos, apresentados no ano passado aos tribunais, foram dados como culpados, de acordo com estatísticas oficiais.

A organização não-governamental (ONG) Amnistia Internacional saudou a libertação de Nian Bin, que considerou tratar-se de "uma nova advertência, bem como a necessidade de pôr fim a todas as execuções e abolir a pena de morte no país".

Os 'media' chineses noticiam casos de condenados reconhecidos inocentes depois da execução, muitas vezes porque a vítima, alegadamente assassinada, foi encontrada viva.
Uma reforma da legislação, introduzida em 2007, exige que o Supremo Tribunal chinês confirme todas as sentenças de pena de morte.

O número de execuções praticadas na China, por ano, é secreto, mas algumas estimativas independentes indicam que perto de três mil condenados foram executados em 2012, ou seja, mais do que em todos os outros países do mundo em conjunto.

EJ // SB - Lusa

Moçambique: MEDIDAS PARA TRAVAR O TERRORISMO




O Conselho de Ministros aprovou ontem, na sua 22.ª Sessão Ordinária, um regulamento que penaliza indivíduos ou entidades que financiam actividades terroristas no nosso país.

Este regulamento foi incorporado na Lei de Branqueamento de Capitais número 7/2002, de 5 de Fevereiro, tendo o mesmo regime jurídico sido revisto e aprovado no ano passado pela Lei número 14/2013, de 12 de Agosto.

Segundo Alberto Nkutumula, Vice-Ministro da Justiça e porta-voz do Governo, a primeira lei de branqueamento de capitais estabelece medidas de prevenção e repressão de branqueamento de capitais e do crime organizado, no geral. Entretanto, com a revisão da lei passou a constar no regime jurídico de branqueamento de capitais a questão de penalização do financiamento ao terrorismo.

“Com a aprovação da nova lei, o decreto da lei anterior tornou-se desajustado, porque não regula esta matéria da prevenção e combate ao financiamento do terrorismo, daí que houve a necessidade de alterar o decreto que aprova o regulamento da Lei n.º 7/2002, tendo sido aprovado o regulamento da Lei n.º 14/2013, que é o novo regime jurídico da Lei de Branqueamento de Capitais” – explicou Nkutumula.

Segundo ele, as grandes mudanças do novo decreto estão relacionadas com a questão dos depósitos, onde deve constar a identificação dos depositantes. Numa situação, por exemplo, em que haja alguém que queira depositar um certo valor que está acima do que é aquilo que é permitido em condições normais (500 mil meticais), a pessoa deve justificar a proveniência do dinheiro. 

“Por exemplo, no caso de alguém que vende uma casa a um preço de dois milhões de meticais para depositar este valor tem que comprovar que, de facto, aquele dinheiro provém da venda da sua casa e, por outro lado, é preciso que haja comprovativo que aquele valor usado para comprar a casa tem uma proveniência lícita. É preciso, também, que haja identificação da pessoa que vai depositar o valor. Se for uma empresa, igualmente, devem se identificar as pessoas que respondem por ela e, em certos casos, deve-se apresentar a identidade dos próprios sócios da firma, sobretudo quando estes tenham uma participação igual ou superior a 20 por cento do capital social” – explicou o Alberto Nkutumula.

Acrescentou dizendo que há um conjunto de operações financeiras que são consideradas suspeitas, razão pela qual os bancos devem comunicar aos seus funcionários sobre este tipo de operações para que quando elas ocorram se desencadeie um processo de investigação a fim de aferir se de facto aquela operação é lícita ou não.

“Assim, está estabelecido um prazo de três meses para os bancos ou outras instituições financeiras, bem como as outras entidades abrangidas por esta norma, se adequarem do ponto de vista orgânico e funcional, de modo a que, efectivamente, se cumpra com aquilo que são as regras estabelecidas para a prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo” – apontou.

Ainda ontem o Conselho de Ministros aprovou o decreto que aprova o regulamento de trabalho desportivo, resolução que ratifica o protocolo sobre o comércio de serviços das Comunidades para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) assinado em Maputo em Agosto de 2012.

Foi ainda aprovado o programa-quadro nacional da cooperação técnica entre a República de Moçambique e Agência Internacional de Energia Atómica. O mesmo estabelece as prioridades que irão nortear a cooperação técnica com a Agência Internacional de Energia Atómica, permitindo ao país a maximização dos benefícios associados ao conhecimento e experiência da Agência das Nações Unidas no domínio nuclear.

Jornal Notícias (mz)

Moçambique - Resposta à exigência da RENAMO: PR MANDA ASSINAR FIM DAS HOSTILIDADES




O Presidente da República, Armando Guebuza, delegou competências bastantes à delegação do Governo ao diálogo com a Renamo para assinar o documento sobre o fim das hostilidades militares. A referida procuração já foi depositada na Imprensa Nacional e deverá ser hoje publicada no Boletim da República de Moçambique, vulgo BR.

O facto foi revelado na noite de ontem, em Maputo, pelo chefe da delegação governamental, José Pacheco, no final de mais uma ronda do diálogo político. A delegação da Renamo, chefiada pelo deputado Saimone Macuiana, refira-se, sempre disse que tem mandato do seu líder, Afonso Dhlakama, para rubricar o documento sobre a cessação das hostilidades militares que se verificam sobretudo na província de Sofala.

José Pacheco esclareceu que no processo do diálogo, sobretudo nas últimas rondas, a Renamo apareceu com a vontade de ter uma etapa intermédia para a declaração da cessação das hostilidades. Recordou que, ao abrigo da Constituição da República, matérias sobre a defesa e segurança são da competência do Chefe do Estado, na sua qualidade de comandante-chefe das Forças de Defesa e Segurança.

Assim, segundo o chefe da delegação governamental, o Presidente da República decidiu delegar competências à delegação do Governo para junto da Renamo declarar a cessação dos ataques.

“Chegados à sala, quando convidámos a Renamo para assinar o documento fomos surpreendidos com a situação de que eles (delegação da Renamo) não vêm munidos de poderes. Nós entendemos que é preciso dar oportunidade para que a Renamo reúna os requisitos jurídicos necessários para se poder exercer este acto de soberania”, disse, manifestando esperança de que a Renamo irá se estruturar para a concretização daquele acto.

José Pacheco garantiu que o documento da cessação das hostilidades já está consensualizado entre as partes, sublinhando que logo que a delegação da Renamo conseguir trazer em sede do diálogo a procuração do seu líder o Governo estará pronto para assinar a cessação das hostilidades.

Por seu turno, Saimone Macuiana, chefe da delegação da Renamo, considerou a ronda de ontem, a 73.ª, como não tendo sido produtiva. Acusou a delegação do Governo de ter contrariado os acordos alcançados até agora, ao não reconhecer a idoneidade da delegação da Renamo para assinar a declaração da cessação das hostilidades.

Sublinhou que a delegação do maior partido da oposição possui mandato expresso do seu líder para assinar a declaração da cessação das hostilidades. Segundo Saimone Macuiana, todo o acto do domínio público não carece de provas.

Felisberto Arnaça – Jornal Notícias (mz)

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EMBAIXADOR MOÇAMBICANO MURARGY CONDECORADO NO BRASIL




O embaixador moçambicano Murade Isaac Miguigy Murargy foi segunda-feira (11.8) condecorado no Brasil, com a Ordem de Mérito Judiciário do Trabalho 2014, numa cerimónia de homenagem a 67 personalidades realizada no Tribunal Superior do Trabalho em Brasília, a capital brasileira.

De acordo com uma nota sobre o assunto, enviada ontem à nossa Redacção pelo ministério moçambicano dos Negócios estrangeiros e Cooperação, esta é a terceira condecoração que Murargy recebe das autoridades brasileiras.

A primeira a do Grã-Cruz da Ordem ao Barão do Rio Branco da República Federativa do Brasil, enquanto a segundo foi a atribuição do Diploma de Honra do Presidente, referiu ainda a mesma nota.

Durante a cerimónia, ainda segundo a mesma fonte, o Presidente do Tribunal Superior de Trabalho do Brasil, Barros Levenhagen, destacou que “todos os homenageados representam aquilo que a Ordem do Mérito Judiciário procurou atender, premiando pessoas que investiram o seu tempo em causas maiores”.

A Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho foi instituída em 1970, e anualmente, sempre em Agosto,  organiza cerimónias de condecoração, em reconhecimento de instituições e personalidades brasileiras e estrangeiras que tenham se destacado no exercício das suas funções, e que, de algum modo, tenham contribuído para o desenvolvimento do Brasil.

Murargy foi condecorado neste âmbito, pelo seu contributo na promoção e reforço das relações de amizade, solidariedade e cooperação entre a República de Moçambique e a República do Brasil, durante o exercício do cargo de Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do nosso país em Brasília, de 2006 a 2012.

Na próxima segunda-feira, em Belo Horizonte, capital do Estado brasileiro de Minas Gerais, Isaac Murargy vai ser outorgado novamente, desta vez com o título de cidadão honorário daquele Estado pela respectiva Assembleia Estadual.

Murargy é o actual Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), desde a IX Conferência de Chefes de Estado e de Governo, realizada a 20 de Julho de 2012, em Maputo. Nascido a 10 de Maio de 1946, pai de cinco filhos, Murargy é licenciado em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa, em Portugal.

Embaixador de carreira diplomática da República de Moçambique, ele chefiou as missões diplomáticas moçambicanas em França, Alemanha, Suíça, Tunísia, Gabão, Mali, Costa do Marfim, Senegal, Irão, Palestina, Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

Jornal Notícias (mz)

SISTEMA ELEITORAL ESTÁ VICIADO EM ANGOLA – diz jurista Albano Pedro




Concertação política deve ser vista como opção à alternância prevista no actual sistema político

Coque Mukuta – Voz da América

Os resultados eleitorais em Angola são e serão fraudulentos pelo que há que buscar na concertação política o que não pode ser alcançado no sistema de alternância política, defendeu o jurista Albano Pedro em conversa com a VOA.

Albano Pedro disse que a falta de capacidade política dos partidos da oposição em controlar a máquina eleitoral montada pelo presidente do MPLA José Edurado dos Santos desde 1992 leva a que várias vozes defendam a concertação política como cenário mais ideal para garantir estabilidade no país.

Segundo o professor universitário Albano Pedro, Angola está perante três cenários.

A alternância, defendida por quase todos os partidos políticos da oposição, baseada na "hostilização" política e democrática permanente do partido no poder;  a pressão, por via da resistência e manifestações até a exaustão, causando o cansaço, o descrédito e a consequente queda do poder institucional; e a concertação que vai sendo ventilada mais recentemente, por um grupo de jovens, maioritariamente formados em direito, ciência política, economia, comunicação social, entre outras áreas do saber.

Para o também jurista Albano Pedro, a concertação política é a mais viável, sem descurar a alternância política.

“Alternância é um pecado que não nos tem dado resultados palpáveis, mas não se diz que não pode haver alternância”, explica Pedro afirmando, no entanto, que esse sistema “é a origem da intolerância política”.

O professor universitário e articulista adverte ainda não haver clima para alternância política em Angola: "Temos que criar ambiente para criar condições para alternância”, defendeu.

“A alternância está viciada e está impossibilitada porque sabemos que os processos eleitorais em Angola são viciados”, acrescentou o professor para quem “um partido pode fazer uma campanha que quiser pode ter resultados que tiver, mas sabemos que não vai ganhar ”.

Angola: Polícia detém manifestantes que pediam justiça na Lunda Norte




Um dos detidos afirmou que a polícia não sustentou a razão das prisões

Coque Mukuta – Voz da América

A Polícia Nacional deteve na manhã de hoje, 21, cinco jovens que tentavam protestar em solidariedade com as vítimas dos confrontos entre garimpeiros e autoridades policiais na Lunda Norte. Os detidos já se encontram em liberdade.

Francisco Mapanda, Rosa Conde, Laurinda Manuel Gouveia, Rid Miguel e Rolim Rebelo foram detidos na manhã de hoje por tentarem manifestar-se frente à Procuradoria-Geral da Republica.

A polícia apresentou como justificação o facto de o prédio ficar próximo da Presidência da República de Angola, Palácio da Justiça e Assembleia Nacional.

Um dos detidos, Francisco Mapanda, disse à VOA que o grupo pretendia exigir às autoridades uma investigação às denúncias do activista Rafael Marques constantes do seu livro Diamantes de Sangue e sobre os recentes confrontos entre a polícia e garimpeiros nas  Lundas.

“Decidimos fazer um protesto contra o que tem acontecido ultimamente nas Lundas e também sobre as denúncias que o activista Rafael Marques fez no seu livro “Diamantes de Sangue” há mais de dois e que estão sem resposta”, contou Mapanda.

O activista disse ainda que as autoridades não sustentaram a razão das detenções.

A VOA tentou contactar a polícia de Luanda, mas sem sucesso.

Angola – Cuango: POLÍCIA DE INTERVENÇÃO RÁPIDA MATA CIDADÃO NA LUNDA TCHOKWE




Cuango 20/08 - A Polícia de Intervenção Rápida, também conhecida com a sigla de PIR, afecta ao Comando Municipal do Cuango, Lunda-Norte, atropelou mortalmente o cidadão conhecido por “NASSI”, natural de Cabinda de 30 anos de idade pelas 17 horas do dia 20 de Agosto do corrente ano, o corpo do malogrado foi transladado para Luanda uma vez que a família reside na capital e outros em Cabinda.

O atropelamento aconteceu no centro urbano de Cuango, com a Policia a conduzir em contra mão, a colisão deu-se frontalmente quando Nassi e um outro jovem de nome Guilherme vinham rebocados numa motorizada. Guilherme encontra-se em estado grave no hospital.

Esta acção criminosa da Policia da PIR foi premeditada, não é possível policia conduzir em sentido contrário ao do trânsito na via.

Os munícipes do Cuango, estão chocados com mais uma acção violenta de uma autoridade, pensa que deve ser por ajustes de conta, devido às manifestações de garimpeiros ocorridos no final do mês de Julho do corrente ano.

Justiça seja feita, numa altura em que se espera uma resposta a plausível da Assembleia Nacional sobre a carta ao pedido do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, para a constituição de uma “Comissão Multissectorial para inquérito e investigação de assassinatos impunes dos últimos 5 anos naquele território”.


JOVENS JUDEUS VIVEM RUTURA COM SIONISMO


Elena, Shajar, Yuri, Bianca e Bruno: eles romperam com o sionismo e apoiam a causa palestina – Fotos: Mikhail Frunze/Opera Mundi

Patricia Dichtchekenian, São Paulo – Opera Mundi

Eles não apoiam o Estado de Israel. Mesmo vindo de famílias judaicas tradicionais, seus corações e mentes são solidários à causa palestina. Parentes e amigos reagem com rancor, mas este grupo de jovens rechaça as crenças sionistas

Yuri Haasz, Elena Judensnaider, Shajar Goldwaser, Bruno Huberman e Bianca Neumann Marcossi gostam dos quadrinhos pró-palestinos de Joe Sacco e têm simpatia pelo polêmico “A Invenção do Povo Judeu”, de Shlomo Sand. Aplaudem filmes como “Lemon Tree” e documentários como “Defamation” ou “The Gate Keepers”, narrativas críticas ao Estado de Israel. 

Para além de um repertório cultural pouco comum entre os judeus, os cinco chamaram atenção quando se reuniram, no dia 8 de julho, junto com outros colegas, para repudiar a ação militar de Israel na Faixa de Gaza. Diante do consulado desse país em São Paulo, ergueram cartazes de protesto que horrorizaram parte da comunidade judaica.

Estes jovens, em roda de conversa com Opera Mundi, relataram sua trajetória de contestação ao sionismo e a reação que sua atitude provoca entre familiares. Discutiram também o que é ser judeu no século 21, problematizando a proposta de dois Estados para dois povos e repensando a própria existência de um lar nacional judaico encarnado por Israel.

“Queremos deixar claro, em nossa condição judaica, que não compactuamos com a opressão ao povo palestino e o massacre de civis em Gaza”, afirma Yuri Haasz. “Israel não atua em autodefesa, mas com a intenção de ocupação territorial, para inviabilizar a criação de dois Estados.” 

“Eu queria entender a raiva dos palestinos”

Yuri é o mais velho integrante deste recém criado grupo de jovens que romperam com o sionismo.  Nasceu na cidade israelense de Haifa, em 1971. Seus pais, filhos de judeus imigrantes que escolheram viver no Brasil, tinham retornado a Israel em 1967, a bordo de um navio, porque acreditavam ter o dever de defender o país na guerra então travada contra nações árabes. Quando chegaram, o conflito já tinha acabado, após seis dias. Mas permaneceram até 1985, quando retornaram ao Brasil.

Quando estava em idade de serviço militar, Yuri repetiu o movimento dos pais. Voltou a Israel por uma temporada e decidiu se alistar na Força Aérea. Era a época da primeira Intifada, irrompida em 1987 e que se estenderia até 1993. Tinha muitos pesadelos e, aos poucos, começou a se sentir atormentado pela escolha que fizera, e decidiu retornar ao Brasil.
  
A tensão árabe-israelense, porém, se já não o animava a pegar em armas, continuava a ser de seu interesse como estudo, para entender sua lógica. “Li muito dos novos historiadores israelenses, autores da sociologia crítica e acadêmicos pós-sionistas”, relata. “Eu queria entender a raiva dos palestinos. Fui encontrar essas explicações em escritores como Avi Shlaim, Ilan Pappe, Benny Morris e Tom Segev, que descreviam a criação do Estado de Israel de forma antagônica à narrativa nacionalista convencional, mostrando a expulsão dos árabes de suas terras e o processo de limpeza étnica inerente à construção do Estado judaico.”

Yuri fez mestrado em Relações Internacionais, decidido a estudar resoluções de conflito. Foi parar em Tóquio, já casado com Sandra Caselato, uma brasileira goy (uma não-judia, em hebraico). A bolsa incluía uma pesquisa de campo para passar seis meses em Jerusalém e nos territórios palestinos ocupados na Cisjordânia.

“Foquei minha pesquisa  nos principais ativistas israelenses em ONGs de direitos humanos que lutam por justiça social e histórica para os palestinos, e são altamente críticas das políticas israelenses e como lidavam com sua educação sionista padrão”, explica. “Alguns vinham de famílias religiosas ortodoxas, outros de colônias nos territórios palestinos, e outros de famílias da esquerda sionista, e quase todos tinham experiência militar. Viram absurdos que ocorriam nos territórios palestinos, praticados pelas forças de segurança ou colonos israelenses, e se sentiam em um conflito profundo entre tudo o que sua educação os levou a acreditar, e a realidade em que se encontravam. Alguns entrevistados confessaram tentativas de suicídio em meio à profunda confusão e depressão. Uma situação dramática, na qual se perde a identidade que você sempre acreditou que deveria ter.”

“O problema de fundo é o sistema erguido pelo sionismo”

“Apesar de não ser religioso, sou muito judeu”, brinca Shajar Goldwaser, de 21 anos. Assim como Yuri, ele nasceu em Israel. Mais precisamente, em Jerusalém. Aos quatro meses, partiu para Buenos Aires e em 2001 chegou a São Paulo, sempre frequentando escolas judaicas tradicionais. “Volto para Israel ao menos uma vez por ano. Sempre falei hebraico em casa, é minha língua materna”, conta.  

O estudante de Relações Internacionais relata que um momento decisivo para sua guinada crítica foi quando participou da Marcha da Vida, em 2011. Trata-se de uma viagem de duas semanas que engloba colégios judaicos de todas as partes do mundo com o intuito de conhecer antigos campos de concentração na Polônia e destinos sagrados em Israel.

“Na volta da viagem, a professora pediu para escrevermos uma redação e ‘A hipocrisia judaica’ foi o título que dei a meu trabalho”, relata Goldwaser. “A viagem me fez questionar se o sentimento dos palestinos não seria, atualmente, o mesmo dos judeus naquela época.”

A partir de suas reflexões acerca dessa experiência, Shajar começou a repensar o papel de Israel. Militante do Dror, movimento juvenil sionista alinhado com setores mais progressistas, seus questionamentos passaram a ir além de questionar eventualmente politicas do governo israelense. “O problema de fundo é o sistema erguido pelo sionismo, cujos resultados não podem ser diferentes que a segregação e o colonialismo”, ressalta.

Saindo do armário

“Falar que deixou de ser sionista, na maioria dos ambientes judaicos, é como sair do armário: você já sabe, sempre sentiu, mas quando fala para a família, é pura tensão”, brinca a socióloga Elena Judensaider, de 22 anos.

Embora tenha frequentado o clube Hebraica na infância, Elena se desligou da instituição após a separação dos pais e se afastou da convivência com a comunidade judaica. Por muito tempo manteve-se distante de qualquer discussão sobre o tema Israel-Palestina.

“Sabia que, se fosse enfrentar esta questão, iria me incomodar com suas contradições”, relata Elena. “Um dia, porém, acordei assim, do nada, e decidi estudar esse conflito – e meu trabalho de conclusão do curso foi sobre isso. Minha opinião era clara: o Estado de Israel era a origem de tanto ódio e sofrimento do povo palestino.” Lembra-se que não demorou a sofrer retaliações, na medida em que começou a difundir suas opiniões críticas nas redes sociais.

“Uma amiga de infância colocou mensagens em hebraico, no mural do meu Facebook”, recorda. “Eram frases do tipo ‘você tem que morrer com esses terroristas’. Até uma prima me ligou chorando e berrando que eu era antissemita.”

Sua relação com a mãe, porém, passou por transformações positivas. “Nunca tínhamos conversado a respeito de Israel”, conta Elena. “Quando eu passei a estudar sobre o tema, ela via os filmes e lia os livros que eu deixava no meu quarto. Um dia, escreveu em seu blog que, pelo exemplo da filha, tinha mudado a cabeça em seis meses sobre temas que tinha acreditado por 40 anos.”

“Pra quê você foi para a Palestina?”

Ao contrário de Elena, a professora de história Bianca Neumann Marcossi, de 25 anos, teve uma formação sionista forte. Após o suicídio da mãe e do pai, a comunidade judaica foi um dos seus principais alicerces. “Aprendi na escola que tinha que salvar Israel e tinha pesadelos com palestinos”, relata.

A mudança viria ao ingressar no curso de história, na USP (Universidade de São Paulo). O ambiente crítico às atitudes tomadas pelo governo de Israel foi um verdadeiro choque. “Fiquei assustada. Ou eu estava no meio de antissemitas e precisava sair dali ou era a ignorante e precisava estudar”, conta.

Durante a formação universitária, Bianca descobriu um programa que tinha como objetivo levar pessoas estrangeiras para passar uma temporada na Cisjordânia e reportar os problemas da região para ONGs de direitos humanos. “Estar na Palestina mudou tudo. Ficou tudo muito claro. Ver as leis da ocupação, as terras roubadas. Sofri bastante”, suspira.

O problema mesmo viria depois da excursão. Bianca dava, à época, aulas de História Geral em um colégio judaico. Quando voltou da viagem aos territórios ocupados, foi informada que tinha sido demitida. A direção da escola não lhe deu satisfações sobre os motivos, mas descobriu que muitos pais pediram para ela ser afastada.  “Foi um choque muito grande quando voltei. Eu tinha tanto a dizer, mas ninguém queria ouvir minhas histórias”, conta.

“Nem vamos conversar que vai dar merda”

O espaço para discutir sobre a vivência na região também afetou o jornalista e mestre em Relações Internacionais Bruno Huberman, de 26 anos. Ele conta que em 2011 foi pela primeira vez a Israel por meio do Taglit, uma excursão de 10 dias organizada por entidades judaicas. “Foi uma imersão sionista, uma lavagem cerebral”, classifica.

Huberman aproveitou a viagem para fazer um especial sobre territórios palestinos para a revista Carta Capital. “Foi o primeiro choque. Muitos primos me xingaram”, conta. A tensão na família piorou depois do ato diante do consulado. “Fui ao aniversário de uma priminha e minha tia já veio falando: ‘nem senta aqui, nem vamos conversar que vai dar merda’.”

Como a recusa ao sionismo é encarada como uma verdadeira subversão, situações como essas com familiares e amigos fazem parte da rotina de Yuri, Shajar, Elena, Bianca e de Bruno. “Eles não querem entrar em uma discussão sobre o conflito. Se entrarmos em uma conversa mais profunda, nem sei aonde isso vai chegar”, rebate Bruno.

Voz dissidente

Aos poucos estes cinco jovens judeus, ao lado de mais duas ou três dezenas de outros colegas com trajetórias similares, foram se agrupando para estudar coletivamente o tema e organizar sua participação no debate dentro da comunidade.

O primeiro espaço no qual se aglutinaram foi no Forum 18, surpreendentemente incentivado pela B’nai B’rith, a mais antiga organização sionista e dedicada a temas de direitos humanos. Disposta a enfrentar o debate sobre um conflito que permeia a juventude judaica no Brasil, a entidade resolveu abrir uma série de seminários que abrigassem as distintas narrativas sobre Israel e a questão palestina. Incluindo os pontos de vista não-sionistas.

“Aqueles que haviam rompido com o sionismo foram criando uma nova identidade, dissidente da posição majoritária na comunidade”, explica Yuri Haasz. “Não nos definimos por uma solução específica para o problema, ainda que sejamos favoráveis à autodeterminação palestina. A verdade, porém, é que não acreditamos no comprometimento de Israel com essa solução. Dentre as várias correntes que existiram no início do movimento Sionista, a que se consolidou e deu forma ao Estado foi a corrente que promove a exclusividade judaica, o expansionismo e a colonização, e é contrária à existência de um Estado palestino. Muita gente se assusta, mas essa situação nos faz entender claramente a resistência do povo palestino.”

O grupo não tem nome, mas se identifica com grupos como o Jewish Voice for Peace, que nos EUA já conta com milhares de apoiadores da comunidade judaica. Vários de seus integrantes trabalham em programas de educação focados em direitos humanos, como a FFIPP (antiga Faculty for Israeli-Palestinian Peace, renomeada como Educational Network for Human Rights in Palestine/Israel). A associação organiza anualmente estágios  com ONGs de direitos humanos nos Territórios Palestinos Ocupados e em Israel, para quem quiser conhecer de perto a realidade do conflito, a partir de um roteiro que se desafia a narrativa oficial Israelense.

“Nós trabalhamos e nos organizamos para denunciar os crimes cometidos pelo Estado de Israel”, afirma Haasz. “Queremos que mais judeus possam enxergar o que se passa e romper com os dogmas de sua formação, abrindo-se para a solidariedade anticolonial com o povo palestino.”, e na busca por soluções na região que atendam à dignidade de todos, tanto judeus quanto palestinos”.

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A LUTA DOS EUA CONTRA UM MONSTRO QUE ELES PRÓPRIOS CRIARAM




Caos atual no Iraque mostra que os EUA têm de lutar novamente contra um monstro (ISIS) que eles próprios criaram e armaram

Alex Kane, Alternet. Tradução: Vinicius Gomes, Fórum – Pragmatismo Político

Os ataques aéreos dos EUA no Iraque estão atingindo os combatentes do Estado Islâmico do Iraque e da Síria (Isis, sigla em inglês), que estão usando de armamento feito nos EUA. Esse simples fato mostra uma dura realidade na história da política externa dos EUA em um país destruído por bombas norte-americanas e, então, uma guerra civil.

Durante a última semana, o Pentágono lançou declarações triunfantes sobre o esforço militar dos EUA contra o Isis. Mas o que não é mencionado por eles é que aqueles iraquianos andando em veículos armados portando armas e artilharias provavelmente foram abastecidos por contribuintes norte-americanos. As armas que o Isis possui são outra amostra do fracasso que foi a invasão dos EUA em 2003. Isso é similar ao que aconteceu na intervenção norte-americana na Líbia, em 2011, que derrubou o ditador Muammar Qadafi, mas também desestabilizou o país – resultando então em um fornecimento de armas para os militantes do Mali, mais ao sul, que por sua vez levou a uma intervenção da França e dos EUA no país africano em 2013.

Ao passo que o Isis, junto de sunitas insatisfeitos e cansados da discriminação e marginalização que sofrem há anos, avançaram pelo Iraque e capturaram armas fabricadas nos EUA. Iniciada em junho, o Isis capturou grandes porções de território no norte do Iraque. O exército iraquiano, treinado pelos EUA, entrou em colapso frente aos avanços do Isis. Em uma combinação de fraco treinamento, equipamentos quebrados e moral baixa, eles deixaram para trás armas, munições e equipamento que foram produzidos e pagos pelos EUA, que usou de 25 bilhões de dólares para treinar e armar o exército do Iraque desde 2003.

Então, agora o Isis possui centenas de veículos armados, caminhonetes, tanques, humvees, assim como munições e armas, que eles utilizam enquanto continuam a marchar pelo país para ajudar a sua luta em outro país: a Síria, onde o Isis está lutando contra o governo de Bashar al-Assad – ironicamente, também inimigo dos EUA.

Histórico

A história de como as armas dos EUA acabaram nas mãos daqueles que muitos descrevem como o mais temido movimento islâmico no mundo data de 2003. Esse foi o ano em que a administração Bush, baseada em informações maquiadas, mentiu para o seu povo a fim de justificar um ataque militar contra o Iraque e sua subseqüente ocupação. Os EUA debandaram grande parte dos militares iraquianos, compostos em sua grande maioria por muçulmanos sunitas. Isso fez com que aumentasse a insurgência anti-ocupação no país, mas então buscou reagrupar tal exército sem a influência daqueles que trabalharam com Saddam Hussein.

Em 2006, o homem comandando o show de reformar as forças armadas do Iraque era Nouri al-Maliki, o atual primeiro-ministro e muçulmano xiita. Escolhido a dedo pelos EUA, a ascensão de Maliki ao poder foi um símbolo de como a estrutura de poder do Iraque foi revirada do avesso. Sob o comando de Saddam Hussein, a minoria sunita tinha muito mais poder, apesar de o partido de Hussein, o Baath, incluir xiitas. Mas a invasão norte-americana entregou todo o poder aos xiitas, resultando em um grave sectarismo entre as duas alas islâmicas. Além disso, Maliki não fez esforço algum para criar uma estrutura governamental mais inclusiva.

O governo de Maliki alienou os muçulmanos sunitas, que organizaram maciços protestos contra ele, que foram recebidos sob intensa violência, matando centenas de civis. Ele ordenou, inclusive, a prisão de seu vice-presidente sunita, em 2011. As forças de segurança prenderam milhares de homens sunitas sem qualquer acusação, classificando-os como terroristas. Muitos foram torturados. Maliki também realizou um expurgo de sunitas dentro da máquina burocrática. E os EUA ajudaram Maliki em sua busca para marginalizá-los, financiando seu governo e fornecendo armas a suas forças de segurança.

Em 15 de agosto, sob intensa pressão dos EUA e do Irã – país que passou a ter grande influência no país, Maliki saiu de cena. O novo primeiro-ministro, Haidar al-Abadi, vem do Partido Dawa, o mesmo de Maliki. A esperança é que al-Abadi governará de modo mais inclusivo, apesar de tal decisão já receber críticas.

Os EUA estão agora aumentando seus bombardeios aéreos e armando as milícias curdas, no norte do país, em uma tentativa de derrotar um monstro que eles mesmos criaram e que, paradoxalmente, está sendo financiado por aliados norte-americanos, como a Arábia Saudita e o Kuwait.

Mas se a história da política dos EUA para com o Iraque mostra alguma coisa, é que bombardeios não serão suficientes para resolver a crise no país.

Na foto: Financiado pelos EUA, Estado Islâmico cresceu e se tornou problema para os próprios norte-americanos (Imagem:Pragmatismo Político)


Brasil – Mato Grosso: Conflitos agrários causam três mortes em menos de uma semana




Três assassinatos de lideranças do campo em menos de uma semana alertam para o risco que os trabalhadores rurais estão correndo no Mato Grosso. O presidente da Associação de Produtores Rurais Nova União (ASPRONUJ), Josias Paulino de Castro, 54 anos, e sua esposa, Ireni da Silva Castro, 35 anos, foram as duas últimas vítimas do conflito de terras na região.

O casal foi assassinado no sábado (16) no Distrito de Guariba,  município de Colniza. De acordo com amigos, Castro já havia denunciado que corria risco de vida e uma semana antes do crime declarou que teria de ser assassinado para que acreditassem nele e tomassem providências.

De acordo com informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Josias Paulino de Castro, teria denunciado políticos da região por extração ilegal de madeira e também teria alertado para a presença de pistoleiros na região. Em uma última reunião da qual participou, Castro alertou os companheiros da situação.

Numa declaração datada do dia cinco de agosto,  Castro afirmou que os militantes estavam morrendo e sendo ameaçados e que o Governo do Mato Grosso, a Polícia Militar (PM) de Guariba e o Governo Federal eram omissos e coniventes com essa situação.

Segundo a Polícia Civil, o casal foi baleado com uma arma 9 milímetros . O delegado Marco Bortolotto Remuzzi, da Polícia Civil Judiciária, abriu inquérito e investiga o caso de duplo homicídio. Ainda não há pistas sobre os responsáveis pelo crime.



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