quinta-feira, 18 de setembro de 2014

O CALIFADO (1)




Rui Peralta, Luanda

I - Após a morte do Profeta, em 632, iniciou-se o processo da sucessão do líder e das linhas programáticas do movimento e da direcção político-religiosa da comunidade dos crentes (umma). Optou a comunidade pela solução do lugar-tenente, o califa, decisão que não foi pacífica. Os problemas da sucessão já se tinham feito sentir na discussão sobre o local da sepultura do Profeta. A discussão revelou três tendências, camufladas em três distintas cidades: Medina (defendida pelos velhos companheiros do Profeta), Meca (defendida pelos "assimilados", convertidos ao Islão, após a rendição da cidade ás hostes de Maomé) e Jerusalém (para que o Profeta ficasse sepultado junto aos Profetas que o precederam). Prevaleceu Medina (cidade onde Muahmmed ben Abdullah bin Hachem, vulgo Maomé, faleceu), embora Meca alegasse ser o local de origem do seu clã (Maomé pertencia ao ramo Hachemita do clã Quraychita).

Estas três tendências revelaram-se no processo da sucessão e disputaram a liderança, originando cismas e cisões, escolas teológicas e jurídicas e seitas.  Tudo correu de forma pacífica até ao terceiro califa, Otman, entre 644 a 656, ano em que foi assassinado pelos partidários de Ali, genro do Profeta (casado com Fátima, filha de Maomé e pai dos dois netos varões, logo sucessores, do Profeta, Hussein e Hassan). Ali e o seu partido (ou facção) o shiat, ou ash-shia, governaram a umma até 661, ano em que Ali foi morto, sucedendo-lhe Abi Suyfan (governador da Síria, líder do clã Omíada, tal como o terceiro califa, Otman). Com ele o califado tornou-se hereditário, embora a nomeação fosse formalizada por um conselho de notáveis. Com Ali e o seu partido, que liderava a coligação fátimida (coligação dos clãs de Bagdade, apoiada por Medina), deu-se o primeiro cisma islâmico, o Xiismo. Dos Omíadas, clã dominante (liderou uma coligação de clãs de Damasco e contava com o apoio dos "assimilados" de Meca) nasceu o bloco maioritário, o sunismo (fidelidade á tradição, á "sunna"). Afirmou-se, ainda, um terceiro partido, os "dissidentes", carijitas, uma dissensão do partido de Ali (e responsáveis pela sua morte, pois Ali foi acusado de traição pelos carijitas, sendo assassinado por um comando carijita), que denunciava a sucessão e acusava os califas de "ímpios". Esta facção era minoritária e contava com apoios em Jerusalém (a sua influencia estendeu-se pelo Afeganistão, Norte de África e África Oriental).

O xiismo (e todas as suas fragmentações) permaneceu contestatário, mesmo quando aparentava uma atitude imobilista. Algumas das suas ramificações tiveram acesso ao poder politico, como os Ismaelitas entre os séculos X a XII, dominando um vasto território que abrangia parte da Turquia, da Síria, do Iraque e do Irão, estendendo-se pelas áreas montanhosas da fronteira afegã-paquistanesa, da actual Caxemira e estendendo-se pela Ásia Central. O núcleo central xiita, por sua vez, tornou-se dominante no Irão desde inicio do século XVI, assumindo-se como religião do Estado, no período sefévida. A fragmentação politica do mundo islâmico foi contida entre os séculos XVI e finais do XVIII, pela emergência de três grandes potências: a Pérsia (de predominância xiita) a Índia do Grão-Mongol (predominantemente sincrética) e o Império Otomano (predominância sunita, mas berço de muitas escolas sofistas e sincréticas), mas o século XIX representou a hegemonia do Ocidente e o século XX inicia-se com profundas alterações politicas no mundo islâmico, que acentuaram a hegemonia politica (e económica) ocidental.

Liberalismo e socialismo foram as duas lanças que penetraram a epiderme ideológica do Islão. A modernização das sociedades islâmicas iniciou-se nesse instante, em que as pontas das lanças perfuraram a dura crosta...

II - Em termos orgânicos o fascismo no mundo islâmico remonta aos anos 20 do século passado e sempre esteve mais presente nas dinâmicas externas (sendo manipulado e utilizado tanto pelo Ocidente como pelo Oriente, nas ofensivas efectuadas contra a comunidade islâmica, sempre que tentasse sair do seu posicionamento económico periférico). A Alemanha nazi utilizou unidades islâmicas bósnias, egípcias e magrebinas. O Japão utilizou em diversas situações a extrema-direita islâmica. Na Turquia a extrema-direita (Lobos Cinzentos) movimenta-se nos meios militares e no Egipto surgem elementos fascistas associados á Irmandade Muçulmana, nos anos 30. Após a II Guerra Mundial a extrema-direita islâmica retrai-se, embora permaneça activa e organizada. Ressurge nos finais da década de 50 e na década de 60 na Turquia, Indonésia, Malásia e Paquistão. Os estados do golfo e as suas petro-monarquias foram um refúgio para muitos notáveis teólogos ou juristas da extrema-direita e acabaram por ser os centros ideológicos do movimento fascista no mundo islâmico contemporâneo (sem escamotear a importância que alguns regimes nacionalistas socializantes tiveram, após o falhanço modernizador, nas derivas ideológicas nacionalistas, que representaram um contributo teórico não tradicionalista para o pensamento fascista islâmico). No entanto foi com a guerra afegã que o fascismo islâmico adquiriu uma nova capacidade organizativa, assente em inovadoras redes logísticas e de financiamento. Com o apoio da CIA, cobertura e financiamento dos Estados do Golfo e dos USA a estrutura fascista cresce, mobilizando massas descontentes, marginalizadas.

O fascismo islâmico actual irrompe na comunidade sunita, exactamente por esta ser a maioritária. Existem fascistas islâmicos xiitas, mas as suas audiências são minoritárias e mal recebidas nos meios xiitas, bastante diversificados e pluralistas, embora nos seus meios mais conservadores seja notório um resvalar para o fascismo (observável em alguns fenómenos sociais iranianos - e bastante acentuado na revolução iraquiana - ou o Exército Mahdi, liderado por Moqtada al-Sadre, do clã Sadre, cujo tio-avô era amigo pessoal do Ayatollah Khomeini (figura que poderemos anexar ao pensamento fascista de raiz xiita) e que foi enforcado sob as ordens de Saddam Hussein. De qualquer forma estamos a referir vestígios e não uma estrutura orgânica e programática, consequência do discurso fundamentalista e conservador.

A rede fascista que tem como centro neural a Al-Qaeda -  por sua vez núcleo central da Frente Islâmica Mundial para a Guerra Santa contra os Judeus e Cruzados - aglomera grupos diversos, anteriores uns, gerados pela rede outros. Em Caxemira e nas regiões fronteiriças Índia/ Paquistão, Paquistão/ China, Paquistão/Afeganistão, actuam os Combatentes Islâmicos da Liberdade, os Lutadores do Profeta e o Exército dos Puros, três organizações formadas nos novos moldes organizativos, mas representativas de velhos interesses e aspirações (Caxemira, ou o problema das minorias islâmicas na região). No Sudoeste Asiático, é na Indonésia que actua a principal organização, o Jemaha Islamiah (JI), com células em todo o território indonésio e na Austrália. Este grupo poderoso financia e coordena o Rabitatul Mujahidin (Coligação Combatente Islâmica), que actua nas Filipinas, Malásia, Singapura e Tailândia. Um dos seus ramos expandiu-se para o Bangladesh.  A JI foi criada nos anos 90 e tem como objectivo a formação de um grande Estado pan-islâmico que englobe toda a região. Muitos dos seus militantes combateram na Chechénia e a organização recebe muitos financiamentos da Arábia Saudita e Estados do Golfo, devido ás suas fundações e associações de caridade.
 
No Iraque a rede Al-Tawhid (AT), integrante da AQ, tornou-se conhecida dos serviços ocidentais devido a degolar os reféns ocidentais. Organização criada nos meios da fragmentada resistência armada á invasão norte-americana (maioritariamente formada por facções do BAAS iraquiano e por grupos sunitas de extrema-direita) liderada por Abu Zarqawi - morto em 2006, numa operação coordenada pela CIA - e que tem no Sheik Abu-Omar, um jordano-palestiniano conhecido pelo MI5 (residiu em Londres desde 1994, até 2001) por Abu Qatada, o seu principal ideólogo. A AT e a Frente al-Nusra (FAN) síria (integrante da AQ, responsável por massacrar aldeias e torturar mulheres e crianças) formaram o Estado Islâmico (ISIL), nascida dos escombros gerados pelos conflitos nestes países e em ultima análise, originados pela intervenção ocidental nas dinâmicas internas de ambos os países. Na Palestina as células fascistas funcionam no âmbito das mesquitas, infiltradas no Hamas (embora com alguma descrição) ou assumindo estruturas fantasmas,
voláteis. O mesmo tipo de actuação surge no Líbano, embora aqui existam estruturas fascistoides na Falange Libanesa (formada na comunidade cristã maronita) e nas Milícias cristãs do sul do Líbano (formadas por Israel, para actuarem nas fronteiras entre os dois países). Na Jordânia os fascistas utilizam as mesquitas e a infiltração em partidos políticos conservadores.

No Irão não existem dados sobre actividades destes grupos, embora eles existam e actuem de forma discreta e camuflada. Não encontram eco na oposição e não surgem, abertamente, nas manifestações oposicionistas. Já na Turquia o panorama é outro. Muitos destes grupos actuam na Síria, mesmo que sejam formados por militantes turcos. A Turquia tem uma extrema-direita histórica (os Lobos Cinzentos) que participou directamente na repressão, ao lado das ditaduras militares (embora este convívio nem sempre fosse pacifico). A extrema-direita turca é formada por duas tendências, uma tradicionalista, defensora dos valores do Império Otomano e a outra que acompanhou o movimento nacionalista e modernizador de Ata Turk. Neste sentido o fascismo islâmico actual vê nos tradicionalistas um aliado natural e assume-se como sucessor desta tendência. 

Nos Estados do Golfo os fascistas islâmicos encontram-se numa situação aparente de clandestinidade. Aparente porque as petro-monarquias têm de demonstrar serviço aos seus parceiros norte-americanos, aliança necessária para a sua sobrevivência no poder. As ligações entre sectores da aristocracia e as redes fascistas são profundas, muitas vezes ao nível do clã. Por outro lado as relações entre os teólogos e juristas desta região e o movimento fascista são uma consequência da contradição entre os puristas e a governação aliada do Ocidente. O discurso fundamentalista religioso e jurídico, a rigidez dos seus preceitos e a forma como convivem com o Ocidente (através dos negócios) é uma situação potencialmente explosiva.          

No Iémen vive-se uma situação social muito mais linear, menos complexa ao nível do relacionamento com o Ocidente, mas muito mais explosiva nas ruas. Também aqui existe uma parceria com os USA no combate ao terrorismo, mas é em Sanaa, a capital, que existe o mais importante centro ideológico do fascismo islâmico: a Universidade de al-Iman, fundada em 1993 pelo Sheik Abd al-Majid al-Zindani, reitor, formado em farmacologia na década de 50 na Universidade do Cairo, onde tornou-se conhecido pela sua actividade anti-comunista. Foi professor, nos anos 80, de Bin-Laden e combateu com este no Afeganistão. Publicou 14 livros e é uma referência nos meios fundamentalistas e integristas. Procurado pelos USA e a ONU colocou-o na lista dos "terroristas globais".

É, no entanto, em África que o fascismo islâmico surge como factor político de encruzilhada, explorando as dinâmicas internas e aproveitando a situação internacional.

III - No continente africano existem diversos níveis organizativos. A táctica de infiltração em diversos movimentos e associações já produziu efeitos na estrutura magrebina do movimento, que adquiriu uma considerável estrutura autónoma (a AQM, Al-Qaeda do Magrebe). O Grupo Salafista de Predicação e Combate (GSPC), da Argélia, que em 2007, pela voz do seu líder, o emir Abdelmalek Droukdal, proclamou a adesão do grupo á AQM (o GSPC já pertencia á Frente Islâmica Mundial). Em Marrocos actua o Ansar al-Mahdi, infiltrado nas forças armadas e na policia e com apoios na classe média marroquina. A Mauritânia é palco de acções diversas da AQM e na Tunísia a AQM utiliza os grupos e associações fundamentalistas e está infiltrada nos partidos conservadores. Também as milícias que espancam sindicalistas e trabalhadores nas greves e meetings, atacam manifestações femininas e provocam distúrbios diversos. Na Líbia, que vive um processo de desintegração, os fascistas estão infiltrados nas milícias tribais, movimentando-se cada vez com maior facilidade, utilizando o arsenal financiado pela NATO, na guerra de agressão.   

O Egipto é outro "viveiro" que convive com o fascismo desde a I Guerra Mundial, não somente no interior dar tendências mais direitistas da IM, como no movimento nasserista (em consequência das linhas germanófilas desenvolvidas na luta contra a ocupação britânica). Por outro lado a "plataforma egípcia" é sensível aos movimentos desenvolvidos na Palestina (principalmente em Gaza), península arábica e Turquia. Na Somália, completamente desestruturada, o fascismo islâmico tem rédea solta, apresenta-se sob a forma de movimento de aplicação da sharia e defronta as forças etíopes e da U. A. ou utiliza a pirataria marítima para obter fundos (mesmo que tenha de competir com bandos diversos e clãs poderosos, ou partilhar recursos e lucros. São quatro os grupos mais importantes de pirataria marítima somali, com ligações á AQ e aos tribunais islâmicos: Marines Somalis, Guarda Costeira Voluntária Nacional, Combatentes de Merca - localidade a 70 km a sul de Mogadíscio - e os Combatentes de Puntland). A Somália foi palco da derrota dos USA, situação humilhante para o Ocidente que os fascistas, os integristas e senhores da guerra somalis aproveitaram a seu favor. ONG's islâmicas promoveram a entrada no país de operacionais vindos do Médio-Oriente tornando a milícia dos tribunais islâmicos uma força bem equipada. No entanto é de lembrar que as milícias dos tribunais não são uma estrutura da Al-Qaeda, mas sim uma aliada e este fenómeno é extensivo ao Sudão, Mali, Nigéria, Republica Centro-Africana e a África Oriental (excepto o Quénia e algumas regiões do Mali, onde a AQ age de forma directa, não recorrendo a camuflagem, ou a outra estrutura politica. No Quénia este fenómeno é devido a dois factores: as especificidades do islamismo no país e ao fascismo banto que sempre esteve presente - e diluído - no movimento de libertação nacional e na direita queniana. No Mali a questão tem raízes históricas mais profundas - as caravanas, o Império do Mali, as rotas comerciais intercontinentais, as rotas culturais - raízes que ao cruzarem-se com a recente agressão á Líbia - que provocou instabilidade em toda a região - a uma economia fragilizada, a politicas ineficazes e ao nacionalismo irrealista, fascistoide, das elites bantos no poder desde a independência do país, provocam desastres inevitáveis que terminam com as patrulhas da Policia Islâmica, milícia da AQ, a vergastarem as mulheres nas ruas e a eliminarem os que resistem), cujas milícias e organizações fascistas mantém contactos a vários níveis com a AQ mas com uma grande autonomia de actuação e de objectivos, devido a representarem interesses históricos, ou situações históricas adiadas pelas respectivas independências, que acabaram por degenerar em situações de grande conflitualidade.

Os países africanos que não pertencem ao mundo islâmico, ou onde a penetração islâmica foi travada pelos colonizadores (a colonização portuguesa em Angola, por exemplo, utilizou o catolicismo como ideologia da colonização, com grande sucesso, embora fosse contrariada pelo protestantismo, entrado no território através dos alemães e holandeses e utilizado pelos norte-americanos nos finais da década de 50 para penetrarem no movimento de libertação nacional, também com sucesso), são utilizados como plataformas de financiamento e lavagem de dinheiro.

(continua)

POR QUE A ESCÓCIA DEVE LIBERTAR-SE – Tariq Ali




Incorporado à Grã-Bretanha, país integra projeto imperial dos EUA e sofre desmonte do Estado de Bem-Estar social. Independente, pode viver primavera política

Tariq Ali – Outras Palavras - Tradução Vila Vudu

Há muito tempo a Escócia é nação. Agora, vamos descobrir se seus cidadãos querem que a nação torne-se Estado. Espero que queiram. A opção por ser Estado independente não só abrirá novas oportunidades para eles mesmos, mas também rachará um Estado britânico atrofiado e decadente, e reduzirá sua eficácia como vassalo dos EUA. Daí os apelos distribuídos por Obama e Hillary Clinton, para que os escoceses votem “Não”, sentimento integralmente partilhado pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, mesmo que não se atreva a admitir — por temer que, se se manifestar a favor dos EUA, empurre todos os irlandeses, em bloco, para o voto na direção oposta.

No referendo que decidirá sobre a independência da Escócia, não há discussão de princípios, só interesses imperiais. Os EUA aceleraram sempre o fracionamento do velho estado soviético, primeiro das repúblicas do Báltico, depois da Ucrânia e Ásia Central. Depois, foi a destruição da Iugoslávia. Se Letônia e Eslovênia deviam separar-se… por que a Escócia teria de manter-se unida?! Afinal, o Partido Nacional Escocês decidiu (infelizmente) permanecer como membro da OTAN…

Foi intelectualmente entusiasmante, nas duas viagens que fiz à Escócia nesse verão, assistir e participar dos debates sérios, empenhados, que aconteciam pelos auditórios, salas de aula, bares, ruas, praças, casas. Que contraste com a velha Inglaterra, onde todos os partidos e todos os jornais, jornalistas, canais de televisão e “especialistas” midiáticos são unanimemente contra a independência da Escócia. A campanha pelo “Não” é completamente desprovida de sutileza e bom senso, total e completamente baseada no medo mais amplo, geral e irrestrito. Mas são as forças do conservadorismo pessimista escocês que parecem mais rasas e paroquiais.

O Partido Nacional Escocês, e ainda mais a Campanha Independência Radical (orig.Radical Independence Campaign), veem uma Escócia separada do Reino Unido sob lentes internacionais. Têm em vista sempre o modelo norueguês e desdobramentos posteriores daquele modelo. Há alguns meses, em carta aberta ao povo da Escócia, alguns dos mais conhecidos intelectuais e autores escandinavos estimularam a criação de um novo Estado independente, lembrando aos escoceses que a Suécia separou-se da Noruega em 1905 – o que só foi conseguido depois de o país enfrentar e superar a mais obcecada campanha de medo e aterrorizamento; mas o desmembramento fez melhorar muito a política e a qualidade de vida nos dois países.

O notável crescimento do movimento pró-independência da Escócia é resultado do desmantelamento do estado de bem-estar-social, executado pela ex-primeira-ministra britânica Margareth Thatcher; e a declarada paixão que seus sucessores, Tony Blair e Gordon Brown, sempre manifestaram por tal desmantelamento. Até antes disso tudo, os escoceses ainda conseguiram aguentar a ligação com o Partido Trabalhista, apesar da corrupção e da chicaneira que sempre foi marca registrada desse partido na Escócia. Agora, isso acabou.

Quando grandes fatias da população deixam de crer que podem exercer a autodeterminação política no contexto da ordem social existente, aquelas pessoas começam a procurar coisa diferente dos partidos governantes tradicionais. Em toda a Europa (e na Inglaterra), esse movimento levou a um crescimento da direita.

Na Escócia, o que se exige é autodeterminação nacional, social e política: em termos concretos, significa uma democracia social humanista. Mesmo que o medo resulte em dominação pela maioria unionista, todos já sabem que nada será como antes. E se a Escócia independente vencer, talvez o país consiga superar o ranço da antiquada política inglesa.

Referendo: “NÃO” À INDEPENDÊNCIA DA ESCÓCIA SEGUE NA FRENTE




No dia em que decorre o referendo à independência da Escócia, a última sondagem realizada revela que o ‘não’ está na frente com uma vantagem de seis pontos percentuais.

Decorre hoje na Escócia um momento histórico. Os mais de quatro milhões de escoceses estão a deslocar-se até às urnas para decidirem se querem continuar sob a alçada do Reino Unido ou se querem ser independentes relativamente à rainha Isabel II.

A última sondagem realizada já no decorrer do dia de hoje mostra que o ‘não’ está à frente.

Mas a vantagem, escreve o The Guardian, é escassa. São apenas seis pontos percentuais que separam a Escócia da independência.

A sondagem, realizada para o jornal London Evening Standard, revela que o ‘não’ reúne 53% das preferências, enquanto o ‘sim’ fica-se pelos 47%, havendo 4% de indecisos.

As urnas abriram às 07h30 e vão encerrar às 22h00 naquele que será o sufrágio com maior adesão da história escocesa, uma vez que se espera que 80% dos eleitores se desloque às urnas.

Notícias ao Minuto

PM José Maria Neves: EXECUTIVO DE CABO VERDE COM QUATRO NOVOS MEMBROS




O primeiro-ministro de Cabo Verde anunciou hoje uma "ligeira" remodelação governamental, com destaque para o Ministério das Relações Exteriores, cujo titular, Jorge Borges, é substituído pelo até agora responsável pela Defesa, Jorge Tolentino.

A remodelação, comunicada por José Maria Neves numa conferência de imprensa, iniciada com cerca de uma hora de atraso, inclui a saída de quatro governantes e a entrada de outros tantos, além de alterações na estrutura executiva.

Além de Jorge Borges, apontado como o próximo embaixador de Cabo Verde em Bruxelas, saem Humberto Brito, da pasta do Turismo, Indústria e Energia, dado como o próximo governador do Banco de Cabo Verde, e Adalberto Vieira, secretário de Estado dos Recursos Marinhos.

A quarta baixa já acontecera em março, na sequência da ida de José Luís Rocha para Washington, como embaixador de Cabo Verde nos Estados Unidos.

Na nova estrutura do Executivo, Rui Semedo é o novo titular da pasta da Defesa, a que juntará a tutela dos Assuntos Parlamentares.

Leonesa Fortes, até agora presidente do Instituto Nacional da Previdência Social, assume a nova pasta do Turismo, Investimentos e Desenvolvimento Empresarial, que juntará também Comércio, Indústria e Energia, ministério que, nas palavras de José Maria Neves, é "tradicionalmente conhecido" por estar ligado à economia.

Démis Lobo, que será ministro da Presidência do Conselho de Ministros e da Comunicação Social, e Maria de Jesus Mascarenhas, até agora embaixadora de Cabo Verde em Bruxelas e que assume o cargo de secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros, são as outras duas caras novas do Governo.

A equipa do Ministério das Finanças, tutelada por Cristina Duarte, é reforçada com uma secretária de Estado Adjunta, Jaquelina Carvalho, função que, segundo o primeiro-ministro, visa reforçar o setor numa altura de reformas económicas profundas e do processo de privatizações em curso.

"Trata-se de um reforço vital para Cabo Verde, com o objetivo de atrair investimento direto estrangeiro, dinamizar o setor privado, remover os constrangimentos ao investimento", afirmou José Maria Neves.

"São estas as alterações, que não consubstanciam uma verdadeira remodelação governamental, mas são ajustes importantes para que o Governo possa, nos próximos meses, cumprir com a sua missão, que é realizar plenamente o Programa de Governo", realçou.

O primeiro-ministro cabo-verdiano já deu conhecimento das alterações no governo ao Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, que deverá anunciar a data da tomada de posse dos novos governantes em breve.

O executivo de José Maria Neves, primeiro-ministro desde 2001, foi formado em 2011 e desde então teve apenas três alterações.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Opiniões divergem-se sobre os 35 anos de Eduardo dos Santos no poder em Angola




José Eduardo dos Santos assumiu a Presidência da República a 20 de Setembro de 1979

Coque Mukuta – Voz da América

O presidente angolano José Eduardo dos Santos completa este sábado, 20 de Setembro, 35 anos no poder, após a substituição de Agostinho Neto, morto por doença na antiga União Soviética. Populares e políticos falam da longevidade de Santos no poder e as opiniões são bem diferentes.

Sapalo António, antigo deputado pela bancada parlamentar do PRS, diz que Santos não tem mais nada a dar aos cidadãos angolanos. “Com toda a honestidade, José Eduardo dos Santos já não tem mais nada a dar, o que devia dar seria a democracia a liberdade e não conseguiu em 35 anos”.

Por sua vez, o deputado do MPLA João Pinto, discorda da opinião e diz que José Eduardo dos Santos é a razão de estabilidade do país: “o presidente sabe ouvir as opiniões, é uma grande autoridade, basta olhar a forma fria, os seus discursos, ele não gosta de manipular as emoções”.

 O cidadão Miguel Afonso, solicita ao presidente da República que sirva os angolanos e não a ele mesmo. “A minha opinião é que ele melhor e que vá ao encontro do que o povo quer”.

Sapalo António vai mais longe e classifica Santos como ditador e diz que a nação está a degradar.

“Eduardo dos Santos, associado ao partido que ele construiu, desenvolve uma politica de discriminação, de exclusão, nomeadamente nas eleições, instrumentaliza as forças de segurança, a policia e os meios de comunicação social do estado”, lamentou o antigo parlamentar.

João Pinto entende que José Eduardo dos Santos é um estratega para Africa e afirma que a oposição angolana é testemunha da clarividência do presidente da República. “Mesmo aqueles que são da oposição sabem disso, o presidente está a dar oportunidades a muita gente”, concluiu.

Angola: NOVO GOVERNADOR DE LUANDA QUER ACABAR COM DESORDEM




O novo governador da província de Luanda, Graciano Francisco Domingos, hoje empossado nas funções pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, preconizou hoje o objetivo de acabar com a "desordem" na capital angolana.

"Notamos que Luanda é um pouco afetada por alguma desordem e que é necessário encontrar, coletivamente, soluções entre a administração da cidade e os cidadãos", disse aos jornalistas o novo governador provincial, após assumir oficialmente as funções.

Graciano Francisco Domingos, que volta a um cargo que chegou a ocupar, interinamente, há três anos, definiu como áreas prioritárias de atuação, conforme a atual política em curso, a saúde pública, o saneamento básico e a recolha de lixo, além da mobilidade, face ao caos diário vivido no trânsito automóvel em Luanda.

O anterior governador de Luanda, Bento Francisco Bento, foi exonerado das funções na segunda-feira, através de um despacho assinado pelo chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos. O mesmo aconteceu com os vice-governadores Adriano Mendes de Carvalho, até agora responsável pela área política e social, e Judite Armando Pereira, do setor económico.

A posse do novo governador, bem como de Jovelina Alfredo António Imperial, enquanto vice-governadora provincial para a área política e social, acontece uma semana depois do anúncio, pela Casa Civil do Presidente da República, de que o Governo da Província de Luanda ia ser reestruturado face à "necessidade urgente da desconcentração administrativa" e "da adoção de um modelo de administração local diferenciado".

Segundo a mesma informação, de 12 de setembro, José Eduardo dos Santos criou, através de despacho, uma comissão de reestruturação daquele governo provincial, a qual deverá apresentar um relatório final dentro de 90 dias.

A decisão é justificada, além da desconcentração administrativa, com a "adoção de um modelo de administração local diferenciado para esta província, pelo facto de albergar a capital e se tratar da mais povoada, mais urbanizada e mais estruturada do país".

Na mesma informação da Casa Civil do Presidente, é realçado que o modelo de desenvolvimento do espaço urbano da província de Luanda "assenta em novos entes territoriais e em diferentes modelos de gestão", exigindo-se "a prestação de um serviço público mais eficiente às populações e a criação das melhores soluções para a futura administração autárquica".

Além das mexidas em Luanda, o Presidente angolano deu hoje posse a Miguel Paulino Augusto de Almeida, como novo secretário de Estado para as Minas, e a Maria Germana António, que passa a ocupar o cargo de vice-governadora da província do Moxico para a área económica.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Moçambique - Eleições: Candidato presidencial da Frelimo só aceita debates “não suspeitos”




O candidato da Frelimo às presidenciais em Moçambique, Filipe Nyusi, declarou que só aceitará debates "não suspeitos", não esclarecendo se está disponível para uma disputa televisiva a três, conforme o desejo dos seus dois adversários.

"Aquelas pessoas que acham que precisam ouvir o meu pensamento já me chamaram. Se me chamarem por outra ratoeira, cascas de bananas eu não vou entrar", declarou Filipe Nyusi, citado hoje pelo diário Media Fax, que na quarta-feira questionou o candidato presidencial do partido no poder sobre a sua disponibilidade para um debate televisivo, durante uma reunião com estudantes universitários em Maputo.

"Se me chamam à universidade para um debate, vou, não há nenhum problema", afirmou, por outro lado, Nyusi. "Alguém aqui ouviu dizer que o candidato da Frelimo não aceita debate?", questionou.

O Parlamento Juvenil de Moçambique (PJM) convidou os três candidatos presidenciais às eleições de outubro para participar num debate televisivo, e já recebeu confirmações da Renamo e do MDM, segundo o presidente da organização.

Em declarações à agência Lusa na quarta-feira, Salomão Muchanga disse que o PJM enviou, há cerca de um mês, um convite aos três candidatos presidenciais, Filipe Nyusi, da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), Afonso Dhlakama, da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) e Daviz Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), tendo estes dois últimos confirmado a sua intenção de participar no debate.

"Para nós, o debate é uma emergência democrática, para que possa existir um debate público sobre os manifestos e os projetos governativos. Os candidatos presidenciais têm responsabilidades acrescidas perante a sociedade, porque querem dirigir o Estado, e, por isso, sentimos que há a pertinência da realização de um debate", considerou Salomão Muchanga.

Em intervenções públicas durante a campanha eleitoral que arrancou a 31 de Agosto, Afonso Dhlakama e Daviz Simango demonstraram interesse em participar num debate televisivo, não havendo, até ao momento, um pronunciamento definitivo da parte de Filipe Nyusi, que tem remetido explicações sobre o tema para o seu gabinete eleitoral.

Lusa

Moçambique - Eleições: Líder do MDM cancela comício após acidente na caravana do partido




O presidente do MDM, terceira maior força política, Daviz Simango, cancelou esta quinta-feira, dia 18 de Setembro, um comício em Chimoio, centro do país, após um acidente de viação na caravana do seu partido, que provocou nove feridos, seis dos quais graves.

Uma viatura que transportava membros do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), na caravana do candidato presidencial e presidente do partido, despistou-se e capotou na tarde de quarta-feira no distrito de Manica, informou a polícia.

"Do acidente nove pessoas ficaram feridas, seis das quais com gravidade e algumas foram hoje levadas para o Hospital Central da Beira", disse á Lusa Inácio Maicolo, delegado político do MDM em Manica, adiantando que o presidente do partido cancelou o comício previsto para esta quinta-feira para acompanhar as vítimas.

Maicolo disse que a viatura fazia parte da caravana do presidente do partido, em campanha para as eleições gerais (presidenciais, legislativas e das assembleias) na província de Manica, centro, desde segunda-feira, privilegiando as zonas do interior, através de viaturas a todo-o-terreno.

Belmiro Mutadiua, porta-voz da Polícia em Manica, indicou como prováveis causas do acidente o excesso de velocidade e excesso de passageiros.

"A viatura Toyota Hilux despistou-se e capotou com várias pessoas num troço do distrito de Manica na caravana do presidente do MDM", declarou à Lusa Belmiro Mutadiua, admitindo a existência de mais vítimas.

Moçambique está em campanha eleitoral desde 31 de Agosto paraa eleições gerais marcadas para 15 de Outubro.

Lusa

Moçambique - Eleições: Candidato da Frelimo promete” nova fotografia” nas profundezas de Maputo




O candidato da Frelimo às presidenciais, Filipe Nyusi, prometeu esta quinta-feira, dia 18 de Novembro, "uma nova fotografia" para Catembe, um distrito rural e pobre apesar de se situar a apenas dez minutos de barco da cidade de Maputo.

"Esta fotografia de hoje não vai ser a de amanhã", garantiu o candidato da Frelimo durante um comício no interior do distrito de Catembe, onde nascerá uma potencial nova centralidade urbana da capital moçambicana, após a conclusão de uma ponte de cerca de três quilómetros a unir os dois lados da baía e duas novas estradas a rasgar o sul da província de Maputo.

O atraso e isolamento que Nyusi prometeu combater em Catembe podem ser medidos nas promessas que hoje dirigiu a algumas centenas de apoiantes em Chamissava, na forma de alargamento da distribuição da energia elétrica, iluminação pública para combater a criminalidade e um banco, o compromisso mais aplaudido por uma população que diariamente é ofuscada pelos ?neons' das grandes instituições bancárias no lado norte da baía.

"A grande diferença da Frelimo com não sei quem é que a Frelimo pensa no amanhã e já sabe o que vai fazer em Catembe", afirmou Nyusi.

No segundo dia da sua campanha em Maputo, o candidato abandonou em festa o cais da capital moçambicana, foi escoltado por lanchas com bandeiras do seu partido até Catembe, onde foi recebido por dezenas de apoiantes em apoteose, num cenário em que praticamente todos os edifícios, casebres ou mobiliário urbano ostentam imagens de Nyusi e da Frelimo.

No trajeto em estrada de terra, acabados os cem metros alcatroados da ponte cais, para o local do comício, a paisagem torna-se marcadamente rural e desertificada e ainda assim assinalada pontualmente com cartazes da Frelimo e do seu candidato, à semelhança da campanha em enorme escala no resto do país.

O esforço da máquina de campanha da Frelimo em garantir notoriedade a um político até há poucos meses desconhecido para a maioria do eleitorado é ainda visível em camisolas, capulanas, nos cartazes colados nos troncos das mangueiras que hoje ensombraram o comício e até em garrafas de água com rótulos personalizados.

"Como é que eu me chamo?, perguntou o candidato várias vezes à assistência de Chamissava, que antes dançara ao ritmo do hino de campanha "Nyusi, eu confio em ti".

"Visionário", "sonhador", "jovem brilhante", "operário" e "cheio de criatividade", assim o descreveu Conceita Sortane, chefe da brigada central da Frelimo na cidade de Maputo, e que, além da apresentação do candidato, dedicou largos minutos a uma aula prática do ato da votação, simulada com auxílio de boletins de voto gigantes, e a indicação repetida de que a cruz deve ir para a imagem do batuque e da maçaroca, símbolos do partido.

"Filipe Nyusi sou eu", identificou-se perante o eleitorado local o candidato da Frelimo, cuja imagem também figurará no boletim de voto das presidenciais.

Ladeado pelos candidatos da Frelimo à Assembleia da República pelo círculo de Maputo, Nyusi pediu o voto também para eles, lembrando a importância de uma maioria parlamentar.

"Para poder governar, para fazer estradas, trazer energia, água e escolas, preciso de um parlamento com uma visão igual à da Frelimo, que pensa no amanhã", declarou Filipe Nyussi. "Se não votarem na Frelimo, não sei quem vai estar [no parlamento]. Por favor, votem nestes camaradas. Perceberam o meu pedido?"

Sustentando que os projetos da Frelimo são já visíveis em todas as províncias do país, o candidato recordou por outro lado que "a luta contra a pobreza não acaba em três ou quatro ciclos políticos, é um trabalho permanente".

"Não queremos governar com palavras, nem com ódio nem com inveja, mas com o povo. É esse o estilo de governação que quero imprimir", disse ainda o candidato, que, apesar de ter feito o caminho inverso de barco para Maputo, permanecerá em milhares de cartazes e 'slogans' diversos em Catembe: "Filipe Nyussi, defensor dos ideais de Mondlane, Samora, Chissano e Guebuza".

Moçambique realiza eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais) a 15 de Outubro.

Lusa

Portugal: INVENTORES DE ENGANOS



Rafael Barbosa – Jornal de Notícias, opinião

Para nos salvarmos (...) é necessário deixar de lado o Governo, a sua cultura, a sua forma de mentir, as suas fábulas. Basta! Temos de dizer: "Já não acreditamos em vocês"; "não temos nenhuma confiança em vocês, porque sois uns ladrões, sois corruptos, sois inventores de enganos!" - Dario Fo, entrevista ao "El País", 15/9/2014

Aproximar os eleitos dos eleitores e reduzir o número de deputados. Um assunto que surge quase sempre pelo pior motivo: um político quer à força ser popular, mostrando-se disponível para meter os outros políticos na ordem. É um paradoxo e também por isso acaba esquecido na gaveta dos temas populistas. O duvidoso protagonismo nesta matéria cabe, desta vez, a António José Seguro, por estes dias em dupla campanha pelo poder - partidário e governamental - e portanto necessitado de ser duplamente popular. Comecemos pela aproximação dos eleitos aos eleitores. Propõe o líder do PS - como em tempos o líder do PSD - que se introduza o voto preferencial. Qualquer coisa como o eleitor votar não apenas numa lista partidária, mas no deputado preferido dentro dessa lista. Ambos beberam no trabalho do cientista político Manuel Meirinho (entre outros), não acrescentando nada de original.

Acontece que quando um político acrescenta argumentos a uma ideia que, em teoria, é boa, acaba por estragá-la. Pretende Seguro "garantir aos portugueses a escolha do seu deputado". Para além de não se perceber muito bem para que haveria de querer cada português o "seu deputado", sabemos que o deputado nunca seria nosso. Com ou sem voto preferencial, estão amarrados a essa bizarra instituição da disciplina partidária, a que uma parte dos deputados dos partidos do arco da governação acrescentam os fretes e favores que lhes garantem a sobrevivência (emprego) na política.

Se Seguro e outros líderes partidários querem aproximar eleitos de eleitores, então esforcem-se para quebrar o ciclo do caciquismo partidário, batalhem para tornar a liberdade de voto na regra e não na exceção, permitam a candidatura de listas de cidadãos independentes ao Parlamento, imponham limite de mandatos aos primeiros-ministros, ministros e deputados. Ou acabaremos todos, como Dario Fo, a acusá-los de inventores de enganos.

Falemos, por outro lado, da redução do número de deputados. É evidente - dadas as circunstâncias descritas acima, que pressupõem uma atuação parlamentar com espírito de manada - que não são necessários 230 deputados. Metade, até menos, seria suficiente para garantir o funcionamento do Parlamento tal qual ele se coloca agora. Mas convém ter em conta um outro aspeto. O efeito imediato deste tipo de medida é diminuir a proporcionalidade em benefício dos "grandes", ou seja, do PSD e do PS. Ou seja, CDS, PCP e BE ficariam reduzidos a grupos parlamentares inorgânicos, enquanto os novos pretendentes a romper com as bancadas do costume ficariam para sempre do lado de fora. Se o objetivo for o de manter a casta, ainda que reduzida no efetivo, não há melhor fórmula do que reduzir o Parlamento para 181 deputados.

Portugal: PM INVESTIGADO POR ILEGALIDADES. FINALMENTE. TAMBÉM TU, PASSOS?!




Ilegalidades colocam Passos 'na mira' do DCIAP

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, estará a ser investigado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) por ilegalidade devido a rendimentos auferidos entre 1995 e 1998, período em que era deputado em exclusividade, e que não foram declarados, noticia hoje a revista Sábado.

Pedro Passos Coelho estará a ser investigado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) na sequência de uma denúncia que, de acordo com a revista Sábado desta quinta-feira, terá chegado “este ano” à Procuradoria-Geral da República.

A mesma publicação afirma que o primeiro-ministro terá recebido pagamentos do grupo Tecnoforma no valor de mais de 150 mil euros entre 1995 e 1998, quando era deputado em regime de exclusividade.

Passos Coelho terá recebido pagamentos mensais no valor de cinco mil euros que não declarou às Finanças, durante esse período, e quando era deputado em exclusividade, ou seja, encontrava-se proibido de acumular outros rendimentos no Estado e associações públicas ou privadas.

À data dos alegados factos, Passos Coelho presidia o Centro Português para a Cooperação, uma organização não-governamental, que foi criada pela Tecnoforma para auferir financiamentos comunitários destinados a projetos de formação e cooperação.

A revista Sábado revela que tentou obter uma reação junto do gabinete do primeiro-ministro e da Tecnoforma mas sem sucesso.

Notícias ao Minuto

AUSTRÁLIA SOB A MIRA DO ESTADO ISLÂMICO. OPERAÇÕES EM SYDNEY E BIRSBANE




Polícia australiana avança com operações antiterrorismo

18 de Setembro de 2014, 10:20

Sydney, Austrália, 18 set (Lusa) - A polícia australiana lançou hoje uma série de operações antiterrorismo antes do amanhecer em Sydney e Brisbane que, diz, interromperam planos para "cometer atos violentos na Austrália", incluindo contra cidadãos comuns.

"A polícia acredita que este grupo, sobre o qual incidiu esta operação, tinha começado a delinear um plano para cometer vários atos violentos na Austrália", explicou o chefe da polícia Andrew Colvin.

"Esses atos violentos seriam aleatórios contra membros da população", disse.

Mais de 800 agentes policiais estiveram envolvidos nestas operações especiais, as maiores do género alguma vez conduzidas na Austrália.

As ações surgem pouco mais de uma semana depois de Camberra elevar o alerta de terrorismo para "alto" pela primeira vez na última década, gerando receios sobre o regresso de militantes da Síria e do Iraque.

Cerca de 25 mandatos de busca foram executados e 15 pessoas foram detidas. Até agora, uma pessoa foi acusada de crimes de terrorismo, indicou a polícia.

ISG // JCS - Lusa

Ação policial australiana motivada por apelo de 'jihadista'

18 de Setembro de 2014, 12:45

Sydney, Austrália, 18 set (Lusa) -- As ações policiais australianas hoje nas cidades de Sydney e Brisbane foram desencadeadas pelo apelo a "homicídios" no país feitos por um alto dirigente do Estado Islâmico, disse o primeiro-ministro Tony Abbott.

"Os apelos, muito diretos, vinham de um cidadão australiano que, aparentemente, tem um posto muito alto no Estado Islâmico e que garantia ligações de apoio na Austrália para perpetrar homicídios no país", disse o chefe do Governo de Camberra.

Tony Abbott explicou ainda que as declarações não foram apenas uma suspeita, mas algo de concreto que motivou a ação policial.

Cerca de 800 agentes efetuaram diversas rusgas nas cidades de Sydney e Brisbane que resultaram na detenção de 15 pessoas.

JCS // JCS - Lusa

*Título PG

Filho de Jackie Chan formalmente preso na China num caso de droga




Pequim, 18 set (Lusa) -- Jaycee Chan, o filho mais velho do ator Jackie Chan, foi formalmente preso sob acusação de uso de drogas quase um mês depois da polícia chinesa o ter detido por fumar marijuana em Pequim.

A Procuradoria de Dongcheng, na capital chinesa, confirmou a prisão de Jaycee Chan, também ator, acusando-o de "alojar consumidores de drogas", um delito que pode implicar uma pena de prisão até três anos, segundo a imprensa local.

Jaycee Chan, de 32 anos, foi detido a 14 de agosto com o seu amigo e ator taiwanês Ko Chen-tung, de 23 anos, por consumo de drogas num estabelecimento de massagens de pés em Pequim.

As forças de segurança apreenderam mais de 100 gramas de marijuana na residência de Chan e a operação policial desencadeada em sua casa acaba por lhe imputar acusações mais graves do que as feitas ao seu amigo.

Ko Chen-tung foi castigado com 14 dias de prisão administrativa depois de admitir ter consumido a droga.

Após a libertação, o ator taiwanês falou aos jornalistas acompanhado dos pais e do seu agente, tendo apresentado desculpas públicas pela sua conduta.

Jackie Chan, pai de Jaycee, foi nomeado "embaixador antidroga" em 2008 pelas autoridades chinesas e já apresentou desculpas pela conduta do seu filho, tendo salientado também a vontade de o ajudar a recuperar-se.

Jackie Chan é um dos atores asiáticos mais populares no mundo devido à sua participação em filmes de artes marciais.

JCS // JCS - Lusa

Macau vai presidir à Associação de Universidades de Língua Portuguesa até 2017




Macau, China, 18 set (Lusa) - A Universidade de Macau foi hoje eleita para a presidência da Associação de Universidades de Língua Portuguesa (AULP) no triénio 2014-2017, disse à agência Lusa o vice-reitor Rui Martins.

A eleição dos novos corpos sociais foi realizada por unanimidade, na sequência da apresentação de uma lista única de consenso, durante o XXIV encontro da AULP, a decorrer até sexta-feira na Região Especial Administrativa chinesa.

A Universidade de Macau, que ocupava, desde 2006, uma das vice-presidências da AULP para a Ásia-Pacífico, sucede à Universidade Lúrio (Moçambique) na liderança da organização.

A vice-presidência da AULP vai também ser ocupada pela Universidade de Coimbra (Portugal), Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil), e Universidade Mandume Ya Ndemufayo (Angola).

A secretaria-geral da AULP vai ser assumida por Cristina Sarmento, da Universidade de Lisboa. Já o Instituto Politécnico de Lisboa vai continuar a presidir ao Conselho Fiscal, onde o Instituto Politécnico de Macau vai manter a presença.

No triénio 2014-2017, a AULP vai continuar a dar prioridade à organização dos encontros anuais, tendo a associação decidido hoje que o próximo será realizado em Cabo Verde, entre 15 e 17 de julho de 2015, afirmou Rui Martins, que vai exercer a presidência da associação em representação do reitor, Wei Zhao.

O vice-reitor da Universidade de Macau explicou que a AULP vai continuar a apoiar o programa de intercâmbio da CAPES [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior] - entidade brasileira equivalente à Fundação da Ciência e Tecnologia de Portugal -, o qual abrange mais de 50 projetos e envolve mais de 600 professores e alunos do ensino superior.

"Os programas que estão a decorrer e que foram lançados no mandato anterior, de cooperação, por exemplo, do Brasil e dos países africanos [de Língua Portuguesa] e de Portugal são uma prioridade importante", sublinhou.

Outro objetivo é o reforço da relação entre os diversos países de língua portuguesa, numa altura em que se assiste a um aumento exponencial do número de universidades.

"Só em Angola e Moçambique são cerca de 100 universidades: 72 em Angola, e cerca de 30 em Moçambique. Há todo um espaço de grande apetência pelo ensino superior, e de investigação, e nós vamos contribuir o melhor que pudermos para essa contínua integração de universidades", salientou, ao apontar que a AULP vai dar "especial atenção à ligação às universidades em Timor-Leste e na Guiné-Bissau".

"Há todo um diferente nível de desenvolvimento nos diferentes países, que vamos procurar estimular", adiantou, destacando, pela positiva, a recente criação de uma universidade em São Tomé e Príncipe, onde só havia um instituto politécnico.

Rui Martins invocou ainda a maior interligação entre a AULP e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa: "A AULP é mais antiga do que a CPLP, e essa também é uma das áreas que estamos a tentar dinamizar, mas é um plano para o futuro".

Outra das matérias a estudar é a questão da uniformização dos sistemas de avaliação das universidades lusófonas. "Mas não é uma área muito fácil, porque há um sistema de avaliação em Portugal, há outro no Brasil, os países africanos estão agora a começar a desenvolver os seus sistemas. É uma das áreas que vamos analisar, mas isto não é para um ano ou dois", explicou.

A AULP vai continuar a atribuir anualmente o prémio Fernão Mendes Pinto, para a melhor tese de doutoramento no espaço de língua portuguesa, e a publicar a Revista Internacional em Língua Portuguesa (RILP), acrescentou.

Fundada em 1986, a AULP reúne cerca de 150 universidades públicas e privadas e institutos politécnicos nos países da CPLP e em Macau.

FV (DM)// APN - Lusa

Timor-Leste: COIMAS PARA OS QUE DEITAM LIXO NAS ESTRADAS




O deputado Manuel Castro da bancada da Fretilin solicitou ao Estado numa sessão  plenária, no parlamento nacional, a aprovação de uma legislação relacionada com aqueles que deitam lixo nas estradas, na aplicação de uma sanção, segundo o Suara Timor Lorosa’e.

“O nosso governo já estabeleceu um regulamento e fez um alerta através de vários meios para que as pessoas deitem o lixo nos sítios apropriados, mas ainda existem locais nas cidades, como em Audian que continuam a acumular resíduos. Isto acontece porque o nosso povo ainda não tem consciência onde deve colocar o lixo”, disse o deputado da Fretilin.

O mesmo salientou que o programa de limpeza geral organizada pelo governo já gastou muito dinheiro, mas que a comunidade continua a deitar lixo nas ruas por isso Estado deve aplicar uma sanção.

António Ximenes deputado da bancada da CNRT disse que o problema sobre o lixo na cidade ainda não foi resolvido, no entanto as campanhas de limpeza continuam a ser feitas.

As próprias lojas de comércio são as que mais produzem lixo e já foram avisadas no sentido de colocarem o seu lixo nos locais adequados.

As próprias pessoas não têm consciência o quanto prejudicial que é para eles próprios e para o país o lixo que se acumula e que está espalhado pela cidade em céu aberto.

Muitos deixam os seus animais a circularem livremente, desde porcos, búfalos, cabritos, galinhas, cães que sujam as ruas e para além disso vão se alimentar do lixo espalhado pela cidade.

SAPO TL com STL 

PM timorense na ONU com Guiné-Bissau e encontro com Indonésia e Austrália em agenda




Díli, 18 set (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, vai participar na 69.ª Assembleia-Geral da ONU, com a Guiné-Bissau, e num encontro trilateral com a Indonésia e a Austrália, anunciou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros timorense.

"Esforçar-nos-emos, em conjunto com os nossos irmãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em obter os esforços da comunidade internacional para contribuir decisivamente para a estabilização da Guiné-Bissau", afirmou o chefe da diplomacia timorense, José Luís Guterres, que viajou hoje para Nova Iorque.

Timor-Leste assumiu a presidência rotativa da CPLP no passado mês de julho, durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo que decorreu em Díli.

Segundo o ministro timorense, está também prevista a realização em Nova Iorque de uma reunião com todos os ministros dos Negócios Estrangeiros da CPLP e um encontro trilateral entre Timor-Leste, Indonésia e a Austrália.

Em relação à 69.ª Assembleia-Geral da ONU, Timor-Leste vai prestar "particular atenção" ao diálogo no âmbito do Fórum G7+, que une as preocupações partilhadas pelos Estados em desenvolvimento e em contexto de pós-conflito, a situação na Faixa de Gaza, Ucrânia e a instabilidade criada pelas forças extremistas no Iraque e Síria.

O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, que se encontra na Autrália em visita de trabalho, segue dali para Nova Iorque.

A 69.ª Assembleia-Geral da ONU realiza-se entre 24 de setembro e 07 de outubro.

Antes do debate geral, realizam-se a Conferência Mundial sobre os Povos Indígenas (entre 22 e 23 de setembro), a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (22 de setembro) e o encontro da Cúpula do Clima 2014 (23 de setembro).

MSE // ARA - Lusa

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