Polícia
diz ter usado gás lacrimogéneo 87 vezes contra manifestantes
29
de Setembro de 2014, 21:37
Macau,
China, 29 set (Lusa) -- A polícia de Hong Kong disse hoje ter recorrido por
"87 vezes" a gás lacrimogéneo durante os confrontos com manifestantes
pró-democracia no domingo, defendendo o controverso uso da força contra a
multidão.
Em
comunicado publicado no portal do Governo da Região Administrativa Especial
chinesa, o comissário adjunto da Polícia, Cheung Tak-keung, disse que os
agentes usaram gás lacrimogéneo em nove localizações diferentes.
"O
uso da força é utilizado quando não temos outra alternativa", disse o
mesmo responsável, em conferência de imprensa.
Cheung
Tak-keung afirmou que os agentes se sentiram compelidos a disparar as granadas
de gás depois de os cordões policiais terem sido repetidamente desafiados por
alguns manifestantes, sublinhando que a polícia precisava de manter a distância
para evitar ferimentos pelo que teve de recorrer ao gás pimenta, gás
lacrimogéneo e aos bastões.
O
mesmo responsável indicou que foram feitas advertências aos manifestantes antes
do uso de gás, de modo a permitir que as pessoas cumprissem as ordens.
Até
ao momento, segundo a polícia, foram registados 41 feridos, todos ligeiros,
número em que se incluem 11 agentes policiais.
DM
// JMR
Expetativa
de que Pequim reverta decisão é irrealista -- Governo
29
de Setembro de 2014, 21:18
Macau,
China, 29 set (Lusa) -- A Secretária chefe de Hong Kong, 'número dois' na hierarquia
do Executivo da antiga colónia britânica, considerou hoje ser irrealista
esperar que Pequim reverta a sua decisão sobre a reforma política no
território.
Em
declarações citadas pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK), Carrie
Lam reiterou a sua preocupação relativamente aos protestos em curso em várias
zonas da Região Administrativa Especial chinesa, onde milhares de pessoas
reivindicam nas ruas um sufrágio universal "genuíno".
Carrie
Lam desmentiu ainda rumores de que estaria prestes a renunciar ao cargo devido
à recente onda de manifestações, especialmente intensa no passado
fim-de-semana, contra a recusa de Pequim em garantir democracia plena a Hong
Kong.
Pequim
anunciou, a 31 de agosto, que os aspirantes ao cargo de chefe do Governo vão
precisar de reunir o apoio de mais de metade dos membros de um comité de
nomeação para concorrer à próxima eleição, em 2017, e que só dois ou três
candidatos serão selecionados.
A
população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo que
os democratas designam de 'triagem'.
A
China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é
escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200
pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.
DM
// APN
Nos
protestos pela democracia cada participante é um líder
30
de Setembro de 2014, 00:48
Hong
Kong, China, 29 set (Lusa) - Milhares de pessoas continuavam ao início da noite
de hoje concentradas junto à sede do Governo de Hong Kong, "fazendo ouvir
a sua voz individual" num protesto que deixou de ser só dos estudantes ou
do movimento 'Occupy Central'.
"Há
duas semanas nenhum de nós esperava uma manifestação desta dimensão. Cada uma
das pessoas que está hoje aqui a manifestar-se é líder dela própria. Todas elas
são líderes", afirmou o secretário-geral da Federação de Estudantes de
Hong Kong, Eason Chung.
Para
o dirigente estudantil, de 22 anos, a carga policial registada na noite de
domingo uniu ainda mais as pessoas na luta pacífica em prol da democracia na
Região Administrativa Especial chinesa.
"As
pessoas recuaram no início quando os polícias começaram a lançar gás
lacrimogéneo mas depois permaneceram firmes porque os nossos cidadãos estão
prontos, toda a sociedade está pronta", realçou o estudante da
Universidade Chinesa de Hong Kong.
Eason
Chung assumiu um papel ativo na liderança da Federação depois de o seu
dirigente, Alex Chow, ter sido detido pelas autoridades locais, que entretanto,
esta manhã, o colocaram em liberdade.
Os
protestos estudantis, iniciados há uma semana com um boicote às aulas, saíram
reforçados com o apoio do movimento 'Occupy Central', que no domingo antecipou
a sua campanha de desobediência civil prevista para a próxima quarta-feira, dia
01 de Outubro, Dia Nacional da China.
A
adesão à causa superou as expectativas de Chan Kin-man, cofundador do 'Occupy
Central', que sublinhou que "vai para além daquilo que se podia
imaginar" durante o período de preparação da campanha de desobediência
civil por parte do grupo, criado em janeiro de 2013. O atual resultado é
"espetacular", realçou.
Chan
Kin-man enalteceu a coragem da população ao não reagir violentamente à carga
policial: "Temos de manter o princípio de não violência. Ninguém ateou
fogo, nenhuma janela foi quebrada, no final das contas, manteve-se um protesto
pacífico e foi o Governo quem recorreu à violência".
As
movimentações em várias zonas de Hong Kong, mas sobretudo nos distritos
financeiro e comercial, estão a ser acompanhadas e relatadas em tempo real por
várias plataformas 'online' como a 'HK Democracy Now'.
Pelas
08:00 (01:00 em Lisboa) os relatos feitos no Facebook já estavam disponíveis em
nove línguas, incluindo português. Um comentário publicado em língua portuguesa
pela plataforma dizia que a imprensa internacional tinha designado este
movimento como "revolução do guarda-chuva".
"Na
verdade, isto mal pode ser chamado de revolução, mas 'movimento do
guarda-chuva' daria um belo nome", lê-se na mesma página do Facebook da
organização. "As únicas 'armas' que temos, na sua maioria são
guarda-chuvas, usados para bloquear o sol e a chuva. As pessoas de Hong Kong
querem apenas estabilidade", refere-se ainda num comentário em que se
destaca "uma campanha suave mas determinada".
Pelas
22:00 locais (15:00 em Lisboa) assistia-se a uma dispersão dos manifestantes,
mas milhares de pessoas continuavam concentradas junto ao complexo de Tamar,
que alberga o gabinete do chefe do Executivo, o Conselho Legislativo
(parlamento) e as principais secretarias do governo de Hong Kong.
Contactada
pela agência Lusa, a polícia de Hong Kong não deu estimativas do número de
pessoas que estariam a participar nos protestos nas ruas da antiga colónia
britânica. Segundo as autoridades, desde sexta-feira, foram detidas 89 pessoas
e 41 outras, incluindo agentes policiais, ficaram feridas.
No
dia em que o Governo de Hong Kong anunciou a retirada das ruas da polícia de
choque, uma porta-voz da polícia disse não ter informação sobre eventuais
detenções realizadas hoje.
FV
(DM) // JMR
Experiência
de protestos "vai ter reflexos" em Macau - académico
29
de Setembro de 2014, 20:15
Hong
Kong, China, 29 set (Lusa) -- O académico Larry So considera que a participação
de jovens de Macau nos protestos pelo sufrágio universal em Hong Kong "vai ter
reflexos" no território, estando o seu Governo atento aos movimentos
pró-democracia que agitam a região vizinha.
"Alguns
jovens de Macau, sobretudo os mais envolvidos com associações pró-democracia,
estão a participar ativamente nos protestos em Hong Kong e a apoiar
estes movimentos. E muitos deles vão trazer essa experiência para Macau",
disse o professor do Instituto Politécnico de Macau à agência Lusa.
Os
protestos pela democracia em
Hong Kong foram gerados pelos estudantes, e engrossados pelos
apoiantes do movimento 'Occupy Central', que, este domingo, antecipou a sua
campanha de desobediência civil, cujo início estava previsto para a próxima
quarta-feira, dia 01, Dia Nacional da China.
"Eles
[jovens de Macau] estão a aprender com a experiência. No próximo mandato de
Fernando Chui Sai On [reeleito em agosto chefe do Executivo] algo vai
passar-se, mas claro que não com a mesma dimensão registada em Hong Kong",
observou o académico natural da antiga colónia britânica que reside em Macau há
mais de uma década.
Larry
So realçou que, na noite de domingo, cerca de 20 a 30 jovens juntaram-se em
apoio aos protestos de Hong Kong na praça mais central de Macau -- Leal Senado
-- também utilizada nos últimos anos para vigílias de homenagem às vítimas de
Tiananmen.
"Eles
estavam lá por volta da meia-noite [17:00 de domingo em Lisboa] e publicaram
'posts' no Facebook. E, na segunda-feira da semana passada, no primeiro dia do
boicote às aulas levado a cabo pelos estudantes universitários de Hong Kong,
alguns jovens também se juntaram noutra praça [Flor de Lótus]", disse,
destacando o papel das redes sociais nomeadamente em Hong Kong para a
mobilização dos manifestantes.
Para
o académico, o Governo de Macau também está atento às movimentações na região
vizinha: "Por isso é que eles não gostam de deixar entrar os ativistas de
Hong Kong quando há manifestações em Macau, como no 1.º de Maio ou no 1.º de
outubro (Dia Nacional da China). É por isso que os colocam na 'lista negra' e
os impedem de passar a fronteira", defendeu.
Para
o ativista de Macau Jason Chao, que tem estado a acompanhar 'in loco' os
protestos mas apenas como 'observador', como frisou, "a luta pela
democracia em Hong Kong
é muito importante para Macau porque, de certa forma, está a guiar o caminho
para a democratização e reforma política no território". "Macau
partilha o mesmo sistema político e vai seguir, mais ou menos, as mesmas
pisadas de Hong Kong", argumentou.
Ainda
assim, o também presidente da associação Consciência de Macau considerou que
"a população de Macau está dividida" no apoio aos protestos. "Os
cidadãos de Macau estão bem informados sobre a situação, mas uns apoiam
massivamente o 'Ocuppy Central' e outros movimentos democratas, enquanto outros
não", afirmou, acrescentando: "É difícil encontrar uma voz unida em
Macau".
O
ativista vincou também que o território, onde recentemente promoveu um
referendo civil sobre o sufrágio universal, "não está pronto para a
desobediência civil" como a vizinha Hong Kong.
E,
neste âmbito, deu o exemplo de iniciativas que têm vindo a ser promovidas pelas
várias organizações com cariz político às quais está ligado.
"Nós
respeitamos a lei. Quando a lei não é aplicada de forma justificada poderemos
considerar a desobediência civil, mas estamos longe de chegar a esse ponto",
concluiu Jason Chao.
FV
// APN
*Título PG
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