quarta-feira, 11 de março de 2015

MARIONETAS E CINEMA DE PORTUGAL EM MACAU




Duas companhias representam Portugal no 2.º Encontro de Marionetas em Macau

Macau, China, 11 mar (Lusa) -- As companhias portuguesas "Jangada Teatro" e "Marionetas da Feira" estreiam este mês espetáculos na Ásia, ao participarem no segundo Encontro de Marionetas em Macau, com uma aposta na internacionalização a oriente.

Organizado pela Casa de Portugal em Macau, o segundo Encontro de Marionetas decorre durante dois fins de semana, e conta também com marionetistas portugueses radicados em Macau, como Elisa Vilaça e Sérgio Rolo, além de um convidado especial de Espanha, Toni Rumbau, noticia hoje a imprensa local.

Tanto Luís Oliveira, do Teatro Jangada, como Toni Rumbau participam ainda no festival literário Rota das Letras, com o artista catalão a apresentar o livro "Rotas de Polichinelo" a 21 de março, dia em que também leva ao palco o espetáculo "A Duas Mãos".

A companhia "Jangada Teatro" vai apresentar o espetáculo "Patinho Feio", nos dias 22 e 23, enquanto a "Marionetas da Feira" tem agendadas sessões de dois espetáculos: "O Circo das Marionetas" e "De Se Tirar o Chapéu" a 20 e 22.

"A organizadora [do encontro, Elisa Vilaça, diretora da escola de artes e ofícios da Casa de Portugal em Macau] viu-nos no ano passado em Sintra e ficou muito interessada em levar este espetáculo a Macau, até porque 'bebe' de uma linguagem bastante transversal", disse à agência Lusa Luís Oliveira.

O espetáculo, descrito como "um musical com marionetas", retrata "a temática da discriminação e da intolerância", através de um "patinho que é abandonando pela própria mãe e que mais tarde se transforma num cisne".

"É inspirado em técnica portuguesa, nomeadamente através da construção dos bonecos e tem, ao nível dos figurinos, um apontamento oriental, ou seja, esta fusão entre a cultura portuguesa e a oriental (...) interessou bastante a que levássemos o espetáculo" a Macau, observou Luís Oliveira.

"Patinho Feio" estreou no ano passado em Portugal e esteve em digressão durante três semanas no México e Brasil.

No caso do grupo "Marionetas da Feira", os espetáculos em Macau consistem num teatro executado com marionetas de fios -- "O Circo das Marionetas", em que o tema é o universo circense --, e noutro "mais intimista", mas também "para o público familiar" intitulado "De Se Tirar o Chapéu", explicou Alberto Castelo.

"Todo (o espetáculo) é construído com chapéus de palha, que se vão transformando à medida que o espetáculo vai evoluindo e contam toda a história", afirmou.

O grupo "Marionetas da Feira" já fez espetáculos na Europa e no Brasil e está curioso em relação à Ásia.

"Já temos alguns relatos por companhias de Portugal que estiveram presentes no primeiro encontro de marionetas, mas, como consideramos que o teatro de marionetas é uma linguagem universal, e como também já tivemos outras experiências noutros territórios, contamos que haja uma aceitação por parte do público, e que no regresso, estejamos satisfeitos com a nossa estada em Macau", acrescentou.

Luís Oliveira, da "Jangada Teatro", descreveu a ida a Macau como "um momento para travar conhecimentos e dialogar com outros marionetistas" e para "abrir portas" no âmbito da internacionalização no oriente.

A deslocação a Macau acontece depois de a companhia já ter apresentado espetáculos na Lituânia, França, Espanha, Estados Unidos, México e Brasil.

FV // VM

Realizadora Inês Oliveira apresenta filme sobre mutilação genital em Macau

Macau, China, 11 mar (Lusa) -- A realizadora portuguesa Inês Oliveira vai apresentar, no sábado, em Macau, o seu filme "Bobô", que na semana passada foi exibido no Festival de Cinema da União Europeia em Hong Kong.

"Bobô", primeira ficção portuguesa a retratar o tema da mutilação genital feminina, conta a história da relação entre duas mulheres, Sofia, portuguesa, e Mariama, guineense, com diferentes "maneiras de estar no mundo".

O filme vai ser apresentado no auditório da Fundação Oriente em Macau, na Casa Garden, pelas 17:00 locais (09:00 em Lisboa).

"Bobô" estreou internacionalmente em setembro de 2013, no Festival de Cinema de Toronto, no Canadá.

Quando o filme passou no IndieLisboa, Inês Oliveira explicou à agência Lusa que decidiu filmar "Bobô" depois de conhecer uma mulher guineense.

"Sabia muito pouco sobre o assunto [mutilação genital feminina] e tinha aversão, e ainda hoje tenho, mas não conseguia contextualizar", contou Inês Oliveira, que optou por tratar o tema "do ponto de vista do simbólico e não analisá-lo tanto do ponto de vista físico".

Pela primeira vez em Macau, Inês Oliveira disse estar interessada em descobrir o território que conhece "através de filmes, de documentários e de ficções", e das leituras.

"Estou com muita vontade de pôr isso em contraste com a realidade da experiência que se tem cá", afirmou à agência Lusa.

"Pode ser uma experiência para desenvolver em filme. (...) Tenho uma ideia de um projeto, mas não queria ainda revelar", acrescentou.

Em Hong Kong, as apresentações de "Bobô" decorreram nos dias 06 e 08 de março.

"Desloquei-me ao Festival de Cinema [da União Europeia] em Hong Kong para apresentar o filme, e também para ter uma noção de como é que uma audiência em Hong Kong podia reagir ao filme", explicou.

A passagem por Hong Kong foi bastante rápida -- apenas três dias -- mas tempo suficiente para deixar a realizadora "interessada em colaborar numa programação de cinema português em Hong Kong, na Broadway Cinematheque".

Inês Oliveira assumiu gostar muito de trabalhar nas fronteiras entre o documentário e a ficção. "Gosto de partir para um filme investigando como se fosse um documentário, mas depois, quando estou a filmar e a montar, gosto de ter a liberdade que a ficção permite, e que muitas vezes nos leva mais próximo da verdade das coisas, porque é um território mais livre", justificou.

Depois de ter estudado cinema, Inês Oliveira rodou a curta-metragem "O nome e o N.I.M.", que recebeu vários prémios, e o documentário "Comer o Coração de Rui Chafes e Vera Mantero". A realizadora estreou-se nas longas-metragens com "Cinerama", em 2010.

FV (DM/AG/SS) // VM

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