Duas
companhias representam Portugal no 2.º Encontro de Marionetas em Macau
Macau,
China, 11 mar (Lusa) -- As companhias portuguesas "Jangada Teatro" e
"Marionetas da Feira" estreiam este mês espetáculos na Ásia, ao
participarem no segundo Encontro de Marionetas em Macau, com uma aposta na
internacionalização a oriente.
Organizado
pela Casa de Portugal em Macau, o segundo Encontro de Marionetas decorre
durante dois fins de semana, e conta também com marionetistas portugueses radicados
em Macau, como Elisa Vilaça e Sérgio Rolo, além de um convidado especial de
Espanha, Toni Rumbau, noticia hoje a imprensa local.
Tanto
Luís Oliveira, do Teatro Jangada, como Toni Rumbau participam ainda no festival
literário Rota das Letras, com o artista catalão a apresentar o livro
"Rotas de Polichinelo" a 21 de março, dia em que também leva ao palco
o espetáculo "A Duas Mãos".
A
companhia "Jangada Teatro" vai apresentar o espetáculo "Patinho
Feio", nos dias 22 e 23, enquanto a "Marionetas da Feira" tem
agendadas sessões de dois espetáculos: "O Circo das Marionetas" e
"De Se Tirar o Chapéu" a 20 e 22.
"A
organizadora [do encontro, Elisa Vilaça, diretora da escola de artes e ofícios
da Casa de Portugal em Macau] viu-nos no ano passado em Sintra e ficou muito
interessada em levar este espetáculo a Macau, até porque 'bebe' de uma
linguagem bastante transversal", disse à agência Lusa Luís Oliveira.
O
espetáculo, descrito como "um musical com marionetas", retrata
"a temática da discriminação e da intolerância", através de um
"patinho que é abandonando pela própria mãe e que mais tarde se transforma
num cisne".
"É
inspirado em técnica portuguesa, nomeadamente através da construção dos bonecos
e tem, ao nível dos figurinos, um apontamento oriental, ou seja, esta fusão
entre a cultura portuguesa e a oriental (...) interessou bastante a que
levássemos o espetáculo" a Macau, observou Luís Oliveira.
"Patinho
Feio" estreou no ano passado em Portugal e esteve em digressão durante
três semanas no México e Brasil.
No
caso do grupo "Marionetas da Feira", os espetáculos em Macau
consistem num teatro executado com marionetas de fios -- "O Circo das
Marionetas", em que o tema é o universo circense --, e noutro "mais
intimista", mas também "para o público familiar" intitulado
"De Se Tirar o Chapéu", explicou Alberto Castelo.
"Todo
(o espetáculo) é construído com chapéus de palha, que se vão transformando à
medida que o espetáculo vai evoluindo e contam toda a história", afirmou.
O
grupo "Marionetas da Feira" já fez espetáculos na Europa e no Brasil
e está curioso em relação à Ásia.
"Já
temos alguns relatos por companhias de Portugal que estiveram presentes no
primeiro encontro de marionetas, mas, como consideramos que o teatro de
marionetas é uma linguagem universal, e como também já tivemos outras
experiências noutros territórios, contamos que haja uma aceitação por parte do
público, e que no regresso, estejamos satisfeitos com a nossa estada em
Macau", acrescentou.
Luís
Oliveira, da "Jangada Teatro", descreveu a ida a Macau como "um
momento para travar conhecimentos e dialogar com outros marionetistas" e
para "abrir portas" no âmbito da internacionalização no oriente.
A
deslocação a Macau acontece depois de a companhia já ter apresentado
espetáculos na Lituânia, França, Espanha, Estados Unidos, México e Brasil.
FV
// VM
Realizadora
Inês Oliveira apresenta filme sobre mutilação genital em Macau
Macau,
China, 11 mar (Lusa) -- A realizadora portuguesa Inês Oliveira vai apresentar,
no sábado, em Macau, o seu filme "Bobô", que na semana passada foi
exibido no Festival de Cinema da União Europeia em Hong Kong.
"Bobô",
primeira ficção portuguesa a retratar o tema da mutilação genital feminina,
conta a história da relação entre duas mulheres, Sofia, portuguesa, e Mariama,
guineense, com diferentes "maneiras de estar no mundo".
O
filme vai ser apresentado no auditório da Fundação Oriente em Macau, na Casa
Garden, pelas 17:00 locais (09:00 em Lisboa).
"Bobô"
estreou internacionalmente em setembro de 2013, no Festival de Cinema de
Toronto, no Canadá.
Quando
o filme passou no IndieLisboa, Inês Oliveira explicou à agência Lusa que
decidiu filmar "Bobô" depois de conhecer uma mulher guineense.
"Sabia
muito pouco sobre o assunto [mutilação genital feminina] e tinha aversão, e
ainda hoje tenho, mas não conseguia contextualizar", contou Inês Oliveira,
que optou por tratar o tema "do ponto de vista do simbólico e não
analisá-lo tanto do ponto de vista físico".
Pela
primeira vez em Macau, Inês Oliveira disse estar interessada em descobrir o
território que conhece "através de filmes, de documentários e de
ficções", e das leituras.
"Estou
com muita vontade de pôr isso em contraste com a realidade da experiência que
se tem cá", afirmou à agência Lusa.
"Pode
ser uma experiência para desenvolver em filme. (...) Tenho uma ideia de um
projeto, mas não queria ainda revelar", acrescentou.
"Desloquei-me
ao Festival de Cinema [da União Europeia] em Hong Kong para
apresentar o filme, e também para ter uma noção de como é que uma audiência em Hong Kong podia reagir
ao filme", explicou.
A
passagem por Hong Kong foi bastante rápida -- apenas três dias -- mas tempo
suficiente para deixar a realizadora "interessada em colaborar numa
programação de cinema português em
Hong Kong , na Broadway Cinematheque".
Inês
Oliveira assumiu gostar muito de trabalhar nas fronteiras entre o documentário
e a ficção. "Gosto de partir para um filme investigando como se fosse um
documentário, mas depois, quando estou a filmar e a montar, gosto de ter a
liberdade que a ficção permite, e que muitas vezes nos leva mais próximo da
verdade das coisas, porque é um território mais livre", justificou.
Depois
de ter estudado cinema, Inês Oliveira rodou a curta-metragem "O nome e o
N.I.M.", que recebeu vários prémios, e o documentário "Comer o
Coração de Rui Chafes e Vera Mantero". A realizadora estreou-se nas
longas-metragens com "Cinerama", em 2010.
FV
(DM/AG/SS) // VM
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