Eduardo
dos Santos colocou 4.000 efetivos militares em Luanda
Folha
8 digital (ao) – 23 maio 2015
Estado
Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA) reforçou nos últimos 15
dias, com mais de quatro mil efectivos provenientes das várias regiões
militares, à Região Militar de Luanda.
Tal
decisão, segundo apurou F8 deve-se a possiveis levantamentos populares na
sequência das medidas económicas que o executivo vem tomando nos últimos dias
e que prejudicam à população.
O
chefe do Executivo, José Eduardo dos Santos teme principalmente uma crise mais
profunda a partir de manifestações protagonizadas por trabalhadores através
das suas organizações sindicais e de partidos políticos da oposição.
Os
efectivos provenientes das primeiras, quinta e sextas regiões militares foram
destacados na unidade militar da Funda e no Estado –Maior General.
Para
alguns analistas a crise no país tende a agravar, as insatisfações sociais,
uma vez que vai manter os níveis de desemprego acima da média histórica da
região, face ainda a tendência do aumento de preços dos produtos alimentares de
base, para além das promessas não cumpridas.
O
analista político José Futy Paulo critica a pouca disposição do Executivo em
atacar as causas da crise.
“Podem
cercar a cidade com soldados, isso não resolve os problemas. A fome não obedece
critérios”, explicou Futy.
O
activista dos Direitos Humanos, Salvador Mulende avisa que a descida no preço
do petróleo “terá como efeito o aumento do custo de vida, o que vai alimentar o
descontentamento popular e aumentar as tensões” no país.
Segundo
ele, apesar da perspetiva de corte nos subsídios públicos aos combustíveis,
acredita que a decisão “não deve ter um impacto negativo no perfil de risco
político do país”, o que representa “um enorme contraste face aos protestos
que podem surgir.
“Militarizar
a cidade para travar eventuais protestos não é a solução. Ao longo do tempo
foram os políticos advertidos sobre a má governação e não acataram conselhos,
agora tudo pode resvalar”, acrescentou.
O
sindicalista Erasmo Samaio Zua lamenta o momento actual que os angolanos
atravessam. “A vasta maioria dos nossos filhos está desempregada, muitos
quadros formados nunca tiveram um emprego. A cada dia e semana os números crescem
quando famílias inteiras são empobrecidas e lares se desintegram” precisou.
Acrescentou
que as perspectivas de emprego desaparecem e o espectro do desemprego a longo
prazo em grande escala assombra a vida diária.
“As
perspectivas de estabelecimento de casais estáveis e novas famílias entre os
jovens são inexistentes. Essa situação começa a frustrar a sociedade”,
referiu.
Para
o reformado Bernardo Cassua, os intelectuais, políticos da nova geração não
ecoam a sua experiência do dia a dia nem apresentam soluções tangíveis.
“Estamos a caminhar para o abismo. O partido no poder pretende arquitectar um
conflito armado e a oposição tem que ter muito cuidado”, avisou.
Sem comentários:
Enviar um comentário