domingo, 11 de outubro de 2015

Moçambique. ALICE MABOTE DEFENDE DIREITO DA POSSE DE ARSENAIS DE GUERRA EM CASA?




Numa sociedade civilizada as armas de fogo não são autorizadas a serem possuídas sem licença apropriada e devidamente cadastradas. Sabemos que nos EUA as armas de fogo são para qualquer pessoa e podem adquiri-las como cogumelos. Mas daí temos visto os resultados catastróficos nas universidades às mãos de cowboys malucos. E não só nas universidades mas um pouco por toda a parte, sendo que as escolas e campus universitários têm sido alvos fáceis para matar indiscriminadamente professores e estudantes inocentes. Claro que qualquer organização que se preze em defender os Direitos Humanos é contra a posse e uso indevido de armas de fogo sem licença regulamentar. Licenciadas pelos Estados de Direito internacionalmente reconhecidos, de preferência democráticos (ao menos o modelo pseudo-democrático da modernidade imposta pelos EUA e UE).

Em Moçambique algo de muito original acontece. Alice Mabote, presidente da Liga dos Direitos Humanos, declarou-se contra o Estado de Direito ter feito uma busca à casa de Afonso Dhalakama, líder da Renamo, com o intuito de apreender armas ilegais que estavam em casa de Dhlakama. Surpreendentemente foi apreendido um autêntico arsenal, como se pode ver na foto que incluímos junto desta prosa - foto da Deutsche Welle. 

São armas de guerra, de alto calibre, que servem para matar com muito mais eficiência que armas de pequeno calibre. Considerará Alice Mabote que defende os Direitos Humanos sendo apologista de que andem armas daquele tipo à solta em Moçambique? E o Estado de Direito? Manda-se para as urtigas? E os Direitos Humanos que são o respeito pela vida?

Pode até existir razão para criticar e resistir ao que acontece de errado (política, social e economicamente) no regime moçambicano (decerto que há) mas para isso Dhlakama tem o parlamento e outras instâncias para recorrer e procurar combater e mudar o regime. Tem é de o fazer democraticamente, respeitando os direitos dos cidadãos moçambicanos, a livre circulação de pessoas e bens. O senhor Dhlakama, a Renamo, não pode ter uma polícia sua, nem um exército seu. Não pode guardar em casa ou noutros locais arsenais de armamento. Legitimamente o Estado, as autoridades policiais, militares e judiciais moçambicanas foram mandatadas para apreender o referido arsenal ilegal. Sorte têm os detentores das armas em não serem julgados e penalizados pelo crime de posse de armamento de guerra. O resto são loas. Alice Mabote não pode, nem deve – considerando o cargo que tem na Liga de Direitos Humanos – ser parcial, analisar e comentar enviesadamente a busca que foi realizada pelas autoridades moçambicanas ao local do crime, que é residência do senhor Dhlakama.

Na verdade as declarações de Alice Mabote, referidas no Voz da América, são muito exíguas. Falta saber se foi aproveitado pelo Voz da América para fazer um título que impressiona os que são suscetiveis de serem manipulados. Certo, deve ser que o Voz da América não inventou as curtas palavras da presidente da Liga dos Direitos Humanos moçambicana. O resultado foi que, quer a publicação, quer Alice, ficaram mal na “fotografia”. 

O regime moçambicano pode não ser flor que se cheire, mas também não será com um cowboy como Dhlakama que melhorará. Mais natural e fiável será Daviz Simango, um líder democrático e pacifista que dialoga, denuncia e luta por um Moçambique melhor – dir-se-à que é de políticas mais à direita. Pois será. Certo é que o regime em Moçambique – como em Angola e noutros países PALOP – de esquerda é que não são. Já era muito importante serem honestos e trabalharem em prol dos seus povos em vez de roubarem e enriquecerem-se uns aos outros, gananciosa e seletivamente. É contra isso que urge combater. São essas (as ganâncias) as causas de muitas violações dos Direitos Humanos. Alice Mabote que se empenhe no que deve e não em defender os direitos terroristas de Dhlakama. (LV / PG)

Personalidades indignadas com a invasão à casa de Afonso Dhlakama

Voz da América

Alice Mabote, Presidente da Liga dos Direitos Humanos, não concorda com a invasão e é pelo diálogo.

Quem também se pronunciou a favor do diálogo foi Daviz Simango, Presidente do Município da Beira e líder do terceiro maior partido, o Movimento Democrático de Moçambique.

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