quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Os EUA e a UE armaram os terroristas no Iraque e na Síria e criaram o Estado Islâmico




Perante o avanço do exército do Estado Islâmico, os EUA e os seus aliados da UE tentam destruir com bombardeamentos indiscriminados a sua própria criação, pois perceberam demasiado tarde ter originado um monstro difícil de matar. Nenhuma guerra pode ser ganha apenas com bombardeamentos. E quem paga o preço são, mais uma vez, os martirizados povos do Médio-Oriente, de novo e sempre vítimas da criminosa acção do imperialismo.

O objectivo inicial era acabar com o governo democrático da Síria, mas para os aprendizes de feiticeiro foi uma má jogada.

A ingerência dos Estados Unidos e da União Europeia no Médio Oriente para destruir o Iraque e derrubar o governo constitucional de Bashar al Assad da Síria, e o apoio económico e militar que incluiu o fornecimento de armas nucleares a Israel foram determinantes para o aparecimento do ISIS-EIIL (Estado Islâmico do Iraque) que inicialmente era constituído por grupos terroristas armados, financiados e treinados pela CIA e outras agências de inteligência da União Europeia, e constitui agora um exército que semeia o terror em nome do Estado Islâmico que pretende organizar um califado ao estilo medieval mas com armas de tecnologia de ponta entregues pelo império e seus aliados europeus.

Perante o avanço do exército do Estado Islâmico os Estados Unidos e os seus aliados da União Europeia, entre assustados e assombrados, tentam destruir a sua própria criação com bombardeamentos indiscriminados, pois perceberam demasiado tarde ter originado um monstro difícil de matar. Há analistas e especialistas no Médio Oriente que afirmam que nem em trinta anos poderão derrotar o ISIS-EIL e que poderá tornar-se no segundo Vietname para o império e seus sequazes.

O EIL transformou-se em Estado Islâmico no Iraque e no Levante (ISIS pelas suas siglas em inglês) quando, com o apoio e patrocínio dos Estados Unidos e seus cúmplices europeus iniciou e alargou as suas acções terroristas na Síria, para derrubar o presidente Bashar al-Assad. Os mortos sírios contam-se aos milhares como obra desses terroristas fanáticos, dogmáticos e totalmente fundamentalistas.

O objectivo imediato desses terroristas que contam agora com um exército superior a 18 000 soldados, com reforços provenientes do Reino Unido, de outros países da Europa e dos Estados Unidos, é a autoproclamação do califado mundial que quer ser chamado Estado Islâmico e ser reconhecido a nível internacional.

É precisamente para negar a existência de um Estado Islâmico que Washington e outros países e especialistas se referem aos jihadistas como ISIS e não como Estado Islâmico.

O grupo jihadista ISIS que está a espalhar o seu terror pela Síria e Iraque modificou o seu nome e em meados do mês de Julho proclamou o seu califado. Deixou de chamar-se Estado Islâmico no Iraque e no Levante para se autodenominar Estado Islâmico. O que significa o seu nome? Tem conotações distintas o uso de um e outro?

A história do grupo remonta a 2002 quando o jordano Abu Musab al Zarqaw, com o nome de Tawhid waal-Jihad, que jurou lealdade a Osama bin Laden no que um ano depois se tornou um ramo no Iraque da Al-Qaeda. Com a morte de Abu Musab al Zaraw em 2006 a Al-Qaeda criou o Estado Islâmico do Iraque, que se fundiu com as milícias do Iraque e Síria, criando o actual Estado Islâmico e do Levante. Adquiriu nesse momento o nome de EII.

Em 2013, com esse nome e ainda como uma marca da Al-Qaeda, estende os seus tentáculos pela Síria. O EIL transforma-se noutro dos grupos rebeldes que luta contra o regime de Bashar al Assad, com o apoio da Frente Al Nusra, o ramo da Al Qaeda na Síria, O seu líder, o inimigo número um dos Estados Unidos, AbuBakr al Baghadi ordena que o grupo terrorista comece a denominar-se Estado Islâmico no Iraque e Levante (ISIL pelas suas siglas em Inglês).

O presidente Barack Obama explicou no passado 10 de Setembro a sua estratégia para acabar com o grupo terrorista. Refere-se sempre aos jihadistas por este acrónimo e não como Estado Islâmico, nome com que a organização quer ser conhecida.

A correspondente da CNN para Assuntos Globais, Elisa Labott, assegura que Washington não quer reconhecer os seus planos para um califado, o mesmo achando Halzam Amirah Fernandez, especialista no Mediterrâneo e Mundo Árabe do Real Instituto Elcano. «Não utilizo o nome de Estado Islâmico porque não é um estado e a maioria dos muçulmanos não os considera islâmicos» declarou à imprensa.

Por seu lado John Daniszewski, vice-presidente da Associated Press afirma que a inclusão do Levante no seu nome é a tradução mais exacta do nome do grupo e reflecte as suas aspirações de governar sobre uma ampla franja do Médio Oriente.

A diferença entre o ISIL e o ISIS refere-se à tradução árabe do nome. Segundo afirma a CNN, ISIS é uma tradução para o Inglês das siglas em árabe para Dawla al Islamiya fi al iraq wa al Sham, ou o Estado Islâmico no Iraque e al Sham. Dado que os planos da organização são fundar um califado que se estenda desde a Turquia por toda a Síria até ao Egipto e que inclua os territórios palestinos, Jordânia e Líbano, para muitos especialistas esta seria a opção mais correcta.

No passado mês de Julho o Estado Islâmico proclamou o califado nos territórios da Síria e Iraque sob o seu controle. A partir desse momento, pode ser reconhecido com esse nome. Embora seja o nome mais utilizado nos media e nas declarações políticas são cada vez os críticos e as vozes que se negam a chamar-lhe assim para não reconhecer o êxito do seu califado. Haizam Amirah assegura «que se o apresentarmos assim qualquer ataque ao Estado Islâmico pode ser apresentado como uma guerra contra o Islão e para eles isso é puro oxigénio»

Seja como for, qualquer que seja o nome dado, para além do nome o grupo jihadista é conhecido pelas suas práticas medievais, que incluem crucificações, decapitações e desmembramentos públicos com que chamou a atenção para o mundo inteiro.
Estados Unidos — Estado Islâmico

Noam Chomsky, renomado escritor e filósofo americano criticou a política norte-americana no Médio Oriente e relacionou o aparecimento do Estado Islâmico (EI) com a intervenção daquele país no Iraque.

Numa entrevista concedida a Truthout afirmou que o aparecimento do EI e a difusão geral do jihadismo radical é uma consequência bastante natural da pressão de Washington sobre a sociedade frágil do Iraque. «Creio que os Estados Unidos são um dos criadores fundamentais do EIL As suas intervenções destruidoras no Médio Oriente e a guerra no Iraque foram as causas básicas do nascimento do EIIL» declarou Chomsky.

Mais adiante e aludindo ao acordo no passado mês de Agosto entre o regime de Israel e o Movimento de Resistência Islâmica Palestiniana (HAMAS) denunciou o incumprimento do regime usurpador, enquanto a parte palestiniana segundo o escritor norte-americano, o cumpriu.

Tendo em conta o apoio militar, económico, diplomático e ideológico de Washington ao regime de Telavive, acusou as autoridades israelitas de continuar as suas políticas expansionistas nos territórios ocupados, deixando os palestinianos em cantões desmembrados.»

Em referência à recente agressão israelita contra o povoado palestiniano da Faixa de Gaza durante a qual morreram mais de 2.160 pessoas, criticou o fornecimento de armas pelos Estados Unidos ao regime de Israel. «Num dado momento as armas israelitas pareciam estar no fim e os Estados unidos apoiaram amavelmente o regime de Israel com armas mais avançadas, o que lhe permitiu continuar a investida», declarou.

Peça-chave

Chomsky assegura estar de acordo com as declarações recentes do escritor e ex. agente da CIA Graham Fuller que acusou os Estados Unidos de serem um dos criadores-chave do grupo terrorista, como resultado da guerra contra o Iraque iniciada em 2003. «A situação é um desastre para os Estados Unidos, mas é um resultado natural da sua invasão», afirmou Chomsky.

«Uma das consequências graves da agressão norte-americana e inglesa foi a de inflamar os conflitos sectários que estão agora a destruir o Iraque, e que se estenderam por toda a região com consequências terríveis», acrescenta o académico.

Chomsky adverte que o fanatismo religioso não se propaga só nesses países do Médio Oriente mas também nos Estados Unidos, fenómeno do que em parte responsabiliza o Partido Republicano.

«Não há muitos países no mundo em que a grande maioria da população acredite que a mão de Deus guia a evolução e onde quase a metade pensa que o mundo foi criado há alguns milhares de anos», afirmou.

«E à medida que o Partido Republicano foi ficando cada vez mais ao serviço dos ricos e do poder das corporações, não pode agora apelar à opinião pública para apoiar as suas políticas reais, e vê-se obrigado a recorrer a estes sectores como uma base de votantes, dando-lhes uma influência substancial sobre a política,» denunciou Chomsky.

Por seu lado Leon Panetta, que foi chefe do Pentágono e da CIA, assegura que a guerra contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI) será complexa e poderá durar 30 anos devido às decisões tomadas pelo presidente Barack Obama. Em declarações ao USA Today afirmou «Penso que estamos perante um tipo de guerra que poderá durar 30 anos e que poderia criar ameaças para a Líbia, Nigéria, Somália e Iémen».

Em concreto Panetta garante que Obama fracassou não pressionando o governo do Iraque para autorizar a permanência de um contingente de tropas norte-americanas no país depois da retirada das tropas em 2011, achando que isso criou um vazio na segurança.

O jornalista Murad Sezer da Reuters garantiu que os ataques aéreos dirigidos pelos Estados Unidos na Síria não conseguiram interromper o avanço do Estado Islâmico em Koban, pondo em dúvida a eficácia da estratégia ocidental utilizada para acabar com o movimento jihadista.

Praticamente depois de o Pentágono ter alargado a sua campanha aérea do Iraque até à Síria para combater os activistas do Estado Islâmico os milicianos curdos afirmam que esses bombardeamentos tiveram um impacto mínimo para fazer retroceder posições a esse movimento jihadista, informou The Guardian.

«Não basta realizar ataques aéreos de forma isolada para derrotar o Estado Islâmico, em Koban» afirma Idris Nassan porta-voz dos combatentes curdos. Estão a atacar a cidade em três frentes e os aviões de combate simplesmente não podem abater todos os activistas do Estado Islâmico no terreno.

Mesmo assim Nassan adverte que o Estado Islâmico adaptou as suas próprias tácticas militares para escapar a esses ataques aéreos, dispersando-se e escondendo-se ao ver os aviões de combate. Na prática os milicianos curdos são os que têm defendido a cidade de Koban. Há denúncias de que os jihadistas do EIL capturaram, torturaram, violaram e assassinaram milicianas curdas que defendiam a cidade.

Nesse sentido o reconhecimento de que os bombardeamentos aéreos não são suficientes para combater o rumo da situação desestabiliza os membros da coligação liderada pelos Estados Unidos, incluindo o Governo do Reino Unido, que também apoia a ideia de que a guerra aérea é a melhor opção na luta contra o Estado Islâmico.

Apesar das vozes que insistem que a estratégia actual não é a adequada para vencer os jihadistas, Nick Clegg, o vice primeiro-ministro britânico, afirma que não acredita que a solução resida no aumento das forças armadas terrestres como se se tratasse de uma luta convencional de «estado contra estado».

Pela sua parte o primeiro-ministro David Cameron não se quer pronunciar sobre os bombardeamentos aéreos na Síria até os liberas democratas e trabalhistas estarem de acordo.

Sem dúvida a situação no Iraque, na Síria, nos Estados árabes que fazem parte da coligação e na Turquia é sumamente complexa tanto pelos interesses geopolíticos e económicos das grandes potencias, a corrupção de muitos estados árabes que se tem prestado ao jogo do império e seus aliados como pelos sentimentos religiosos fanatizados dos combatentes jihadistas.

Há analistas que criticam acidamente os Estados Unidos ao afirmar que não poderão derrotar o Estado Islâmico se até agora não foram capazes de vencer a Al-Qaeda que é outra criatura gerada pelo Império e pela CIA. O Estado Islâmico é uma criatura mais monstruosa e mais radical e perguntam: «Trata-se por acaso de preservar a unidade do Iraque? Ignacio Ramonet numa análise efectuada no Le Monde Diplomatique e imediatamente difundida por cubadebate, pergunta: «Mas então por que começar a ofensiva actual armando maciçamente os peshmergas curdos que anunciam publicamente a sua intenção de separar-se e proclamar a independência do Curdistão iraquiano? Ou talvez se trate, como se pretendeu em 2003, de estabelecer uma democracia autêntica no Iraque. Mas então porque se tolerou até há pouco tempo que Nuri Al Maliki primeiro-ministro iraquiano de 2008 a 2014, fizesse uma política escandalosamente discriminatória a favor dos xiitas contra os sunitas, empurrando estes para os braços do Estado Islâmico?»

Por outro lado, afirmou, «a grande coligação, constituída em volta dos Estados Unidos para atacar o EI, que supera os quarenta países, parece demasiado heterogénea e até contraditória. Por exemplo um dos seus pilares, a Arábia Saudita, é uma das piores ditaduras do mundo, com milhares de presos políticos nas suas masmorras, com pena de morte para os homossexuais, discriminações aberrantes contra as mulheres, com uma concepção do Islão (o wanabismo) do mais retrógrado e mais integrista que existe, é sobretudo um país que financiou durante anos o estado islâmico, antes de descobrir como o Dr. Frankenstein que a sua criação lhe fugiu das mãos. O Qatar outra espantosa ditadura que financia os Irmãos Muçulmanos em todo o mundo islâmico… Não há uma contradição em querer fazer a guerra aos terroristas dos EI aliando-se a países que financiam abertamente outro terrorismo islâmico?»

Modifica-se a estratégia global

É óbvio que a decisão do presidente Obama de começar uma nova guerra no Próximo Oriente modifica muito a estratégia global dos Estados Unidos em matéria de conflitos e de prioridades geopolíticas. Washington tinha decidido iniciar um movimento amplo de um novo avanço para a Ásia, onde se encontra o seu principal opositor para o Século XXI, a China e onde está hoje (e amanhã muito mais) o centro económico do mundo. Segundo os grandes cérebros norte-americanos a Europa já não precisa (apesar da situação no leste da Ucrânia) de uma presença militar norte-americana forte.

E embora os enredos do Próximo Oriente vão continuar a ser inextricáveis, já não põem em perigo a segurança estratégica dos Estados Unidos, já que graças ao petróleo e ao gás xisto descobertos em território norte-americano a dependência dos hidrocarbonetos do Próximo Oriente deixou de ser significativa.

A dupla moral do Império no Médio Oriente foi demonstrada numa reportagem difundida pela Reuters quando afirma «enquanto o Estado Islâmico consolida as suas posições na cidade de Koban, uma fonte na chancelaria dos Estados Unidos revela como os americanos mantêm o diálogo com a elite política curda na Síria e apoiam os seus opositores.

O portal da revista Foreign Policy informa que há anos Washington mantinha conversações indirectas com o Partido curdo da União democrática Síria (PYD), embora sempre o tenha negado. Como se descobriu, os Estados Unidos dialogavam com a força política curda e quase ao mesmo tempo tratavam de garantir aos seus rivais ou seja à milícia curda do Conselho Nacional curdo (KNC das siglas em Inglês) e reconciliá-los com a oposição armada do Exercito Sírio Livre, o governo de Bashar al Assad. Embora Washington tenha recusado os pedidos do PYD para realizar encontros formais, os Estados Unidos iniciaram conversações indirectas com o grupo em 2012, segundo reconheceu ao Foreign Policy, o embaixador norte-americano na Síria, Robert Ford.

Segundo duas fontes curdas conhecedoras das reuniões, as conversações até poderiam estar a realizar-se desde que Ford abandonou a Síria em 2011. As reuniões realizaram-se através da Embaixada dos Estados Unidos em Paris, de acordo com as fontes citadas. Tanto Ford como os curdos se negaram a identificar o intermediário dessas reuniões.

Aproximadamente na mesma altura Washington tratou de dar poderes à coligação rebelde no Conselho Nacional curdo, que também coopera com a oposição síria apoiada pelo Ocidente.

Em Maio de 2012, uma delegação do KNC, liderada pelo seu então presidente Abdul Hakim Bashar, visitou Washington e reuniu-se com Ford, com o secretário adjunto para os Assuntos de Próximo Oriente, Jeffrey Feltman e o enviado dos Estados Unidos à oposição síria, Frederic Hof.

A prioridade para os americanos era introduzir o KNC na oposição síria no exílio, na época dirigida pelo Conselho Nacional Sírio (CNS). Ford e Hof instaram o KNC a concentrar-se e superar as diferenças do grupo com o CNS e a concentrar-se na eliminação de Assad, como o objectivo mais urgente, segundo um documento do Departamento de Estado elaborado após uma das reuniões e obtido pelo Foreign Policy.

Por outro lado, Vladimir Astapovich, em RIA Novosti, informava que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia Serguei Lavrov achava que é evidente que nem o Estado Islâmico, nem a Frente Al Nusra, nem a Al Qaeda poderiam fazer o que fazem sem apoio do exterior. Acrescentava que a Rússia e os seus aliados no Conselho de Segurança da ONU procuram o meio de cortar os canais de financiamento a grupos terroristas como o Estado Islâmico, a Al Qaeda e a Frente Al Nusra.

Ignacio Ramonet informava «No passado 11 de Setembro — data mais que simbólica — o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama dirigiu-se à nação para anunciar a sua nova estratégia militar contra o Estado Islâmico (EI) que segundo ele, representa uma ameaça para todo o Médio Oriente». Obama garantiu que as forças norte americanas atacariam o EI «esteja onde estiver» mesmo na Síria. Esta nova estratégia passa pelo lançamento de ataques aéreos «sistemáticos» contra os jihadistas e o aumento do número de especialistas militares norte americanos enviados para o Iraque para apoiar as tropas iraquianas em assuntos de treino militar, espionagem e equipamento.

Obama acrescentou que o exército americano não participaria em ofensivas terrestres contra o EI e que Washington não tem intenção de lutar contra os jihadistas «a sós». A força norte-americana — explicou — pode marcar uma diferença decisiva, mas não podemos fazer pelos iraquianos o que eles têm que fazer por si mesmos, como também não podemos ocupar o posto dos aliados árabes para garantir a segurança da região.

Barack Obama, que foi eleito em 2008 como crítico da invasão do Iraque em 2003 ordenada pelo seu predecessor George W. Bush, assegurou que não estava novamente a enviar tropas para o terreno. E num exemplo típico de negação freudiana (die Verneigung) declarou: Como comandante em chefe, não permitirei que os Estados Unidos se vejam novamente envoltos numa guerra no Iraque. Ou seja, já começou a guerra no Iraque.

A primeira, mais conhecida como «Guerra do Golfo» (1990-1991) foi liderada pelo presidente dos Estados Unidos George Bush à frente de uma coligação de trinta e quatro países que se opuseram, com autorização da ONU, a uma invasão do Kuwait pelas forças iraquianas de Saddam Hussein. Acabou com a derrota do Iraque e a evacuação do Kuwait.

A segunda (2003-2010) foi desencadeada pelo presidente George W. Bush (filho do primeiro) numa atmosfera de paranóia que se seguiu aos atentados do 11 de Setembro de 2001 e sob o falso pretexto de que Saddam Hussein possuía «armas de destruição maciça». A ONU não autorizou essa guerra. As forças iraquianas foram derrotadas em poucas semanas, mas nunca se conseguiu a paz. O Iraque afundou num caos de violência de que não saiu ainda.

Como as duas precedentes e após vinte e cinco anos de luta, esta nova guerra não conseguiu o seu objectivo. Primeiro, porque nunca se ganhou uma guerra unicamente com bombardeamentos aéreos e segundo porque simplesmente os objectivos desta nova guerra não estão nada claros, afirma Ramonet.

A verdade é que os Estados Unidos e a Europa armaram o Estado Islâmico com o apoio da OTAN. A Rede Voltaire afirma: Países do Leste da Europa armaram o grupo jihadista Emirato Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL, ou Daesh, em árabe), com a aprovação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Isto foi revelado pelo jornal norte-americano The World Tribune, citando uma fonte diplomática anónima.

A fonte acrescentou que o EIIL (conhecido hoje como Estado Islâmico) pediu mísseis antitanques, RPG, equipes de telecomunicações e fatos anti-bala aos países europeus como a Bulgária, Croácia, Roménia e Ucrânia.

Os serviços de espionagem da OTAN facilitaram a entrega desse armamento afirmando que era ajuda humanitária à Síria, assegurou a fonte, para sublinhar depois que a Turquia desempenhou um papel crucial no equipamento do EI. O diplomata garantiu que o EI começou a pedir armas e equipamento militar desde os princípios de 2013. Nesse sentido a Croácia proporcionou lança-foguetes e veículos blindados, enquanto a Roménia cedeu os tanques. A Ucrânia deu armamento para infantaria e a Bulgária as munições.

Devemos assinalar que as forças iraquianas revelaram que os elementos do Emirato Islâmico utilizam armamento israelita nas suas ofensivas dentro do território iraquiano.

Os jihadistas do EI, que têm o apoio de países ocidentais e regionais, perpetram diversos actos criminosos tanto na Síria como no Iraque, incluindo execuções sumárias e sequestros em massa. Tica Font e Pere Ortega, activistas e investigadores pela paz, membros do Centro Delas d’Etudis per la Pau garantem. Em meados de Agosto, numa reunião extraordinária e urgente os ministros de Negócios Estrangeiros da União Europeia concordaram em apoiar a entrega de armas aos peshmerga do governo autónomo curdo. O acordo não foi unânime, alguns ministros mostraram-se reticentes e outros como o do Reino Unido, a França, a Itália e em menor grau a Alemanha exigiam um acordo e tomada de posição forte. Por isso, os envios de armamento europeus não serão centralizados por Bruxelas nem requerem um acordo comum, cada país decidirá se fornece ou não material militar aos combatentes do governo autónomo curdo e deverá contar com o consentimento do governo iraquiano.

Actualmente os Estados Unidos anunciaram que a CIA está encarregada de mandar directamente armas aos peshmerga. A França anunciou que enviou armas e a Alemanha acaba de anunciar que vai faze-lo e pediu aos países do antigo Pacto de Varsóvia para mandarem munições aos curdos, já que o armamento que possuem tem origem soviética. O presidente da região autónoma do Curdistão iraquiano, Masud Barzani, afirmou que o Irão foi o primeiro país que lhes entregou armas.

Peshmerga significa «aqueles que enfrentam a morte» e refere-se aos combatentes curdos do Iraque e do Irão, não aos membros do PKK da Turquia. Os peshmerga iraquianos são compostos pelas unidades armadas do Partido Democrático do Curdistão (PDK) e a União Patriótica do Curdistão. De acordo com diversas fontes o número de peshmerga oscila entre 100 000 e 190 000 efectivos armados. Na década de 80 e 90 os peshmerga constituíam uma guerrilha que reivindicava um estado curdo e era fortemente combatida por Saddam Hussein pelas suas aspirações territoriais e independentistas, os peshmerga combateram contra o exército iraquiano durante a Guerra do Golfo e a invasão Ocidental de 2003.

Os peshmerga não fazem parte do exército iraquiano e são portanto brigadas armadas fora do controlo do governo do país, o qual não sufraga os seus salários nem as armas, que se pagam com as vendas do petróleo sob controlo curdo. O facto de no Iraque existir um exército e outras forças armadas fora do controlo do estado representa por um lado uma fonte de tensão interna relevante e por outro modernizar e armar brigadas poderá modificar o equilíbrio de forças na região, ao mesmo tempo que é necessário avaliar as repercussões que no futuro pode ter um grupo armado curdo sobre a reivindicação histórica dos curdos no Iraque, Irão, Síria e Turquia de ter um território e um Estado próprios.

O motivo para armar e formar militarmente estas brigadas é combater o Estado Islâmico (EI), mas há também que avaliar o futuro impacto desta decisão, a de armar e formar militarmente uns grupos cujo projecto político é o de construir um novo Estado, o Estado curdo.

Em termos de legalidade, como já se mencionou, o destinatário das armas não é o Estado do Iraque nem as suas forças armadas mas sim um dos corpos regionais não controlados pelo governo do país e portanto não de acordo com a legalidade. Por outro lado, a legislação espanhola expressa que se negaram exportações quando havia indícios racionais de que as armas podem ser utilizadas em acções que perturbem a paz, a estabilidade, ou a segurança no âmbito mundial ou regional ou possam exacerbar as tensões.

Definitivamente e como sempre, os interesses políticos imediatos antepõem-se ao bem comum e facilitam-se armas a forças ilegais. Neste momento, combater o EI, aliando-se para isso a inimigos históricos ou recentes sem levar a cabo avaliações sobre o impacto a longo prazo que as mesmas possam acarretar pode ser nefasto. Recordamos que no Afeganistão se apoiaram os talibãs enquanto estes lutavam contra a ex-URSS, no Iraque deu-se apoio a Saddam Hussein enquanto inimigo do Irão. Bashar Al Assad foi demonizado e combatido e agora compartilhamos a luta contra o EI. Num período recente vimos aliados que se convertem em inimigos e inimigos que se convertem em amigos, enquanto a população civil sofre as consequências deste jogo de alianças e partilha de poderes. Entretanto, as vítimas inocentes contam-se aos milhares e o mundo assiste a outra guerra imperial decretada pelos Estados Unidos e pelos seus amigos europeus.

Tribunal Dignidade, Soberania, Paz contra a Guerra/Comité Independência e Soberania para a América Latina. Correio electrónico: tribunalpazecuador@yahoo.com

O Diário - Tradução: Manuela Antunes

Governo deve cerca de dois milhões de contos às famílias e empresas cabo-verdianas – MpD




O Movimento para a Democracia (MpD) acusou o Governo de dever às familiais e empresas cabo-verdianas cerca de dois milhões de contos

O Movimento para a Democracia (MpD) acusou o Governo de dever às familiais e empresas cabo-verdianas cerca de dois milhões de contos referentes ao reembolso de salários e de Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), desde 2008.

Em comunicado, o principal partido da oposição salienta que o Estado retira “de forma abusiva e em termos acumulados”, cerca de dois milhões de contos, numa altura em que se regista uma evolução negativa do crédito à economia, e em que as famílias se encontram altamente endividadas.

Segundo o MpD, esse montante são dívidas relativas ao reembolso de salários e do IVA, referente a 2008 a 2014, e que os principais instrumentos de promoção empresarial como o Fundo de Garantia Mútua, o CV Garante, o Fundo de apoio à internacionalização das empresas e Centro Internacional de Negócios não funcionam.

Para além do “mau desempenho” no sector económico, a oposição afirma ainda que o Governo não está com liquidez financeira para honrar com os seus compromissos, tendo em conta que está a acumular dívidas superioras à disponibilidade existente.

“É exactamente este enquadramento que faz deteriorar a percepção do risco, seja ele soberano ou risco ao país, contribuindo para a estagnação económica, o aumento do desemprego, a redução do rendimento das famílias cabo-verdianas e a deterioração das condições de vida das populações”, lê-se no comunicado.

O MpD defende que a ministra das Finanças e do Planeamento, Cristina Duarte, deveria ser demitida “por incompetência” desde 2008, tendo em conta que o país tem um Governo que “desrespeita deliberadamente a lei, se posiciona acima dela, e é contra as famílias e as empresas cabo-verdianas”.

Adianta ainda, que as questões técnicas e administrativas são apenas mais um “expediente barato” que o Estado tem usado, anualmente, para se financiar à custa da violação da lei e dos direitos dos contribuintes, escondendo ao país a verdadeira situação financeira do país.

O MpD exige que o Governo fale a verdade, explique a verdadeira situação financeira, e que liquide, imediatamente, a totalidade da dívida junto das famílias e das empresas.

Segundo o comunicado, um Governo que não respeita os elementares direitos dos cidadãos e que esconde a verdade ao país não merece continuar a governar.

Inforpress, em  A Nação (cv)

Guiné-Bissau: Governo proíbe uso de armas de fogo para assinalar passagem do ano




Bissau - Pela primeira o Governo da Guiné-Bissau anunciou o uso do fogo-de-artifício para assinalar este ano passagem do ano 2014 – 2015 e proibiu a clássica utilização de armas de fogo durante os mesmos festejos.

O Ministério da Administração Interna através do Comissariado Nacional da Polícia da Ordem Pública informou em conferência de imprensa a proibição do uso de qualquer tipo de armas de fogo pelas forças armadas ou pessoas singulares, para assinalarem a passagem do ano.

De acordo com Armando Nhaga, Comissário Nacional da Polícia da Ordem Pública, será lançado fogo-de-artifício na Praça dos Heróis Nacionais e no Estádio Lino Correia. “Temos o hábito de usar armas de fogo, mas, mesmo as Forças Armadas não vão usar armas, porque o Governo tomou iniciativa do uso de fogo-de-artifício como acontece em todos em partes do mundo”, disse Nhaga.

Em termo de segurança, o responsável da força da ordem disse que os mais de 4 mil homens serão disponibilizados para esta operação e foram dotados pelo Governo de novas viaturas para Polícia da Ordem Pública e Guarda Nacional.

A operação também conta com a participação da força da ECOMIB e Polícia Militar.

(c) PNN Portuguese News Network – Bissau Digital

São Tomé e Príncipe: MILHARES FORAM A BANHO NO NOVO ANO




Milhares de pessoas invadiram as praias de São Tomé e Príncipe, nas primeiras horas do dia, para “lavar o ano velho” e buscar na água do mar sorte e felicidade para o ano novo. Uma tradição que se repete em cada 1 de Janeiro.

Apesar do mau tempo que se fez sentir, o país foi a banho no nascer do novo ano. Banho na água do mar para expulsar os males do ano 2014, e para purificar o corpo para coisas boas em 2015.

Socorristas e polícias foram destacados nas praias mais frequentadas, para garantir a felicidade do banho que lava o ano velho.

Até o próximo fim-de-semana, as praias de São Tomé e Príncipe vão registar grande afluência de pessoas, que acreditam que no vai e vem das ondas do mar, os problemas da vida registados no ano velho, serão levados pelas ondas, que por outro lado, trazem bênçãos para o novo ano.

Abel Veiga – Téla Nón

VOO SOBRE UM NINHO DE ÁGUIAS, CUCOS E CAMALEÕES




A CEAST veio a terreiro dizer, citemos de cor, “não se compreende que haja bispos que podem falar do governo e ninguém diz nada e quando um outro (o Apolónio) vem dizer o que de bem eles fizeram se diga que não o deveria fazer.”

António Setas – Folha 8 Diário (ao), opinião

Cantigas!. A Igreja, seja ela qual for, tem por missão propagar a palavra de um deus, designado com caixa alta nos textos de cada uma delas. Portanto, os padres, bispos e cardeais são os sucessores dos primeiros apóstolos que divulgaram a palavra do Deus cristão.

Agora, se eles saírem a público em manifestações de aderência a uma qualquer força temporal, política, obrigatoriamente saem do seu território e metem-se em lavras que não são as deles. Por quê?

Eu não tenho resposta, mas penso que é por dinheiro, ou para edulcorar a sua própria imagem, o que sempre trará algum dinheiro. Mais nada. Os bispos que reclamam justiça para os mais carentes angolanos não se metem em política, criticam decisões do Executivo ou de um dos seus mandatários, o padre Apolónio, não, porque ele é um dos muitos dinossauros do MPLA que resiste ao tempo, e como tal, para ele tudo o que é Éme faz é cor-de-rosa e eles lá vão avançado, edulcorando as asneiras que fazem nos tons da sua rosa. (Em tempos disse que a Igreja Católica em Angola “é laica”!:).

O infinito absurdo da burrice

Foi-nos dado a conhecer um caso curiosíssimo que ocorreu nesse magnífico pais que é o Paquistão, país magnífico, repetimos, mas ainda mergulhado nos usos e costumes da Idade Média europeia, ou talvez de um pouco antes desse tempo, também chamado Idade das Tenebras.

Um rapazote que se encontrava no meio de um grupo de pessoas que tinha organizado uma manifestação de protesto contra uma decisão das autoridades desse país e se encontrava em fase de briga aberta com forças policiais que se opunham à dita cuja, a certa altura, num gesto de pura imitação do que estavam a fazer os mais velhos, pegou numa pedrita e atirou-a contra o polícia que mais perto se encontrava dele.

Por isso, foi acusado de acto de rebeldia contra a segurança do Estado. Francamente, é mesmo muito exagerado, sobretudo que o rapazote em questão tem menos de um ano de idade, exactamente 9 meses de vida(!!!).

Não dá pra comentar… Mas aqui, propomos uma sanção para os homens do poder judiciário paquistanês que levaram a criança a tribunal: cortar-lhes os tomates de toda essa gente, ou esterilizar quimicamente esses arautos duma demência mental que tanto atinge os “escravizados mentais de civilizações retrógradas, como os mentecaptos cientistas de um mundo “up-to-date”, de ficção, que só pode existir nas suas pobres cabeças, mais podres ainda do que toda a podridão que eles próprios transmitem aos seus compatriotas.

Conto de fadas – O príncipe e as três fadas

Que nos perdoem os nossos queridos leitores, foi-nos impossível resistir ao “charme” de pureza sem igual desta linda lenda de fadas, que nos enviou Manuel Ferreira, assim como à gargalhada que se seguiu. Aqui vai ela.

«Certo dia, a professora pediu a toda a turma para inventar uma história sobre FADAS. Depois de todos os colegas lerem a sua composição, chega a vez do Carlinhos, que começa assim: «Vou contar a história das três fadas. Era uma vez uma prinçusa…

Nisto a professora interrompe: «É princesa que se diz e não prinçusa»! «Não, Sô pessora, nesta história é mesmo prinçusa».

E continua. «Era uma vez uma prinçusa, que vivia suzinha na turre do seu castalho e estava traste, muito traste por estar suzinha. Resolve então enviar um bilhuto a um prinçu que também vivia suzinho na turre do seu castalho. Escreveu muitos bilhutos até que um dia o prinçusu agarrou no seu cavalo e cavinhou, cavinhou, cavinhou pela florista até chegar ao castalho da prinsusa. Quando chegou à purta do castalho da prinçusa dá-lhe um pintapu e a purta çcai. Sobe a correr até à turre da prinsusa, arrebenta com a purta do quarto da prinsusa, ele olha para ela…, ela olha para ele…, ele olha para ela…e dá-lhe três fadas!!!»

A liberdade em Angola

Esta liberdade que ainda nos é dada de desligar o rádio, de mandar para o “Carvalho” que o fedeu (irmão do “Pacheco”) o sinal da Televisão, a capacidade e o direito que ainda nos assiste de embrulhar impunemente peixe no Jornal de Angola, tudo isso temos que aproveitar pois certamente vai acabar.

Dentro de pouco tempo seremos multados por fazer xixi fora do penico e por descarregar o nosso bronze malcheiroso a contratempo ou em contramão, por espirrar sem pedir licença e por falar sem pedir perdão. Estamos de facto a precisar com urgência da eliminação de mais de metade da humanidade… Vamu fázé kumentão? Quem tiver um plano que o divulgue…

Se juntarmos a tudo isto a tremenda ameaça de o neo-Nazismo vir a conquistar a Europa, que depois disso essa esplendorosa parcela do planeta quererá conquistar o mundo, que a Rússia vai continuar a fazer manguitos aos Estados Unidos, numa de banga de hegemonia induzida por Putin, e que a China, não se ralando com nada disso, vai continuar a chupar tudo quanto seja bens do resto do mundo para impor dentro de um século, na melhor e, ao mesmo tempo pior das hipóteses, a sua hegemonia ao mundo inteiro, o melhor é aderir a uma seita religiosa.

Aproveitem, resta-nos, por enquanto, a liberdade de desligar o rádio e de mandar para o “Carvalho” que o fedeu (irmão do “Pacheco”) o sinal da televisão. Façam isso, e saibam que, quanto mais desligarem mais conscientes da realidade vão ficar. Desliguem só!

Iate de Isabel é uma bofetada à pobreza

Este iate parece-se com um outro que eu vi em fotografia numa revista, já há muito tempo, mais de um ano creio eu, assegurando o jornalista autor do artigo que o navio (coisa assim não é barco) era pertença da filha do presidente de Angola, Isabel dos Santos.

Não penso que isso seja um mal em si, na medida em que essa senhora tem dinheiro para comprar mais de uma centena de embarcações iguais a esta. O verdadeiro crime é obra dos sistemas de governação política que permitem ser possível tão gigantesca acumulação de dinheiro em uma só pessoa. Por outro lado, navios como este para uso individual, luxuosíssimos, podendo embarcar mais de cem pessoas e apetrechados com atributos tecnológicos de última geração e equipamentos ultra-sofisticados, já nos foram apresentados há mais de 40 anos, por exemplo, nos primeiros e seguintes filmes de James Bond.

Portanto, nesta queda para uma tragédia mundial fabricada cientemente pelo fosso cada vez mais profundo entre riqueza e pobreza, sendo este último o principal causador de sofrimento, fome, morte e embriões de revolta, assim como duma espécie de vertigem que incapacita a visão correcta da realidade aos detentores do poder político e económico, passe o pleonasmo, já é caso para afirmar que existirem navios destes se pode perfeitamente integrar numa nova normalidade.

Arreganho póstumo de Saramago

Esta aqui a seguir chegou-nos em directa linha de Portugal onde o clima é por demais incerto e o que se avizinha se parece muito com uma daquelas borrascas que ficará na história pior do que a “História Trágico-marítima” desse esplendoroso povo.

Com a “casa” penhorada, os patrões vão agora privatizar tudo o que têm de mais rentável para pagar o kilape, ao que, retrospectivamente se adapta como luva na mão um escrito que o falecido José Saramago, Prémio Nobel de Literatura, escreveu num dos seus intimistas “Cadernos de Lanzarote e aqui vai ele, inteirinho, qual peixe vendido ao preço a que foi comprado:

«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo… e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos».

O “Niet” angolano ao Islão

Creio que a ministra da Cultura confundiu combate às seitas religiosas com combate a uma das religiões dos Livros, como são consideradas as três religiões mestras não asiáticas, referidas nos dois livros sagrados, a Bíblia e o Alcorão, sustentáculos do Cristianismo, Judaísmo e Islamismo.

O que ela não se farta de explicar é que, na sua opinião, a proliferação das seitas é terrivelmente nociva ao acervo cultural de Angola, perturba a vida dos angolanos e desvia-os dos seus usos e costumes, numa palavra, não se coaduna com a sua maneira de ser nem de estar na vida. Entretanto fica-se sem saber a que tipo de angolanos é que a Dr.ª Rosa Cruz e Silva se refere.

Temos que receber da sua lavra, escrita ou falada, uma boa explicação, pois não estamos em crer que o seu raciocínio seja o de uma intelectual, nos parecendo ele ser muito mais o de uma integrista que se está a aventurar numa cruzada anti-Islão, contrariando assim a liberdade de religião consagrada na Constituição.

Além disso, a sua explicação referente às seitas a propósito da incompatibilidade entre elas e as características dos angolanos, peca por ser tendenciosa. Porque, das duas uma, ou ela se refere aos bantus animistas, ou aos que abraçaram o cristianismo e as suas mais de mil variantes que oficiam em Angola.

Se ela se refere aos animistas, muito mais que o Islão, que permite a poligamia, veio a religião católica perturbar profundamente os seus acervos, cultural e religioso; se, pelo contrário, ela se refere aos bantus cristãos, então aí trata-se realmente daquilo a que já aludimos, Rosa Cruz e Silva partiu à toa para uma cruzada anti-islamismo. Desejamos-lhe boa viagem e uma boa saída da salgalhada em que se vai meter. Provavelmente a correr…

Nisto, um conselho aos cristãos Angolanos (da parte duma conhecida comentadora facebookiana): «No lugar de celebrar a decisão arbitrária e ilegal das autoridades de proibir os Muçulmanos de praticar a sua fé, deveriam preocupar-se, sim, preocupem-se! Ponham as vossas barbas (e perucas) de molho. Porque quando não houver mais nenhum grupo para perseguir, adivinhem quem serão os próximos!!?… Vergonha!… O Luvualu da TPA por exemplo, só cometeu gafes atrás de gafes e provocou gargalhadas dignas dos Tunezas. Até uma simples caloira como eu percebeu que aquele analista pertence a um “Comité de Especialidade…”

Moçambique: RENAMO REJEITA RESULTADOS E INSISTE NUM GOVERNO DE GESTÃO




A Renamo, principal partido de oposição moçambicana, rejeitou os resultados proclamados hoje pelo Conselho Constitucional (CC), que dão a vitória à Frelimo e ao seu candidato, Filipe Nyusi, insistindo na exigência de um governo de gestão.

Nós, “desde a proclamação dos resultados pela Comissão Nacional de Eleições, dissemos que esses resultados estavam manchados por diversas irregularidades que fazem com que não sejam credíveis. Portanto, a Renamo, de maneira nenhuma, não aceita essas eleições”, afirmou o mandatário da Renamo, André Majibire, falando à imprensa, momentos após a validação e proclamação dos resultados das eleições gerais de 15 de Outubro pelo presidente do CC, Hermenegildo Gamito.

De acordo com o mandatário do maior partido de oposição, o presidente eleito “não está em altura de formar o Governo, porque ele não ganhou as eleições e não representa a vontade da maior parte do povo moçambicano”.

“Nós temos um modelo que está ser desenhado, a partir de Janeiro vai ser apresentado para mostrar como vai funcionar o governo de gestão”, declarou André Majibire.

Em declarações domingo à Lusa, o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, afirmou que “validar os resultados quando toda a gente sabe que houve fraude é ofender a população e os partidos políticos. É procurar violência e desobediência”.

O Conselho Constitucional moçambicano proclamou hoje Filipe Nyusi vencedor da eleição presidencial moçambicana de 15 de Outubro e o seu partido, a Frelimo (no poder desde a independência), vencedor das eleições legislativas e provinciais.

Em cerimónia pública realizada no Centro de Conferências Joaquim Chissano, o CC proclamou Filipe Nyusi vencedor da eleição presidencial, com 57%, seguido de Afonso Dhlakama, líder da Renamo, com 36,6%, e de Daviz Simango, do MDM com 6,04%.

Nas legislativas, a Frelimo venceu com 55,68%, elegendo 144 deputados, a Renamo ficou em segundo lugar, com 32,95%, conquistando 89 mandatos, e o MDM ficou em terceiro, com 8,4% de votos, equivalentes a 17 mandatos.

Nas eleições provinciais, dos 811 assentos em disputa, a Frelimo ganhou 485 lugares, a Renamo 294 e o MDM 32 assentos.


A DEMOCRACIA COMEÇA NA GRÉCIA




Gregos vão às urnas em 25/1, podendo derrubar políticas de “austeridade” e iniciar uma revolução democrática. Por isso, FMI e Alemanha já chantageiam…

Nuno Ramos de Almeida - Outras Palavras

Talvez 2015 — um ano que promete tudo, menos pasmaceira — tenha começado antecipadamente nesta quarta-feira, 29/12. Fracassou uma manobra do primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, para assegurar seu próprio mandato até 2016. Como resultado, haverá eleições parlamentares antecipadas em 25/1. Segundo as pesquisas, a Syriza — Frente de Esquerda Radical — é favorita para formar novo governo. Seu principal líder, Alexis Tsipras, declarou, minutos depois: “uma página foi virada. Em pouco tempo, as políticas de ‘austeridade’ impostas ao país farão parte do passado”. São, em dose mais radical, o mesmo que Joaquim Levy, o ministro da Fazenda escolhido por Dilma Roussef, quer impor ao Brasil, também a partir de 2015…

Uma vitória da Syriza teria consequências além da Grécia e da Europa. Desafiaria o estranho retorno do neoliberalismo — a política ultracapitalista que provocou a crise iniciada em 2008, mas que paradoxalmente recuperou influência, por faltarem, ainda, opções sistêmicas. Por isso, não será fácil. Imediatamente após anunciadas as eleições,  o Fundo Monetário Internacional (FMI) suspendeu o pagamento de um empréstimo à Grécia, com o qual havia se comprometido. E o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaueble, dirigiu-se aos gregos repetindo, “ipsis literis”, a frase de Margareth Thatcher: “não há alternativas”… 

Os gregos se curvarão? Talvez seja o primeiro grande desafio de 2015, o primeiro ato a definir seu sentido. “Outras Palavras” celebrará, nas próximas horas: por um ano que sacuda os acomodados e acalente os inquietos! Foi ótimo ter sua companhia em 2014. Estejamos juntos nos tempos áridos, porém cheios de oportunidades, que se abrirão. Tin-tim! (A.M.)


Quando os EUA ocuparam o Iraque enviaram um homem para mandar no país: Paul Bremer foi o escolhido. O homem que usava terno e gravata com botas militares notabilizou-se por ter defendido publicamente o seguinte: os iraquianos vão ter uma democracia, vão poder eleger todo mundo, menos os partidos com que os americanos não estão de acordo.


Apesar de o Iraque desse tempo viver sob ocupação militar e a União Europeia ser um espaço formalmente constituído por países independentes, esta é a situação dos povos a mando da troika [FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu]: os povos são livres para votar, desde que não ponham  em causa a ordem imposta a partir do eixo Berlim-Bruxelas. E para lembrar isso aos mais recalcitrantes, usam-se todas armas disponíveis: depois de o FMI anunciar a suspensão do pagamento da sexta parcela de um empréstimo, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble veio a público afirmar que “os gregos não têm alternativa” às políticas de austeridade.

A receita da chantagem e da pressão é velha, mas tem dado até agora os seus resultados. Em 2011 a troika anunciou também a suspensão de uma parcela, do primeiro empréstimo à Grécia. A decisão de ouvir o povo e fazer um referendo às medidas da troika, anunciada pelo então primeiro-ministro grego, Papandreu, deixou Berlim e Bruxelas em estado de guerra. O governo grego foi obrigado a recuar em toda a linha e a assumir que as imposições da troika não estavam sujeitas às decisões democráticas.

Nesta segunda tentativa de chantagem, a Grécia tem mais uns anitos de medidas impostas pelo estrangeiro que levaram à destruição do país e ao empobrecimento da sua população, o que faz com que nenhum habitante ignore que esta chantagem pode ser poderosa, porque apela ao medo do desconhecido. Mas sabem o fundamental: que a política da troika se limitou a garantir os lucros dos especuladores: roubar aos pobres para dar aos ricos. Nenhum dos problemas estruturais da economia grega foi resolvido: o país produz menos, tem mais desempregados, deve mais e está mais pobre e desigual. A única coisa que estas políticas, com selo da chanceler alemã, conseguiram foi dar mais dinheiro aos do costume: os especuladores e os muito ricos.

No dia 25 de Janeiro realizam-se eleições legislativas antecipadas na Grécia e pela primeira vez um partido antitroika pode ganhar. As sondagens dão como vencedor o Syriza (coligação de esquerda radical). Este pode ser o primeiro episódio de uma mudança diversa mas considerável na Europa. Depois da possível vitória da extrema-esquerda na Grécia, as sondagens dizem que em Espanha o Podemos poderá disputar o primeiro lugar das eleições. Na França, pode vir a triunfar a Frente Nacional e no Reino Unido cresce o UKIP. Todos estes partidos são diferentes, a única coisa que os une é responderem a um mal-estar crescente dos povos em relação à integração europeia e às políticas ditadas pelo governo de Berlim.

Aquilo que se verificou até aqui é que as políticas neoliberais esvaziaram a democracia e se tornaram cada vez mais autoritárias. Os povos votam em partidos diferentes, mas quem dá ordens é Berlim e Bruxelas, a mando dos interesses dos “mercados”. Até os Orçamentos do Estado passaram a ter de ter visto de Bruxelas. A única coisa que a integração na UE faz é garantir que todos pagamos os prejuízos dos especuladores financeiros. Foi esta a lição que nos deixou a crise financeira começada em 2008: quando os lucros da especulação eram altos, receberam os dividendos os especuladores accionistas do bancos; quando os bancos tiveram prejuízos ou foram à falência devido à especulação, pagamos nós. A nossa democracia foi expropriada para garantir a segurança dos lucros dos poderosos.

Só há alternativa a este estado de coisas devolvendo a soberania aos povos. A democracia só tem sentido se pudermos escolher caminhos diferentes. No dia 25 de Janeiro os gregos vão às urnas e isso pode ser o início de uma revolução democrática.

PAPA PEDE LUTA CONTRA “AS FORMAS MODERNAS DE ESCRAVATURA”




O Papa Francisco pediu hoje que se lute "contra as formas modernas de escravatura", durante a homilia que proferiu na missa que celebrou no Vaticano, por ocasião da Jornada Mundial da Paz.

"Todos estamos destinados a ser livres, todos a ser criança, e cada um, de acordo com a sua responsabilidade, a lutar contra as formas modernas de escravatura", disse o pontífice argentino na Basílica de São Pedro.

O papa Bergoglio considerou, no discurso associado à celebração da 48.ª edição da Jornada Mundial da Paz, que as "escassas" oportunidades de trabalho contribuem para o aparecimento de formas de escravatura moderna.

Esta mensagem foi mais um passo no sentido da do dia 12 de dezembro do Vaticano, em que o papa disse que as empresas devem oferecer aos empregados "condições de trabalho dignas e salários adequados" e criticou como forma de opressão moderna "a corrupção de quem está disposto a fazer qualquer coisa para enriquecer".

O papa Francisco mencionou como causas da "escravidão moderna" a pobreza, o subdesenvolvimento e a exclusão, combinadas com a falta de acesso à educação ou "com a realidade caracterizada pelas escassas, para não dizer inexistentes, oportunidades de trabalho".

O papa denunciou na sua mensagem de hoje que a corrupção "acontece no centro de um sistema económico onde está o deus dinheiro e não o homem, a pessoa".

Como formas de escravidão moderna sublinhou a prostituição e o tráfico de órgãos e destacou que "o direito de toda a pessoa a não ser submetida a escravidão, nem à servidão" deve ser "reconhecido como um direito internacional como norma irrevogável".

Bergoglio referiu-se na mensagem aos "muitos emigrantes" que na sua viagem dramática "sofrem a fome, se veem privados da liberdade, despojados dos seus bens ou de quem se abusa física e sexualmente".

Imigrantes que, "depois de uma viagem duríssima e com medo e insegurança, são detidos em condições às vezes inumanas" e se veem "obrigados à clandestinidade por diferentes motivos" sociais, políticos e económicos" ou, "com o fim de viver dentro da lei, aceitam viver e trabalhar em condições inadmissíveis".

Por último, referiu-se aos "conflitos armados, à violência, ao crime e ao terrorismo" para dizer que são "outras causas da escravatura".

Insistiu que muitas pessoas são sequestradas para serem vendidas ou recrutadas como combatentes e exploradas sexualmente, enquanto outras se veem forçadas a emigrar, deixando tudo o que possuem.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Reino Unido: CAMERON ALERTA PARA "CAOS" SE MUDAR DE POLÍTICA ECONÓMICA




O primeiro-ministro britânico, David Cameron, advertiu hoje, na sua mensagem de Ano Novo, que o Reino Unido irá enfrentar "o caos" se mudar o curso da sua política económica e apoiar o Partido Trabalhista.

"2015 promete ser um bom ano para o nosso país, se escolhermos bem todos juntos", referiu, na sua mensgam, o primeiro-ministro britânico que espera, em maio, vencer um segundo mandato.

Lembrando as difíceis decisões tomadas pelo governo desde 2010, para retirar o Reino Unido de uma profunda recessão, Cameron destacou que perante uma economia global "ainda incerta", o país tem de escolher "entre a competência" dos últimos anos e "o caos" de retroceder e assumir grandes riscos.

A cinco meses das eleições, o político conservador assinalou que apoiar o Partido Trabalhista seria, assim, um retrocesso do país e prejudicaria a sua recuperação económica.

Cameron pediu aos ingleses a "manutenção do plano" económico em curso e continuação do caminho de "prosperidade" e lembrou que desde 2010 foram criados dois milhões de empregos no setor privado.

De olhos postos nas eleições de maio, alguns líderes partidários usaram as suas mensagens de Ano Novo para assinalar os desafios com que se defronta o país.

O trabalhista Ed Miliband prometeu que se chegar ao poder fará o possível para assegurar que as pessoas se sintam verdadeiramente beneficiadas pela recuperação económica.

Já o vice-primeiro ministro, e liberal-democrata, Nick Clegg, adiantou que irá defender os valores da "compaixão e da tolerância".

Lusa, em Notícias ao Minuto

2015: BOM ANO? PARA QUEM?



Mário Motta, Lisboa

Há cerca de quinze horas que um novo ano começou, 2015. A tradição manda que desejemos à família, amigos e camaradas um bom ano. Aliás, é mesmo nossa vontade (se de cada um de nós dependesse) que 2015 fosse um ótimo ano para todos, para os povos de todo o mundo. Não só para aqueles que nos estão próximos e o povo da nacionalidade a que pertencemos. Contudo as perspetivas globais não indicam que 2015 venha a ser um ano melhor que 2014, 2013 ou anteriores. Desde que a selvajaria capitalista se apoderou dos Estados e inventou uma crise que retornou a concentrar descaradamente a distribuição da riqueza numa vintena de famílias e de corporações que o mundo ficou mais injusto e seus povos muito mais escravizados. O pretexto é a crise. Os mercados, como lhe chamam, é quem põe e dispõe. De toda esta arquitetura o que se sabe é que os ricos estão mais ricos e os pobres muito mais pobres.

O rumo para os povos do mundo é a miséria, a sujeição ao capitalismo selvagem com todas as suas vertentes desumanas, incluindo as guerras que fabrica, dizimando povos e culturas por valores materiais e geoestratégicos que alimentam o capitalismo desbragado. O petróleo, a água, a mão-de-obra barata, a exploração, o esclavagismo andaram e andam à solta para beneficio de uns poucos que são os senhores do mundo, os ditadores que sob o falso pretexto de levarem a liberdade e democracia a países que lhes interessam sobremaneira económica e estrategicamente ocupam-nos, desestabilizam-nos e exploram-nos como já haviam feito os conquistadores de há séculos atrás. Afinal liberdade e democracia para esses da atualidade são palavras vãs. Nem eles já sabem (se é que alguma vez souberam) o que é a democracia ou a liberdade porque desses dois estatutos inferem a justiça e essa é a que mais é pisoteada a nível global.

Existe uma nação principal que está a subverter os valores democráticos, de liberdade e justiça e a aplicar a pilhagem do mundo e dos povos em seu benefício, em benefício do capitalismo selvagem que professa e pratica: os Estados Unidos da América. Outros existem que vão ao arrepio destas políticas, a União Europeia, por exemplo. Este não é o caminho que interesse à humanidade. Tanto não é que na UE os povos padecem de fome em números que desde há cinco anos aumentaram inadmissivelmente. Dizem que se deve à crise. Sim, à crise de valores, à subversão da democracia, da justiça, em benefício das grandes corporações capitalistas. Perante tal quadro vimos a ONU obedecer quase cegamente aos ditames impostos pelos EUA e países seus assimilados e aliados nas políticas e ações de descalabro.

Em 2015 tudo vai ser igual. Até pior se aqueles senhores do mundo considerarem necessário para atingirem os seus objetivos de submissão e exploração dos países e povos. Como podemos desejar um bom ano aos que estão ao nosso lado e vimos no quotidiano sabendo que não passa de um voto irrealizável? Como podemos fazer que acreditamos em dias melhores se permitirmos que tudo continue na mesma? Se não lutamos numa perspetiva patriótica e internacionalista contra o que existe de errado nas políticas e ações vigentes?

Vimos na União Europeia os nacionalismos dos povos de cada país que a constituem. Cada um olha para o seu o próprio umbigo. Vimos compatriotas serem empurrados para a miséria sem reagir nem impondo que assim não aconteça, mudando pelo voto tudo aquilo que está errado. Em vez de votar sempre nos mesmos, aqueles que têm vindo a servir o capitalismo selvagem desbragado. Em Portugal são os do Arco da Governação. Noutros países, da Europa e do mundo, acontece o mesmo. Os eleitores são manipulados e fazem exatamente aquilo para que foram manipulados, sem olhar à volta e para a má vida deles próprios. Sempre na perspetiva do cumprimento das promessas dos políticos dos partidos que estão ao serviço do capitalismo selvagem. Não é por acaso que as doações dos capitalistas aos partidos que à vez ocupam os poderes são generosas. Afinal estão a pagar para que os sirvam. E os eleitores não vêem isso? Não percebem? Não pensam? Não agem? Não lutam pela mudança do que está errado? Não. Até agora não. Em 2015 o que vai mudar? As pessoas vão mudar as suas atitudes ou vão continuar a enfermar de ingenuidade e autismo? Todos sabemos a resposta. A maioria vai apostar em mais do mesmo. E então como querem um ano melhor? Bom ano? Para quem? Para os mesmos de sempre, os que nos exploram e concentram a riqueza entre eles com a obediente colaboração dos governos que os servem e de quem babujam migalhas que lhes proporcionam boas vidas, alguma riqueza… até que se portem bem e se mantenham servis aos intentos e ações do capitalismo.

Um bom ano de 2015 seria mudar radicalmente de políticas. Participar ativamente numa mudança que recuperasse a democracia, a liberdade e a justiça. Urge uma revolução que só é possível pôr em prática se nos revolucionarmos a nós próprios e soubermos sair dos nossos egoísmos e confortos (os que algum têm) para nos entregarmos à luta por uma melhor sociedade. É o caso de Portugal e dos portugueses, é o caso dos países da lusofonia, é o caso dos povos da maior parte do mundo.

Bom ano? Para quem? Só será um bom ano para os povos quando eles fizerem por isso em uníssono, em sintonia com uma luta patriótica e internacionalista que mude mentalidades, comportamentos e ações contrarias aos interesses globais da humanidade. 2015, mais do mesmo ou ainda pior? Pensemos nisso. Depende de todos nós mudar o que está errado. Consentir a desumanidade vigente é um erro crasso e autodestrutivo. Sem ativismo e solidariedade permanentes a humanidade não sobreviverá à guerra que o capitalismo selvagem e global declarou aos países e povos do mundo.

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