1
– Desde esta VIIª Cimeira das Américas, que ocorreu entre 6 e 12 de abril do
corrente no Panamá, que a vida sócio-política do “hemisfério cristão
ocidental” não será mais a mesma: os processos dialécticos ocorrem
inclusive na via dos relacionamentos da superestrutura filosófica, doutrinária
e ideológicas da própria aristocracia financeira mundial, aqueles 1% que a todo
o transe procuram dominar o Mundo duma forma unipolar e o chão foge também dos
pés para aqueles que se propõem a um pseudo-equilíbrio típico
duma “terceira via”!
O
cristianismo fundamentalista que produziu e espalhou tantos monstros nazis e
fascistas“resistentes” depois da IIª Guerra Mundial, nas América, nas
Europas e pela África fora,“recuperando” dentro desse critério muitos dos
resíduos dos próprios, escondidos dos Tribunais Internacionais que os deveriam
julgar (fórmula “inteligente” e trágica das redes “stay
behind”), começa a ser firmemente confrontado pela Teologia da Libertação, pelo
catolicismo dos pobres em conformidade com a coragem entre outros dum PSUV,
pelas igrejas ortodoxas que sustentam as emergências europeias do leste, pelo
próprio Papa Francisco, sensível em relação ao carácter nocivo e retrógrado do
capitalismo voraz que tão maltrata a humanidade e a Mãe Terra!
O
Comandante Fidel de Castro com Frei Beto, propõem-se incomodados com as
incertezas da evolução contemporânea, a fazer uma revisão acrescentada à
célebre entrevista “Fidel e a religião”, algo a que não pode deixar de
estar presente a lucidez de vanguarda, legado do Comandante Hugo Chavez!
A
integração na América Latina alimentar-se-á também por aí, por que essa via
estará aberta a uma parte muito sensível das emergências da Europa do Leste que
irrompem a partir da Rússia, onde uma Igreja Ortodoxa tem a oportunidade de
lidar, uma vez mais, próximo dos “deserdados da Terra”!
Os
BRICS estão presentes na América Latina, ou também por dentro dela, por que a
geografia já não é barreira nesta “casa-comum” do século XXI e
respondem à letra aos parâmetros da hegemonia unipolar, quiçá de forma que
começa a ser mais vigorosa ainda, constituindo uma teia nunca antes imaginada,
a começar pelos transportes marítimos e infra-estruturas portuárias e
expandindo-se pelo miolo humano das sociedades.
Cuba
acaba de ser servida pelo porto de águas profundas de Mariel e o canal da
Nicarágua, cuja construção já teve início, vai em breve suplantar o do
Panamá!...
2
– A hegemonia unipolar proposta e levada por diante teimosamente pela
aristocracia financeira mundial, como as oligarquias arregimentadas da América
Latina, está/estão a esgotar-se nos processos mais ultra-conservadores,
característicos do fundamentalismo cristão da superestrutura do poder da
hegemonia unipolar!
Obrigados
a, pouco a pouco, deixar de alimentar os “operacionais” das
redes “stay behind” nos três continentes, agora os gestores
do “Le Cercle”, secam o pântano das operações que visavam construir
regimes ditatoriais, utilizam-nos para manobras “flexíveis” de
ingerência, de manipulação, fomentando provocações, ou visando incorporar
subsistemas de inteligência por vezes aplicando o rótulo de “oposição”,
elaborando ementas e canais apropriados… tornando-os visíveis em função das situações
que se deparam e quando os seus interesses e conveniências assim o determinem!
Uma
das utilizações possíveis tem sido integrá-los nos esforços
das “revoluções coloridas”, ou nas“primaveras árabes”, mas também há a
tendência para os “polvilhar” em redes de oposição (quando julgam que
não há a maturidade suficiente para se alcançar um clímax como o da Praça
Maidan), na Europa, na América Latina e em África, de forma a alimentar as
disputas pelo poder, ou passar as mensagens de conveniência fora das estruturas
sócio-político-diplomáticas, quando há eleições, quando alcançarem espaços nos
Parlamentos, ou quando há grandes eventos internacionais, como agora está a
acontecer com a VIIª Cimeira das Américas.
Em
alguns casos as fronteiras são tão ténues entre os “operacionais” das
redes nazis e fascistas das redes “stay behind” e
os “jihadistas” que qualquer ultra direita os absorve “sem
fronteiras”!
No
Panamá as provocações estiveram bem presentes, com gente escolhida a dedo, um
parte dela velhos “operacionais” dos sistemas ultra conservadores que
bebem as ideologias do “Le Cercle” e integram os serviços de
inteligência dominantes.
3
– O elitismo que faz parte da “cultura sócio-política” dos Democratas
começa a dar sinais de alguma perturbação ou hesitação por causa das areias
movediças do eleitorado norte-americano; sabe-o o Presidente Barack Hussein
Obama, um afro descendente, como o sabe a família Clinton, pois não é por acaso
a atenção que Bill tem por África e até pelo Haiti!
De
facto o eleitorado norte-americano com raiz sócio-cultural latino-americana e
afro-americana, católico na sua esmagadora maioria, já preenche a parte maior,
relegando os que têm raízes nas culturas anglo-saxónicas e de origem europeia
para um segundo plano em termos quantitativos…
Esse
eleitorado é muito mais susceptível à doutrina corrente do Vaticano, à Teologia
de Libertação, ao esforço progressista que se assiste na América Latina (e se
espelhou agora na VIIª Cimeiras das Américas no Panamá) e é cada vez mais avesso
a doutrinas ultra conservadoras conforme as emanadas pelo “Le Cercle”,
cuja “obra” (recorde-se os anos 70 e 80 do século passado), deixou um
rasto de tirania, de opressão, de fascismo e de sangue, em nome da “luta
contra o comunismo” e explorando o “bipolarismo” da Guerra Fria.
Depois
é o carácter do eleitorado latino-americano e afro-americano nos Estados
Unidos: é um eleitorado relativamente fresco de ideias e convicções, ávido
de “subir na vida” nem que seja jogando basketball; quanto espaço
sócio-político não tem ainda por disputar?
Entender
as profundas alterações do eleitorado norte-americano faz parte dum
conhecimento que a revolução cubana sempre procurou alimentar, por razões da
própria sobrevivência da aliança dela para com o povo cubano, com quem se
identifica e perante quem se coloca como vanguarda.
Lembro
que só foi por causa desse amplo conhecimento e do saber analítico a que se
chegou, que foi possível realizar missões como a Operação Carlota, ou a batalha
decisiva do Kuito Kuanavale, que deu início à derrocada do “apartheid”,
algo também muito incómodo para os instrumentos“operacionais” do “Le
Cercle” na África dos anos 70 e 80 do século passado!
Como
Cuba enfrentou em África e também na América Latina
esses “operacionais” expoentes do“fundamentalismo cristão” da
aristocracia financeira mundial e de suas agenciadas oligarquias, é evidente
que é a sua inteligência que melhor conhece esse
inesgotável “manancial” mercenário!
4
– Agora as Américas estão completas na OEA, os 35 estados que a integram já se
podem sentar todos à mesma mesa a partir desta VIIª Cimeira no Panamá e a
dialéctica está por conseguinte revigorada com as alterações profundas que se
vão colocando: nada é como antes e independência, soberania e integração perfazem
a “ordem do dia”, particularmente para a “ordem de batalha” dos
estados progressistas da América Latina, mais de duzentos anos após o içar das
bandeiras nacionais!
Se
antes a resistência impunha-se contra a Operação Condor, no Chile, na
Argentina, no Paraguai, no Uruguai, no Brasil, ou na Bolívia, se antes a
resistência contra a opressão foi atingindo em cheio a América Central
(Nicarágua, El Salvador, Guatemala e Honduras), se antes a resistência era
contra as ditaduras e o seu entrosado papel em representação das oligarquias
agenciadas pelo império, com o desaparecimento da Guerra Fria,
dos “operacionais” gerados a partir das redes“stay behind” da
Europa (recorde-se por exemplo a OAS na Argélia, a Operação Gládio, ou a Loja
P-2, ou a “Aginter Press”), a resistência ocorre numa outra forma, muito
embora mantendo-se a dialéctica dos conteúdos.
Os
progressistas agora olham os antigos “operacionais” olhos nos olhos,
correm o risco de se sentarem à mesma mesa, por que eles
surgem “democraticamente” instalados nas oposições tuteladas pelas
oligarquias agenciadas pelo império, integrando as ONGs financiadas pela USAID,
ou pela NED, ou por outra qualquer Agência (conforme acontece, por exemplo, a
nível das comunicações, de acordo com o caso Zun Zuneo em Cuba)…
…
e aparecem em ocasiões como esta, a VIIª Cimeira das Américas no Panamá,
ansiosas de, por via uma vez mais do mercenarismo, por via de ONGs afins ao
sistema de inteligência dos Estados Unidos, conquistar espaço que agora não
mais se pode ocupar como antes!
Em
relação à vanguarda que é a revolução cubana, as figuras contraditórias abarcam
desde os recrutamentos da USAID, ou da NED, a antigos terroristas como Posada
Carrilles, ou assassinos como Félix Rodriguez, o assassino do Che, que a
hegemonia unipolar em seu estertor procura fazer passar por “oposição”, ou
por “opositores”, ou por “activistas independentes” duma
qualquer ONG apropriada (que passe as mensagens subversivas de conveniência),
em qualquer dos casos sempre conectados a oligarquias agenciadas e prontas a
fazer uso avassalador das doutrinas capitalistas neo-liberais, conforme as
iniciadas antes a ferro e fogo no Chile com Pinochet (“Chicago Boys”), em 1973.
Foto
oficial dos representantes ao mais alto nível dos 35 países da OEA, presentes
na VIIª Cimeira das Américas.
Notas