segunda-feira, 20 de abril de 2015

MEDITERRÂNEO É “VALA COMUM” SOB OS OLHOS DA EUROPA




Milhares de pessoas já morreram ao perseguir o sonho de fugir à miséria africana e conseguir pisar o solo europeu. "Uma vala comum" que cresce no Mediterrâneo que a União Europeia não consegue parar.

É o mais recente possível grande acidente com imigrantes no Mediterrâneo, depois de um fim-de-semana tragico. Itália e Malta confirmaram, esta segunda-feira, estar a trabalhar no resgate de pelo menos duas embarcações no Mediterrâneo com centenas de imigrantes abordo.

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, confirmou que um dos barcos era proveniente da costa Líbia e que estaria à deriva com 100 a 150 pessoas. A outra embarcação terá 300 pessoas a bordo.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) disse ter recebido um pedido de ajuda de uma embarcação que se estava a afundar no Mediterrâneo e que transportava mais de 300 pessoas.

O porta-voz da OIM Joel Millman referiu que o gabinete da organização em Roma recebeu o pedido de uma de três embarcações próximas que se encontravam em águas internacionais.

"O interlocutor disse que havia 300 pessoas na sua embarcação e que esta se estava a afundar (e) falou de mortes, 20 pelo menos", escreveu um colega de Millman em Roma, Federico Soda, num correio eletrónico.

Hoje também, na Grécia, mais um barco com emigrantes naufragou. Três pessoas, incluindo uma criança, morreram e 80 foram salvas.

UE sob pressão

A União Europeia está sob pressão depois de ter decidido, no ano passado, reduzir os esforços de patrulha e salvamento de barcos carregados com os sonhos destruídos de muitos migrantes vindos de África em direção ao continente europeu. Milhares já morreram.

Com a subida dos partidos de extrema-direita no coração da Europa, as posições anti-imigração ganharam terreno na Europa nos últimos anos, colocando obstáculos a uma política de emigração bem sucedida.

"Não podemos ficar como se cada tragédia seja a última e esperar que não aconteça outra", declarou ao jornal francês "Le Monde", o ministro italiano dos Assuntos Europeus. Sandro Gozi lamentou a "total ausência" de uma política europeia para lidar com os refugiados que chegam ao continente.

Hoje, os líderes da UE decidiram reunir de emergência para enfrentar a situação "dramática que se vive no Mediterrâneo". "Não podemos aceitar que centenas de pessoas morram ao tentar atravessar o mar rumo à Europa. É por isso que decidi convocar um Conselho Europeu extraordinário para esta quinta-feira", afirma Donald Tusk, o presidente do Conselho Europeu,

A Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros disse ter constatado "finalmente", no Luxemburgo, um "sentido de urgência" na Europa relativamente ao problema da imigração, na sequência da mais recente tragédia no Mediterrâneo.

Federica Mogherini considerou que a presença de mais de quatro dezenas de ministros "não é apenas sinal de boa vontade", mas demonstra também "um novo sentido de urgência e de vontade política da UE".

A primeira resposta foi apresentar, esta segunda-feira, através do comissário europeu para a Migração, um plano com 10 ações imediatas para prevenir novas tragédias no Mediterrâneo.

Vala comum

"Está ser criada uma vala comum no Mar Mediterrâneo e as políticas europeias são responsáveis", disse Loris de Filippi, o presidente dos "Médicos sem Fronteiras", citado pela CNN. Loris de Filipo disse que os números tragicos são comparáveis aos de uma "zona de guerra" e exortou aos estados Europeus que lancem imediatamente operações busca e salvamento de larga-escala o mais próximas possíveis das margens líbias.

Um programa italiano, o Mare Nostrum conseguiu resgatar mais de 160 mil imigrantes em 2014 . Mas em Outubro foi terminado devido a cortes orçamentais e na sequência das críyicas feitas pela UE, que defendia que as operações de salvamento estavam servir de encorajamento aos imigrantes.

"A reputação da Europa está em risco", disso o Ministro dos Negócios Estrangeiros Paolo Gentiloni. "Tenho dito há semanas e meses que a Europa tem de fazer mais. E agora a realidade atingiu-nos na cara", acrescentou.

Jornal de Notícias - foto DARRIN ZAMMIT LUPI/REUTERS

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Ásia e África querem mudanças na ONU para um mundo menos "catastrófico" - Angola




Jacarta, 20 abr (Lusa) - Os países que participam na Conferência Ásia-África, esta semana na Indonésia, querem alterações no Conselho de Segurança das Nações Unidas, para ter um mundo mais justo e menos "catastrófico", disse hoje o chefe da diplomacia angolana.

"Acho que uma das questões mais importantes é que todos queremos a reforma do Conselho das Nações Unidas, para que possa haver maior justiça, não só no próprio Conselho de Segurança, mas também na resolução da maior parte dos problemas do mundo", disse o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti.

O governante frisou que "75 por cento da comunidade mundial não está devidamente representada no Conselho de Segurança" e que, após 70 anos de ONU, "muitos acham que é o momento de haver mudanças consideráveis".

"Se não houvesse eventualmente um ou outro membro, como a Rússia, que durante os últimos anos conseguiram usar do veto, teríamos tido um mundo cada vez mais catastrófico, controlado por três países ocidentais", disse, frisando que "a Inglaterra, a França e os Estados Unidos controlam o essencial do poder".

O Conselho de Segurança é composto por 15 membros, sendo cinco permanentes e com poder de veto - Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China - e os demais eleitos para mandatos de dois anos.

"Se tivéssemos um maior número [de membros no Conselho de Segurança], então teremos também uma maior participação no mundo e nas decisões", o que "facilitaria o processo dos consensos" e deixaria de existir um "mundo monopolizado", advogou.

O governante falava aos jornalistas à margem das reuniões ministeriais que ocorrem na capital indonésia para preparar a cimeira de chefes de Estado e de Governo asiáticos e africanos que decorrerá esta semana no país do Sudeste Asiático.

O encontro, em que são esperados 34 líderes das duas regiões, bem como representantes de 77 países, visa comemorar o 60.º Aniversário da Conferência Ásia-África, em Bandung, em 1955, e do 10.º Aniversário da Nova Parceria Estratégia Ásia-África.

"A Conferência de Bandung marcou uma etapa importante na luta dos povos da África e da Ásia contra o colonialismo e, depois, também durante o período da Guerra Fria, permitiu uma certa solidariedade e o movimento não-alinhado que se criou durante aquela época", lembrou.

Segundo o ministro angolano, os governantes estão também a preparar documentos relacionados com a defesa da independência da Palestina e a parceria entre as duas regiões do sul do globo.

A partir de terça-feira, os representantes reunidos em Jacarta vão debruçar-se também sobre o crescimento económico e "como enfrentar o futuro", logo, na visão de Georges Chikoti, "é um momento particularmente importante".

O ministro das Relações Exteriores angolano vai aproveitar a presença na Indonésia para discutir com a sua homóloga do país anfitrião, Retno Marsudi, novas parcerias, depois de, no ano passado, a angolana Sonangol e a indonésia Pertamina terem assinado um acordo empresarial na área petrolífera.

Angola procura parcerias com o quarto país mais populoso do mundo em várias áreas, desde a indústria à agricultura, e admite abrir em breve uma embaixada na região do Sudeste Asiático.

Para terça-feira é aguardada a chegada do vice-Presidente angolano, Manuel Domingos Vicente, que irá participar na cimeira.

AYN // VM

Três associações de Macau convocam protestos para o 1.º de maio




Macau, China, 20 abr (Lusa) - Três associações de Macau vão sair à rua no 1.º de maio em manifestações para apelar a uma reforma na educação, assegurar direitos laborais dos condutores de transportes públicos e pedir mais regalias para a função pública.

De acordo com o Jornal Tribuna de Macau, a Juventude Dinâmica deseja chamar a atenção para a necessidade de uma reforma no sistema educativo, considerando que atualmente é dado "demasiado valor à memorização e às notas, descurando o processo de aprendizagem e a capacidade de pensamento independente dos alunos".

A manifestação desta associação parte da praça do Tap Seac às 15:00 locais (08:00 em Lisboa).

Por seu lado, a Associação Geral dos Empregados do Setor de Transportes de Macau, que pertence à federação das Associações dos Operários de Macau, pretende apelar diretamente ao chefe do executivo para que mantenha o impedimento de contratar trabalhadores de fora de Macau para as funções de motorista, numa altura em que se discute a falta de recursos humanos no território.

Esta associação quer ainda assegurar um "salário decente" para estes trabalhadores, promover a generalização de seguros laborais e um sistema de previdência central.

Os manifestantes vão concentrar-se pelas 10:00 locais (03:00 em Lisboa) na Praça da Amizade, todos vestidos de branco, e marchar até à sede do Governo.

Por fim, o Dia do Trabalhador vai ainda contar com o protesto da Associação dos Funcionários de Nível Básico de Macau, a que pertence o ativista Lei Kin Iun, que pretende reivindicar mais direitos para os funcionários públicos, em particular no que diz respeito às pensões, subsídios de habitação e bónus.

ISG // VM

Apreensão recorde de quatro toneladas de marfim africano na Tailândia




Banguecoque, 20 abr (Lusa) - As autoridades tailandesas anunciaram hoje que apreenderam quatro toneladas de marfim africano, no valor de 5,7 milhões de euros, no porto de Banguecoque, na maior apreensão alguma vez realizada na Tailândia.

Os 739 bocados de presas de elefantes africanos foram encontrados num contentor expedido da República Democrática do Congo, com destino ao Laos, de acordo com um comunicado das alfândegas tailandesas.

"O peso de todos estes bocados é de cerca de quatro mil quilogramas para um valor de 200 milhões de bahts (seis milhões de dólares)... trata-se da mais importante apreensão de marfim da história tailandesa", sublinha o comunicado.

Uma vez chegado ao Laos, as autoridades tailandesas disseram que o marfim seria, provavelmente, revendido a compradores da China ou do Vietname. Mas também podia regressar à Tailândia, onde os ornamentos de marfim continuam a ser muito apreciados, apesar das restrições.

De acordo com a lei tailandesa, o marfim proveniente de elefantes tailandeses domésticos pode ser vendido, mas os peritos consideram que os traficantes conseguem escoar o marfim africano através do reino.

As autoridades tailandesas afirmam ter intensificado recentemente os controlos neste domínio, depois das observações efetuadas pela comissão permanente da CITES (Convenção sobre o comércio internacional das espécies de fauna e flora selvagens ameaçadas de extinção), que tinha estabelecido um prazo, até agosto de 2015, para a Tailândia lutar seriamente contra o tráfico de marfim.

Especialistas pensam que o elefante de África poderá desaparecer, a curto prazo, no estado selvagem, vítima da caça ilegal pelo marfim. Ao ritmo de 25 mil a 30 mil animais abatidos por ano, a mortalidade ultrapassa já a taxa de natalidade deste animal, que tem apenas um filho, num período de gestação de 21 meses.

É pelos portos ou aeroportos quenianos e tanzanianos que a maior parte do marfim de contrabando sai de África. Depois, "o ouro branco" transita geralmente pela Malásia, Vietname, Filipinas ou Hong Kong, antes de chegar ao destino final: China, e em menor quantidade à Tailândia.

EJ // VM

Veteranos timorenses visitam Austrália e participam em cerimónias do Anzac Day




Grupos de veteranos timorenses estão esta semana de visita a várias cidades australianas onde participarão nos principais eventos que marcam, sábado, o dia de memória conhecido como Anzac Day.

De acordo com um comunicado do Governo timorense, os veteranos manterão encontros com grupos congéneres australianos com quem vão debater ideias sobre serviços de veteranos e participar nas cerimónias.

Comemorado, inicialmente, para homenagear os membros do Australiana and New Zealand Army Corps (ANZAC) que lutaram em Gallipoli na I Guerra Mundial, a data é atualmente um dia de memória de todos os que "serviram e morreram em guerras, conflitos e operações de paz".

Os eventos deste ano são particularmente simbólicos já que coincidem com o 100.º aniversário do desembarque das forças ANZAC em Gallipoli.

Várias delegações timorenses vão ficar instaladas nas principais cidades australianas e uma delegação vai deslocar-se por todo o país para participar nos principais eventos.

Esta delegação, liderada pelo ministro do Planeamento e Investimento Estratégico, Kay Rala Xanana Gusmão, inclui a ministra da Solidariedade Social, Isabel Amaral Guterres, o chefe do Estado-Maior General das Forças de Defesa de Timor-Leste, major-general Lere Annan Timur, e o embaixador de Timor-Leste em Camberra, Abel Guterres.

Desta delegação fazem também parte veteranos da Luta timorense, incluindo António Gomes da Costa (Ma'Huno) e Gil da Costa Monteiro (Oan Soro].

A visita à Austrália é coordenada pela veterana Inês de Almeida que será a porta-voz dos veteranos e que no início deste ano foi nomeada Representante dos Veteranos junto do Primeiro-Ministro timorense.

Os participantes na visita aproveitarão para perceber elementos das organizações de veteranos na Austrália que possam contribuir para o desenvolvimento do novo Conselho Nacional dos Combatentes da Libertação Nacional de Timor-Leste.

Para Agio Pereira, porta-voz do Governo e ministro de Estado e da Presidência do Conselho de de Ministros, a participação dos timorenses nas cerimónias, a convite do Conselho de Estado do Retired Servicemens League (RSL) de Nova Gales do Sul é um "gesto significativo".

"Resulta claramente de uma relação cada vez mais forte entre a Austrália e as comunidades de veteranos de Timor-Leste, que remonta à Segunda Guerra Mundial e é caracterizada pela amizade, boa-fé e respeito mútuo", refere em comunicado.

"O Governo louva os veteranos timorenses pelos seus esforços para servir melhor os seus companheiros veteranos e por representar Timor-Leste com dignidade nestas importantes comemorações na Austrália", sublinha.
Lusa, em Notícias ao Minuto

Timor-Leste cita trabalho da CPLP para inspirar líderes asiáticos e africanos




O ministro dos Negócios Estrangeiros da Timor-Leste, Hernâni Coelho, citou hoje em Jacarta o trabalho realizado na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para inspirar os líderes asiáticos e africanos a cooperarem para a prosperidade.

No discurso que proferiu diante de representantes de dezenas de países africanos e asiáticos e que foi disponibilizado à imprensa ao final do dia, o governante defendeu uma "via prática" para rejuvenescer a Nova Parceria Estratégia Ásia-África e fortalecer a Cooperação Sul-Sul, com vista a "promover a paz mundial e a prosperidade".

Vários governantes encontram-se reunidos em Jacarta para preparar a cimeira de comemoração do 60.º aniversário da Conferência Ásia-África e do 10.º aniversário da Nova Parceria Estratégia Ásia-África, onde são esperados 34 líderes das duas regiões, bem como representantes de 77 países.

"Neste espírito, Timor-Leste, tem durante os últimos anos dedicado esforços consideráveis, proporcionais à sua capacidade, para colocar em prática esta nobre filosofia, trabalhando em estreita colaboração com um grupo de Estados frágeis, conhecido como o g7 +, à parte de outras estruturas, tais como [a comunidade] dos países de língua portuguesa", exemplificou.

Para o chefe da diplomacia timorense, os princípios norteadores da Declaração de Bandung, em 1955, "ainda são relevantes nos dias de hoje, se tivermos em conta as realidades da conjuntura política, social e económica" na região.

Hernâni Coelho refletiu sobre o "papel cada vez mais inegável" dos dois continentes no mundo económico e político e na "ordem mundial do novo século", falando, por exemplo, nos recursos, nas dinâmicas demográficas e no potencial económico.

"Mas claro que não podemos ignorar as condições extremas que muitos dos nossos países membros enfrentam. Desastres naturais, epidemias, guerras civis, extremismo e atos de terrorismo são uma combinação mortal que pode facilmente fazer descarrilar as oportunidades que temos", alertou.

No discurso, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste deu o exemplo da Palestina, defendendo "o direito dos palestinianos à sua independência e a necessidade de encontrar um acordo de paz único para resolver o conflito" na região do Médio Oriente.

Líderes dos países africanos e asiáticos procuram nesta cimeira revitalizar os princípios defendidos em 1955, numa altura em que lutavam contra a opressão colonial e o domínio das principais potências mundiais e defendiam a independência, a paz e a prosperidade económica dos estados dos dois continentes.

O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, também participará na cimeira que decorre esta semana na Indonésia.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Moçambique. Presidente pede intervenção do Governo sul-africano contra xenofobia




O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, apelou hoje ao Governo sul-africano para desencadear uma ação presencial e imediata contra a violência xenófoba, considerando os ataques "horríveis e chocantes".

"Apelamos ao Governo da África do Sul para desencadear uma intervenção presencial e imediata e apelamos aos nossos compatriotas para não retaliarem", afirmou Filipe Nyusi, falando na tomada de posse dos vice-reitores da Universidade Pedagógica e da Universidade do Zambeze.

Nyusi qualificou os ataques aos estrangeiros como "horríveis e chocantes", que demonstram total desprezo pela vida, enfatizando que o país está determinado a prestar a assistência necessária aos moçambicanos vítimas da violência na África do Sul.

Três moçambicanos morreram vítimas de xenofobia na África do Sul, desde que os ataques contra estrangeiros eclodiram no país, há mais de duas semanas, levando igualmente à fuga de cerca de 600 moçambicanos para centros de refugiados, dos quais 107 já regressaram a Moçambique, devendo mais 400 regressar na terça-feira.

O Governo moçambicano tem reiterado apelos à não-retaliação contra cidadãos sul-africanos residentes em Moçambique, face à tensão provocada pela recusa dos trabalhadores moçambicanos em permitir a presença dos seus colegas sul-africanos em empresas onde estão presentes em Moçambique, em repúdio contra a violência xenófoba.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Ensino pré-escolar passa da ideia à prática em 10 distritos moçambicanos



Intasse Sitoe – Verdade (mz)

Mais de 84 mil crianças, de zero aos cinco anos de idade, começam a frequentar o ensino pré-escolar nos distritosde Manhiça e Boane (Maputo), Xai-Xai e Mandlakazi (Gaza), Angónia e Changara (Tete), Eráti e Memba (Nampula) e Macomia e Chiúre (Cabo Delgado).

O projecto-piloto que era propalado desde 2014 foi lançada na última sexta-feira (17), em Maputo, e será implementada em todo Moçambique, devendo abranger 600 comunidades até 2017, segundo o Ministérioda Educação e Desenvolvimento Humano, que indica que o acesso aos serviços da primeira infância no país é muito baixo (cinco porcento).

Antuía Soverano, directora nacional do ensino primário, disse que se pretende assegurar que todas as crianças, desde o nascimento até aos cinco anos de idade, desenvolvam habilidades que lhes permitam chegar à escola já com competências comunicativas, saber segurar um lápis e ter mais facilidade de intervenção.

Os petizes serão subdivididos em dois subgrupos: o primeiro, dos zero aos dois anos, a criança vai ter educação parental (sobre saúde, alimentação, controlo do peso, importância das vacinas e do registo de nascimento) e, o segundo, dos três aos cinco, inclui a educação nas escolinhas.

Cidadão moçambicano assassinado na África do Sul em mais um ataque xenófobo



Adérito Caldeira  - Verdade (mz)

Um cidadão moçambicano, identificado pelo nome de Emanuel Sithole, foi agredido e esfaqueado por cidadãos sul-africanos, no passado sábado (18) no bairro de Alexandra, na cidade sul-africana de Johannesburg, acabando por perder a vida. É uma das oito vítimas mortais, entre elas uma criança, da onda de ataques violentos protagonizada por cidadãos sul-africanos contra imigrantes estrangeiros pobres.

O moçambicano foi encontrado gravemente ferido e a rastejar em busca de ajuda por jornalistas do jornal Sunday Times, que na manhã deste sábado entrevistavam proprietários de lojas vandalizadas durante a noite.

Emanuel caminhava sozinho por uma rua do bairro suburbano de Alexandra quando foi atacado por um cidadão, ao que tudo indica sul-africano, empunhado uma chave inglesa. O moçambicano tentou defender-se, levantando os braços e recuando, mas acabou por tropeçar e cair num monte de lixo que existia na berma da estrada, enquanto isso o atacante continuou a desferir golpes. Depois o atacante parou e afastou-se.

Contundido, Emanuel levantou-se para tentar sair do local porém, um outro homem, ao que tudo indica também sul-africano, aproximou-se empunhado um facão. O moçambicano levantou os braços, pedindo para o deixarem viver, mas em vão. Foi esfaqueado, repetidas vezes.

Emanuel tentou lutar, pela sua vida, os dois caíram no chão, entretanto o homem com a chave inglesa regressou. Juntou-se ao grupo de agressores um jovem que começou por dar pontapés ao moçambicano e depois sacou de uma faca de talhante. Entretanto um outro homem, que observava o ataque, interviu segurando a mão do jovem atacante que empunhava a faca de talhante. Os agressores pararam e acabaram por fugir.

O moçambicano tentou levantar-se mais caiu. Sem nenhuma ajuda, depois de nova tentativa, conseguiu pôr-se em pé e a cambalear caminhou a procura de ajuda.

Acabou por ser encontrado a rastejar pelos jornalistas a cerca de 100 metros do posto de saúde de Alexandra onde não encontrou assistência pois o médico que deveria estar de serviço é um estrangeiro e, devido aos ataques xenófobos que duram desde o final de Março, não foi trabalhar. Teve de ser levado ao Hospital de Edenvale onde acabou por perder a vida. Uma das facadas no seu peito atingiu-lhe o coração.

Graças ao telemóvel, encontrado num dos seus bolsos, foi possível identifica-lo. Emanuel trazia no pulso três braçadeiras onde se podia ler "United for Bafana" (Unidos pelos Bafana, nome da selecção nacional sul-africana de futebol).

Mia Couto diz que xenofobia é agressão aos sul-africanos

"A xenofobia que se manifesta hoje na África do Sul não é apenas um atentado bárbaro e cobarde contra os 'outros'. É uma agressão contra a própria África do Sul. É um atentado contra a “Rainbow Nation” que os sul-africanos orgulhosamente proclamaram há uma dezena de anos. Alguns sul-africanos estão a manchar o nome da sua pátria", declara Mia Couto, numa carta aberta ao Presidente sul-africano, Jacob Zuma, publicada na sexta-feira na página da Internet da Fundação Fernando Leite Couto, presidida pelo escritor moçambicano.

Para Mia Couto, além de "manchar" os sul-africanos, a xenofobia na África do Sul, especificamente contra moçambicanos, demonstra um sentimento de ingratidão, um acto "bárbaro" contra os cidadãos de um país que ajudou a África do Sul na luta contra o regime do apartheid e na consolidação da sua economia, tendo-se tornado uma das maiores do continente africano.

"Nós não a esquecemos. Talvez mais do que qualquer outra nação vizinha, Moçambique pagou caro esse apoio que demos à libertação da África do Sul. A frágil economia moçambicana foi golpeada. O nosso território foi invadido e bombardeado. Morreram moçambicanos em defesa dos seus irmãos do outro lado da fronteira", refere a carta, lembrando que Jacob Zuma viveu refugiado por um longo período em Maputo, durante a luta do Congresso Nacional Africano contra o regime do apartheid, que terminou em 1994.

O escritor moçambicano apela aos Governo sul-africano a redobrar esforços para controlar a situação, mobilizando o Exército, caso necessário, como forma de evitar que mais pessoas morram vítimas dos ataques xenófobos e que a situação se alastre para outras regiões.

"Ponha imediatamente cobro a esta situação que é um fogo que se pode alastrar a toda a região, com sentimentos de vingança a serem criados para além das suas fronteiras. São precisas medidas duras, imediatas e totais que podem incluir a mobilização de forças do Exército", escreve Mia Couto, reiterando que é a própria África do Sul que está a ser atacada.

Desde que começou a onda de violência xenófoba contra estrangeiros africanos na África do Sul, várias manifestações de populares em retaliação ao fenómeno foram registadas em Moçambique.

Na sexta-feira, um grupo de moçambicanos, maioritariamente trabalhadores da construção civil, cortou a principal estrada entre Moçambique e a África do Sul durante cerca de 30 minutos, em retaliação contra a xenofobia.

Na quinta-feira, centenas de moçambicanos impediram, sem violência, a entrada de cidadãos sul-africanos nas minas de carvão da Vale em Tete, centro de Moçambique, também em retaliação à onda de xenofobia na África do sul. No sábado mais de cem pessoas manifestaram-se na capital moçambicana contra a onda de violência xenófoba na África do Sul, numa marcha que teve como destino a embaixada sul-africana em Maputo.

XENOFOBIA NA ÁFRICA DO SUL NÃO ATINGE ANGOLANOS




Georges Chikoti confirmou que até ao momento não houve ocorrências envolvendo cidadãos nacionais.

O ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, disse hoje em Jacarta que não há registo de perseguições a angolanos na África do Sul, onde a violência xenófoba dos últimos dias fez pelo menos sete mortos.

“Até ao momento em que parti de Luanda e ainda hoje não recebi uma preocupação específica. (…) A nossa embaixada está atenta e temos um consulado em Durban, que também está a olhar para este caso”, afirmou.

O governante respondia aos jornalistas à margem das reuniões ministeriais que ocorrem na capital indonésia para preparar a cimeira de comemoração do 60.º aniversário da Conferência Ásia-África, em Bandung, em 1955, e do 10.º aniversário da Nova Parceria Estratégica Ásia-África.

Numa altura em que “alguns países movimentaram os seus cidadãos”, Angola só irá analisar alguma tomada de posição se houver “angolanos que estejam a ser perseguidos”, referiu.

“Mas nós queremos esperar que o Governo da África do Sul possa desenvolver a capacidade de garantir a segurança dos cidadãos estrangeiros”, acrescentou o chefe da diplomacia angolana.

A ministra dos Negócios Estrangeiros sul-africana, Maite Nkoana-Mashabane, disse hoje a Georges Chikoti que o esforço do seu governo “vai no sentido de garantir a segurança de todos os cidadãos que estão na África do Sul”.

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, cancelou a sua participação na cimeira na Indonésia “para se ocupar de problemas domésticos” relacionados com a violência contra estrangeiros no país, de acordo com uma informação do gabinete do chefe de Estado divulgada no sábado.

A violência xenófoba já provocou a morte a três moçambicanos e cerca de 600 já pediram ajuda para sair do país.

Lusa, em Rede Angola

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Angola. UNITA nega envolvimento em confrontos entre seita e polícia




Posição foi assumida pela direcção do maior partido da oposição num comunicado enviado hoje à imprensa.

A UNITA nega qualquer envolvimento no confronto entre seguidores da seita religiosa ilegal Adventista do Sétimo Dia a Luz do Mundo, também conhecida como “Kalupeteca”, e a Polícia Nacional que terminou com a morte, no Huambo, de nove agentes, que estão a ser enterrados hoje.

A posição foi assumida pela direcção do maior partido da oposição num comunicado enviado hoje à imprensa, depois de divulgadas imagens de material de propaganda da UNITA no acampamento da igreja e face a acusações de dirigentes políticos sobre envolvimento.

No mesmo comunicado, a direcção do partido liderado por Isaías Samakuva manifesta “revolta pelas tentativas de envolvimento do nome da UNITA numa situação que nada tem a ver com ela”, considerando “irresponsáveis, descontextualizadas e imbuídas de má-fé” declarações nesse sentido de elementos do MPLA, no poder, sobre os acontecimentos.

O incidente aconteceu durante a tarde de quinta-feira, em Serra Sumé, a 25 quilómetros da Caála, tendo os agentes, na versão policial, sido surpreendidos por elementos da referida seita, conhecida por queimar livros, travar a escolarização e vacinação dos fiéis, concentrando-os em acampamentos sem condições e reunindo centenas de pessoas.

Os nove agentes mortos integravam um forte grupo policial que tentava então capturar o líder daquela seita, também após confrontos na província de Benguela que terminaram na morte de outro agente da Polícia Nacional.

No local da concentração desta seita, em São Pedro Sumé, estariam mais de dois mil fiéis, segundo relatos locais, que apontam igualmente para mortos entre os seguidores, na sequência da intervenção da troca de tiros, informação não confirmada pela polícia.

No sábado, e embora sem concretizar a acusação, o MPLA afirmou que “estes actos bárbaros” foram concretizados “com armas de fogo” que “ilegalmente” estavam na posse de pessoas que “pretendem alterar a ordem pública em Angola”.

“Os dados até agora recolhidos permitem facilmente concluir que por detrás destes factos estão outras forças, que pretendem criar condições para um retorno a situações de perturbação generalizada, que não poderão ser toleradas”, lê-se num comunicado do bureau político do Comité Central do MPLA enviado à imprensa, em Luanda.

Criticando o “repugnante acto” ocorrido no Huambo, a direcção do partido do ‘Galo Negro’ acusa o MPLA de “por tudo e por nada procurar culpar a UNITA”.

“Qualquer acontecimento negativo é culpa da UNITA. O que pretende afinal o MPLA? Para onde o MPLA pretende conduzir o país? Quem foi que promoveu, promove e consente o surgimento das milhares de seitas que pululam pelo país”, questiona o partido.

O líder da seita, José Julino Kalupeteca, de 52 anos, já foi detido pela Polícia Nacional.

Além do Huambo e do Bié, esta seita tem actividades conhecidas – ilegais por não estar reconhecida – nas províncias do Cuanza Sul, Cuando Cubango e Benguela, multiplicando-se nos últimos dias os confrontos com as autoridades e com a população.

Lusa, em Rede Angola

Angola. MILITARES (TAMBÉM) PENSAM!




Enquanto os generais no activo, violando a própria Constituição de Angola, dão apoio público ao MPLA, os ex-militares voltam a dar um ultimato ao regime. E assim vai o reino de José Eduardo dos Santos.

Orlando Castro

Assim, o presidente nunca nominalmente eleito e no poder desde 1979, continua sem responder às reivindicações dos ex-militares que, durante uma vida, andaram a matar-se uns aos outros na defesa de causas diferentes.

No início de Agosto de 2012, importa recordar, o ultimato foi dado pelo coordenador da Comissão de Ex-Militares Angolanos (COEMA), general na reforma Silva Mateus.

“Até hoje mantivemos uma atitude de espera. A partir deste momento, até ao dia 15 deste mês, nós aqui e agora acendemos um intermitente de luz laranja. Do dia 15 para cima entraremos na linha vermelha e não haverá mais conversa”, frisou na altura o general.

“Não haverá mais conversa e nós iremos decidir o que fazer. Sairemos à rua a qualquer momento se o comandante-em-chefe, presidente da República e chefe do Executivo não for sensível em atender a nossa preocupação”, acrescentou o general, mostrando que em tempo de paz a luta continua, embora a vitória não seja certa.

Em causa estavam na altura os pagamentos em atraso, nalguns casos desde 1992, a ex-militares. Por outras palavras, os ex-militares percebem agora que, ao contrário do que dizia Agostinha Neto, o importante não é resolver os problemas do Povo. Aliás, o regime nem sequer sabe que existe Povo.

Segundo Silva Mateus eram cerca de 60 mil os ex-militares nestas condições, abarcando cinco mil soldados, sargentos e oficiais que desde 1992 deixaram de receber os vencimentos estabelecidos, e também os que foram desmobilizados depois daquele ano, e que receberam as guias da Caixa Social das Forças Armadas mas que, quando vão receber, são informados que não há dinheiro.

Mas há mais. Também lá estão os que não tendo sido desmobilizados continuam a ser militares e não recebem, mais os 250 efectivos do processo “27 de Maio”, que aguardavam o pagamento da pensão de reforma, os 402 do Batalhão Comando Ex-Tigres, que lutaram na vizinha República Democrática do Congo, que têm direito a subsídios desde 2007 e que só receberam o correspondente a 2012.

Segundo Silva Mateus, faziam também parte daquele total de 60 mil, os 32.600 antigos militares dos antigos braços armados da UNITA (FALA) e da FNLA (ELNA), ainda 18 mil oficiais que passaram à reforma e os que integraram a chamada Defesa Civil, então tutelados pelo Ministério da Defesa Nacional e integrados nos governos provinciais na última guerra civil (1998/2002) e, finalmente, os que estavam integrados na Segurança do Estado, nas chamadas Tropas Territoriais, na Organização de Defesa Popular e nas Brigadas Populares de Vigilância.

A exigência da COEMA consistia na criação por parte do Estado de uma comissão conjunta bilateral que avalie todas estas situações.

“Os actuais dirigentes, tanto a nível do Ministério da Defesa Nacional como da Chefia do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas não conhecem, não têm percepção da dimensão deste dossiê”, acusou Silva Mateus.

“Será que estas entidades não têm conhecimento da existência deste dossiê e desta demanda dos militares ao Estado, e, se têm, porque não reagem? Estão à espera de quê? Que os militares percam a paciência e saiam à rua para serem apelidados de arruaceiros”, questionou.

Silva Mateus assegurou que “não serão meia dúzia de generais de barriga cheia” que impedirão os ex-militares de sair à rua, caso estes continuem sem receber um sinal de disponibilidade para o diálogo.

“Se os dirigentes, nomeadamente o presidente da República, continuarem a fingir que não nos ouvem, ele será o responsável de tudo o que vai acontecer”, concluiu o general.

Vamos agora ver o que dirá o dono disto tudo. Eventualmente poderá dizer que os militares são, como os civis não afectos ao MPLA, culpados até prova em contrário. Poderá também dizer que pertencem a uma qualquer seita religiosa, que estão a ser instrumentalizados pela Oposição ou que preparam um golpe de Estado.

Numa altura em que o regime prepara a implementação de uma das suas especialidades, purga, tudo poderá acontecer a qualquer altura, eventualmente para celebrar o 27 de Maio… de 1977.

Por alguma razão o núcleo duro de José Eduardo dos Santos põe em dúvida a fidelidade, que querem canina, dos militares oriundos da UNITA. E não é caso para menos. Será que Geraldo Sachipengo Nunda, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, se esqueceu da Angola profunda, daquela onde o povo, o seu povo, é gerado com fome, nasce com fome e morre pouco depois com fome?

Será que Geraldo Sachipengo Nunda se esqueceu que o seu tão querido e idolatrado presidente (Eduardo dos Santos), a sua Constituição, o seu regime, considera um crime contra o Estado ter opiniões diferentes das oficiais?

Não será altura de Geraldo Sachipengo Nunda também se interrogar das razões que levam a que Angola uns poucos tenham muitos milhões, e muitos milhões não tenham nada?

Não se sabe ao certo, mas é curial pensar-se que Geraldo Sachipengo Nunda tenha manifestado a sua satisfação pela morte de Savimbi apenas para que o MPLA não se arrependesse das mordomias que lhe dera, que lhe dá e continuará a dar enquanto for… útil.

Geraldo Sachipengo Nunda continuará sempre debaixo da mira dos ortodoxos do regime. E ele sabe disso. Sabe mesmo que, por enquanto, prefira (ao contrário dos ensinamentos de Jonas Savimbi) ser escravo de barriga cheia do que livre com ela vazia.

Folha 8 (ao)

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MAIS UMA SEMANA DE TENSÃO PARA A GRÉCIA




Sob pressão do FMI para que cumpra prazos, Grécia terá que arcar com novas parcelas da dívida já em maio. Reunião dos ministros de Finanças da zona do euro, marcada para esta semana, pode ser decisiva.

A agenda de pagamentos do governo grego está cheia. Começa, logo em 1º de maio, com um vencimento de 200 milhões de euros perante o Fundo Monetário Internacional (FMI). E continua, até meados de junho, com uma série de parcelas, totalizando 2,5 bilhões de euros, referentes ao pacote de ajuda financeiro concedido pela instituição a Atenas.

Na semana passada, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, insistiu na necessidade de um pagamento pontual. Nos últimos 30 anos, afirmou ela, a instituição jamais concedeu um adiamento a seus devedores.

"Nunca tivemos o caso de um país desenvolvido ter pedido um adiamento do pagamento. E esperamos que a Grécia não o faça. Com certeza, eu pessoalmente não iria apoiar isso", justificou.

Lagarde destacou que o FMI é uma "instituição baseada em regras". A frase aparece com frequência também nos discursos de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE) – ainda que tais regras deixem espaço para interpretação.

Na opinião de muitos críticos, a compra em larga escala de títulos do governo não está coberta pelo mandato da autoridade monetária europeia. O que não impede Draghi, porém, de injetar 60 bilhões de euros nos mercados todos os meses.

Empréstimos mais caros

De acordo com suas próprias regras, o BCE também não deveria ter aceitado títulos gregos como garantia, já que a nota de crédito (rating) de Atenas estava no fundo do poço. Na ocasião, o problema foi contornado com a aprovação de uma regra de exceção.

Em fevereiro, pouco após Alexis Tsipras assumir como primeiro-ministro da Grécia, o BCE suspendeu essa exceção e privou o país de uma importante fonte de divisas. A justificativa oficial na época: não se esperava que a avaliação do programa de reformas pudesse ser concluída com êxito.

Devido ao fato de, desde então, instituições financeiras gregas não terem mais acesso direto aos fundos do BCE, elas dependem agora de empréstimos emergenciais do banco central da Grécia.

Esses empréstimos não saem somente mais caros, mas também têm que ser aprovados pelo BCE, que mantém os bancos na rédea curta ao elevar o limite máximo permitido de forma muita mais lenta do que sob o governo anterior.

Para os gregos, a tomada regular de empréstimos no mercado de capitais não é opção. Depois do encontro do ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, com Lagarde, na semana passada em Washington, os rendimentos dos títulos públicos de três anos escalaram para estonteantes 27%, o nível mais alto desde o corte da dívida em 2012.

Lagarde pede negociação rápida

Por esse motivo, os gregos estão fazendo pressão por um pagamento rápido das ajudas financeiras já aprovadas, no valor de 7,2 bilhões de euros. No entanto, os credores estão retendo os fundos por considerar insuficientes os esforços de reforma do governo Tsipras.

Em 20 de fevereiro último, os países da zona do euro concordaram em prorrogar o programa de resgate até junho. Na ocasião, isso foi considerado um sucesso, mas não ajudou a melhorar a relação entre devedores e credores.

Os gregos interpretaram o acordo como um "novo marco regulatório", como Tsipras escreveu em carta à chanceler federal alemã, Angela Merkel. Os demais países do euro viram ali somente a obrigação de dar prosseguimento à atual política de austeridade.

E é justamente isso que o governo grego rejeita. Ele foi eleito pela promessa de pôr um fim às condições impostas para os empréstimos, consideradas, em sua visão, social e economicamente contraproducentes. E as alternativas sugeridas até agora por Atenas foram rejeitadas pelos parceiros de moeda única.

Diante dos cofres vazios, Lagarde exortou todas as partes interessadas a se apressarem: "Isso não é algo que possa ser resolvido com um acordo político no último minuto." Segundo ela, cabe aos ministros de Finanças da zona do euro e às instituições de avaliação por eles comissionadas tomar uma decisão.

Possível ajuda da Igreja

Tsipras mostrou-se otimista, na semana passada, em conseguir um acordo até o fim do mês, mesmo que ainda existam questões controversas, como relativas às reformas do mercado de trabalho e das aposentadorias.

Nesta sexta-feira (24/04), os ministros de Finanças da zona do euro voltam a se reunir em Riga, capital da Letônia. Mas o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, já arrefeceu as expectativas com antecedência.

"Não há nada de novo", afirmou Schäuble na reunião do FMI em Washington. "E não estou certo se já teremos alguma novidade na próxima semana em Riga."

A pressão sobre o governo grego para que se curve às exigências de reformas e austeridade econômica dos credores aumenta diariamente. Enquanto isso, Tsipras, ateísta declarado e primeiro premiê grego a recusar a Bíblia no juramento de posse, iniciou um diálogo com a Igreja Ortodoxa, que se ofereceu para usar sua fortuna bilionária para auxiliar Atenas a buscar novas fontes de ajuda financeira.

Andreas Becker (ca) – Deutsche Welle

Mediterrâneo. TERCEIRO PEDIDO DE SOCORRO. 600 PESSOAS EM RISCO




O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, confirma que há três embarcações em dificuldades no mar Mediterrâneo. Há um pequeno barco a 30 milhas da costa líbia com 100 a 150 pessoas a bordo e um barco maior com 300 pessoas.

Numa conferência conjunta com o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, Renzi confirmou ainda a existência de um terceiro barco em dificuldades.

A Organização Internacional para as Migrações, a primeira instituição a dar o alerta, diz que serão 600 os ocupantes destes três barcos.

«Muitas vezes, quando estão perto da Líbia, os imigrantes começam a ligar à guarda costeira e às organizações humanitárias para dizer que estão em dificuldade.

Mas isto não significa que estejam numa condição de desespero e que o barco se esteja a afundar», sublinha Flavio Di Giacomo, dizendo que «é muito cedo» para se poder afirmar que o terceiro barco se trata também de um naufrágio.

Os meios de busca e salvamento foram reforçados.

Matteo Renzi insiste no apelo para que seja realizada de emergência uma cimeira ao mais alto nível sobre imigração, envolvendo os vários líderes europeus.

"Malta e Itália são as pontes naturais entre a Europa e África", lembra o chefe de Governo italiano, fazendo questão de deixar um aviso: "O diálogo entre os povos pressupõe justiça. E se existe tráfico humano - porque é isso que está aqui em questão - eu, que represento um país, que às costas tem séculos de princípios de Estado de Direito não posso deixar que os culpados deste desastre fiquem impunes".

TSF

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Naufrágio na Grécia: Três imigrantes mortos (vídeo)

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