domingo, 23 de agosto de 2015

Portugal. O VOTO IRRESPONSÁVEL



Domingos de Andrade – Jornal de Notícias, opinião

Vai ser campanha lá e campanha cá. Mas o que cá se passa não conta para nada lá. E o que lá se passa conta cá. Mal. A coligação PSD/CDS terá sempre a vontade de trazer o embrulho grego como exemplo do voto irresponsável. E já começou. Forçar António Costa a discutir a simpatia do PS pelo Syriza. Obrigar António Costa a corrigir uma e outra vez o tiro de declarações passadas.

Mal. Para ambas as forças políticas. Porque há na demissão do primeiro-ministro grego e no pedido de eleições antecipadas aprendizagens a reter.

Alexis Tsipras disse e fez, em sete meses de poder, tudo e o seu contrário. Venceu, primeiro, eleições contra a austeridade e uma certa Europa em galopante arrepio das suas periferias. Bateu o pé. Pediu referendos. Negociou medidas para um terceiro resgate ainda mais duras do que aquelas que tinha renegado na campanha eleitoral. Contra o voto dos eleitores gregos. Duas vezes. Perdeu. Mas ganhou.

O Syriza é hoje um partido a desfazer-se. Sai a ala mais radical. Fica a dos consensos. E o líder a ganhar poder. Soube, comprova-se nos estudos de opinião, colocar os interesses do país acima das convicções. A Grécia continua no euro. Cresceu 0,8% no segundo trimestre, com uma banca sem liquidez e um povo desesperado. E o garrote das medidas impopulares que garantiram o terceiro resgate só começará a sentir-se depois do ato eleitoral. Sobra a Oposição. Esfrangalhada após a surpresa da derrota de janeiro e sem tempo para se organizar.

Tsipras vai a eleições para obter um mandato claro. Chama-se a isto sobrevivência. Há séries políticas bem menos arrojadas a correr nas televisões portuguesas.

Trazer a Grécia para a campanha arrasta inúmeras tentações. Todas do lado da coligação. E todas a jogar contra o Partido Socialista. A segurança versus a mudança. O aluno bem comportado contra os aventureiros. A estabilidade de uma maioria, como apelou o presidente da República, sobre os desnortes de um Governo sem apoio parlamentar.

É, aparentemente, fácil. Para ganhar eleições. Mas apenas uma ilusão. Estaremos em outubro com um Parlamento desarticulado. Com um país em dificuldades. Sem oposição, sem Governo e sem líderes. Iguais aos gregos, portanto. Mas, ao contrário deles, sem um líder com inesperados golpes de asa capazes de recolocarem o país no caminho da esperança.

*Diretor-executivo

Portugal. António Costa acusa coligação de se "esconder atrás da troika"




O secretário-geral do PS, António Costa, defendeu hoje que é tempo de "acabar" com o atual Governo, acusando a maioria PSD/CDS-PP de se "esconder" atrás da "troika", para executar o seu programa político.

"O Governo anda escondido há muito tempo, anda-se a esconder atrás da 'troika' para executar o programa que verdadeiramente queria e pelo qual se bateu tanto para que a 'troika' viesse", disse.

"Tem andado [o Governo] a esconder aquilo que é a realidade verdadeira do país, que não se esconde nas estatísticas, ouve-se naquilo que o povo nos diz. E agora quer esconder aquilo que quer fazer a seguir, por isso não mostra as contas do seu programa e esconde a verdade daquilo que se propõe fazer, que é atacar a privatização dos serviços públicos", acrescentou.

António Costa, que falava aos jornalistas em Campo Maior, Portalegre, à margem de uma visita às Festas do Povo que decorrem naquela vila alentejana até ao dia 30 deste mês, afirmou ainda que é tempo de "acabar" com o Governo de coligação.

"Estamos num momento em que o povo vai voltar a ter oportunidade de falar e oportunidade de escolher, e este é o momento de decidir, é o momento de acabar com este Governo, e o momento de acabar com esta política", disse.

Para o líder do PS é tempo de "fazer de novo o país florir" e, para isso, é preciso "acabar" com a política "escondida da direita", que quer "esconder o que quer fazer" no futuro.

António Costa considera ainda que o Governo, depois de ter feito "toda a privatização" do setor empresarial, prepara-se agora para "atacar" a privatização das receitas da Segurança Social, privatizar a Educação e privatizar a Saúde.

"Aquilo que nós temos que fazer é virar esta página da austeridade e relançarmo-nos para criar uma economia pujante e geradora de emprego, geradora de riqueza", afirmou.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal. Partido Socialista quer repor 1.º de Dezembro e 5 de Outubro ainda este ano




Aquela que tem sido uma das bandeiras dos socialistas conta agora com uma iniciativa proveniente da sociedade civil, com 22 mil subscritores.

O PS tenciona retomar a proposta para repor o feriado de 5 de Outubro e o 1.º de Dezembro, no início da legislatura.

Com apoio da Sociedade de Civil, vários elementos da direção socialista assumiram a intenção de fazer do projeto de lei uma das primeiras medidas a entregar no Parlamento, após as eleições legislativas.

Já coligação PSD/CDS promete iniciar, só em 2016, a revisão do acordo com a Santa Sé para repor dois feriados civis e dois religiosos (5 de outubro, 1.º de Dezembro, 15 de Agosto e dia de Corpo de Deus, 60 dias após a Páscoa).

Notícias ao Minuto

Portugal. "Candidatura de Maria de Belém apagou rentrée de António Costa" - Marcelo




Marcelo Rebelo de Sousa comentou esta noite na antena da TVI a entrada de Maria de Belém na ‘corrida’ às presidenciais.

Marcelo Rebelo de Sousa considera que o anúncio de candidatura de Maria de Belém “apagou a rentrée de António Costa”.

O social-democrata recordou que o secretário-geral do PS estava a ser entrevistado na SIC Notícias e “eis senão quando, à margem da entrevista, se soube que tinha saído um comunicado” dando conta da candidatura de Maria de Belém.

“Isso apagou a entrevista, deixou de haver entrevista, passou a haver Maria de Belém”, considerou, caracterizando o momento como gaffe. “Não é novidade em si mesmo o facto, o surpreendente foi o 'timing' e a coincidência” com a entrevista, pormenorizou.

Para o comentador, “enquanto que no PSD e CDS tem havido uma ideia de rumar na mesma direção, independentemente das simpatias”, com o objetivo comum de ganhar as legislativas, “o PS vai ter de resolver um problema”, considerando que margem para as legislativas “está mais apertada”, numa altura em que o PS tem de gerir diferentes sensibilidades no seio do partido.

Marcelo Rebelo de Sousa caracteriza ainda o momento como de “ruído das presidenciais”, a que se junta o “ruído” da situação grega, bem com o caso Sócrates como ‘pano de fundo’, fatores que perturbam candidatura do PS numa altura em que “a coligação decide fazer de morta”, procurando aí manter o caminho de recuperação nas sondagens.

Notícias ao Minuto

Portugal. O crescimento económico é anémico, mas ainda assim deve-se ao consumo




Uma das teorias mais matraqueadas pela “troika”, pelo governo e pelos seus “papagaios” na comunicação social é que a recuperação da economia só seria possível através do aumento das exportações e nunca pelo crescimento do consumo interno. Cortam nos salários, nas pensões, e na despesa pública essencial, porque isso reduziria o consumo e aumentaria a competitividade da economia e as exportações. Mas a verdade é que o anémico crescimento económico verificado se deve ao aumento da procura interna, e não da procura externa, desdizendo o governo e a “troika”. É o próprio INE a afirmar isso.

Portugal. “Dizer sempre que sim a Bruxelas, corta condições de vida e capacidade do país”




Catarina Martins criticou declarações da ministra Assunção Cristas sobre a pesca da sardinha e defendeu que é preciso apostar na investigação científica e em políticas ambientais para permitir a sustentabilidade da pesca e dos setores do mar.

Catarina Martins esteve neste sábado com a Associação de Mariscadores de Arrasto de Cintura da Baía de Monte Gordo e pronunciou-se também sobre os problemas relacionados com a pesca da sardinha.

Em relação à pesca da sardinha, a porta-voz do Bloco apontou que as quotas derivam de duas questões: “uma razão clara de sustentabilidade ambiental das próprias espécies” e “outra razão, que é ficarmos sujeitos às quotas impostas unilateralmente por Bruxelas e não termos nenhuma capacidade de contraproposta”.

“O que há anos nós devíamos estar a fazer, num país que tem a nossa costa, é apostar na investigação científica e nas políticas ambientais que permitissem a sustentabilidade desses setores vitais para a nossa economia” afirmou Catarina Martins, criticando o governo por fazer o contrário que “penaliza os pescadores, que cada vez podem pescar menos, cada vez têm piores condições” e, simultaneamente “também desinveste nos setores” que permitiam defender a “sustentabilidade da nossa economia, nomeadamente a investigação científica”.

“A estratégia de cortar sempre no país e de dizer sempre que sim a Bruxelas o que faz é cortar a capacidade produtiva do país e cortar nas condições de vida”, sublinhou a porta-voz do Bloco, referindo-se às declarações da ministra Assunção Cristas, que sobre a pesca da sardinha disse que "se não nos portarmos bem”, a UE pode “determinar uma quota mais penalizadora".

“Situação dos mariscadores é absurda”

Sobre os mariscadores e a interdição da pesca de bivalves, a porta-voz do Bloco referiu problemas diferentes. “Por um lado, os mariscadores estão impedidos de apanhar, mas também, não têm acesso ao fundo de compensação, que a lei diz que devem ter acesso” e, “por outro lado, os problemas da toxicidade que já se levantam há anos”, que estão prometidos “mecanismos que têm a ver com políticas de controlo ambiental, mas também com políticas do ponto de vista da investigação científica que são importantíssimas para garantir que as pessoas podem apanhar durante todo o ano e que não ficam meses sem conseguir trabalhar”.

Catarina Martins denunciou que “a situação dos mariscadores é uma situação absurda”. “Há 300 mariscadores e só 30 é que têm licença e depois há todos os turistas que acabam por ser mariscadores amadores durante o verão”, referiu a deputada.

Catarina Martins apontou que “a solução para estas questões, que são complexas, precisa de uma visão clara do futuro do país”. Por um lado, coloca-se “a sustentabilidade da apanha e isso exige políticas ambientais e políticas de investigação científica” e, por outro lado, “o apoio a quem vive desta profissão com os fundos de compensação, como está na lei”, não ficando meses sem ganhar.

“O Bloco de Esquerda tem vindo a propor que o fundo de compensação tem de ser pago mensalmente. Não se pode dizer aos mariscadores, como não se pode dizer aos pescadores, que fiquem meses sem ter acesso a rendimento e depois a compensação será dada por atacado”, defendeu Catarina Martins.

A porta-voz do Bloco sublinhou ainda que “a forma como o fundo de compensação funciona é uma forma que não responde minimamente às necessidades” e que se trata de “verbas muito pequenas”. “Não estamos a falar de nenhum esforço desmedido para o orçamento do Estado. E estamos a falar do respeito básico de quem vive do seu trabalho” realçou ainda Catarina Martins.


Portugal. COMO VAMOS DE SAÚDE?




Portugal - Jornal Mudar de Vida - [Pedro Goulart] Na primeira quinzena de Agosto, a directora clínica do Centro Hospitalar do Algarve pediu aos colegas dos centros de saúde para suspenderem o envio de grávidas para o hospital de Faro, durante os meses de Agosto e Setembro, pois a maternidade encontra-se-ia em situação de “limite extremo”, sem condições para assegurar o normal funcionamento do serviço de obstetrícia.

Claro que, tornado público este escandaloso caso e com a campanha eleitoral em andamento, o Ministério da Saúde resolvia rapidamente o assunto, numa política de tapa buracos, recorrendo à medicina privada.

Este é mais um episódio do vasto rol de angústias e dificuldades – longa espera por consultas e cirurgias, taxas moderadoras elevadas, diminuição da comparticipação na aquisição dos medicamentos – a que têm estado sujeitos os utentes do Serviço Nacional de Saúde.

A “crise” foi geralmente um pretexto para os governos do capital reduzirem os meios indispensáveis a um normal funcionamento do SNS. E o governo do PSD/CDS foi reduzindo ainda mais este sector público, enquanto contribuía fortemente para a engorda da medicina privada!

Já em recente relatório do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) se salientava haver actualmente mais portugueses a afirmarem que as suas necessidades de saúde não são satisfeitas, isto é, que aos cuidados do Serviço Nacional de Saúde não têm acesso muitosPedro Goulartdos que precisam. O relatório sublinhava que entre os “sintomas” preocupantes da “doença” que atinge o SNS estão a falta de recursos humanos (de médicos no interior do país e de enfermeiros em termos globais), assim como de camas (nos hospitais ou nos cuidados continuados), de medicamentos (nas farmácias e nos próprios hospitais) e até de segurança nos cuidados. Quanto à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), o relatório do OPSS sublinha, também, que, apesar do aumento de camas, este “não responde às necessidades estimadas das pessoas acamadas”.

Mais, os centros de saúde registaram menos cinco milhões de consultas entre os anos de 2008 e 2012. Apesar de classificar como “adequada” a existência de, em média, quatro médicos por cada mil habitantes, o relatório sublinha a distribuição inadequada destes profissionais pelo território. Em áreas urbanas, estima-se que existam cinco clínicos por cada mil habitantes; nas zonas rurais, essa média cai para apenas dois.

Também o impacte da crise económica no bolso dos portugueses é realçado no relatório. Em 2007, Portugal era o sexto país com maiores gastos suportados pelos utentes. Cinco anos depois, em 2012, ocupava já a quarta posição no ranking elaborado pela insuspeita OCDE.

Assim, de norte a sul do país esta situação é cada vez mais evidente e são numerosas as queixas e as denúncias da falta de trabalhadores no sector da Saúde: médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico. Ainda, segundo o mesmo relatório da OPSS, verificou-se efectivamente uma quebra de mais de 3700 camas para internamento nos hospitais públicos nos últimos 12 anos, enquanto o número de camas vem aumentando nos privados. E os cuidados continuados permanecem abaixo das necessidades da população.

O Serviço Nacional de Saúde, que foi uma daquelas importantes conquistas e direitos adquiridos pelos trabalhadores e pelo povo português no pós 25 de Abril de 1974, e que os últimos governos do capital têm vindo a tentar liquidar, é um dos sectores que exige uma luta firme e persistente na sua defesa.


ALÔ MARTE, DAQUI TERRA



Paulo Baldaia – Diário de Notícias, opinião

Por mais que eu mude de país, o meu país não muda. Vindo de outras paragens, chego a Portugal com necessidade de procurar informação para escrever este texto e descubro que Sócrates voltou a declarar-se preso político. Fico também a saber que António Costa voltou a apresentar o programa do PS, antes de dar uma entrevista em que avisa que só existirá um governo do Bloco Central se os marcianos descerem à Terra. Entretanto, Maria já é candidata a Belém e há quem veja nisto uma traição ao PS, ao mesmo tempo que Ferreira Leite é vista como amiga. "Morro" de espanto ao aterrar e "ressuscito" espantado por de nada me ter servido a minha "morte".

Confesso que cheguei a acreditar que alguma coisa tinha mudado quando li que Costa tinha voltado a trazer o programa para a campanha e que a política estava de regresso. Mais e melhores explicações iriam gerar verdadeiro esclarecimento e, assim, quem gosta e acredita na ideia que o PS tem para o país podia votar em António Costa e quem não gosta ou não acredita tinha 19 alternativas. Como sei da propensão jornalística para a polémica, descobri rapidamente que a esmola era grande e que o que tinha ficado dessa discussão era uma uma espécie de distinção teológica sobre promessas e estimativas. Também não lembra ao diabo fazer tanto estudo para anunciar 207 mil empregos. Por que não se ficaram pelos 200 mil? Sempre era um número redondo, gerador de menos desconfianças.

A promessa de que teríamos os programas políticos mais escrutinados de sempre parece ter acabado por aqui, porque também é muito típico do jornalismo fait-divers repetir perguntas para as quais já sabem a resposta. Nada como, com um sorriso na cara, confundir a prima do mestre-de-obras com a obra-prima do mestre e julgar que é serviço público tentar obrigar Costa a dizer se concorda com Sócrates, quando ele repete que a justiça quer impedir a vitória do PS. Melhor mesmo é a ideia de que Maria de Belém se candidata à Presidência da República para prejudicar o seu partido. Estaria, portanto, Maria a fazer um favor ao PSD, ao mesmo tempo que Manuela ajudava o PS. Daí que o elogio político que Costa fez a Ferreira Leite não o poderíamos ouvir feito a Maria. E no que diz respeito a fitas, a semana política não parece ter ficado por aqui. Costa também fez saber que iria ao cinema com Portas, embora não aceite ir a debate com ele.

Como nem tudo é a brincadeira que parece e o estado do país é mesmo uma coisa séria e a precisar de mais ideias e mais responsabilidade, na forte possibilidade de não haver uma maioria absoluta, o melhor mesmo é começar já a ligar para Marte: "Enviem a nave, pelo caminho que isto leva, lá vão eles ter de reeditar o Bloco Central."

Portugal. CDU diz-se disponível para ser Governo




O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse hoje que a CDU está disponível para integrar um futuro Governo, frisando que "a grande novidade" das eleições de outubro poderá ser o reforço eleitoral da coligação.

"Se o povo português quiser, estamos em condições de assumir responsabilidades, incluindo governativas, para defender os interesses dos trabalhadores e do povo", disse Jerónimo de Sousa, em Tábua, Coimbra, durante um almoço-convívio.

O líder comunista frisou que "a grande novidade" nas próximas eleições "pode ser o reforço da CDU", porque tem uma política alternativa, "patriótica e de esquerda", enquanto PSD, PS e CDS-PP "já se entenderam de todas as formas", em sucessivos governos.

Jerónimo de Sousa apelou ao voto na CDU, argumentando que "é preciso mais gente" a votar na coligação formada pelo PCP e partido ecologista "Os Verdes", e que esta força política "sempre soube honrar os seus compromissos".

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal. CDU não aceita discriminação de Os Verdes em debates




O cabeça-de-lista da CDU às eleições legislativas disse hoje que não aceita a discriminação do partido Os Verdes dos debates e que, desse modo, não é aceitável que a coligação PSD/CDS tenha dois representantes nos debates, Passos Coelho e Paulo Portas.

"Esses debates deviam envolver todos os partidos e coligações existentes, mas [PSD e CDS] rejeitaram - com uma mãozinha do PS e Bloco de Esquerda, espante-se - e tentaram marginalizar o partido ecologista Os Verdes. Como podíamos aceitar que a coligação PSD/CDS tivesse direito participar em mais em mais debates com o ajudante de Passos Coelho, que é Paulo Portas, e os Verdes seriam discriminados, não aceitamos isso", afirmou hoje o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, num comício em Vialonga, Vila Franca de Xira.

Para a CDU, tendo em conta do princípio de participarem nos debates televisivos todos os partidos com assento parlamentar e tendo em conta que há duas coligações - Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) e CDU (PCP e Os Verdes) - a participação de um representante do CDS só é justa se também houver a participação de um representante de Os Verdes.

Jerónimo de Sousa rejeitou assim a posição do CDS, que diz não estar a haver pluralismo neste processo, dizendo que o que não é aceitável é que "a coligação de direita tenha mais tempo de antena do que qualquer outro partido".

"Reservando a nossa posição para mais tarde sobre o modo de participação no conjunto de debates, queremos dizer que não aceitamos descriminações, estamos disponíveis para debater com todos, incluindo com o CDS, como sempre estivemos mesmo quando tinha quatro deputados", afirmou o dirigente comunista, repetindo que o que não aceita é exclusões.

A coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) anunciou sexta-feira que, sem a presença de Paulo Portas, não participará no debate televisivo de 22 de setembro, e que enviará o presidente do CDS-PP ao frente-a-frente com o secretário-geral do PCP.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal. PCP acusa PSD e CDS de esconderem novos cortes que querem fazer




O secretário-geral do PCP desafiou hoje os partidos da coligação a apresentarem os números relativos à carga fiscal dos últimos quatro anos e acusou-os de não serem transparentes quanto às suas propostas para o país.

"Porque é que o PSD e o CDS, o Governo, tardam em apresentar as contas em relação à carga fiscal, às consequências das medidas que tomaram em termos de fiscalidade?", questionou hoje Jerónimo de Sousa, num piquenique da coligação CDU em Vialonga, concelho de Vila Franca de Xira.

O secretário-Geral do PCP disse ainda que a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) sofre de falta de transparência quanto às propostas para a próxima legislatura.

"Paulo Portas, no seu estilo habilidoso, diz que não precisam de apresentar contas e propostas aos portugueses, porque já apresentaram em Bruxelas. Tem graça, essas dizem lá que é preciso cortar mais 600 milhões na Segurança Social, nas reformas e pensões, e cortar mais 300 milhões de euros nos serviços públicos. Digam que é isso que querem, aos portugueses!", desafiou.

"Uns e outros escondem as contas", acusou o líder do Partido Comunista e cabeça-de-lista da CDU nas legislativas de 04 de outubro.

Jerónimo de Sousa fez, no comício de hoje, um balanço negativo dos últimos quatro anos de Governo PSD/CDS, referindo, como exemplo, os cortes de 600 mil abonos de família, aumento do desemprego e dos vínculos precários, para considerar: "Passos Coelho não se limitou a fazer pouco pelos portugueses, Passos Coelho e o Governo PSD/CDS fizeram pouco dos portugueses".

Sobre um acordo com o PS, voltou a dizer que a CDU nunca recusa um "díálogo sincero, de compromisso", mas disse ser difícil um entendimento com um partido que é "vítima das suas contradições" e deu como exemplo as diferentes posições face ao Tratado Orçamental, à negociação da dívida pública ou aos direitos laborais.

Jerónimo de Sousa criticou, em específico, ainda a intenção do PS de baixar a Taxa Social Única (TSU) dos trabalhadores para a Segurança Social, afirmando que o que o PS não diz é que "os trabalhadores agora descontam menos, mas quando chegar à idade da reforma a pensão será mais baixa".

Neste comício após o piquenique, em Vialonga, o dirigente comunista fez questão de dizer que, nas legislativas de 04 de outubro, o que está em causa não é eleger o primeiro-ministro - essa é "uma ideia que serve ao PSD e PS" - mas eleger 230 deputados para a Assembleia da República, que é o local onde "se formam acordos, entendimentos, relações de força", garantindo que o PCP e Os Verdes podem ter aí uma posição determinante e que, desse modo, o país ficará "mais próximo de uma alternativa política".

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal. Jerónimo de Sousa diz que PS está "mudo e quedo" sobre dívida pública




O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou hoje o PS de estar "mudo e quedo" em termos de programa eleitoral sobre a dívida pública portuguesa, questionando quais as propostas socialistas na política financeira.

"Para além das declarações de diferenças de método, diferenças de ritmo, de grau, temos de dizer isto: em relação ao problema da dívida, que aumentou brutalmente em 50 mil milhões nestes quatro anos, o PS o que diz? Coisa nenhuma", afirmou Jerónimo de Sousa durante um almoço-convívio em Tábua, distrito de Coimbra.

No discurso, Jerónimo de Sousa acusou ainda o PS de se estar a "demitir" da "questão central" dos condicionamentos impostos pelo tratado orçamental - que, segundo o líder do PCP, impõe a redução do défice "a zero" e que com o pagamento da dívida "monstruosa" (que a CDU quer renegociar) irá consumir os recursos necessários ao investimento e crescimento da economia - criticando ainda a "proposta peregrina" socialista para a Segurança Social, com a redução da Taxa Social Única (TSU), os descontos que os trabalhadores fazem.

"Até parece uma grande oferta, todos aqueles que puderem descontar menos, olham para o fim do mês e veem mais uns trocos no bolso, é bom. Só que o Partido Socialista não diz uma coisa que tinha obrigação de dizer, é que quando os atuais trabalhadores forem para a reforma, a reforma vai valer menos, será desvalorizada porque [o trabalhador] não descontou a Taxa Social Única que era devida", argumentou.

"Ou seja, querem enganar os trabalhadores, os futuros reformados", frisou Jerónimo de Sousa, que perguntou se o PS pretende "uma rutura" com o que disse ser o atual "caminho para o desastre" que tem determinado a vida nacional, uma mudança "de um partido que se afirma de esquerda mas está continuamente a executar a política de direita".

O governo de coligação PSD/CDS-PP também foi alvo de críticas por, nos últimos quatro anos, "em que mais 700 mil portugueses caíram em risco de pobreza", ter considerado o aumento da pobreza em Portugal como "uma consequência" da crise .

"[Dizem que] foi necessário, as vezes cinicamente até dizem 'agradecemos muito aos portugueses o sacrifício que fizeram'. Tenham vergonha, porque os portugueses não lhes agradecem nada", sublinhou Jerónimo de Sousa, avisando que o Governo, hoje, vem dizer que o país está "em vésperas de dias radiosos".

"Só falta dizer que vamos entrar na terra do leite e do mel", ironizou.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal. Sampaio da Nóvoa pode vir a contar com o apoio do PCP




Ainda há muito por decidir até às presidencias. Agora, os partidos focam-se nas eleições legislativas que acontecem já a 4 de outubro.

O PCP já decidiu intervir sozinho nas eleições presidenciais. A indicação que o partido comunista tem é de que o voto não será dado logo na primeira volta se o candidato não for seu, avança o Diário de Notícias.

Há então a possibilidade de o partido apresentar um candidato próprio, mas depois, à boca das urnas, antes da primeira volta, fazê-lo desistir, apelando ao eleitorado do partido para que dê o voto a Sampaio da Nóvoa.

Um ponto decisivo para o PCP é sobretudo a posição do PS – isto se ganharem as legislativas e depois apoiarem Nóvoa. O PCP não quer estar ao lado dos socialistas na campanha.

Notícias ao Minuto

O MUNDO APÓS ACORDO WASHINGTON/TEERÃO



Thierry Meyssan*

O cessar-fogo acordado entre os EUA e o Irão redefine os conflitos no Próximo- Oriente e desloca a guerra para o Mar Negro. Embora seja muito cedo para prever a maneira como evoluirá a rivalidade entre Riade e Teerão, ou para saber o que acontecerá com a Turquia, está agora claro que nos dirigimos em direção à paz no Iémene e na Síria.

O conflito entre os EUA e o Irão, que preencheu o discurso sobre a política do Próximo-Oriente do Imã Khomeini, no cemitério de Teerão, a 1 de fevereiro de 1979, até à ao momento da assinatura do acordo bilateral com o Governo do Xeque Hassan Rohani, a 14 de julho de 2015, acabou. Agora, Washington e Teerão comungam dos mesmos interesses da classe dominante global.

No passdo, o presidente Jimmy Carter e o seu conselheiro de segurança nacional, Zbigniew Brzezinski, tiveram que fazer face à deserção do Irão, até aí o «gendarme regional» por conta de Washington. Primeiro, eles reagiram solicitando aos Saud para contrariar a mensagem revolucionária, e anti-imperialista, do imã —isto será o início da wahabização do Islão mundial—, depois, decidiram controlar, eles próprios, os hidrocarbonetos do Próximo-Oriente.

Aquando do seu discurso sobre o Estado da União, a 23 de janeiro de 1980, Jimmy Carter declara «….que a nossa posição fique absolutamente clara: qualquer tentativa, por parte de uma força estrangeira, para tomar o contrôlo da região do Golfo Pérsico, será considerada como um ataque directo aos interesses vitais dos Estados Unidos da América, e, um tal ataque será repelido por todos os meios necessários, incluindo a força militar».
Com este objectivo, o Pentágono organizou um comando regional para o seu exército, o Comando Central (CENTCOM), cuja área de competência inclui todos os Estados da região, à excepção de Israel e da Turquia.

Final do conflito artificial sunitas/xiitas

Durante 35 anos vimos cavar-se, paulatinamente, um abismo entre sunitas, liderados pelo seu campeão Saudita, e os xiitas, comandados pelo seu líder Iraniano. Os primeiros defendiam os Estados Unidos e o seu modelo económico capitalista, enquanto os segundos aspiravam a morrer libertando o mundo do imperialismo anglo-saxónico.

Este conflito jamais havia existido com tal nível de intensidade em toda a História, nem estruturado tal clivagem económica. Ele atingiu o auge com a Irmandade Muçulmana, a al-Qaida e o Daesh (Exército Islâmico- ndT), três movimentos financiados pelas monarquias do Golfo e aliados, num momento ou outro, a Israel, contra os xiitas.

Sem a menor explicação, Riade parou, desde 14 de julho, de evocar este conflito religioso, claramente resolvido sem a intervenção dos teólogos. A Arábia Saudita já não combate mais o Irão, agora parceiro do seu suserano norte-americano, mas, encontra-se numa posição de rivalidade com ele no novo Próximo-Oriente. Riade também reivindica, não mais representar os sunitas, mas o conjunto dos Árabes, enquanto o Irão não poderá mais apresentar-se como líder dos xiitas, mas apenas dos persas.

No entanto, até 2010, o mundo árabe não estava sob influência única da Arábia Saudita, mas governado por um triunvirato compreendendo, ao mesmo tempo, o Egipto, a Síria e a Arábia Saudita.

A evolução do CentCom

Muito embora a reforma do CentCom ainda não esteja na ordem do dia, a questão não tardará a colocar-se. De momento, a sua área de actuação inclui o Próximo-Oriente e a Ásia Central. Assim, não só deveríamos ver a paz impôr-se rapidamente no Iémene e na Síria, como poderíamos assistir à deslocação da guerra para a zona do Mar Negro, para a Turquia e para a Crimeia.

As Nações Unidas anunciaram a sua intenção de organizar negociações inter-sírias, e de as referenciar a um «grupo de contacto», quer dizer ás potências que patrocinam a guerra desde há quatro anos e meio.

Globalmente, estamos a dirigir-nos para um acordo que reconheceria a «vitória» da Arábia Saudita no Iémene, e a do Irão na Síria.

Stefan de Mistura, o enviado especial de Ban Ki-moon, declarou : 

• «...No momento tenho a intenção de convidar os sírios a participar em debates temáticos, simultâneos, realizados em paralelo, no âmbito de um grupo de trabalho inter-sírio, para se debruçarem sobre os aspectos fundamentais do Comunicado de Genebra, que eles identificaram durante a primeira fase das consultas. Que implicam, nomeadamente, garantir a segurança e a proteção de todos, encontrar o modo de acabar com os cercos, garantir o acesso a cuidados médicos, e libertar os prisioneiros. 

• A segunda fase incidirá sobre os aspectos políticos e constitucionais, nomeadamente os princípios essenciais, a autoridade de transição e as eleições. 

• A terceira fase dirá respeito aos aspectos militares e de segurança, nomeadamente uma luta eficaz contra o terrorismo, com a participação de todos, o cessar-fogo e integração.

• A quarta fase dirá respeito ás instituições públicas, a construção e o desenvolvimento, o que significa que, como temos salientado, devemos esforçar-nos em não repetir o que se passou no Iraque, nomeadamente quando, de forma brutal, as instituições desapareceram e o país se viu em grandes apuros. Estas instituições devem continuar a fornecer serviços públicos sob a liderança de oficiais superiores, aceites por todos, e agir em conformidade com os princípios da boa governação e dos direitos do homem.» [1]

Simultaneamente, a Turquia abriu uma nova frente declarando a guerra à sua própria minoria curda. Esta decisão, a prolongar-se, mergulharia o país numa longa e terrível guerra civil. Após todo o tipo de declarações contraditórias, os Estados Unidos interditaram-lhe perseguir o PKK na Síria —onde ele é conhecido sob o nome YPG— de modo que, a prazo, a Síria voltará a ser o país anfitrião dos revolucionários curdos.

Acima de tudo, a Turquia rompeu as relações económicas que tinha estabelecido com a Rússia há oito meses, e formou com a Ucrânia uma «Brigada Internacional Islamita», quer dizer, uma organização terrorista para desestabilizar a Crimeia [2].

Na ausência de governo legítimo na Turquia, há mais de um mês, é impossível prever o que vai acontecer com o país, mas, é claro, que o pior é possível.

O que buscam os Estados Unidos com a resolução 2235?

Neste contexto, observamos com preocupação a adopção, por unanimidade, no Conselho de Segurança da resolução 2235. Acordou-se criar um mecanismo de inquérito conjunto ONU-OPAQ, de modo a determinar quem recorreu à guerra química na Síria [3].Os investigadores da OPAQ, que não tinham, até aqui, mandato para determinar quem utiliza armas químicas, estabeleceram que vários ataques de cloro foram perpetrados, pelo menos 14 vezes, em 2014. A embaixatriz dos Estados Unidos salientou que estes bombardeamentos foram feitos a partir de helicópteros, que os «rebeldes» não possuem. Por outras palavras, a OPAQ e a ONU estabeleceriam uma responsabilidade da República Árabe Síria. No entanto, uma leitura atenta dos três relatórios anteriores da OPAQ [4] deixa entrever uma outra possibilidade: estes ataques foram, talvez, realizados pelo exército turco, tal como defende o embaixador sírio, que saudou a adopção da resolução.

Note-se que a dúvida sobre o papel da Turquia é legítimo, sabendo que ela realizou, a 11 de maio de 2013, um ataque de bandeira falsa em Reyhanlı, matando cinquenta dos seus concidadãos afim de acusar a Síria; que, a 21 de agosto de 2013, ela organizou um ataque químico contra a Gutta de Damasco, aí, novamente, para acusar a Síria e fazer a Otan entrar na guerra; e que, em março de 2014, o exército turco entrou na aldeia sírio-arménia de Kessab, com a al-Qaida e o Exército do Islão (milícia pró-saudita), afim de saquear a cidade e prosseguir o genocídio de arménios.

Os relatórios da OPAQ são já velhos de oito meses, mas só agora dão origem a esta resolução. Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança dispõem, cada um, de um sistema de satélite que lhes permite saber quem é o responsável dos ataques químicos. No caso da OPAQ e a da ONU atribuírem a responsabilidade à Turquia, Erdogan tornar-se-ia o bode expiatório de toda a crise síria.

O agravamento das relações Washington/Moscovo

A paz americano-iraniana deixa a Washington toda a latitude para se concentrar contra Moscovo.

Mencionamos, anteriormente, a transferência de jiadistas, do Daesh, pela Ucrânia e pela Turquia para a Crimeia. No fundo, não se trata mais do que da retoma das operações de sabotagem na União Soviética, que caracterizaram a Guerra Fria.

Mais grave, é a tentativa dos EUA de instrumentalizar o caso da destruição do vôo MH17 para acusar a Rússia. A 29 de Julho, Washington apresentou, no Conselho de Segurança, um projecto de resolução visando estabelecer um Tribunal Penal Internacional para julgar os autores deste crime [5]. Tratava-se, claramente, de um tribunal formado para condenar o presidente Vladimir Putin, da mesma forma como o Tribunal Especial para o Líbano havia sido montado —com base em falsos testemunhos— para condenar os presidentes Bashar el-Assad e Emile Lahoud.

Obviamente, a Rússia opôs-se a isso, fazendo uso do seu veto. Não podemos deixar de repensar na proposta feita pelo presidente Barack Obama ao seu homólogo russo, Dmitry Medvedev, em 2011, de o apoiar, se ele aceitasse o compromisso de entregar o seu primeiro-ministro Vladimir Putin a um tribunal internacional. Falava-se, na altura, de tornar o acusado potencial responsável pela guerra na Chechénia, que Washington havia organizado.

Thierry Meyssan* - Tradução AlvaVoltaire.net

*Intelectual francês, presidente-fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. As suas análises sobre política externa publicam-se na imprensa árabe, latino-americana e russa. Última obra em francês: L’Effroyable imposture: Tome 2, Manipulations et désinformations (ed. JP Bertrand, 2007). Última obra publicada em Castelhano (espanhol): La gran impostura II. Manipulación y desinformación en los medios de comunicación(Monte Ávila Editores, 2008).

Notas
[1] «Débat du Conseil de sécurité sur la Syrie (rapport De Mistura)» (Fr- «Debate no Conselho de Segurança sobre a Síria (relatório De Mistura)»- ndT), Réseau Voltaire, 29 julho de 2015.
[2] « L’Ukraine et la Turquie créent une Brigade internationale islamique contre la Russie » (A Ucrânia e a Turquia criam uma brigada muçulmana internacional), par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 12 août 2015.
[3] «Résolution 2235 et débats (guerre chimique en Syrie)» (Fr- «Resolução 2235 e debates (guerra química na Síria)»- ndT), Réseau Voltaire, 7 agosto 2015.
[4] « Premier rapport de l’OIAC sur la guerre chimique en Syrie », «Deuxième rapport de l’OIAC sur la guerre chimique en Syrie », « Troisième rapport de l’OIAC sur la guerre chimique en Syrie » (Fr- «Primeiro, Segundo e Terceiros relatórios da OIAC sobre a guerra química na Síria»- ndT), Réseau Voltaire, 16 junho, 10 setembro e 18 dezembro de 2014.
[5] «Débat du Conseil de sécurité sur le vol MH17 (véto russe)» (Fr- «Débat du Conseil de sécurité sur le vol MH17 (véto russe) »- ndT),Réseau Voltaire, 29 juillet 2015

Acusam os Estados Unidos de financiar o êxodo de refugiados para a Europa




Os Estados Unidos estariam a financiar o tráfico de emigrantes desde a Líbia para a União Europeia, afirma o Info Direkt, que cita uma nota do Österreichischen Abwehramts (o serviço de inteligência militar da Austria) [1].

A Info Direkt é uma publicação nacionalista austríaca notoriamente ligada ás forças armadas.

Thierry Meyssan assinalava, há já 4 meses, que a vaga de emigrantes que procuram alcançar a Europa, não é uma consequência acidental dos conflitos que sacodem o Médio-Oriente Alargado e a África, mas sim «um objectivo estratégico dos Estados Unidos» [2].

Tradução Alva – Voltaire.net

Notas
[1] “Insider: Die USA bezahlen die Schlepper nach Europa!”, Info Direkt, 5 de agosto de 2015.
[2] “A cegueira da União Europeia face à estratégia militar dos Estados Unidos”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 27 de Abril de 2015.

GOLDMAN SACHS – OTAN S/A



Manlio Dinucci

Depois de ser secretário geral da Otan de 2009 a 2014 (sob comando estadunidense), Anders Fogh Rasmussen assumiu o posto de consultor internacional da Goldman Sachs, o mais poderoso banco dos Estados Unidos.

urrículo de Rasmussen é prestigioso. Como primeiro-ministro dinamarquês (2001-2009), empenhou-se pela “ampliação da União Europeia e da Otan contribuindo para a paz e a prosperidade na Europa”. Como secretário geral, representou a Otan no seu “pico operativo com seis operações em três continentes”, entre as quais a guerra no Afeganistão e na Líbia, e, “em resposta à agressão russa à Ucrânia, reforçou a defesa coletiva a um nível sem precedentes desde o fim da guerra fria”. Além disso, Rasmussen apoiou a “parceria transatlântica sobre comércio e investimentos (Ttip)” entre os Estados Unidos e a União Europeia, base econômica de “uma comunidade transatlântica integrada”.

Competências preciosas para a Goldman Sachs, cuja estratégia é ao mesmo tempo financeira, política e militar. Seus dirigentes e consultores, depois de anos de trabalho no grande banco, foram levados a postos chave nos governos dos Estados Unidos e outros países: entre estes Mário Draghi (governador do Banco da Itália, depois presidente do Banco Central Europeu) e Mário Monti, (nomeado chefe de governo pelo presidente Napolitano em 2011).

Portanto, não é de espantar que o Goldman Sachs tenha a mão na massa nas guerras conduzidas pela Otan. Por exemplo, na guerra contra a Líbia: primeiramente, apropriou-se (causando perdas de 98%) de fundos estatais de 1,3 bilhão e dólares, que Trípoli lhe tinha confiado em 2008; assim, participou em 2011 na grande rapina dos fundos soberanos líbios (estimados em cerca de 150 bilhões de dólares) que os Estados Unidos e a União Europeia “congelaram” no momento da guerra. E, para gerenciar através do controle do “Banco Central da Líbia” os novos fundos recebidos das exportações de petróleo, o Goldman Sachs se apresta a desembarcar na Líbia com a projetada operação EUA/Otan sob a bandeira da União Europeia e “condução italiana”.

Com base em uma lúcida “teoria do caos”, se desfruta a caótica situação provocada pela guerra contra a Líbia e a Síria, instrumentalizando e canalizando para a Itália e a Grécia (entre os países mais débeis da União Europeia) o trágico êxodo dos imigrantes decorrente de tais guerras. Isso serve como arma de guerra psicológica e pressão econômica para demonstrar a necessidade de uma “operação humanitária de paz”, visando na realidade à ocupação militar da zona estrategicamente e economicamente mais importantes da Líbia.
Como a Otan, o Goldman Sachs é funcional à estratégia de Washington que quer uma Europa submetida aos Estados Unidos. Depois de ter contribuído com o embuste das hipotecas subprime provocando a crise financeira, que dos Estados Unidos chegou à Europa, o Goldman Sachs especulou sobre a crise europeia, aconselhando “os investidores a tirar vantagem da crise financeira na Europa” (conforme o relatório reservado divulgado pelo Wall Street Journal em 2011).

E, segundo documentada pesquisa efetuada em 2010-2012 pelos veículos de mídia Der Spiegel, New York Times, BBC e Bloomberg News, o Goldman Sachs camuflou com complexas operações financeiras (“empréstimos ocultos” em condições leoninas e venda de “títulos tóxicos” estadunidenses), o verdadeiro crescimento da dívida grega. Nesse negócio, o Goldman Sachs manobrou mais habilmente do que a Alemanha, o Banco Central Europeu e o FMI, cuja faca no pescoço da Grécia é evidente.

Recrutando Rasmussen, com a rede internacional de relações políticas e militares por ele tecida.

Manlio Dinucci* – Voltaire.net - Tradução José Reinaldo Carvalho  - Editor do site Vermelho - Fonte Il Manifesto (Itália)

Foto: O mais poderoso banqueiro privado do mundo, Lloyd Blankfein, presidente do Goldman Sachs, disse que "fazer o trabalho de Deus" (sic). Para punir os pecadores, ele recorreu aos serviços de Anders Fogh Rasmussen, ex-secretário-geral da NATO.

*Geógrafo e geopolítico. Últimas publicações :Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ;Geocommunity Ed. Zanichelli 2013 ; Escalation. Anatomia della guerra infinita, Ed. DeriveApprodi 2005.

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