O
secretário-geral do PCP afirmou hoje que não vai dar para o
"peditório" da "chicana política" do CDS-PP e seu projeto
de resolução para votação do Programa de Estabilidade e do Plano Nacional de
Reformas no parlamento.
"Temos
de olhar para aquele projeto de resolução, que se reduz a duas recomendações:
uma é a de que deveríamos continuar o caminho da exploração e empobrecimento
que foi feito durante quatro anos, a velha tese de que não estraguem o que foi
feito e tanto mal fez aos portugueses", começou por analisar Jerónimo de
Sousa, à margem de um almoço comemorativo do 25 de Abril, em Loures.
Para
o líder comunista a "segunda recomendação" é a de "levar os
documentos a votos, sem dizer se é inviabilizando ou aprovando, ou seja, uma
visão instrumental da vida parlamentar, para procurar a chicana política.
"Para
esse peditório não damos", resumiu o também deputado do PCP, à iniciativa
dos democratas-cristãos que solicita ao Governo socialista a submissão à
votação dos Programa de Estabilidade e Plano Nacional de Reformas, procedendo à
sua revisão, mas sem propor diretamente que sejam reprovados na Assembleia da
República.
"Lá
estão eles sempre a dizer 'não estraguem o que foi feito'. Perante a nova
solução política, eles até fazem figas, 'desta vez é que vai ser, desta vez é
que vão a baixo'. Camaradas, sabemos das contradições e das dificuldades, num
processo muito exigente, mas há uma coisa que afirmamos claramente - não
queremos o regresso de PSD e CDS para fazer o mal que fizeram às vidas dos
portugueses", insurgiu-se.
Jerónimo
de Sousa reiterou a necessidade de renegociação da dívida e controlo público da
banca, além dos aumentos de 10 euros nas pensões e do salário mínimo nacional
para 600 euros, após o discurso de "obra feita" do ex-líder
parlamentar e atual autarca de Loures, Bernardino Soares, no Pavilhão José
Gouveia, em São João da Talha.
"Hoje,
um dos problemas da solução política que temos pela frente é o facto de o PS
aceitar os constrangimentos que nos são impostos, tendo em conta o nível da
dívida pública, a imposição da redução do défice, o Semestre Europeu, o Tratado
Orçamental. Dizem-nos, 'andem lá para a frente', mas, primeiro, abafam-nos, impedem-nos
de andar, não temos dinheiro para investimento, criar emprego, aumentar a
produção nacional. Esta contradição vai ter de se resolver", garantiu.
O
secretário-geral comunista saudou o facto de os portugueses terem derrotado
"com a sua luta e o voto, no passado mês de outubro", os "anos
trágicos de uma governação" PSD/CDS-PP e "abrir uma nova fase da vida
política do país".
"Os
tempos que vivemos, neste momento em que comemoramos o 42.º aniversário do
Revolução de Abril, ainda não são os de uma clara rutura com a política de
direita a que aspiramos, nem estão asseguradas as condições para dar corpo a
uma mudança de rumo que afirme os valores de Abril na sua plenitude, mas está
aberta uma janela que queremos - e tudo faremos - que seja de esperança no
desenvolvimento de um caminho capaz de dar resposta e solução aos graves
problemas do país", afirmou.
HPG
// MSF – Lusa
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