terça-feira, 7 de junho de 2016

SÍNTESE DO DESMORONAR EUROPEU AGORA EM CURSO



Pierre Leconte [*]

O conjunto da classe política francesa e europeia dita "de governo", tanto de direita como de esquerda [NR] , não podendo confessar que se enganou totalmente sobre o euro e o Super-Estado europeu que ela moldou na dissimulação e que continua a apoiar inutilmente, quando ambos fracassaram e não são reformáveis, não apresenta mais qualquer alternativa crível de mudança política, social, económica e monetária construtiva. As populações europeias justamente cada vez mais exasperadas pela nulidade dos seus dirigentes actuais – tão incapazes como seus antecessores imediatos ou seus sucessores prováveis (que são igualmente os mesmos) de apresentar a menor perspectiva de correcção – estão à beira da crise de nervos.

Em França, um país frágil e pauperizado, profundamente dividido, a situação é quase insurreccional porque o presidente actual mentiu ao fazer-se eleger com um programa oposto em todos os pontos àquele que pratica, indo de fracassos em fracassos, com excesso de arrogância sem qualquer concertação, e persistindo em cumprir as ordens da Alemanha de romper o modelo social e o direito do trabalho que os franceses querem conservar. Tendo a sua popularidade caído ao nível mais baixo de todos os chefes de Estado franceses, não tendo mais maioria parlamentar, portanto mais legitimidade, ele deve partir. Se ele persistir e se agarrar ao poder deixará ao seu sucessor um país irreformável e ingovernável que irá fracassar. Se a direita UMP – Os Republicanos pensa que voltará ao poder propondo um programa de desmantelamento das conquistas sociais e da precarização generalizada da população (de Hollande – Valls – Macron agravados) sem por em causa os tratados europeus, ela se engana pesadamente... Não se reforma um país contra a vontade do seu povo!!! Na mesma ordem de ideias, o marquês de Mirabeau (1715-1789) dizia: "Pode-se fazer tudo com baionetas excepto sentar em cima delas!"


Os partidos soberanistas anti-europeus ganharão portanto cada vez mais peso. Mas como estes partidos não podem, em princípio, ultrapassar "o telhado de vidro" que os mantêm abaixo da maioria absoluta necessária para chegar ao poder, os diversos países da União Europeia e/ou da zona euro estão condenados a desmoronarem-se, mais ou menos rapidamente, uns após os outros, em convulsões político-sociais que destruirão sua estabilidade relativa actual assim como as identidades e as independências dos seus povos. 


Presa entre as exigências dos EUA e a chantagem turca, submersa por migrações crescentes que os seus políticos inconscientes estimulam, a Europa encontra-se no olho do furacão de uma desestabilização global agravada pela ameaça de atentados islamistas organizados no exterior pelos mesmos terroristas que ela sustenta financeira ou militarmente (Al Nostra e outras sucursais da Al Quaida aliadas do El-Daesh que combatem o regime legal sírio) ou no interior pelos islamistas-salafistas instalados no seu território que ela continua a aceitar ao invés de expulsar.

Importante: 


Além disso, a Europa é o continente que globalmente apresenta o crescimento económico mais fraco, a deflação melhor instalada e a taxa de desemprego mais elevada (exceptuando alguns países emergentes ou da África). Apesar do facto de as taxas de juro negativas que afectam a sua moeda única arruinarem seus poupadores e de as suas taxas de tributação recordes impedirem todo investimento produtivo rentável duradouro.

Enquanto ela persegue os fantasmas da mundialização sem limites e da livre troca desigual impulsionada pelos EUA, que querem a qualquer custo impor-lhe o TAFTA para benefício único das suas grandes empresas multinacionais, ao invés de por um fim à austeridade à alemã que a mata e de cessar sua política da oferta totalmente ultrapassada para recentrar-se numa política da procura estimulando seu consumo doméstico e seu mercado interno, que para ela são as únicas fontes de crescimento e de emprego no momento em que a Grande Estagnação mundial rompe as oportunidades externas. 


Sem prejuízo dos Brexit e Grexit que despontam no horizonte, cuja efectivação introduziria uma completa desorganização da UE e da zona euro, assim como crises de endividamento e bancária espanhola, portuguesa e italiana que estão prestes a derrapar. 


Ou da arrogância dos dirigentes da Europa contra a Rússia, tanto pela sua manutenção de sanções mutuamente destrutivas como pela pressão constante da NATO visando perpetuar uma tensão inútil com Moscovo, o que também tem como consequência impedir o encontro de uma solução pacífica dos conflitos sírio e do Médio Oriente, quando se trata do único meio de fazer cessar a submersão migratória da Europa mantida pela Turquia, em favor da qual acabará por abdicar (não só ao pagar dezenas de milhares de milhões ao seu ditador Erdogan como também ao conceder aos 80 milhões de turcos a liberdade de viajar sem visa!!!). 

29/Maio/2016

[NR] Por "esquerda" o autor refere-se a sociais-democratas, a comunistas mutantes como os da direcção do PCF e a aldrabões como os do Syriza grego, Podemos espanhol ou Nuit Debout francês.   Note-se que o artigo adopta uma óptica conservadora, pois o seu autor é defensor da Escola Austríaca de economia.   Resistir.info publica-o como documento, o que não representa endosso a todas as ideias expostas.

[*] Economista, fundador do Fórum Monetário Europeu para a Paz e o Desenvolvimento.

O original encontra-se em www.forum-monetaire.com/delitement-europeen-renforcement-americain/ e emleblogalupus.com/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

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