A
primeira grande sondagem às eleições de 23 de agosto aponta para a uma maioria
absoluta do MPLA. A CASA-CE poderá tornar-se na primeira força da oposição. A
UNITA não dá credibilidade ao inquérito.
João
Lourenço poderá tornar-se no próximo Presidente de Angola se se confirmar a
maioria absoluta, que deverá superar os 60%, segundo o inquérito
político-social do Instituto Superior Politécnico Jean Piaget de Benguela, em
parceria com o Instituto Superior Politécnico Sol Nascente do Huambo e o apoio
da Universidade Católica Portuguesa.
Apesar
de prever mais uma vitória do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA),
Carlos Pacatolo, coordenador da sondagem, aponta para uma possível mudança no
cenário político no país.
"A
grande surpresa prende-se com o fato de a CASA-CE ter uma grande probabilidade
de se posicionar como segunda força mais votada, com cerca de 19% das intenções
de voto, embora a diferença em relação à UNITA, que fica com 15%, não seja
estatisticamente significativa, o que pode estar associada à margem de erro.
Mas, ainda assim, existe a possibilidade de a CASA-CE se tornar na segunda
força com mais assentos no Parlamento", estima Carlos Pacatolo.
A
União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) já criticou o
inquérito. O líder, Isaías Samakuva, considera que a amostra "não permite
um apuramento sério da intenção de voto dos angolanos".
Vitorino
Nhany, secretário da UNITA é da opinião que "os dados resultantes do
inquérito estão completamente viciados". "Como é que se efetuaram as
amostras: foram escolhidas? Ou foram casuísticas? Não correspondem à verdade os
resultados desta sondagem", critica o político da oposição.
Organização
diz que inquérito é "bastante representativo"
5724
pessoas foram inquiridas nos dias 1, 2, 7 e 8 de julho nas províncias de
Luanda, Huíla, Benguela, Huambo, Cuanza Sul, Bié, Uíge e Cabinda, que reúnem
77% dos cerca de nove milhões de eleitores angolanos.
Carlos
Pacatolo, coordenador do inquérito, considera que o estudo "tecnicamente é
bastante representativo, porquanto a nossa margem de erro ronda os 1,3%."
O
também director-geral do Instituto Superior Politécnico Jean Piaget de Benguela
afirma que mesmo que se aumentasse a amostra, a diferença "em termos de
margem de erro era pouco significativa - apenas 0,5; 0,1; ou 0,2%".
Mas
a UNITA não está convencida. "Desde o ano passado, desde o início do
registo eleitoral, temos sentido que existe a ideia de colocar a CASA-CE
[Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral] como maior
partido da oposição, logo a seguir ao próprio MPLA, no sentido de se poder
fazer coligação, no âmbito da governação", critica Vitorino Nhany,
secretário da UNITA para os assuntos eleitorais.
30%
dos eleitores desconfia da credibilidade do pleito
A
maioria dos inquiridos, 30%, disse desconfiar que a contagem dos votos seja feita
corretamente e sem fraude, principalmente o eleitorado simpatizante da oposição.
Também
Vitorino Nhany, secretário da UNITA para os assuntos eleitorais, desconfia da
transparência das eleições de 23 de agosto. "Estamos preocupados com a
ausência da União Europeia destas eleições, porque neste preciso momento existe
uma estratégia para se dificultar a acreditação de delegados, principalmente da
oposição. E isto a acontecer poderá haver algumas assembleias com urnas que
podem ser engravidadas", alerta o político da oposição.
De
acordo com o inquérito, a UNITA reúne apoio sobretudo no meio rural. Já a
CASA-CE é mais forte em zonas urbanas e periurbanas. O partido do Galo Negro
atrai principalmente o eleitorado entre os 35 e os 44 anos de idade. A CASA-CE
obtém os melhores resultados entre os jovens dos 18 aos 24 anos. E o MPLA é
mais forte entre os eleitores mais velhos, entre os 45 e os 54 anos.
Glória
Sousa | Deutsche Welle
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