sábado, 8 de julho de 2017

INDEPENDÊNCIA, SOBERANIA E PAZ PARA A VENEZUELA BOLIVARIANA



“Patria es humanidad, es aquella porción de humanidad que vemos más de cerca y en que nos tocó nacer” – José Martí

 Martinho Júnior | Luanda

1- A Venezuela Bolivariana comemorou a 5 de Julho o 206º aniversário do dia em que o Congresso da Venezuela, através duma Acta de Declaração, proclamou a Independência, em 1.811, deixando de ser uma colónia da Monarquia Espanhola.

A proclamação abria-se aos princípios de igualdade dos seus habitantes, à abolição da censura e à liberdade de expressão, renunciando às práticas políticas que haviam sido impostas durante três séculos pelo colonialismo espanhol na Grande Colômbia (cujo território ia da Venezuela, à Colômbia e Equador).

A luta pela independência foi contudo uma tarefa de gigantes: a Monarquia Espanhola teria de ser derrotada pelas armas na batalha de Carabobo, a 24 de Junho de 1.821, mas só completamente vencida com a derrota da força naval espanhola no Lago Maracaibo, a 24 de Julho de 1.823… o reconhecimento da Venezuela independente por parte da coroa espanhola, só ocorreria todavia a 30 de Março de 1845…

2- Já durante as longas lutas pela independência se experimentou quanto as classes mais abastadas haviam alinhado com o colonialismo espanhol, montando muitos dos obstáculos à manobra dos republicanos rebeldes, que tiveram no Haiti uma “pedra basilar” não só como rectaguarda, mas também como inspiração, incentivo e factor de mobilização humana (1.815).

Entre 1.821 e 1.823 foram expulsos todos os fiéis à Coroa Espanhola do território da Venezuela, uma parte deles refugiando-se em Cuba…

A Grande Colômbia haveria de ter uma vida efémera, contrariando os esforços de Bolivar, desagregando-se e dando origem aos estados do Equador, Colômbia e Venezuela em 1830.

Na Venezuela, em 1.831, passou a vigorar uma Constituição conservadora, que passou a beneficiar os latifundiários do café e do cacau e, por exemplo, manteve a escravatura, que só seria oficialmente abolida quando os liberais, (representantes das classes médias burguesas relativamente progressistas), se tornaram activos.

As lutas entre os conservadores que propunham a centralização do poder e os liberais, que se propunham ao federalismo, provocaram alterações no estado e nos mecanismos de poder, mas foi sempre a oligarquia, duma forma ou de outra, que se manteve preponderante.

Com a descoberta de petróleo, a Venezuela rapidamente passou a ser o primeiro exportador mundial em 1.920 e a oligarquia ganhou um novo, arrogante e “egocêntrico” fôlego, inclusive em períodos em que alguma abertura democrática foi conseguida.

Desde então as classes abastadas da Venezuela foram protagonizando domínio através do exercício do poder de estado e, quando os Estados Unidos passaram da expansão para a via da formação do império e daí para a hegemonia unipolar, a oligarquia já tinha vínculos históricos que a tornava refractária à extensão democrática em termos progressistas, limitando a representatividade e inibindo a participação.

A chegada do Comandante Hugo Chavez ao poder em 1.999 alterou profundamente o carácter do estado e, se com o Partido Socialista Unificado da Venezuela o estado bolivariano progressista, cioso de Pátria Grande, era resultado dum suporte muito alargado, com base nas classes até então oprimidas, a oligarquia Venezuela tem-se vindo a manifestar em busca do domínio perdido sobre esse estado, o que resulta na actual “ementa”…


3- Interpretar as actuais tensões em função dum processos histórico e antropológico, em relação à Venezuela, como em relação a toda a América Latina, permite-nos melhor entender o que se passa hoje quando se aborda a tensão dialéctica entre as tendências progressistas e as retrógradas, que espelham bem a luta de classes muito alargada que está em curso no imenso continente americano.

Tendo vencido as últimas eleições legislativas e conseguindo a maioria no Parlamento, a oligarquia venezuelana, refractária à integração e ao projecto de Pátria Grande refundado pelo Comandante Hugo Chavez e defendido pelo Presidente Nicolas Maduro, “subiu a fasquia”: começou uma campanha para alterar a Constituição progressista que está implantada e deitou mão, intimamente associada aos expedientes da hegemonia, de recursos como os que tipicamente propõem as“revoluções coloridas”, as “primaveras árabes”, aqueles que nada têm a ver com a Pátria Grande (que incluem por exemplo os “paramilitares” e os narcotraficantes da Colômbia), e os que se enquadram no capitalismo neoliberal que acoberta as escolas “filosóficas” da praxe (Milton Friedman, Francis Fukuyama, Leo Strauss, Gene Sharp, George Soros…).

Nessa perspectiva a oligarquia pretende com o policromado Movimento da Unidade Democrática, a arruaça, o caos, até mesmo o terrorismo, enquanto procura vincular os seus expedientes, vulnerabilizando a orientação e a prática do PSUV e dos seus aliados, bem como as iniciativas do Presidente Nicolas Madura em prol da Assembleia Constituinte.

A independência, a soberania e a paz, enquanto motivação progressista no âmbito duma Pátria Grande que vincula a Venezuela Bolivariana (aberta à integração e à participação alargada não só de organizações, mas também das classes que têm sido mais marginalizadas e oprimidas ao longo dos 200 anos de bandeira), é um processo que está a ser alvo de contínua subversão, com recurso aos serviços de inteligência dos Estados Unidos (que têm ao seu dispor os mecanismos de desgaste, ingerência e manipulação), como com recurso à guerra económica e à guerra psicológica com o fito de quebrar a resistência das classes populares.

Ao progresso a hegemonia unipolar e a oligarquia venezuelana agenciada respondem com o que podem deitar mão no âmbito da globalização envenenada pelo capitalismo neoliberal e seus amplos servidores e mercenários, numa margem difusa entre “soft power” e inteligência subversiva, activa e interveniente e, com todos os sentidos postos na imensa riqueza energética, mineral, em água e biodiversidade da Venezuela.

A Venezuela, duzentos anos depois do içar da sua bandeira, luta pela sua independência, pela sua soberania e pela paz, as únicas formas de se poder lutar contra o subdesenvolvimento crónico que também na América Latina advém das trevas do passado colonial e a única fórmula para, por via duma lógica com sentido de vida, se estabelecerem as premissas dum desenvolvimento sustentável que é uma das aspirações mais legítimas dos povos da alargada Pátria Grande.

Ilustrações: A evidência hispânica na América; A Grande Colômbia; Simon Bolivar; O Presidente Nicolas Maduro pelo progresso que suscita a independência, a soberania e a paz na Venezuela Bolivariana.

A consultar de Martinho Júnior:
Rapidinhas do Martinho – A Luta pela soberania – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/08/rapidinhas-do-martinho-31.html
A VITÓRIA DO PSUV É UMA PITADA DE MÉRITO EM BENEFÍCIO DE TODA A HUMANIDADE! – I – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/10/a-vitoria-do-psuv-e-uma-pitada-de.html
A VITÓRIA DO PSUV É UMA PITADA DE MÉRITO EM BENEFÍCIO DE TODA A HUMANIDADE! – II –http://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2012/10/13/a-vitoria-do-psuv-e-uma-pitada-de-merito-em-beneficio-de-toda-a-humanidade-ii/ 
A VITÓRIA DO PSUV É UMA PITADA DE MÉRITO EM BENEFÍCIO DE TODA A HUMANIDADE! – III –http://paginaglobal.blogspot.com/2012/10/a-vitoria-do-psuv-e-uma-pitada-de_23.html 
A CLARIVIDÊNCIA DA VENEZUELA SOBRE A SUA SOBERANIA E ZEE – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/07/clarividencia-da-venezuela-sobre-sua.html 
ALBA… EVOCAÇÃO À PEGHADA ARDENTE DE BOLIVAR! – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/03/alba-evocacao-pegada-ardente-de-bolivar.html 
PELA PAZ COM INCLUSÃO EMERGENTE E MULTIPOLAR – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/05/pela-paz-com-inclusao-emergente-e.html 
A “PRESSTITUTA” INTEGRA A GUERRA PSICOLÓGICA CONTRA A VENEZUELA BOLIVARIANA –http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/06/a-presstituta-integra-guerra.html 
UM ASSALTO ININTERRUPTO À VENEZUELA BOLIVARIANA – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/05/um-assalto-ininterrupto-venezuela.html 
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA: A VENEZUELA BOLIVARIANA É ANTI HEGEMONIA UNIPOLAR! –http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/06/avaliacao-primaria-venezuela.html

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